Mostrar mensagens com a etiqueta Economia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Economia. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um sonho: Nobel para economista português



Não passamos do blá blá blá


Ontem à noite ouvi economistas portugueses no Prós e Contras da Fátima Campos Ferreira, na RTP. Não vou aqui escalpelizar o que eles disseram, para não cair em lugares comuns de quem sabe muitíssimo pouco da macroeconomia. Nem da microeconomia sei, afinal. Mas como cidadão, acho que posso sonhar. E então sonho que um dia o Nobel da Economia tem de ser atribuído a um português, pela sua extraordinária contribuição para colocar Portugal, como vencedor de crises, no cume dos países que se posicionam no grupo dos que souberam encontrar caminhos de progresso, onde todos os portugueses têm trabalho e pão.
Ouvindo os economistas, sente-se que cada um tem resposta pronta para todos os nossos problemas, soluções simples para vencer défices, receitas mágicas para tirar o nosso País do atraso endémico em que vegeta há tantos anos. Falam com convicção, como quem tem na manga a receita curativa para os males económicos e outros que nos afligem.
Se eu fosse primeiro-ministro, chamava-os a todos para, em reunião magna, ditarem o caminho certo aos nossos políticos. É que, enquanto não fizerem isto, não passamos do blá blá blá. E quem sofre é o povo.

FM

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

É neste momento que os monárquicos choram o seu rei

Acabou-se a liberdade


«Já ninguém se entende no país dos brandos costumes e agora pegou a moda de todos acusarem todos. O país está a brincar com o fogo: não tarda nada esquece a importância do significado da palavra liberdade. E aí...

O regulador dos media, a ERC, vai investigar se existem interferências do governo no sector. Os juízes, por sua vez, querem saber se existe espionagem política no país. Todos se sentem vigiados, mas ninguém sabe se essa sensação é real. Ou melhor, o director do "Sol" acusou claramente pessoas ligadas ao primeiro-ministro de lhe terem prometido dinheiro (para os problemas financeiros do semanário que dirige) em troca de não publicar notícias sobre o Freeport. E um juiz de Aveiro sustenta que Armando Vara está envolvido em negócios obscuros. O que se passa neste país?»

Martim Avillez Figueiredo

Ler tudo aqui

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O FIO DO TEMPO: O medo e o ritmo das reformas


1. Em documento de 21 de Setembro 2009, sobre a avaliação da crise e do desenvolvimento humano e económico europeu, a OCDE pede à Europa uma aceleração do ritmo das reformas estruturais. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) considera que a Europa teve agilidade em reagir à crise financeira do último ano mas não de forma determinada capaz de gerar reformas estimulantes. Considera o documento que para um crescimento sustentável da União Europeia depois da recessão se torna importante a aceleração das reformas. Vendo de fora, poderá parecer que tudo será uma questão de alta velocidade, mas as razões são mais complexas que a mera capacitação teórica de agilizar as reformas consideradas.

2. No mesmo dia, do outro lado do atlântico, nos Estados Unidos, a aceleração a mais na retoma faz gerar pânico. As subidas dos últimos meses têm-se apresentado bem superiores às expectativas realistas dos investidores, o que lançou a suspeita sobre a credibilidade e seriedade do andar da economia, conduzindo as bolsas a fechar no vermelho. Diz-se que «o mercado accionista está vulnerável. Existe uma multidão à espera de uma descida depois de um pico tão forte.» A instabilidade paira no ar e as tendências dos mercados reflectem os sentimentos das pessoas e das comunidades. Humanizando-se a economia, por trás das bolsas estarão sempre mãos e vontades que, de um lado do atlântico ou do outro, quererão descortinar a sustentabilidade ético-económica depois da crise.

3. Por vezes, destes relatórios da OCDE – como outro que já há dias apontava expectativas mais optimistas para Portugal (?!) –, até poderá parecer que tudo resultará num passe de mágica. Repete-se o refrão a aplicar: «reforço da inovação, aprofundamento do mercado único e passagem para uma economia com baixo consumo de carbono», eis as palavras-chave para a Europa. Quem dera que assim fosse… eis um assunto importante que diz respeito ao futuro de todos! Da palavra à obra!

Alexandre Cruz

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Fio do Tempo: Não esquecer para não repetir


O efeito dominó espalhou o pânico

1. Foi há um ano que o quarto maior banco dos Estados Unidos faliu. O famoso banco de investimentos Lehman Brothres arrastou consigo o início galupante de uma crise que conduziu os historiadores da finança aos anos 30, momento da chamada grande depressão. O efeito dominó espalhou o pânico e proporcionou incertezas diante dos novos cenários ainda não previstos nos livros de economia recente. Da imprescindível ética que faltou muitos apontaram o fim de uma era que até à queda do muro de Berlim (1989) só admitia dois cenários, comunismo ou capitalismo. Confundia-se a parte pelo todo (queria-se substituir a constatada falta de seriedade ética no sistema de negócios pela limitação da liberdade de comércio concorrencial), como se o regresso a passados idos fosse agora o caminho a retomar.

2. Um ano depois da grande crise financeira já a distância vai permitindo uma visão mais crítica e com maior maturidade. Embora corre-se o perigo stressado, pelos sinais do levantar da economia mundial (normalmente para os mesmos!) do não amadurecimento necessário e das lições a tirar para ser impossível repetir tamanha amplitude de crise. De há um ano para cá, naturalmente, os Estados foram lançando mão salvadora para o cataclismo não ser maior. Mas a procura do equilíbrio dessa mão imprescindível exigirá atenção constante, não só por hoje ainda em todo o mundo se sentirem os efeitos nefastos da crise. Será tão importante a situada função reguladora dos estados (hoje transnacionais) como estes permitirem na base de regras claras a liberdade saudável dos sistemas de trocas de bens e serviços.
3. No dia aniversário o presidente norte-americano fez o discurso para não esquecer: a exigência de maior regulação dos mercados e supervisão do sistema financeiro. Dizer-se que «é necessário alterar as regras» após um ano poderá parecer que este ano nada se fez… Este foi o ano do SOS. Agora será o ano da consistência ético-jurídica impeditiva de crise(s)?

Alexandre Cruz

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Crise ética na economia e na política


Ao longo do dia de Sábado, num seminário organizado pela CNJP, figuras como Laborinho Lúcio, Guilherme de Oliveira Martins, Ulisses Garrido ou Adriano Moreira reflectiram sobre a "Crise ética na economia e na política". Tendo como ressalva a recusa de "euforias" ou "cruzadas" éticas (nas palavras de D. Carlos Azevedo ou de José Manuel Pureza) e sublinhando, portanto, a necessidade de actuar responsavelmente em vez de ideologicamente, ficou porém claro que já não há como defender a neutralidade axiológica do sistema económico vigente. É imperativo denunciar a imoralidade de um modelo económico que tem vindo a aumentar as desigualdades, a causar profundas fracturas sociais e a pôr em risco até a sobrevivência humana no planeta.
Ler mais aqui

sábado, 4 de julho de 2009

Crise ética na economia e na política

Comissão Nacional
Justiça e Paz
promove seminário
A crise ética na economia e na política vai estar este Sábado em debate. A Comissão Nacional Justiça e Paz quer, através do seminário, reflectir sobre os comportamentos éticos de decisores, mas "aprofundar a arquitectura institucional que provocou a actual situação", centrou Alfredo Bruto da Costa, Presidente da CNJP, na abertura do seminário. Ler mais aqui NOTA: Actualização logo que possível

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Paraísos Fiscais

Os graves problemas surgidos no BCP e, mais recentemente, no BPN e no BPP, são de natureza diversa. Mas têm um ponto em comum: nos três casos estão envolvidos paraísos fi cais (“off-shores”), suspeitando-se que por eles tenham passado iniciativas irregulares ou mesmo criminosas. Muita gente percebe, hoje, que os “off-shores” representam uma injustiça fiscal - quem evita pagar impostos graças a esses paraísos fiscais não são os pobres nem a classe média. Pior do que isso, os “off-shores” tornaram-se uma via para a ilegalidade, incluindo a criminalidade organizada e o terrorismo. Os atentados do 11 de Setembro foram financiados através de “off-shores”. Por isso, esperava-se uma acção eficaz para os eliminar, pelo menos, por parte da administração Bush, promovendo um esforço à escala global. Infelizmente, tal não aconteceu. Prevaleceram os interesses: os “off-shores” dão jeito a muita gente importante. Será que a presente e gravíssima crise financeira, bem como o novo presidente americano, conseguirão avançar na eliminação mundial dos paraísos fiscais? Oxalá. Mas não sou optimista.
Francisco Sarsfield Cabral, in RR

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A CRISE

Não sei se já todos os portugueses (para falar apenas de nós) se aperceberam, com realismo, da periclitante (para não dizer dramática) situação económico-financeira que estamos a viver. É certo que toda a gente fala de crise e não faltam os que, com rostos sérios, atiram para o ar propostas com garantias de milagres. Leiam “A solução da bendita crise”. Pode ser que vislumbrem algum optimismo.

sábado, 29 de novembro de 2008

Política e Economia: cada cabeça cada sentença

Se há ciência que prima pela variedade de certezas (ou dúvidas?), a economia é uma delas, andando de braço dado com a política. O que uns defendem outros condenam. Por isso, acho que importa ler o possível para nos decidirmos pelo que acharmos melhor. Às vezes podemos acertar.
"Em Portugal, Teixeira dos Santos diz que o Governo vai estimular a economia através do investimento público. Ou seja, vai desperdiçar dinheiro em projectos de duvidosa rentabilidade que já eram contestados antes da crise financeira. As debilidades da economia portuguesa são conhecidas. O peso do Estado é elevado, os serviços públicos de saúde e educação são ineficientes, a justiça não funciona e o sector privado está sobrecarregado de impostos e de burocracia. Perante isto, o Governo recorre à solução fácil de atirar dinheiro para a economia, agravando o défice e o endividamento público."
Ler ESTÍMULOS de João Miranda, Investigador em Biotecnologia

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Falência dos Estaleiro de S. Jacinto deixa ex-trabalhadores sem nada

A notícia, que acabo de ler no JN, é triste, porque da falência dos Estaleiros não restou nada para indemnizar os ex-trabalhadores. Mas também é triste saber-se da morte de um estaleiro naval que foi, durante décadas, o sustentáculo económico das famílias de uma terra, S. Jacinto. Também das terras vizinhas, das Gafanhas, Aveiro, Ílhavo, Pardilhó e Murtosa, entre outras. Depois, a conjuntura (a eterna culpada) ditou a morte dos Estaleiros, a que o seu fundador, Carlos Roeder, não teve o desgosto de assistir. Os Estaleiros tinham muito trabalho e muitos trabalhadores. Bastantes deles, das Gafanhas, deixaram a lavoura e outros ofícios para ingressarem naquela unidade industrial. Sempre era um salário certo, disseram-me alguns. E era verdade. Porém, as “economias”, quando não conseguem adaptar-se às circunstâncias, dão nisto: falências que deixam ex-trabalhadores sem qualquer indemnização. Claro que o Estado não pode olhar para estas situações. Mas se for um Banco...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Governo nacionaliza BPN

Onde está a sociedade justa e solidária?
O Governo de José Sócrates decretou a nacionalização do BPN, garantindo que os clientes não serão afectados nos seus depósitos. A CGD vai controlar a situação, depois de terem sido descobertas graves irregularidades, com negócios paralelos e à margem das leis. Que se saiba, os administradores fraudulentos ainda não terão sido incomodados. O Banco de Portugal, que tinha por missão estar atento à vida do banco e de todos os bancos, não deu por nada, ao longo dos anos. A onda avassaladora do liberalismo económico, sem alma e sem regras, deu nisto. O que virá a seguir? Quando se fala de nacionalizações, em áreas fundamentais da vida económica, muita gente grita que estamos a cair numa sociedade colectivista, que ofende a liberdade e a propriedade privadas. Agora, face à crise que o liberalismo sem regras gerou, pondo em risco os bens, as poupanças das pessoas e até as suas pensões de reforma, todo o mundo se cala, achando bem que o Governo nacionalize o BPN. Não sei, ninguém sabe, onde está a sociedade justa e solidária. O comunismo real e o capitalismo selvagem faliram. Os economistas não encontram soluções credíveis. Estamos todos suspensos de alguém que nos indique o sistema político-económico que promova o bem comum, a justiça social e a liberdade. E como já vai sendo hábito, os administradores habilidosos e fraudulentos continuarão por aí impunes. Um desgraçado qualquer que seja apanhado a roubar um pão para matar a fome corre o risco de cair na cadeia, sem apelo nem agravo. FM

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O MAL SÓ ACONTECE AOS OUTROS

Na história recente têm-se multiplicado os problemas sociais. De repente, quando todos imaginamos que o mundo rola sobre rodas afinadas, caem sobre nós os dramas de muitos povos, com catástrofes, crises económicas e sociais que ninguém soube prever nem evitar. Há tempos, sem que alguém o esperasse, a subida do petróleo disparou para valores inimagináveis. Com essa subida, toda a economia ficou baralhada, deixando os investidores confusos e os trabalhadores preocupados. Presumo que poucos possam imaginar os reflexos dessa subida de preços na vida das pessoas, sobretudo nas que vivem exclusivamente do seu trabalho ou das suas pensões de reforma. Agora, aí temos a falência de bancos e de outras estruturas paralelas a afectarem o quotidiano de imensa gente, ao ponto de todos começarmos a olhar uns para ou outros, como quem espera respostas para as dúvidas em relação ao futuro. Infelizmente, não vejo quem possa apontar soluções para se ultrapassar a crise. O desespero invade o homem comum. A dúvida está em saber onde se encontra a porta certa para tranquilizar as pessoas. As políticas e os políticos começam a ficar confundidos. As reuniões e as decisões multiplicam-se, mas a crise está para ficar. E nós, com o velho hábito de acreditar que o mal só acontece aos outros, temos de começar a pensar que também nos pode chegar um dia destes. Com a economia, como é conhecido, a dominar tudo e todos. FM

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Multibanco: mais um imposto disfarçado?


Já por várias vezes, responsáveis da banca portuguesa têm feito declarações públicas no sentido de se vir a cobrar uma taxa por cada operação que os portugueses façam nos terminais Multibanco, como sejam, por exemplo, levantar dinheiro, fazer pagamentos ou carregar cartões de telemóvel.
Pois, ontem, dia 4, foi a altura do Presidente da SIBS (sociedade que gere toda a cadeia dos terminais Multibanco), Vítor Bento, dizer que os portugueses poupam 190 milhões de horas em filas de espera, nos bancos ou noutras empresas, o equivalente a 750 milhões de euros, por ano, por utilizarem este serviço bancário.
O que este responsável da SIBS não disse foi quanto poupam os bancos (e o país) por não terem estas filas de clientes no interior das suas agências, com a natural sobrecarga de trabalho para os seus funcionários, para além da necessidade que haveria de aumentar o número destes e mesmo o número de agências bancárias, caso os portugueses não utilizassem os terminais de Multibanco.
Estamos, pois, perante uma informação parcial, ou mesmo tendenciosa, quem sabe para ir preparando o terreno para a implementação da dita taxa aos cidadãos portugueses.
Os banqueiros não brincam em serviço, nem falam por falar. Só não avançarão para esta cobrança se, de todo, for impossível. Estes senhores do dinheiro nunca desistem dos seus intentos!
Cabe aos cidadãos portugueses estarem informados e, se necessário, manifestar o seu descontentamento e repúdio, tanto junto da banca como do Governo, se tal se vier a justificar.

Vítor Amorim

sexta-feira, 23 de maio de 2008

PONTES DE ENCONTRO


Petróleo: e você, já sabe porque é que aumenta?

A 27 de Março de 2008, escrevi um texto com o título “Ética nos Negócios”, no qual abordava alguns aspectos relacionadas com o preço do “ouro negro” e as constantes subidas nos mercados mundiais. Na altura, o seu preço andava à volta dos 103,0 dólares o barril. Passado perto de dois meses, o seu preço não parou de subir. Ontem, dia 22 de Maio, o preço do chamado petróleo Brent atingiu os 133,10 dólares e em Nova Iorque os 135,04 dólares o barril. A nível nacional e internacional, já ninguém se entende sobre as causas reais destas subidas. Esta ignorância é gravíssima e não augura nada de bom.
Basta ver algumas das televisões de referência internacional e é um nunca mais acabar de ouvir especialistas em produtos petrolíferos a dizerem que estes preços não se justificam, mas também a não saberem dizer nada do porquê deles estarem tão altos. Existem visões diferentes para os valores a que deveria estar, neste momento, o petróleo, que oscilam entre os 90,0 e os 75,0 dólares o barril, mas não se sai disto.
Sabe-se que, para um preço do petróleo de 120,0 dólares o barril, o seu custo é assim distribuído: 30,0 dólares para custos de produção, à saída do poço; 20,0 dólares para custos de exploração; 10,0 dólares para custos de transporte e 60,0 dólares para o efeito da desvalorização do dólar, seguros, por riscos políticos ou outras instabilidades, em alguns países do globo, e, finalmente, a especulação. É nesta última fatia, dos restantes cinquenta por cento do preço, que ninguém sabe o que se passa.
Fica-nos, porém, a certeza que vivemos numa ordem mundial, em que as autoridades, muitas delas democrática e legitimamente eleitas, no essencial, pouco ou nada controlam, pelo que são os especuladores e a economia subterrânea que vão ditando as leis da economia mundial, condicionando, deste modo, o desenvolvimento dos países e dos seus cidadãos. Isto é preocupante e não adianta ter ilusões sobre as suas consequências no futuro, se tudo isto continuar assim.
Não se pode deixar que, em nome da livre concorrência dos mercados, esta comece a ser cada vez mais uma ficção e um castigo, sem transparência. Já não estão em causa as teorias económicas que cada um possa defender para a sociedade, mas o modo de viver desta. Nos EUA, ontem, dia 22, o Senado americano pediu explicações às principais companhias petrolíferas americanas, para que estas justificassem como é que um produto que, na sua origem, está cada vez mais caro, permite, mesmo assim, que estas tenham lucros cada vez maiores, dado que esta combinação não bate certo e vai contra as regras básicas da economia. Conclusões não existiram, sinal de que anda muita coisa escondida. Sabemos que existem questões geopolíticas profundas no meio de tudo isto e não é de admirar que alguns países produtores de petróleo, que de democracia nada têm ou deixam muito a desejar, (excepção para a Noruega), estejam a fazer um garrote económico à Europa e aos EUA, para que o mundo fique com um Ocidente fragilizado.
Em Portugal as coisas são ainda piores: temos uma economia fraca. Entre o ano de 2000 e de 2008, em média, em Portugal, a gasolina aumentou 100% e na Europa 52% e no gasóleo, o aumento foi de 61%, em Portugal, e na Europa 31%. Ninguém sabe dizer do porquê destes aumentos, ou seja, o regulador, no país, pouco pode fazer, só por si.
Em Portugal, convém dizê-lo, a concorrência é frágil. Existem só duas refinarias (Sines e Matosinhos), ambas da Galp, que refinam o petróleo de todas as marcas à venda no país, o que já condiciona, em muito, o mercado livre. A juntar a isto, temos uma carga fiscal elevada e ineficiência na distribuição. Em Espanha existem nove refinarias e um ISP e IVA mais baixos. Nem as regras da oferta e procura justificam tudo, bem assim como o aumento do consumo na China (mais 14% só nos primeiros três meses, deste ano) e na India. Só na irracionalidade humana se pode encontrar uma resposta capaz.
Vítor Amorim

terça-feira, 20 de maio de 2008

As supostas dúvidas do ministro e as fragilidades do país


O ministro da Economia, Manuel Pinho, considerou, ontem, dia 19 de Maio, "muito preocupante" o aumento dos preços dos combustíveis e garantiu aguardar o estudo pedido à Autoridade da Concorrência para ter a certeza de que "não existem factores anormais" a empolá-los.
"A situação é muito preocupante, porque tem impacto sobre o poder de compra das famílias e sobre a vida das empresas", reconheceu o ministro, quando questionado pelos jornalistas sobre as subidas nos preços dos combustíveis.
Manuel Pinho falava em Aljustrel, distrito de Beja, após a cerimónia, presidida pelo primeiro-ministro, José Sócrates, que assinalou o arranque simbólico da produção comercial do complexo mineiro daquela vila alentejana.
Apesar de frisar que o preço dos combustíveis é um factor que "ultrapassa" o Governo, o ministro da Economia lembrou que, no que respeita ao executivo, já foi pedido à Autoridade da Concorrência para fazer, "com urgência", um "diagnóstico" sobre a situação. Nesse estudo, acrescentou, serão analisados "todos os factores que, eventualmente, possam estar a travar a concorrência no sector e, com isso, empolar artificialmente o aumento de preços dos combustíveis".
À noite, do mesmo dia, quem teve a possibilidade de ver o programa “Prós e Contras”, na RTP1, ouviu alguns dos presentes no debate dizer que o ministro da Economia recebe, pelo menos, trimestralmente, um relatório da Autoridade da Concorrência sobre o preço dos combustíveis, em Portugal, pelo que está perfeitamente dentro deste assunto, desde sempre.
A ser assim, o que espera o Dr. Manuel Pinho? Milagres? Parece, isso sim, que estamos perante mais um estudo encomendado para ir iludindo os portugueses.
Independentemente das subidas do preço do barril de petróleo, Portugal não tem infra-estruturas que permitam um mercado eficiente e uma concorrência autêntica, o que acaba por penalizar, ainda mais, os consumidores portugueses, ao que se acrescenta, o valor do IVA e do Imposto Sobre Combustíveis (ISP) praticados em Portugal.
À custa de tudo isto, vamos ficando a saber, cada vez melhor, das inúmeras fragilidades que o país tem, praticamente em todos os sectores, e o petrolífero, infelizmente, não foge à regra geral. É preciso fazer muito mais do que pedir estudos à AdC, e o ministro Manuel Pinho sabe disso, perfeitamente.

Vítor Amorim

quinta-feira, 27 de março de 2008

PRESSÃO CÍVICA PARA CORRIGIR OS PREÇOS

Está decidido que o IVA vai baixar, em Julho, 1%. Esquecendo a contradição do primeiro-ministro, porque não há ninguém que não se engane, vamos admitir que é muito boa esta descida. Será? Para já, não vai incidir sobre o que mais mexe com a bolsa do consumidor: o que se come no dia-a-dia. Depois, no meio de tantas subidas, em Julho, ninguém vai dar pela descida. E nada, tenho cá um palpite, vai passar a custar menos. Dou mesmo um doce a quem me provar o contrário. As empresas, essas sim, fazendo-se esquecidas, talvez acabem por ganhar uns euritos. E de eurito em eurito enche a galinha o papo. Estarei enganado? Contudo, segundo o Público, “O ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, avisou hoje que serão reforçados os mecanismos de vigilância para que a descida do IVA tenha consequências benéficas junto dos consumidores, mas apelou também à pressão cívica para que os preços sejam corrigidos”. Cá para mim, se a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) se meter no assunto, com a eficiência com que tem trabalhado, talvez os consumidores venham a beneficiar. A ver vamos, como diz o cego.
FM

ÉTICA NOS NEGÓCIOS

“Todos os homens têm direito 
ao pão para a boca 
e à verdade para o espírito”

Vitorino Nemésio

Utopia ou Cidadania?



Não sendo economista e não podendo recorrer a Jesus Cristo, que, no dizer de Fernando Pessoa, “não sabia nada de finanças”, apelei à minha memória e recordei-me de uma entrevista que o Presidente da Galp, Eng.º Ferreira de Oliveira, deu, no dia 17 de Janeiro de 2008, à jornalista da RTP1, Judite de Sousa, no programa “Grande Entrevista”.
O Eng.º Ferreira de Oliveira é considerado um dos maiores especialistas nacionais na área das energias, designadamente no sector petrolífero, pelo que as suas palavras não têm um significado nem uma dimensão quaisquer. Bem pelo contrário.
Na entrevista, Judite de Sousa coloca ao Eng.º Ferreira de Oliveira a seguinte questão: “O que determina que o preço do barril de petróleo tenha atingido, nas últimas semanas, os 100 dólares? Há razões para isso?”
A resposta foi imediata: “…no substancial, nada determina um preço a esse nível. Era possível à indústria petrolífera, como um todo, estar a pôr no mercado o petróleo a 40 ou 50 dólares!”, para logo acrescentar:”“Se eu tivesse que fazer uma projecção, diria que, em 2008, vamos ter o preço do petróleo a cair para os 70 ou 75 dólares o barril!” (sic).
Estamos, é certo, em finais de Março, mas infelizmente, até agora, as suas projecções ainda não se concretizaram (ontem, dia 26, o petróleo chegou, em Londres, aos 103,32 dólares o barril) e os “porquês” que daqui imergem são vários e pertinentes.
Terão sido afirmações levianas, precipitadas, demasiadamente optimistas ou foi ignorado algum aspecto importante capaz, só por si, de condicionar o preço do chamado “ouro-negro”?
Desde os impostos, aos custos de produção, transportes, prémios de seguro de risco, passando pelas instabilidades políticas e conflitos armados, que surgem um pouco por todo o mundo, nada ficou de fora, para aquele cálculo, mas, mesmo assim, o preço não dá sinais de descer.
Resta-me, pois, concluir que, neste tipo de negócio, para não falar já de outros, a realidade estará sempre a ser ultrapassada por decisões enigmáticas e por interesses obscuros, onde prevalece a especulação e a corrupção sem rosto, sem pátria e sem fronteiras.
Alguns estudiosos árabes já referem que o negócio do petróleo se está a transformar, cada vez mais, numa “maldição para os próprios países árabes”, devido aos elevados níveis de corrupção e de especulação que tem gerado à sua volta. Ainda por cima, referem que, em muitos países produtores de petróleo, o seu “desenvolvimento é superficial e artificial”, podendo vir a traduzir-se em custos elevados, daqui a alguns anos, para todo o mundo, nomeadamente o mundo Ocidental, que irá ter que os ajudar!
Podem até as projecções do Presidente da Galp concretizarem-se, mas elas já são um indicador claro que a realidade, neste negócio, é a que alguns querem que ela seja num dado momento e a verdade é uma ilusão que se vende na base da mentira, da injustiça e da manipulação.
No meio de todos estes interesses “subterrâneos”, está o cidadão comum que, como eu, vai vendo que ninguém tem capacidade para o esclarecer, minimamente, dos “porquês” deste negócio. Será possível a alguém ser feliz quando só lhe resta pagar e calar?
Como é possível acreditar, assim, num mundo concorrencial, é certo, mas também mais livre e justo?

Vítor Amorim