sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Citação - 1

"Nada é mais natural num debate que discordar. O problema não está aí. Está antes em não se aprofundar essa discordância. Em não se fazer um esforço para que ela possa ser «mutuamente compreendida». Hoje o interesse numa discussão reside mais em saber quem a vence do que em esclarecer o porquê das divergências."
Tiago Mendes,
no Diário Económico
In "Citador"

Um artigo de Clara Ferreira Alves, no Diário Digital

Paris já está a arder
Paris está, de facto, a arder. Mas, estes fogos postos são um pequeno rastilho aceso dos fogos que estão para vir. Quem deixar o centro de Paris e as suas conotações fantasistas e românticas pintadas de Sena e Torre Eiffel, de cafés e boulevards, de croissants e gastronomia, e decidir apanhar a rede de metro suburbana e deixar-se arrastar pela viagem à «grande banlieue parisienne», sabe que o aguarda o inferno no fim da linha. É como passar de um mundo para outro, nos antípodas. Os subúrbios de Paris, onde moram tantos imigrantes, entre eles os portugueses, são uma massa de desumana arquitectura, talhada e arrumada de propósito para mostrar a quem lá vive a sua alienação e a sua diferença desintegrada. É uma arquitectura monstruosa e apocalíptica, de corredores desabrigados e materiais frios, sem vida comunitária. Lugares onde as pessoas vivem como em gaiolas, atomizadas, isoladas, reduzidas à ínfima espécie da sua condição menor. Por mais que a França igualitária, republicana, fraternal e idealista, criadora dos Direitos do Homem e herdeira espiritual do Iluminismo queira pensar e repensar o fenómeno da integração dos imigrantes e da suas políticas, o facto saliente é este: ninguém, salvo escassíssimas excepções, está integrado. Magrebinos, negros, árabes, os grupos mais representados, quase todos eles um subproduto residual do colonianismo francês e das suas guerras de libertação, sabem à partida que podem trabalhar em França, viver em Paris, mas, viverão sempre à sombra da luz que ilumina os brancos e os filhos da terra e do sangue. O racismo francês, latente ou explícito, contaminou sempre a sociedade francesa, uma das sociedades mais chauvinistas e xenófobas do mundo, apesar da capa «cultural» e das manias snobs dos intelectuais que gostam de «descobrir» culturas marginais mas, nunca, de as integrar de pelo direito como francesas ou europeias. A integração cultural, falsa, assente em meia dúzia de participações controladas dos estrangeiros «escolhidos», não oculta nem pode ocultar a separação profunda e radical entre o Estado francês e os grupos étnicos que lhe são estranhos, pelos hábitos, as tradições, a pobreza, a ignorância e a cor da pele. Esta gente, remetida para guetos donde só saem para trabalhar, espera na ansiedade, na raiva e no desespero. Paris não é Londres nem Nova Iorque, que acolheram sociedades multirraciais sem fracturas nem degradações tão humilhantes como as que atingem os imigrantes em França. Paris não é, sequer, Berlim. É uma capital de luxo e bem-estar, cercada de arame farpado e favela melhorada. Nem Sarkozy, nem Villepin, nem os decrépitos partidos franceses e os seus dirigentes, mais um Chirac decadente e na recta final, estão preparados para enfrentar este magno problema, que requer mais do cargas policiais e manifestações de força e autoridade. Estes imigrantes desafectados tornar-se-ão, no seu abandono, um perigo sociológico e uma subcultura de crime e desvio da norma.

POSTAL ILUSTRADO

Posted by Picasa Torreira: paisagem da ria TORREIRA merece sempre uma visita
A Torreira merece sempre uma visita. Mesmo em dia de chuva, o mar e a ria oferecem-nos paisagens e tonalidades que encantam. Sem o bulício dos tempos de praia, com gente que corre em busca das águas calmas, a maior parte das vezes, do mar e da ria, a Torreira do Outono também tem um ambiente agradável. E se aprecia peixe fresco, não faltam restaurantes com serviço agradável.
Passe por lá.
F.M.

Desafios colocados à Igreja

Formação permanente para o clero de Aveiro
Nos próximos dia 7 e 8 de Novembro, segunda e terça-feira, no Stella Maris, com início às 9.30 e encerramento às 17 horas, decorrem as Jornadas da Formação Permanente, destinadas aos padres e aos diáconos da Diocese, podendo também participar os consagrados e os leigos que o desejarem.
A temática das Jornadas relaciona-se com o Plano Diocesano de Pastoral, que neste período nos orienta para o melhor conhecimento da sociedade em mudança, em ordem ao serviço às pessoas e às comunidades.
Três temas nos ajudarão a reflectir, a partilhar conhecimentos e experiências e a tentar caminhos novos de acção:
- Olhar a sociedade e ver aí os sinais dos tempos e seus dinamismos, Dr. Manuel Ferreira Rodrigues, da Universidade de Aveiro, Departamento das Ciências da Educação;
- Problemas mais emergentes da Bioética e desafios postos à Igreja, Padre Francisco José de Oliveira Martins, do presbitério diocesano;
- Desafios do laicismo e oportunidades da laicidade para a acção pastoral e apostólica, Bispo de Aveiro.

Igreja promove diálogo com cientistas

Vaticano não quer mais «casos Galileu»
O Vaticano quer criar “um novo clima de diálogo” entre cientistas e teólogos, promovendo já na próxima semana o I Congresso Internacional do projecto STOQ(Science, Theology and the Ontological Quest - ciência, teologia e a busca ontológica), sobre o tema “O infinito na ciência, na filosofia e na teologia”. Especialistas de todo o mundo estarão no Vaticano, de 9 a 11 de Novembro, para participar nesta iniciativa do Conselho Pontifício para a Cultura (CPC).
O presidente deste Dicastério, Cardeal Paul Poupard, disse hoje, em conferência de imprensa, que “todos sabem onde pode levar uma razão científica que seja um fim em si mesma: a bomba atómica e a possibilidade de clonar seres humanos são frutos de uma razão que se quis libertar de qualquer vínculo ético ou religioso”.
Os perigos da separação entre ciência e religião também se fazem sentir para os crentes: também estamos conscientes dos perigos de uma religião que corta os seus vínculos com a razão e se torna presa do fundamentalismo”, disse o Cardeal francês.Apresentando o Congresso aos jornalistas, o presidente do CPC explicou que o STOQ quer “oferecer ao mundo científico parceiros competentes com os quais dialogar sobre as várias questões que o desenvolvimento das ciências, em especial as naturais, colocam nos nossos dias”.
(Para ler mais, clique aqui)

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

LAICISMO E INDIFERENTISMO

O Estado é leigo na matéria Religião
Duas tendências da sociedade actual, laicismo e indeferentismo, obrigam a repensar o modo de ser e agir em Igreja. Duas centenas de pessoas juntaram-se no Seminário para discutir o assunto
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“Em questões de religião, o Estado tem que perceber que é leigo na matéria”, afirmou o padre jesuíta Vasco Pinto de Magalhães, na jornada sobre “Laicismo e Indiferentismo”. O “Estado é laico; o povo tem as crenças que tiver. O Estado é a-religioso, o que é muito diferente de ser anti-religioso. Compete-lhe gerir todas as formas de religiosidade de maneira a que as pessoas vivam os seus espaços de religiosidade”, disse.
A Jornada, organizada por várias instituições lideradas pelo CUFC, reuniu duas centenas de pessoas em Aveiro, na noite de sexta-feira e manhã de sábado, para falar de duas tendências do tempo actual que obrigam a repensar o modo de estar da Igreja: o laicismo e o indiferentismo.
Como laicismo entende-se a corrente que pretende relegar a religião para o espaço privado. Em última instância, para a consciência de cada pessoa, apagando-a do espaço público. Essa tendência, presente em alguns políticos portugueses e muito actuante na Europa, é um “laicismo serôdio”, diria o Bispo de Aveiro no sábado de manhã, relembrando o laicismo anticlericalista dos sécs. XIX e XX.
Indiferentismo é o caldo cultural difuso e ambíguo, em que a sociedade actual vive, e que se caracteriza pelo relativismo moral, pelos compromissos descartáveis, pelas opções contraditórias, verificadas, inclusive nos peregrinos de Fátima, como mostrou um estudo apresentado pela gestora Madalena Abreu. O indiferentismo “é um inimigo que está dentro de casa”, afirmou o jesuíta, reconhecendo que é a base para que o laicismo seja aceite sem ser criticado.
Pluralismo ambivalente
O director do Centro Universitário Manuel da Nóbrega (Coimbra), reconheceu que o laicismo poderá fazer um grande caminho na sociedade portuguesa, com consequências nefastas como a eliminação das aulas de Educação Moral e Religiosa Católica. “Prevejo que vai ser muito pior do que será. Há claramente vontade de as eliminar do mapa”, afirmou, reconhecendo que, enquanto Igreja, “quase só temos questões; não temos estratégias”. No entanto, “a Igreja está preparada para passar perseguição”. “Os tempos de expulsão são tempos de santidade”.
Numa intervenção mais moduladora, Manuel Alte da Veiga expôs a ambivalência do pluralismo (positivo: a troca de ideias; negativo: o sentimento de andarmos perdidos), para afirmar de seguida a “teoria do grupo perfeito”, ou seja, aquele que é “perfeitamente grupo”, porque “cada qual tem a oportunidade de manifestar a sua opinião, sem se sentir oprimido”.
Segundo o professor reformado da Universidade do Minho e actualmente a colaborar No ISCRA, no grupo perfeito, “o negativo da pluralidade converte-se em positivo de tendência para a verdade”. Alte da Veiga sublinhou a importância do grupo perfeito na educação, “expressão maior do segundo útero”, e deu um exemplo de alcance prático na vida da Igreja: “Por que é que não podemos pedir explicações ao padre no fim da homilia?”
A Igreja no debate cultural
D. António Marcelino, na última intervenção da Jornada, descreveu vários domínios da sociedade segundo o laicismo e segundo a laicidade. Alguns exemplos: A economia pode ser o domínio das leis de mercado, ou ter rosto humano. A cultura poder ser relativista (“tudo é igual”) ou criticar as várias “verdades” para definir prioridades.
A terminar, D. António Marcelino apontou caminhos para a Igreja e seus agentes. Estes caminhos sugerem uma nova atitude no campo cultural: “[A Igreja tem de] estar activa nos debates culturais, (...) entrar no comboio, saber o lugar que lhe compete (...), promover iniciativas concretas no contexto intercultural”. Trata-se, disse o Bispo de Aveiro, de “cultivar o pluralismo legítimo e equilibrado”, “sem pôr em causa o mundo da fé”.
Fonte: Correio do Vouga. Trabalho do jornalista Jorge Pires Ferreira

A Casa abrigo "VeraVida"

A Casa Abrigo «VeraVida», uma valência do Centro Social Paroquial da Vera Cruz (CSPVC), abriu a 21 de Março passado e está com a sua capacidade esgotada (16 utentes)
Paula Hipólito, directora de serviços do CSPVC, refere que «se fosse maior deixaria de ser um lar como se pretende». A entrada na «VeraVida» é faseada e quem já se encontra há mais tempo ajuda a estabilizar quem chega.
O serviço está preparado para acolher temporariamente mães e filhos, menores de 12 anos, vítimas de violência e oriundos de qualquer ponto do nosso país. É um espaço de protecção e de segurança, que permite às mulheres e crianças utentes o tempo e a oportunidade de sarar feridas, mediar conflitos e repensar projectos de vida.
As crianças são integradas nas valências do CSPVC e nas escolas. O regulamento prevê que cada utente permaneça na Casa Abrigo durante um período até seis meses, altura em que a equipa técnica procede a uma avaliação global.
No entanto, pode haver excepções, ou seja, utentes que ainda não tenham o seu projecto de vida delineado e que por isso verifica-se a necessidade de prolongar os seis meses regulamentados. «É um sítio de passagem, onde a pessoa vai recuperando e, depois, a comunidade encarregar-se-á de a regenerar outra vez», assinala o padre Rocha, presidente da Direcção do CSPVC.
Paula Hipólito garante que «as mulheres que deixam a Casa Abrigo nunca são abandonadas, porque as técnicas mantêm um certo contacto com elas». Por sua vez, Emília Lima, psicóloga, acrescenta que há situações em que as mulheres regressam às suas casas, para junto do agressor.

(Para ler todo o trabalho da jornalista Cristina Paredes, clique Diário Aveiro)

HÁ PENSIONISTAS RICOS À BOLEIA DOS POBRES

Utentes com fracos rendimentos vão ter que autorizar o acesso aos seus dados fiscais

Os reformados que recebem pensões muito baixas e as pessoas que provem insuficiência económica e que, por isso, têm direito a um regime especial de comparticipação de medicamentos vão ter que assinar uma declaração autorizando o acesso aos seus dados fiscais pelos serviços de saúde, anunciou ontem o ministro da Saúde, Correia de Campos, em conferência de imprensa. Embora na população portuguesa só existam 18 por cento de pensionistas com direito a regime especial de comparticipação, 53 por cento do receituário nacional tem benefícios de comparticipação com base neste critério, explicou o ministro. "É injusto que haja quem ande à boleia dos que mais precisam", comentou.
Esta desproporção é considerada uma prova de que está a haver abusos. O governante estima que "o montante potencial da irregularidade" possa andar entre os 18 e os 21 milhões de euros.
Com o objectivo de moralizar o sistema, Correia de Campos quer mudar os meios de prova de rendimentos baixos. Os pensionistas com direito ao regime especial de comparticipação - cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes o salário mínimo nacional - terão que assinar um documento em que declaram, sob compromisso de honra, que não têm mais rendimentos sem ser a pensão. Até agora, bastava apresentar um comprovativo do valor da pensão.
A mesma declaração poderá ser assinada por pessoas com insuficiência económica que queiram continuar a usufruir da comparticipação a 100 por cento, que desceu recentemente para 95 por cento.

BEETHOVEN NO AVEIRENSE

NONA SINFONIA NO TEATRO AVEIRENSE
Não é todos os dias que podemos ouvir, ao vivo, a Nona Sinfonia de Beethoven, para muitos uma obra-prima da música clássica. Mas no sábado, dia 5 de Novembro, está ao nosso alcance assistir, no Teatro Aveirense, a um concerto da Orquestra Filarmonia das Beiras, recentemente reactivada, que encerra os Festivais de Outono, interpretando a Nona Sinfonia e o Concerto nº 5 para Piano, de Ludwig van Beethoven.
A Orquestra Filarmonia das Beiras vai ser dirigida por António Vassalo Lourenço e acompanhada pelo Coro da Fundação Conservatório Regional de Gaia.

JORNADAS DO MAR EM AVEIRO E ÍLHAVO

Posted by Picasa DIA NACIONAL DO MAR
A Administração do Porto de Aveiro promove, em parceira com a Universidade de Aveiro e a Câmara Municipal de Ílhavo, as Jornadas do Mar em Aveiro e Ílhavo, iniciativa que terá lugar entre 16 e 19 de Novembro e se insere no âmbito das comemorações do Dia Nacional do Mar. Das 10h às 12h do próximo dia 16, a todos os interessados será facultada visita ao TEDP e ao navio França Morte, ali atracado.
As Jornadas do Mar oferecem programa bastante diversificado, incluindo um fórum, um atelier, uma conferência, duas exposições e várias visitas.Para além da visita às instalações da APA, os interessados poderão ficar a conhecer, também no dia 16, a Estação Salva-Vidas, no Forte da Barra, e o Farol da Barra, um dos mais altos do mundo.
O Fórum Portugal e o Mar, e uma visita à exposição “O Mar: um mundo a descobrir”, na Fábrica de Ciência Viva de Aveiro; o Atelier “Mar Fantástico”, no Museu de Ílhavo, são iniciativas que se desenrolarão também a 16 de Novembro, uma quarta-feira. O atelier “Mar Fantástico” é destinado a alunos de escolas do ensino básico e secundário.
Para sábado, dia 19, está prevista presença no encerramento da exposição “Artes de Pesca. As pescas na Arte”, patente no Museu Marítimo de Ílhavo. Ainda no sábado, e também no Museu Marítimo de Ílhavo, lugar à conferência “Homens do Mar, Homens da Guerra: A Marinha Portuguesa na Segunda Metade do Século XX”. Será conferencista o Prof. João Freire.
Fonte: Portal do Porto de Aveiro