terça-feira, 22 de setembro de 2009

OUTONO

OUTONO

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga

Decididos, indecisos e desinteressados



Sociedade mergulhada
na desesperança


Vivemos numa sociedade cada vez mais mergulhada na desesperança. Instituições, pessoas, projectos, tudo é olhado com um profundo cepticismo, mesmo desprezo, fustigadas que estão as pessoas pelos falhanços do passado e a desconfiança do futuro.
Muito para além da crise social, económica ou do actual sistema democrático, é este pano de fundo que serve para justificar a ausência de milhões de portugueses quando chamados a exercer o seu direito fundamental de votar, que tantos anos levou e tantos sacrifícios provocou até poder ser de todos e para todos.
Mais do que uma opção consciente pela abstenção, voto em branco ou nulo, chocam os (muitos) casos em que se pode testemunhar o orgulho com que tantos cidadãos não só manifestam profundo e total interesse em relação aos próximos actos eleitorais, como entendem ser essa uma manifestação de superioridade face a um mundo indigno, fechado em si próprio e alheio aos anseios das populações.

Octávio Carmo
 

Limpar as mãos à parede não resolve


O Presidente não pode 
assobiar para o lado


"Não basta a Cavaco dizer que abriu um inquérito interno para apanhar a fonte anónima. Será preciso mais. Um caso desta dimensão exige provas documentais, registos internos do que se fez e deixou de se fazer no Palácio de Belém. Chegado aqui, o presidente não pode assobiar para o lado. O país quer escutá-lo e tem a justa esperança de que afinal ele seja tão sério e sólido como o país precisa que ele seja."

Ler mais no jornal i  

NOTA: Todos temos de ficar espantados com o nível a que chegou a nossa democracia. Embora envergonhados, não podemos cair no desânimo e deixar andar a carruagem como se nada acontecesse de mau no nosso país. Afinal, se olharmos bem, ainda há muita coisa boa entre nós. Não fora assim, onde já estaria Portugal?

Que Fizemos do Evangelho da Alegria?


Anjo risonho

Testemunhar o bom humor de Deus

Se dissermos que Deus é Amor, ninguém se espanta. A afirmação tornou-se até um pouco banal à força da repetição. Mas se dissermos que Deus é Humor, ficamos em estado de alerta, porque nos parece que alguém está a tentar entrar, no território de Deus, “pela entrada dos fundos” e não pela “porta principal”. A verdade é que o Amor não dispensa o Humor.

José Tolentino Mendonça

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Ria em festa...




Ria em festa

Para começar o dia

Para começar o dia, nada melhor do que uma foto da nossa ria em festa. Foi no sábado que as velas brancas de barcos e barquinhos emprestaram a sua beleza às cores azuladas da laguna. Como disse Raul Brandão, a Ria de Aveiro é mesmo para contemplativos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O FIO DO TEMPO: E os dias que virão?!

A troca de galhardetes
vai sendo regra em crescendo

1. Sabe-se que à medida que se aproximam os actos eleitorais vai crescendo a intensidade popular dos apelos ao voto. Cresce o dar tudo por tudo a ponto de muitas vezes se passar a fronteira do bom senso. A troca de galhardetes vai sendo regra em crescendo, havendo sempre mais um coelho na cartola para denunciar quando tal for preciso como resposta. É nesta linha que poder-se-á concluir que os dias de campanha que aí vêm, pelos dias a que já se chegou, não auguram nada de bom… Debater os problemas de fundo da sociedade portuguesa parece ser agenda relegada para a periferia. O caso, o enredo, a vírgula, a denúncia, a suspeita, a nuvem a pairar sobre a ética está tornado o essencial e não parece haver estofo de maturidade cívica que resista a este destino menor e intrigante.

2. Este ano as eleições que vêm a seguir, as autárquicas, precisavam efectivamente do exemplo que viesse de “Lisboa”. Como em tudo na vida, cada palavra e cada passo cria escola ou desconstrói valores que custam uma vida a edificar. Não só a campanha das eleições legislativas (do que poderemos designar de política profissional) não parece ser capaz de mobilizar pela positiva, como deixa atrás de si um rasto que não será muito boa sementeira para os que diariamente servem a causa na política local. A arte de nos conhecermos nas possibilidades e limites, de rentabilizar recursos e de ampliar horizontes sociais e humanos, de catalisar oportunidades mesmo no meio das crises, de gerar consensos razoáveis com dinamismos que no respeito pelas diferenças saibam mobilizar o melhor de cada um…são valores fundamentais à vida diária longe da campanha.

3. Uma apurada e amadurecida consciência política acaba por resultar como a exigência primordial que poderá “salvar” e unir o que ficar estilhaçado depois da guerra, ou “combate” como se lhe gosta de chamar. Erguem-se muros de tal maneira no enaltecer ao rubro das intrigas e divisões… Terão depois de vir os persistentes construtores de pontes, no procurar diário juntar as peças perdidas!

Alexandre Cruz

Legislativas: Menos de uma semana para cada um decidir

É já no próximo domingo, 27 de Setembro, que vamos ser chamados a votar. Teoricamente, há muito por onde escolher; na prátiva, e com os olhos postos no voto útil, teremos apenas dois candidatos: José Sócrates e Manuela Ferreira Leite. Contudo, os fiéis a um ideário saberão manter o rumo nas suas escolhas. Portanto, os politizados e os menos politizados terão que saber o que fazer. Aos indecisos cabe a tarefa de tentar acertar na melhor opção, segundo as suas consciências.
Temos de reconhecer, no entanto, que a nossa sociedade ainda não amadureu suficientemente as suas opções partidárias, manifestando  uma matriz conservadora confrangedora. Ainda não foi capaz de olhar, por exemplo, para os pequenos partidos que raramente se aproximam dos que têm estado, há muito, no Parlamento. Não será tempo de se começar a pensar nisso, já que os actuais partidos políticos, de assento garantido na Assembleia, não conseguem dar volta, pela positiva, a isto tudo?

FM

O papel do provedor do leitor num órgão de comunicação social

Quem pensar que o provedor do leitor de um órgão de comunicação social não passa de uma figura simbólica, para apenas levar os órgãos directivos e os profissionais a reflectirem sobre o que fazem ou não fazem, engana-se redondamente. Joaquim Vieira, provedor do leitor do PÚBLICO, age com independência e com rigor, mostrando à saciedade como se cumpre uma missão de suma importância na comunicação social dos nossos dias.

domingo, 20 de setembro de 2009

O FIO DO TEMPO: A luta de António Feio


António Feio

LUTA CONTRA "O BICHO"



1. É de conhecimento geral que o reconhecido actor António Feio trava uma luta hercúlea contra o que ele chama «o bicho» para o qual ainda a cura não é garantida, referindo-se deste modo ao cancro. Há dias apreciámos uma entrevista que ele deu, já depois do falecimento de sua irmã (10 de Setembro) do mesmo cancro do pâncreas. Das suas palavras, no silêncio comunicativo destas horas, ressalta uma confiança e uma não desistência que são valores essenciais em luta dura semelhante a tantas pessoas anónimas. Comunicação aberta mesmo quando A.Feio diz: «A minha irmã morreu hoje. Não há palavras.»

2. António Feio nasceu em Lourenço Marques (1954), vindo aos sete anos para Portugal e revelando-se cedo um actor humorista agora como que em diálogo com este labirinto em que garante que vai «dar luta até ao fim». A 1 de Agosto, tendo em conta os cuidados de saúde, António Feio e José Pedro Gomes despediram-se de uma linha de programa apreciada já com 12 anos, A Verdadeira Treta. O palco de António Feio é agora outro, mas a mesma fragilidade e força do actor em cena é também neste momento a capacidade de reciclar a força interior para superar a batalha e abrir-se a dimensões superiores à própria razão artística.

3. As horas das fronteiras da vida são essas que revelam a verdadeira essência do espírito humano. No fundo, não há nenhum verdadeiro poeta (da poética como busca itinerante) que não queira viver para sempre, dando tudo na vida com a sua linguagem possível por essa realização plena. O mesmo se poderá dizer do actor, esse que quando sobre ao palco sente sempre aquele arrepio de insegurança que depois o impele a avançar, arriscar e a conseguir transcender-se. Descortinando as ideias profundas de sentido de vida por trás das palavras que se dizem, a confiança e a esperança reditas são essa abertura desejada ao infinito que se revela como fé no tempo presente. Mesmo quando se diz: «se me vencer, pelo menos que se saiba que eu dei luta».

Alexandre Cruz

300 mil entradas no Pela Positiva


Flores do meu jardim

Responsabilidades acrescidas


Queria ver, em directo, a mudança do contador no momento em que atingisse o número redondo das 300 mil entradas, mas esqueci-me. Nesta altura, meio-dia do dia 20 de Setembro, quando pressinto os foguetes da Festa da Senhora dos Navegantes, a quem a minha saudosa mãe rezava quando o meu pai partia para a pesca do bacalhau, confirmei que fui ultrapassado. Mas não faz mal, também posso atirar um foguete, sem medo que ele me estoire nos dedos.
As responsabilidades acrescidas segredam-me que continue a partilhar com o mundo o meu mundo, o que me envolve e me faz respirar o doce prazer da comunicação e da vida. A alegria de saber que estou vivo, com saúde e com projectos de fraternidade e de paz, junto dos meus e de todos, sempre na aposta de uma sociedade melhor.
Saúdo todos quantos colaboram comigo dando muito do que  pensam e sabem, para que outros, paulatinamente, possam enriquecer, quando abrem o Pela Positiva. Mas também não posso deixar de felicitar os que, dia a dia, me seguem, um pouco por toda a Terra, e, ainda, os que me estimulam, para que continue.

Pela Positiva

Fernando Martins