quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Pertinente pergunta de Nuno Rogeiro na SÁBADO





"Iconoclastas
à la carte


Se saem os crucifixos das escolas, porque não as imagens do Presidente da República das repartições públicas, e a bandeira nacional da generalidade de sítios comuns?
Se saem as cruzes do estabelecimentos de ensino público, o que faz a imagem do primeiro-ministro em certos departamentos?
E, já agora, o que fazer com as estátuas, e outros monumentos, que exibem, à frente de todos, as tradições monárquicas e republicanas, cristãs e seculares, francófonas e anglófonas, pacifistas e bélicas, do velho Portugal de oito séculos?
E os nomes das ruas? Haverá sempre quem não goste de Norton de Matos, ou do Marquês de Pombal, ou do Afonso Costa, ou do Salvador Allende.
E os sinais rotários e maçónicos? E os presépios? E o hino?
O que fazer para não agredir os monárquicos, os anarquistas, os objectores de consciência, os federalistas europeus, etc..
E quem decide? O povo local ou o Terreiro do Paço?
Ou o Grande Irmão?"

Nuno Rogeiro,

In SÁBADO de hoje

Uma boa ideia para as gentes de Ílhavo


A Junta de Freguesia de S. Salvador, Ílhavo, tem inscrições abertas para cursos de marinharia e arte de navegar. É, de facto, uma boa ideia, embora haja na área concelhia clubes que não descuram esse ensino. Numa região que tende a perder a sua identidade essencialmente ligada ao mar e à ria, é muito oportuna esta iniciativa da Junta. Estou em crer que não vão faltar jovens (de todas as idades) com vontade de aprender as artes de navegar, para então poderem usufruir do prazer de andar sobre as águas salgadas.

D. José Policarpo: A «felicidade não se pode confundir com facilidade»

A apologia da inquietude




1. A inquietude não se dá bem com a passividade e a indiferença. Das frases gravadas de Fernando Nobre (médico fundador e presidente da AMI) é aquela que nos diz que no mundo de hoje os dois males principais são a indiferença e a intolerância. Conclui deste modo quem percorre o mundo, seja fisicamente seja mentalmente. Não é preciso andar quilómetros para a intuição daqueles valores fundamentais a que como humanidade somos chamados. Cada vez que na rua observamos os mais novos dependentes de todas as tecnologias em que o olhar já não tem largueza para a relação pessoal, ou que dos poderes da comunicação ou do marketing a mensagem se revela num aliciante interesseiro sem grandes causas generosas…estas realidades, entre tantas outras, obrigam-nos a repensar hoje o lugar das inquietudes e do futuro.

2. Quando se ouve a (des)consideração que existe pela autoridade saudável, nas escolas, no trabalho ou até pelo bloqueio que se sente no diálogo de gerações dentro da mesma casa; ou quando se sente que o «não pensar» é a mais cómoda das opções gerando a apatia do «tanto faz»… faz-nos sentir o quanto urgente se torna o despertar dos sentidos humanos para sabedorias humanísticas que dêem razões e fundamentos para viver e existir de forma reflectida. O tempo actual, num adormecimento sedutor por mil e umas formas de diversão e entretenimento, precisa de resgatar a INQUIETUDE como atitude existencial e comunitária. A consciência de que o amanhã pode ser sempre melhor que o hoje e o ontem é uma aprendizagem de sabedoria intransferível, que ninguém pode viver pelo outro.

3. Dizia há alguns anos D. José Policarpo que a «felicidade não se pode confundir com facilidade». O mundo das facilidades publicitadas também tem gerado aquela ilusão que afinal não existe mas gera fragilidades de pensamentos e acções. Floresça uma apologia da inquietude, na lembrança continuamente despertadora do compromisso em cada amanhecer!

Alexandre Cruz

Efeméride Aveirense: reabertura do Teatro Aveirense há 60 anos


Teatro Aveirense

Um espaço que muito honra
a cidade e as suas gentes

Há espaços emblemáticos na cidade de Aveiro. O Teatro Aveirense é um deles. Enche a memória dos aveirenses e de quantos por ali passaram ao longo da vida e continuam a passar.
No dia de hoje, em 1949, há precisamente 60 anos, foi reaberto, após dois anos de profundas obras de modernização, conforme lembra o Calendário Histórico de Aveiro. Nesse dia, foi apresentada a revista “Esquimó Fresquinho” pela Companhia de Revistas do Teatro Maria Vitória.
Entrar no Teatro Aveirense, só por si, é revisitar a sua história e lembrar momentos agradáveis que se não perdem com o tempo. É evocar cultura, arte, artistas, cerimónias cívicas, pessoas ilustres, enfim, tudo o que nos faz recordar um passado que precisa de ter continuidade, agora com novas formas. O Teatro Aveirense aí está, presentemente, como espaço que muito honra a cidade e as suas gentes.

FM

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Beira-Mar vai mesmo arrumar as botas e enterrar a sua história? Não creio...



Acabei de ler, no PÚBLICO online, que "O plantel e equipa técnica de futebol do Beira-Mar anunciaram hoje que vão avançar com a “pré-rescisão” colectiva dos contratos, caso  os dois meses de salários em atraso não sejam pagos até ao dia 30 de Novembro.
A decisão foi comunicado em conferência de imprensa pelo capitão de equipa Hugo, que leu uma nota elaborada pelo plantel: “Vamos continuar com o mesmo nível de rigor e profissionalismo, não recorrendo à greve e às faltas de comparência”.

Embora não seja sócio, tenho pena que o Beira-Mar esteja a passar por uma situação tão difícil como esta. O orgulho dos sócios e adeptos do mais representativo clube de futebol da região aveirense, tratado, carinhosamente, por  Beiramarzinho, está a ser ferido, mas tenho a certeza que não será de morte. Tenho a certeza, repito,  de que não hão-de faltar gentes de Aveiro capazes de pegar no clube, para o colocar, com honra, no lugar a que ele tem direito, pelo seu rico historial desportivo. E quando isso acontecer, seria bom que os habituais maldizentes e críticos felinos se transformassem em apoiantes generosos, mostrando que, apesar de tudo, ainda são capazes de amar o Beira-Mar.

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O FIO DO TEMPO: O direito à alimentação é um direito básico




Por trás da fome de pão

1. Todos concordam que o direito à alimentação e, por consequência, à sobrevivência, é um direito básico que nem precisa de ser recordado e afirmado em declarações. Mas as declarações também o escrevem e a própria Declaração do Milénio num dos seus objectivos consagra valor urgentíssimo o terminar com a fome no mundo. Foi criada a FAO (16-10-1945), instância das Nações Unidas para as preocupações da agricultura e alimentação do mundo. Mas os cenários da fome e a (in)sobrevivência nesta matéria afirmam-se com preocupação crescente. De modo transversal, aumenta o conhecimento, tanto em termos de produção alimentar mas também dos riscos da manipulação genética dos alimentos; a própria canalização de cereais para fins de biocombustíveis cresce e tudo diante da galopante classe médica asiática que vai alterar o paradigma tido até ao início deste milénio.

2. Decorreu nestes dias em Roma a Cimeira da FAO, mas sem todos os G8 (os países mais ricos do mundo). O secretário-geral da ONU foi forte ao recordar que a cada seis segundos morre uma criança de fome… Os dados, no seu realismo, são chocantes. Sendo certo que nada se pode fazer sem planificação e concertação, esta é uma área de actuação diplomática onde a natureza jurídica dos papéis se mostra insignificante diante da crueldade da multidão faminta em contraste com a fartura de alguns. Como em tantas outras questões, o primeiro passo será a alteração de comportamentos no não estragar comida, numa visão dignificante da alimentação e no gerar a corrente positiva/solidária. Por trás da fome de pão impera a fome de justiça, valores e verdade? Como mudar?

3. (Nota – correcção de gralha: os dez minutos de pausa diária na escrita d’O FIO DO TEMPO fizeram com que no texto de ontem A FACE CULTA constasse uma gralha. O texto certo é: «À situação actual de Portugal estes cenários “face oculta” era tudo o que menos se esperava, esta observada crise de instituições na área da justiça que aliada à desconfiança e suspeita de redes de corrupções, trazem para o cimo da mesa do pior que se pode esperar…»)

Rodrigo Ramos, 23 anos, foi baptizado no sábado




“Um dos dias mais felizes da minha vida”


Rodrigo Alexandre Ramos, solteiro, 23 anos, brasileiro, radicado na Gafanha da Nazaré há sete anos, recebeu os sacramentos da iniciação cristã. Filho de pai adventista e de mãe católica, ficou à espera da idade que o levasse a optar por uma religião ou por nenhuma.
Jovem que se considera um pouco tímido, não deixou de arranjar amigos nesta terra que o acolheu e onde criou a sua própria empresa de venda e montagem de pneus, que o torna independente, sob o ponto de vista económico.
Nunca foi influenciado pelos pais, certamente por algum compromisso estabelecido entre eles. Mas um dia, uns amigos do grupo de jovens “Sementes de Esperança”, com quem convivia regularmente, convidaram-no para os acompanhar Aceitou ir com uma condição: “ficar calado, apenas a ouvir.”
O tempo foi passando e há cinco anos, livre e com toda a naturalidade, sem qualquer pressão do grupo, informou que não era baptizado, mas que gostava de receber o baptismo. Essa ideia talvez tenha nascido do modo como sempre foi acolhido no grupo.
Começou a participar nas actividades paroquiais, arciprestais e diocesanas e até ficou responsável pela animação. E à medida que o tempo passava e as acções de formação do grupo decorriam, foi-se acentuando o desejo de ser baptizado. Também fazia parte do grupo coral que animava a eucaristia, mas reconhecia que lhe “faltava qualquer coisa”.
Luís Miguel, João Paulo e Andreia Silva aceitam o seu desejo e garantem-lhe a ajuda indispensável. Fala com o Prior Francisco Melo que o aconselhou a encetar uma caminhada, com vista a descobrir as razões da sua fé. Participa numa acção de formação sobre S. Paulo, no seminário.
Outros encontros, conversas, orações,  leituras, estudos e reflexões se seguiram. E o dia chegou. No sábado, 14 de Novembro. Um dia de festa. “Foi uma felicidade muito grande, pela maneira como fui acolhido: foi um dos dias mais felizes da minha vida”, sublinhou, com alguma emoção.
Sentiu nessa altura que, enfim, era “membro da Igreja e filho de Deus”; sentiu que passava a ser, de pleno direito, “testemunha de Jesus Cristo e da sua mensagem”.
Seu pai não pôde participar na cerimónia, por se ter ausentado para o estrangeiro, em serviço, mas a mãe, “toda feliz” não deixou de marcar presença.

Fernando Martins