sexta-feira, 2 de abril de 2021

Aleluia! O morto crucificado ressuscitou

Reflexão de Georgino Rocha 
para  o Domingo de Páscoa

O Ressuscitado não pode desligar-se do Crucificado e da “causa” que propôs na Palestina e pela qual foi condenado

A manhã da Páscoa contrasta profundamente com as trevas que se abatem sobre a terra, aquando da morte do Nazareno. Com as trevas, vem o recolhimento, o silêncio profundo. Com a aurora da manhã, surgem a correria, a agitação, a comunicação e outros dinamismos de vida em efervescência. Protagonizam este processo Maria Madalena, o discípulo que Jesus amava e Pedro. A este primeiro círculo, outros cada vez mais amplos se sucedem. Todos assumem atitudes que se tornam paradigmas do itinerário da fé cristã contagiante: trazer ao coração a memória do sucedido, abrir-se à surpresa da ocorrência, ir em busca de sinais credíveis, examinar os vestígios, deixar-se iluminar pela Escritura, reconhecer a novidade do acontecimento, partilhar com outros a energia transformante e o sentido transcendente que comporta, fazer comunidade. Jo 20, 1-9.
“É inútil procura-lo agora no lugar dos mortos”, afirma um catequista a propósito de Jesus ressuscitado. Quando a comunidade, no dia do Senhor, se reúne para ouvir a palavra e para partir o pão, ali está presente, ali pode ser ouvido e visto com olhos de fé.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Por que razão chora a pedra?


Há lágrimas de alegria e de tristeza. Há lágrimas de espera e de desespero. Há lágrimas de prazer e de dor. Há lágrimas de saudade e de esperança. Há lágrimas de felicidade e de infelicidade. Há lágrimas de certezas e de dúvidas. Há lágrimas de vitórias e de derrotas. Há lágrimas de encanto e de desencanto. Há lágrimas de morte e de vida. Há lágrimas por tudo e por nada! E também há lágrimas de crocodilo.

Fernando Martins

A pobreza e a educação

Não podemos perder 
o progresso dos últimos 15 anos

Não podemos deixar que a pandemia nos leve o progresso dos últimos anos na redução da pobreza, nem na melhoria das qualificações em Portugal, que são o passaporte para sair da pobreza. Os adultos podem manifestar-se e lutar pelos seus direitos; mas as crianças, especialmente as mais pequenas, não.

A taxa de risco de pobreza após transferências sociais em Portugal era, em 2019, de 17,2%, acima dos 16,5% da UE27. Isto significa que 1.768.160 pessoas em Portugal viviam com menos de 6014€ por ano, o que equivale a 501€ por mês, ou 16,5€ por dia. É com estes números que a Mariana Esteves, a Susana Peralta e eu abrimos a primeira edição do relatório “Portugal, Balanço Social”​, que resulta de uma parceria da Nova SBE com a Fundação La Caixa.

Mesmo que a um ritmo lento, a taxa de risco de pobreza tem vindo a diminuir em Portugal. Segundo dados do Eurostat, em 2004 havia 2,1 milhões de pobres em Portugal (20,4%). Isto significa que, em 15 anos, saíram da pobreza cerca de 300 mil pessoas. A pobreza pode ser episódica ou mais duradoura e, em regra, é o resultado da confluência de vários fatores. Além da composição do agregado familiar e algumas características sociodemográficas (como o género, a idade, a nacionalidade ou a área de residência), um dos fatores mais importantes é a relação com o mercado de trabalho.

Bruno P.  Carvalho

Ler mais no PÚBLICO 

quarta-feira, 31 de março de 2021

A casa escangalhada da tia velhota

A casa da foto é só para ilustrar

O que diz respeito à nossa região merece, normalmente, a minha atenção. Impossível se torna divulgar neste meu espaço tudo quanto leio. Hoje, porém, remeto os meus leitores para um blogue que estou a seguir, onde li o caso da tia velhota que morreu solteira, deixando uma casa na Costa Nova para os seus herdeiros. A casa estava muito escangalhada e a precisar de arranjo. Leia aqui

Heroína de Mazagão nasceu neste dia

Antónia Rodrigues nasceu em Aveiro 


No dia 31 de Março de 1580, nasceu em Aveiro, na freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, Antónia Rodrigues, filha de Simão Rodrigues, marítimo, e de Leonor Dias. Por ser pobre, Antónia foi, ainda jovem, para a companhia de uma irmã, casada em Lisboa, onde não gozou de grande aceitação familiar.
De espírito aventureiro, espírito esse alimentado por histórias de marítimos que eram contadas na capital, cedo se sentiu atraída pelo mar e pelas viagens. Decidida a levar uma vida de aventuras, comprou na Feira da Ladra roupas de grumete, cortou o cabelo à rapaz, disfarçou-se quanto pôde e candidatou-se a membro da tripulação de um navio que transportava trigo, com destino a Mazagão (ao tempo uma possessão portuguesa), com o nome de António Rodrigues.
Posteriormente, integrou a cavalaria da Praça, onde se distingui de tal forma que foi considerad(a)o o “terror dos mouros”. Por não procurar donzela, suscitou suspeitas, o que a levou a contar a verdade aos seus superiores, vendo-se obrigada a vestir roupa civil, com pena dos seus companheiros, que muito o (a) admiravam, pela sua coragem.
Casada, a “heroína de Mazagão” regressou ao reino e foi reconhecida por mercê régias que Filipe II de Portugal lhe conferiu. Não se conhece a data do seu falecimento, mas o seu exemplo, cantado por escritores e artistas, ainda hoje deve ser recordado pelos aveirenses.

F. M.

Notas: 

1. Escrevi esta mensagem neste dia de 2005;
2. Entretanto, o Historiador Francisco Messias descobriu, em Março de 2020, o assento de batismo da heroína no Arquivo Distrital de Aveiro, o qual refere que Antónia Rodrigues nasceu em 5 de Janeiro de 1572, oito anos antes da data até então conhecida.

Ficar à escuta


 
Ficar
à escuta

À escuta
do silêncio

Adília Lopes
em SUR LA CROIX

segunda-feira, 29 de março de 2021

Por aqui, andorinhas

MEC
Miguel Esteves Cardoso 
escreveu sobre as andorinhas 
e deixa uma pergunta: 
Que podemos fazer?

Ao ver como os japoneses celebram o florir das cerejeiras ocorre pensar na maneira como os portugueses reagem à chegada da Primavera. A Primavera, entre nós, é confidencial. Cada um festeja-a quando e como quiser. Para muitos é apenas a antecâmara do Verão.
As andorinhas já voltaram mas é como se ninguém as quisesse cá. Falamos delas e pintamo-las em cartazes mas são cada vez mais raros os lugares onde as deixamos fazer e guardar os ninhos.
Não basta serem protegidas por lei. Deveriam ser protegidas por nós. Há uma diferença entre encolher os ombros e não fazer-lhes mal, indiferente à sorte delas, e esforçarmo-nos um bocadinho para ajudar a protegê-las, tomando conta dos ninhos ou encorajando-os, garantindo-lhes acesso às áreas onde não incomodam ninguém.
É uma questão de atitude. As andorinhas que nos visitam alegram-nos os corações, a troco da nossa indiferença. Porque não sermos um pouco mais agradecidos? Que tal pensar nos milhões de mosquitos que comem todos os anos e reduzirmos drasticamente o nosso abuso de pesticidas? Porque não anunciar e festejar o regresso das andorinhas, tornando-as parte da experiência portuguesa da Primavera, como é o caso das cerejeiras e do Japão?
Não poderíamos facilmente tornarmo-nos num país que sabe acolher as andorinhas - e todas as outras aves que nos visitam - e aprendermos a confundir o nosso país com elas?
Chega de gostarmos das andorinhas sem fazermos nada por isso. Uma acção de amor vale mil declarações. Que podemos fazer?

Evocação da Feira de Março

 

Evoco hoje a Feira de Março que nos animava em Aveiro. As recordações que predominam vêm da juventude. Depois foram esmorecendo até sentir que bastava passar por lá umas horas e sair. Gostava, como ainda hoje gosto, de saborear uma fartura... ou duas, que a diabetes não admite mais. Vem isto a propósito de o FB me brindar com uma memória do momento das farturas. A pandemia com regras apertadas não tem dado tréguas e a Feira de Março ficou adiada para as calendas. E quando voltar, se voltar, já lhe perdemos o gosto. Outras feiras virão.

Vocábulo Gafanhão - 2








Mais umas achegas para que o linguajar gafanhão não morra por  esquecimento...