segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

ELEIÇÕES: Leituras

No EXPRESSO online, pode ler "Vários vencedores e vários vencidos", de Nicolau Santos. NO PÚBLICO, pode ler "Poucas surpresas", de Vasco Polido Valente.

PORTUGUESES apontam novo rumo

Sobre as últimas eleições, que ontem mobilizaram o País e mostraram que é possível afastar o fantasma das abstenções, quando há razões que põem em causa o bem-estar das pessoas, já toda a gente sabe que o PS ganhou com maioria absoluta. Isto significa que vai ter condições para levar por diante o seu programa eleitoral, sem entraves de maior. Mas será importante que ninguém se iluda. Portugal ainda não saiu da crise económica e social profunda em que se encontra desde há seis anos. Agora chegou a vez de o PS mostrar quanto vale, isto é, se é capaz de avançar com reformas que têm sido sistematicamente adiadas, se é capaz de vencer o défice orçamental crónico em que temos estado, se é capaz de acabar com a evasão fiscal, se é capaz erradicar a pobreza que grassa no País, com mais de dois milhões portugueses a viverem no limiar da pobreza. Agora chegou a vez de o PS mostrar que é capaz de reduzir o desemprego, criando, durante a legislatura, os 150 mil postos de trabalho que anunciou como objectivo fundamental, que é capaz de atrair investimento, que é capaz de estimular a produtividade e a competitividade, que é capaz de eliminar a burocracia que tudo emperra, que é capaz de investir na modernização do País, a todos os níveis, que é capaz levar os portugueses a terem confiança no futuro. Agora chegou a vez de o PS mostrar que é capaz de olhar para os mais desfavorecidos, para os mais idosos, para os mais solitários, para os desempregados, para os que lutam pelo primeiro emprego, para os doentes sem médicos, para os imigrantes explorados, para os portugueses com medos ancestrais. Agora chegou a vez de o PS mostrar que é capaz de dialogar com as outras forças políticas, com as forças cívicas, com as instituições, com o povo sem vez e sem voz, respeitando sempre as diferenças legítimas que marcam a sociedade portuguesa, propondo soluções que não ofendam as convicções das pessoas. Sem caça às bruxas, sem inundar os cargos públicos com os seus correligionários, mas dando preferência, nas suas escolhas, aos competentes, aos mais capazes, tendo em conta, apenas, os méritos de cada um, tudo isto para melhor servir Portugal. Fernando Martins
Foto: José Sócrates, o grande vencedor das eleições legislativas
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DIÁCONO PERMANENTE: Símbolo da Igreja servidora

Seminário de Aveiro

O diácono permanente tem de ser símbolo da Igreja servidora, fazendo dos dons recebidos doação aos outros, lembrou o padre Georgino Rocha no encontro de reflexão quaresmal que decorreu no Santuário de Schoenstatt, no passado sábado. 
Os diáconos permanentes, três dos quais se fizeram acompanhar de suas esposas, debruçaram-se sobre a tríplice diaconia que devem viver no dia-a-dia, ao nível da Caridade, da Palavra e da Liturgia, situando-se o mais próximo possível da realidade laical e do protagonismo dos leigos. Estes consagrados têm de ser “despertadores” de serviços na Igreja, sublinhou o padre Georgino, delegado episcopal para o diaconado permanente, ao mesmo tempo que frisou a necessidade de todos crescerem “tendo como referência Jesus Cristo”. 
Por outro lado, devem assumir a preocupação de se tornarem “educadores da fé” junto daqueles com quem trabalham, vivem e convivem, estando sempre atentos aos mais empobrecidos e às vítimas das injustiças. Dos diáconos permanente se espera que sejam pessoas “renovadas no seu espírito” e que apostem em ser porta-vozes no mundo dos valores defendidos pela Igreja, expressando a sua fé no modo como “olham” os outros, num esforço sempre inacabado de serem “espelho de Deus”, nas comunidades em que vivem e trabalham. 
Entretanto, o padre Georgino lembrou que o diácono casado não pode descuidar as obrigações do seu lar, “sob pretexto do exercício do ministério que exerce”. Também deve desenvolver uma “autêntica espiritualidade matrimonial”, em que marido e esposa sejam espelho um do outro, na caminhada de serviço a quem mais precisa, testemunhando os valores do Evangelho em todos os momentos da vida.
Neste encontro, foi referido que os diáconos permanentes não são profissionais da Igreja, sendo certo que devem estar plenamente disponíveis para servir e acolher, desfazendo barreiras e criando pontes no mundo, em todas as situações, num espírito de humildade, prudência, simplicidade, competência e seriedade. 
Ainda foi salientado que o autêntico espírito de serviço do diácono está na doação radical aos outros, com testemunho de vida, por ter sido amado e escolhido por Deus, ungido e enviado, tornando-se “eucaristia” que o predispõe a ir até “às últimas consequências” na sua entrega, como sublinhou o delegado episcopal para o diaconado permanente na Diocese de Aveiro. 

F.M. 

NB: Este texto pretende divulgar o múnus do diaconado permanente, que existe na Diocese de Aveiro desde 1988. Presentemente há, nesta diocese, 28 diáconos permanentes (27 casados e um viúvo), que servem a Igreja em vários campos. Fazem parte do clero, porque receberam o primeiro grau do Sacramento da Ordem.

domingo, 20 de fevereiro de 2005

Leituras para este domingo

Não fiquemos manietados pela televisão, num domingo como este. A leitura pode elevar-nos muito mais. Por isso, sugerimos: 1 — "Nunca menos do que isso", de Jorge Pires Ferreia, publicado no CORREIO DO VOUGA. 2 — "A Morte da Irmã Lúcia na Televisão", de Frei Bento Domingues, no PÚBLICO. 3 — "Hoje não há política", de António Barreto, no PÚBLICO

RECEITA para experimentar

OITO PASSOS PARA SER FELIZ
1. DAR GRAÇAS PELO QUE SE TEM: Escreva um «diário de gratidão» registando três a cinco coisas pelas quais está actualmente grato - desde as triviais às magníficas. Faça-o uma vez por semana. 2. PRATICAR ACTOS DE BONDADE: Devem ser tanto aleatórios como sistemáticos. Ser caridoso para os outros, amigos ou estranhos, desencadeia uma cascata de efeitos positivos - faz-nos sentir generosos e capazes. 3. SABOREAR AS ALEGRIAS DA VIDA: Atenção aos prazeres momentâneos. Alguns psicólogos sugerem que tiremos «fotografias mentais» dos momentos agradáveis. 4. SER GRATO: Se existir alguém para com quem tenha uma dívida de gratidão, não espere para lhe manifestar apreço. 5. APRENDER A PERDOAR: Deixe esmorecer a cólera e o ressentimento e escreva uma carta a perdoar a quem o tiver magoado ou prejudicado. A incapacidade para perdoar está associada ao pensamento de vingança. 6. INVESTIR NOS AMIGOS E FAMÍLIA: Os relacionamentos pessoais fortes serão o principal factor de felicidade. 7. CUIDAR DO CORPO: Dormir bem, fazer exercício, espreguiçar-se, sorrir e rir melhoram o humor a curto prazo. 8. DESENVOLVER ESTRATÉGIAS PARA ENFRENTAR O STRESSE E AS DIFICULDADES: Uma fé religiosa sadia e crenças como «o que não me mata fortalece-me» podem ajudar. NB: Conselhos práticos da psicóloga Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia, para se ter uma vida mais satisfatória, publicados na TIME/VISÃO
Foto: Um sorriso
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NAVIO-MUSEU SANTO ANDRÉ

Hoje, depois de cada um votar para a escolha dos deputados que nos hão-de representar no Parlamento, proponho uma visita ao Navio-Museu Santo André, que tantas viagens fez aos mares do bacalhau. Foi campeão português na pesca do fiel amigo e o segundo melhor do mundo. Agora, mostra-se no Jardim Oudinot (Forte da Barra) na Gafanha da Nazaré, com histórias para recordar e para contar. Ao longo de quase 50 anos, foi arrastão salgador e congelador, tendo pescado com redes de emalhar, especialmente nos mares da Terra Nova e da Gronelândia. Pescou fundamentalmente o bacalhau que, depois de salgado e seco, os portugueses tanto apreciam, desde há meio milénio, sendo, por isso, dos maiores consumidores do mundo. O dia está bonito para passar pelo Santo André e para perguntar aos cicerones tudo o que quiser saber sobre este navio-museu. E depois, desfrute um pouco o ambiente, aprecie a paisagem da Ria e... descanse por ali. À noite, vamos esperar pelos resultados das eleições.
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sábado, 19 de fevereiro de 2005

Presidente da República: "em democracia, todas as crises têm uma solução"

A propósito das eleições de amanhã, o Presidente da República, Jorge Sampaio, afirmou que, "em democracia, todas as crises têm uma solução". Por isso, estas eleições têm "uma importância acrescida". Disse que "Portugal está numa encruzilhada" e que, neste momento, " a escolha da melhor forma de responder à crise portuguesa está nas mãos dos cidadãos". "Confio no sentido de responsabilidade do eleitorado, na sua seriedade, na sua lucidez. Amanhã, vamos votar com responsabilidade cívica e confiança na nossa democracia e no nosso país. Estou certo de que a escolha dos portugueses será, como no passado ficou demonstrado, a boa escolha para Portugal", acentuou Jorge Sampaio. O Presidente da República considerou que "nem todos os responsáveis políticos e analistas fazem a mesma avaliação das causas e da sua caracterização, da sua extensão e da sua profundidade" , mas também é verdade que "nenhum deles nega, porém, a sua existência e a necessidade imperiosa de lhe responder com reformas estruturais e com medidas urgentes e eficazes. Todos concordam que não é possível deixar andar, como se nada fosse". A concluir, adiantou que votar é, sem dúvida, uma forma fundamental e consequente de afirmar o nosso empenhamento para ultrapassar as dificuldades. "Portugal exige-o de todos nós. A indiferença e o alheamento da vida da comunidade não resolvem nenhum problema. Pelo contrário: com indiferença e alheamento todos os problemas se multiplicam e se agravam", garantiu. , Posted by Hello

João César das Neves diz o que pensa sobre a sexualidade

O economista e professor da Universidade Católica Portuguesa, João César das Neves, foi acusado em tribunal por ter feito certas afirmações, que algumas organizações homossexuais consideraram difamatórias. Para ficar a saber o que se passou e para ficar esclarecido sobre as suas posições, pode ler no INDEPENDENTE a entrevista que ele concedeu a este semanário.

Ainda a CASA DO GAIATO

O ministro da Segurança Social, Família e Criança, Fernando Negrão, já assinou o despacho que constitui a comissão de acompanhamento da Casa do Gaiato e revoga, ao mesmo tempo, o despacho de 28 de Junho de 2004, que suspendeu a entrega de menores à Casa do Gaiato (CG). Num artigo de António Marujo, no PÚBLICO, o problema da Casa do Gaiato volta a ser notícia. Artigo para ler, para estarmos atentos e para descobrirmos formas de colaborar. A Casa do Gaiato e o seu espírito não podem morrer, porque nasceu por amor.
Foto: Visita à Casa do Gaiato Posted by Hello

AUGUSTO GIL - BALADA DA NEVE


 
 
 
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim...

É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
de uns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
 depois em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos... enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na natureza...
– e cai no meu coração.


Augusto Gil


NB: A seca que o país está a sentir trouxe-me à memória, nem sei porquê, este poema de Augusto Gil que, na minha infância e juventude, tanto gostava de recitar. Aqui partilho com os meus amigos esta linda balada, na esperança de que outros a releiam com o mesmo gosto com que eu a reli.

F. M.