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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Ainda os Açores — Leituras (1)

“Mulher de Porto Pim — Uma ode aos Açores” 
de Antonio Tabucchi



Quando fui aos Açores, mais concretamente à ilha de S. Miguel, levei no saco da bagagem um livro de Raul Brandão — “As Ilhas Desconhecias” —, escrito em 1926 (há precisamente 90 anos), a partir de uma viagem que o escritor e jornalista havia feito em 1924. Levei também outra literatura avulsa de caráter propagandístico, mas interessante.
Hoje, porém, inicio referências a outros livros que tanto podem ser lidos antes da partida para os Açores como no regresso. Começo com “Mulher de Porto Pim — Uma ode aos Açores” de Antonio Tabucchi, professor e escritor italiano que se radicou em Portugal por tanto gostar do nosso país. Morreu em 25 de março de 2012.
A edição que tenho em mãos e que já li tem a chancela da editora Dom Quixote e foi publicada este ano. Apresenta o Prólogo com data de 23 de setembro de 1982. São apenas 126 páginas, capa dura, tradução de Maria Emília Marques Mano, pois o original foi escrito em italiano, em Vecchiano. 
Curiosamente, depois de ler o livro, de formato pequeno, li no Expresso uma referência crítica de Pedro Mexia, que lhe deu a classificação de quatro estrelas, num máximo de cinco. Tanto basta para aquilatarmos da qualidade e do interesse desta obra de Antonio Tabucchi.
No trabalho deste autor há naufrágios, destroços, passagens e lonjuras, mas há baleias e baleeiros, onde cabe a história da Mulher de Porto Pim. Permitam-me que destaque uma biografia, algo ficcionada, de Antero de Quental, a qual nos mostra António Feliciano de Castilho, a quem o pai do poeta açoriano confiou a instrução de seu filho. Mestre de Antero, na infância, e mais tarde adversários e polemistas na chamada Questão Coimbrã. 

Um retalho 

«Quando o menino chegou à idade de aprender, o pai chamou para sua casa o poeta António Feliciano de Castilho [Residiu algum tempo em S. Miguel] e confiou-lhe a sua instrução. Castilho era considerado então grande poeta, talvez por causa das suas traduções de Ovídeo e de Goethe, e talvez também pela sua infeliz cegueira que, por vezes, dava aos seus versos um tom pomposo muito apreciado pelos românticos. Na realidade era um erudito irascível e austero que privilegiava a retórica e a gramática. Com ele o pequeno Antero aprendeu latim, alemão e métrica. E com estes estudos chegou à adolescência.»

E no Post Scriptum — Uma baleia vê os homens

«Não gostam da água e têm medo dela, e não se percebe por que razão a frequentam. Também se deslocam em bandos, mas não levam fêmeas e adivinha-se que elas se encontram algures, mas sempre invisíveis. Às vezes cantam, mas só para si, e esse canto não é um chamamento, mas uma forma de lamento pungente. Cansam-se depressa, e quando a noite cai estendem-se sobre as pequenas ilhas que os transportam e talvez adormeçam ou olhem para a lua. Passam deslizando em silêncio e percebe-se que são tristes.»


Fernando Martins

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Tourada na Terceira... Todo o cuidado é pouco



Não… não fiquem para aí a pensar que se trata de uma tourada à espanhola ou à portuguesa, com touros de morte, na arena, ou bandarilhados, com sangue a espichar das feridas profundas provocadas pelas fartas afiadas. Trata-se de uma tourada ao jeito portuguesíssimo da ilha Terceira, nos Açores. A Terceira porque, ao que suponho, foi a terceira a ser descoberta pelos portugueses. E tem, naturalmente, as suas tradições. 
Conheço algumas histórias das touradas, à corda, que o meu filho João Paulo me descreveu quando lá esteve a trabalhar como professor. Mas desta vez a história veio do meu filho Pedro que, por tanto as ter ouvido do João Paulo, resolveu dar um salto de Ponta Delgada, em São Miguel, onde foi passar férias, para conhecer de perto a Terceira com as touradas, mas não só. E gostou, pelo que me diz.
Enviou-me há momentos duas fotos da tourada, vista por ele ao longe, à cautela. Quando lhe recomendei que não se pusesse a jeito, que as brincadeiras podem dar mau resultado, o meu Pedro garantiu-me que foi para uma zona onde havia segurança, tanto mais que lá se acoitavam também mulheres e crianças. O pessoal da corda, decerto, terá em conta isso mesmo. 
Disse-me que não faltava quem fizesse piruetas mesmo perto do touro e ousasse aproximar-se dele para o desafiar, mas pode haver falhas e feridos não têm faltado. 
De outros temas hei de falar mais tarde quando tiver dados curiosos. Uma coisa é certa: o Pedro anda encantado com o nível das festas de Praia da Vitória, com a riqueza de museus que visitou, com a alegria do povo que sabe viver as suas tradições com entusiasmo. Aproveita, Pedro, que a vida passa a grande velocidade, embora não acredites nisso. 

terça-feira, 5 de julho de 2016

Ribeira Grande vista por Raul Brandão e por mim

Matriz ao longe
«A estrada sobe, a estrada desce, e a vegetação é cada vez mais impetuosa e forte. Já ao longe reluz uma brancura — Ribeira Grande. O panorama alarga-se, mas as nuvens começam a forrar o céu e o cheiro da humidade a entrar-me pelas ventas. Todo este ar lavado e amplo se emborralha. O calor amolece. Mais um lanço de estrada que sobe, e tenho diante de mim a rica planície da Ribeira Grande, largo quadro de tons variados, desde o loiro do trigo até ao verde-escuro do milho. Ao fundo, a toda a largura do céu, uma nuvem recortada e imóvel, estendida como um toldo, deixa um feixe de sol iluminar o oceano, enquanto o campo se conserva envolto em claridade esbranquiçada e magnética até à linha cinzenta dos montes.»

Raul Brandão, 
1924, 4 de agosto

Matriz de outro ângulo. Árvore secular marca presença
Jardim anexo à ribeira
Outro aspeto da ribeira
As árvores com idade avançada
As nuvens, sempre as nuvens
Na ponte, os nossos interlocutores

Ao volante do seu carro, que chiava a cada curva apertada e roncava em cada subida íngreme, com montes teimosamente no horizonte e mar em múltiplas esquinas, o meu João Paulo não se cansava de nos indicar povoações, miradouros, culturas e gentes. Trigo e milho jamais. Casas bonitas, bem caiadas e asseadas, flores e verdura a ornamentarem a paisagem. Vacas aqui e ali. E nas aldeias, de ruas estreitas desafiando a perícia dos condutores, lá estavam monumentos singelos com evocações histórias.
As nuvens de Raul Brandão a forrarem o céu e a humidade abafada a envolverem-nos eram presença assídua e incomodativa. Depois o largo, a Ribeira Grande, a maior da ilha, segundo o testemunho de três ribeirenses que cavaquearam connosco na ponte. De conversa simpática. A Ribeira Grande afinal trazia pouca água. E explicaram. — Quando chove bem, a água escorre dos montes e o caudal cresce bastante e com força; depois vem a normalidade, mas nunca seca.
E continuaram: — As árvores enormes são como monumentos; ninguém as pode cortar; quando éramos meninos já cá estavam e gostamos muito de as ver sempre bem tratadas. 
Depois falaram da prisão que estava num lado do largo, numa espécie de torre quadrangular. E orgulharam-se das ruas ajardinadas e limpas, das casas pintadas sob fiscalização da Câmara, dos jardins com arte. E um acrescentou: — Um dia um morador abusou, pintando a sua casa com uma cor esquisita; a Câmara resolveu o problema; as leis são para ser cumpridas.

sábado, 25 de junho de 2016

Ilha de S. Miguel — Início do povoamento



A história está bem clara na placa que indica o início do povoamento na Ilha de S. Miguel. Os meus votos de boa viagem para quem lá for ou por lá passar.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

São Miguel: Farol da Ferraria



Mais pequeno do que o nosso. Também não seria nem será preciso um farol mais alto. Está, naturalmente, num ponto de grande altitude, muito acima do nível do mar. Mais novo uns anos. Nasceu em 1901 e o nosso, o Farol de Aveiro, foi inaugurado em 1893.

domingo, 19 de junho de 2016

Ponta Delgada - Monumento ao Emigrante


«A emigração caracterizou historicamente a vida portuguesa e, desenhou de forma incontornável a personalidade das ilhas.
A origem da emigração açoriana estará, porventura, nos primórdios do povoamento, de acordo com o que apontam os investigadores. O seu carácter sistemático remonta, porém, ao século XVII.
Foram cinco os grandes destinos da emigração açoriana: Brasil, Estados Unidos, Bermudas, Hawai e Canadá.
A primeira emigração com características sistemáticas foi com destino ao Brasil, nomeadamente para o Sul do Brasil, em 1847, com a saída de cerca de seis mil pessoas. A emigração para este país foi variável, após este período, verificou-se um grande fluxo migratório em finais do século XIX, início e metade de do século XX para os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.»

Ler mais aqui

Nota: Justa é a homenagem que em Ponta Delgada foi prestada ao emigrante. Todos sabemos o peso da emigração que tanto contribuiu para a presença de Portugal no mundo e até para o desenvolvimento do arquipélago dos Açores. E a dos açorianos é sobremaneira importante. Terá sido este o primeiro registo fotográfico feito por mim à chegada.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

AÇORES: Uma igreja em cada povoado

Igreja do Senhor Santo Cristo

Nos Açores, cada povoado tem a sua igreja. Às vezes mais do que uma. Sinais visíveis da religiosidade daquele povo. As festas do Espírito Santo estão na alma daquelas gentes portuguesas com mar à volta de tudo e todos. Não pude nem posso fazer aqui o historial de cada templo, muito menos falar dos estilos que dão corpo às igrejas. Entrei no interior de algumas e numa, na de S. José, até participei na Eucaristia, em dia de Profissão de Fé. Igreja belíssima, tanto no exterior como no interior. Festa singela com poucos pré-adolescentes, como referiu o pároco, que fez uma homilia bem estruturada e adequada ao ato. Na mesma praça, o templo do Senhor Santo Cristo, de portas fechadas, com pena minha.
Algumas igrejas seculares. Uma com a placa que assinalava meio milénio. Dentro do possível, tentarei pôr legendas.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

S. Miguel — A Ilha Verde










Se tivesse de rebatizar a Ilha de S. Miguel, nos Açores, garanto a todos os meus amigos e leitores que lhe daria o nove de Ilha Verde. Sim, verde! E verde porque é a cor que predomina quando saímos das povoações, do roncar dos carros acelerados em cruzamentos, rotundas e ruas estreitas. Verde porque é a cor do pasto que a chuva vai regando frequentemente para alimento das vacas leiteiras, que se avistam ao perto e ao longe. Verde porque é a cor da esperança e da certeza de que o bem-estar de muitos micaelenses depende da verdura dos prados nos vales e nas encostas. E agora apreciem algumas imagens que registei.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

AÇORES: Furnas, mar e outros horizontes

Cascata
Cascata em vale
"Enterro da panela"

Cozido está pronto

Caldeiras 
Viajar é garantidamente um ato cultural. O viajante absorve muito do que ouve, vê e sente. Adapta-se a novas formas de vida, respira ares diferentes, contacta com culturas diversas, abre-se a horizontes mais largos. Por razões variadas não tenho viajado muito. Conheço um pouco de Espanha, passei como gato por cima de brasas pela Bélgica, estive em França duas vezes, passei uma semana na Alemanha. E os meus olhares e memórias ficam-se por aí. 
De Portugal, conheço mal o Alentejo e razoavelmente o resto do nosso país. Uma semana na Madeira e uns dias agora em S. Miguel. Nada mais. Mas é natural que sonhe com outras viagens, embora comecem a rarear as oportunidades para isso. Canso-me imenso nas caminhadas a quem nenhum viajante pode escapar. Resta-me a leitura para preencher e enriquecer a minha ânsia de contactar com outros povos e outras paisagens.
Agora nos Açores tive já o prazer de me deslumbrar com uma terra diferente da que todos os dias me envolvem na minha terra natal. Manhã cedo saímos de Ponta Delgada para horas de carro. As   Caldeiras, ao lado da Lagoa das Furnas,  foram as primeiras metas. Em Lagoa das Furnas assistimos ao “enterro” de panelas do célebre Cozido das Furnas. Depois, cova aberta, apreciámos a retirada as panelas do calor vulcânico e seguimos para o Restaurante Tonys, onde havia mesa reservada para o almoço. O restaurante foi literalmente invadido e ocupado por estrangeiros, no meio dos quais estávamos nós. Bem comidos e bebidos com conta peso e medida, seguimos para a freguesia de Salga do concelho do Nordeste, cuja vila estava marcada nas etapas deste dia.
Miradouros em cada canto, todos a oferecerem vistas deslumbrantes, aqui e ali incomodadas por nevoeiros densos. Aliás, neste giro convivemos com as quatro estações do ano, como é típico de S. Miguel. Ora estava sol que acalenta e nos oferece panoramas largos, ora surgia o nevoeiro cerrado que limitava o que merecia ser visto, ora chovia e ventava, ora nos atacava  o frio desesperante. 
O mar que nos acompanha desde a chegada, que se vê imensas vezes, mas que de repente foge dos nossos pontos de mira, para reaparecer com toda a sua majestade quando menos se espera, faz parte integrante da vida dos açorianos e de quem os visita. E nós gostamos, realmente, da sua companhia. Já alguém imaginou o que seria o mundo sem mar? 
Ruas estreitas, é certo, com vacas por cada esquina que rapavam a erva verdinha e deitadas a ruminavam, flores e mais flores que demarcavam propriedades e estradas, piscinas termais e outras que as populações e turistas usufruem, morros e serras a quebrarem a monotonia, tornando tudo mais belo, cascatas e zonas ajardinadas cuidadosamente preparadas para acolherem quem chega ou passa, de tudo um pouco vimos neste dia que as minhas palavras não conseguem descrever por falta de arte. O cansaço também contribui para este pobre registo do meu diário.


São Miguel: Sete Cidades e arredores

Um pouco do muito que vimos







Em 30 de julho de 1926, Raul Brandão esteve em São Miguel com espírito jornalístico, mas sempre acompanhado pela alma de artista, com a sua sensibilidade própria e única. Não há dois artistas iguais, porque se isso acontecesse um eliminaria o outro. E nessas deambulações deixou-nos retratos que nos nossos dias aceitamos e citamos com prazer.
Diz ele que «nesta ilha há duas coisas maravilhosas: as Furnas e as Sete Cidades». Estivemos hoje nas Sete Cidades e à medida que nos aproximávamos da Lagoa das Sete Cidades sentíamos que o nevoeiro iria estragar-nos a festa de uma paisagem de tons e cores diversos. Felizmente não foi tanto assim, embora em dia luminoso o espetáculo fosse mais belo. Mesmo Valeu a pena. Turistas com presença garantida, fotógrafos amadores como eu a disparar de vários ângulos. E boa razão tem Raul Brandão para dizer: «Quase tenho medo de falar duma paisagem que hoje, mais do que nunca, me parece irreal…»
Senti o mesmo neste domingo,5 de junho. O verde dos cerrados onde pasta o gado, os picos das montanhas, os penedos plantados no oceano, as ruas estreitas, a obrigação de parar para as vacas passarem na sua calma ancestral, as piscinas abrigadas, a ausência de areia branca, a floresta a encher os espaços e o casario a bordejar ruas e ruelas, largos e encostas das montanhas. Igrejas entre o antigo (vi uma de 1507) e o moderno atestam a presença do cristianismo desde a descoberta. 
O farol, de que falarei mais tarde também mereceu a nossa atenção, pequena mas bem cuidado. Navios no alto mar não vi. Nem surfistas nem nadadores, mas vi o oceano agitado e de vez em quando um ventinho mais forte que os montes não conseguiram desviar da nossa presença.
Amanhã, se Deus quiser, as Furnas e o seu famoso cozido esperam-nos.

domingo, 5 de junho de 2016

AÇORES: Uma luz que nos acaricia



«É uma luz que me acaricia, uma série de cinzentos que entram uns nos outros e desmaiam, apanham não sei que claridade e ficam absortos e quietos,  ou criam nova vida e recomeçam  uma gama de tons que faziam o desespero dum pintor, porque a paisagem a esta luz extraordinária ganha sombras, variedade e frescura que os pincéis não sabem reproduzir…»

Raul Brandão, 
in “As Ilhas  Desconhecidas”

Pus pé em terra do anticiclone  no princípio da tarde de ontem, graças aos desafios do meu João Paulo e à generosidade da minha Aidinha. Ameaças de chuva e mau tempo não perturbaram o nosso desejo antigo de conhecer os Açores, que Raul Brandão, quase há 100 anos, descreveu com arte e realismo. Hoje será muito diferente, mas os tons cinzentos entrecortados pela claridade que as nuvens frequentemente filtram e emprestam tonalidades novas a quem chega, como foi o nosso caso, meu e da Lita, enchem-nos  a alma e preenchem uma lacuna na nossa sensibilidade.
O João, à chegada, informa que já nos viu  por um frincha do aeroporto de Ponta Delgada. Apressados, fomos degustar o bife num restaurante especialista na  área dos bifes de vaca, carne saborosíssima do gado açoriano. Gado famoso, diga-se de passagem. E corremos para conhecer ao vivo a paisagem do mar da  ilha de São Miguel, sem areia branca, mas com sinais de quem sabe criar espaços marinhos para tonificar o corpo com sol e maresia, em piscinas naturais  que abundam por aqueles sítios. As primeiras impressões cativaram-nos pela originalidade  das baías, pelas ondas que desafiam surfistas , pela tonalidade negra das pedras que nos propõem  desafios no equilíbrio necessário para quem deseja aproximar-se do ocenano. E com a arquitetura do casario, das igrejas construídas em locais estratégicos para anunciar  o  transcendente  aos habitantes tantas vezes tão afastados do mundo, mais as ruas estreitas a indiciarem antiguidade, mais nos sentimos entusiasmadas e com ânsias de nos próximos dias, então mais afastados  das águas que rodeiam  a ilha, nos cruzarmos com outras paisagens.  

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O "Cozido das Furnas" vai ser taxado por "panela"

Câmara Municipal da Povoação 
anunciou as tarifas para a confeção 
do cozido das Furnas



«Segundo a autarquia, "a partir de 01 de março serão aplicadas a tarifa de entrada, a tarifa de panela de cozido e a tarifa de estacionamento", mas os residentes nas Furnas estarão isentos.
"A entrada custará 50 cêntimos, por pessoa, com isenção a crianças até 12 anos, aos residentes na Freguesia das Furnas e a todos quantos possuam o Cartão Amigo do Parque da Direção Regional do Ambiente. Estão ainda isentos o portador do cozido, os Guias Turísticos, os empresários da restauração e dos táxis e os condutores de autocarros", adianta o município, numa nota.
No que toca aos cozidos, custará "aos particulares três euros por panela e os empresários da restauração pagarão 2,5 euros por panela".»

Li no DN

Nota: Do cozido das Furnas, em S. Miguel, Açores, tenho ouvido  falar há muito. Mais agora, que o meu filho João Paulo exerce por aquelas bandas a profissão de professor, Como não podia deixar de ser, perguntei-lhe há tempos como era o tal cozido, ficando eu com água na boca porque, não sendo um glutão, gosto de saborear iguarias típicas de diversas regiões, nem que seja simplesmente pão. Ora, tendo eu com a minha Lita programado uma visita a S.  Miguel, quando houver bom tempo, fiquei com apetite  pelo tal cozido que antes de ser servido é enterrado, como mostra a imagem, onde deve cozer com calor mas sem lume que se veja.
Ao ler esta notícia não pude deixar de refletir sobre os impostos, que chegam a tudo quanto possa render uns trocos às autarquias. Neste caso, porém, não atingirão os naturais e residentes nas Furnas. Valha-nos isso. 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

EXPLIQUEM-ME PARA EU PERCEBER

AÇORES E MADEIRA SEM PROBLEMAS
COM A COLOCAÇÃO DE PROFESSORES

«Nas ilhas dos Açores e da Madeira, o problema nunca se pôs. Não houve protestos, alunos sem aulas, ou professores em listas erradas. Os sindicatos regionais dizem que nos arquipélagos, as aulas começaram normalmente.
A garantia é dos sindicatos regionais. O ano letivo começou como tantos outros. Com normalidade, apesar de alguns casos pontuais em que o professor não compareceu para dar aulas, mas por motivos de baixa.
O Sindicato Democrático dos Professores da Madeira conta que por ali está tudo bem nas escolas. José Dias admite que existiu um ligeiro atraso na colocação dos professores, mas nada de extraordinário. «As aulas começaram entre 17 e 20 de setembro e as colocações de professores ficaram resolvidas nos dias seguintes».»

Nuno Guedes

Li na TSF

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sábado, 20 de julho de 2013

As paixões de Lee Gallagher

Lee Gallagher
Lee Gallagher é capitão do Brasilia Fishing Charters. É natural do Reino Unido e vive nos Açores, onde é pescador e ilustrador de temas marinhos. Veio em 1987 de Inglaterra com destino aos Açores, para seguir a sua paixão de viver uma experiência de "pesca em mar aberto". Isto pude ler na revista NAU XXI, número 2, deste mês de julho, que sublinha, entre outros temas, que o "Peixe português é bom, muito bom...", em trabalho de Alexandra Prado Coelho. 
Voltando ao pescador ilustrador, que optou pelos Açores há 25 anos, ele confessou à revista a razão por que gosta do mar açoriano: "A biodiversidade marinha, o contacto com a natureza, a possibilidade de trabalhar nas suas duas grandes paixões e a vida rústica que tem oportunidade de viver.

Nota: Voltarei à revista para referir outra paixão pelo nosso país.

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Madeira e Açores independentes?


Tem vindo a público, talvez por estratégias chantagistas ou por sonhos de independência reais, que a Madeira e os Açores desejam libertar-se de Portugal, para seguirem caminhos próprios no contexto das nações. Alberto João Jardim proclama, de quando em vez, ao jeito de ameaça, que os madeirenses podem, se quiserem, libertar-se da tutela da República Portuguesa. Agora vêm alguns  açorianos com a mesma conversa, cujo direito não ouso criticar.
Confesso que me habituei, desde que me conheço, a olhar para os madeirenses e para os açorianos como portugueses, tão legítimos como os continentais. Orgulho-me de ser português e penso que a maioria dos naturais da Madeira e dos Açores também se orgulham da nacionalidade portuguesa que nos irmana.
Acontece que o mundo dá muitas voltas e que é legítimo o povo fazer opções radicais, mesmo que isso implique a independência, em relação ao Estado Português. A história não é estática e nos dinamismos por que passa não podemos excluir a hipótese da independência de qualquer Região Autónoma. Essa dinâmica verificou-se, precisamente, na altura da fundação do nosso país, já lá vão mais de oito séculos. Não será portanto nenhum drama a eventual independência da Madeira e dos Açores. Mas que tal seja referendado, para que o povo assuma as suas históricas responsabilidades.



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Um livro de Raul Brandão: “As Ilhas Desconhecidas”





Andava há muito com vontade de ler “As Ilhas Desconhecidas — Notas e Paisagens”, um livro escrito por Raul Brandão na década de 20 do século passado, concretamente, entre junho e agosto de 1924. A primeira edição viu a luz do dia em 1926 e a presente, da QUETZAL, tem data de março de 2011. Dir-se-ia tratar-se de uma obra clássica, com lugar próprio nos estudos de especialistas da literatura de viagens. Afinal, pelo que tenho lido, de críticos e apreciadores deste género literário, a obra continua a valer por tudo quanto Raul Brandão disse e como disse. 
As minhas leituras tinham-se circunscrito a simples passagens, mas este ano tive a sorte de poder comprar a mais recente edição de “As Ilhas Desconhecidas”, que tenho andado a ler com calma. E o prazer da leitura, que tenho sentido quando lhe dedico algum tempo, já que apostei em saborear este livro de viagens como quem se serve de um excelente petisco com a preocupação de o reter na boca o necessário para dele se usufruir tudo, mas mesmo tudo, quanto for possível, dá razão a quantos continuam a afirmar, quase um século depois de ter sido publicado pela primeira vez, que a obra “As Ilhas Desconhecidas” «permanece no nosso património literário como a mais completa das homenagens aos arquipélagos atlânticos». 
O autor diz, “Em Três Linhas”, que «Este livro é feito com notas de viagens, quase sem retoques. Apenas ampliei um ou outro quadro, procurando sempre não tirar a frescura às primeiras impressões. Tinha ouvido a um oficial de marinha que a paisagem do arquipélago valia a do Japão. E talvez valha… não poder eu pintar com palavras alguns dos sítios mais pitorescos das ilhas, despertando nos leitores o desejo de os verem com os seus próprios olhos!...».

Excerto do livro 

«Mas hoje acordo, subo ao convés e tenho uma alegria frenética. Tudo isto, todo este azul, toda esta frescura, me entra em jorros pelos olhos dentro e pela alma dentro. A tinta azul não só ondula — estremece em pequenos grãos vivos, duma acção extraordinária, e o mundo sempre novo que me rodeia penetra-me do seu bafo e comunica-me a sua vida.» 

E a chegada a Cascais 

«… A noite de 29 de Agosto passo-a no tombadilho, sempre à espera, numa sofreguidão de luz — e toda a noite é de trágica tempestade. No convés, só vejo negrume agitando-se num clamor. Mas de manhã a borrasca aplaca-se dentro da baía de Cascais — e a luz irrompe, uma luz alegre, uma luz que vibra toda, uma luz em que cada átomo tem asas e vem direito a mim como uma flecha de oiro. No céu imenso, azul e livre, o Sol bóia como num grande fluido. Portugal!»




quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uma riqueza dos nossos patrícios açorianos


Vacas leiteiras na pastagem


 Pastos verdinhos dão bom leite

Quem aprecia bom queijo, como eu, não pode deixar de saborear, com a frequência possível, o que nos vem dos Açores. Tenho tido a oportunidade, graças ao meu filho João, de degustar os mais diversos queijos de outras tantas ilhas, qual deles o melhor. Pois o João enviou-me hoje esta foto, onde não podiam faltar as vacas leiteiras da Terceira. Numa pastagem, bem demarcada,  o verde, fruto das chuvas frequentes, está na origem do excelente ouro branco que dá apreciados queijos. Aqui, ao que julgo, o leite não vem tanto das rações, mas da erva fresquinha. É, sem dúvida, uma grande riqueza dos nossos patrícios açorianos.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

AÇORES: Praia da Vitória

Praia da Vitória

A Praia da Vitória, nos Açores, é a cidade onde vivo e trabalho. É um local muito agradável para quem gosta de paz e sossego. Não há muita confusão e tem espaços para fazer boas caminhadas junto ao oceano. E eu, tendo nascido e vivido junto ao Atlântico, sinto-me mesmo muito bem, quando olho para o mar e imagino que estou a cinco minutos da minha casa na Gafanha. Fico logo com outro espírito!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

TERCEIRA: Património e Serenidade

Praia da Vitória: Marina
"As Ilhas Misteriosas"
“Bela e pitoresca, a Ilha Terceira entrelaça com mestria a riqueza natural com a história documentada por um património de excepção.” Assim começa o texto alusivo à Terceira, nos Açores, como desafio a uma vista às “Ilhas Misteriosas”, de recantos virgens, que uma revista me trouxe há dias. Deixei então voar a minha imaginação até à Praia da Vitória, na Terceira, onde vive e trabalha o meu filho João, que me relata, com frequência, quadros pintados de cores únicas, que a humidade aviva e mantém frescos. Pudesse eu visitar as ilhas açorianas com serenidade e vagar quanto baste, para delas colher flores que enfeitassem histórias de penedos e mar, de vulcões fechados, de tremores de terra, das graças do Espírito Santo, das touradas à corda, de caminhos com marcas de coloridos aristocráticos. Mais ainda: para saborear o peixe fresco de águas cristalinas, a saborosa alcatra de vaca, os doces de “chorar por mais”, sem esquecer o “verdelho” criado em chão ou muros de pedra solta. FM