quinta-feira, 6 de agosto de 2009

MAIS BEBÉS E MAIS AVÓS

Passo os meus quinze dias de férias, desde há alguns anos, num ponto de encontro de portugueses e de estrangeiros, estes, sobretudo, casais novos. Durante muito tempo, era a desolação. Praticamente não se viam bebés, nem crianças até aos cinco anos. O panorama foi-se transformando, a pouco e pouco. Desde há meia dúzia de anos começou a notar-se uma mudança. Hoje é impressionante o número de casais europeus, sobretudo da Alemanha e Reino Unido, que vemos com os seus carrinhos de bebés. E já se encontram casais com dois e três filhos, espelhando-se no rosto dos pais, a alegria de os ter. Há dias ouvi e li nos meios de comunicação social alguém do partido no poder a anunciar e valorizar do ponto de vista social o donativo do Estado, destinado a abrir conta a cada criança que nasce.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mar Agosto 2009 - Festas do Município de Ílhavo

Cenário do Festival de Marisco
Ria A Gosto – Festival de Marisco da Costa Nova
De 6 a 9 de Agosto, veraneantes e visitantes, bem como os residentes, podem saborear, no relvado da Costa Nova, o Festival “Ria a Gosto” – Festival de Marisco da Ria de Aveiro, numa organização conjunta do Illiabum Clube e da Câmara Municipal de Ílhavo. Tendo como palco o Relvado da Costa Nova, com os seus coloridos Palheiros como cenário, o Festival de Marisco da Costa Nova tem como objectivo principal divulgar o marisco e “frutos do mar”, numa aposta clara nos produtos “Ria de Aveiro”. Assim, o Festival abrirá ao público amanhã, dia 6 de Agosto, pelas 18.30 h, encerrando no Domingo, dia 9, após o serviço de almoço. Durante estes dias serão servidos mais de mil quilos de variado marisco, do berbigão às navalhas, ou do camarão às santolas. Se faltar, nem sabe o que perde!

Entrevistas a figuras públicas, todos os dias, no jornal i

Mia Couto
Laurinda Alves entrevistou Mia Couto para o jornal i. É um dos meus escritores preferidos. "Jesusalém", o seu mais recente livro, que ando a ler, mostra a razão da minha preferência. Diz a jornalista que "Mia Couto fala devagar e quase sempre em voz baixa. Ri com a mesma facilidade com que se distrai com tudo e todos. É um escritor apaixonante e um homem fascinante". Leia aqui.

Crónica de Férias: "POMBINHOS"

Quando, mais uma vez, cumpria o ritual de visitar as cabrinhas...
E assim acabou o idílio
daquele “casalinho de rolas”
Era um regalo para os olhos, ver aquele casalinho tão unido! Não podiam ver-se um sem o outro e até a dormir ficavam coladinhos, no leito! As mais das vezes, assim acontecia, excepto quando a “menina” saltarica como todas as meninas-rapaz, pulava para o beliche que ficava por cima da cama comum! Era uma cesta de verga, semelhante a uma alcofinha de bebé, a que só faltavam os lençóis de fina cambraia! Talvez nas noites muito quentes, ela tivesse necessidade de mais espaço, de poder esticar-se à vontade, sem importunar o companheiro que permanecia fiel ao seu leito nupcial! Se calhar....até ressonava e queria poupá-lo a esse incómodo (!?) Por várias vezes, a “pastora” a surpreendeu nesta pose e não resistiu a fixar a imagem para deleite futuro. Sim, constituía um espectáculo de rara ternura, ver uma cabrinha anã, deitada dentro dum cabaz comprido, e dormir o soninho dos justos nesse aconchego de verga. Quando os ia colocar de manhã, no pasto, tinha que levar um de cada vez e isso era um problema, pois a privação do outro era um sofrimento tal, que originava um balir dolente e contínuo, até se encontrarem os dois pombinhos, outra vez juntos. Para abreviar esta eternidade, (!!!) a cabrinha era transportada ao colo da dona, que a segurava como uma peninha! Tão leve, tão delicada, tão franzina no seu corpinho de bonequinha de pêlo! Era uma delícia contemplá-la nas suas quatro patinhas, tão fininhas que se surpreendia como seguravam aquele corpito irrequieto. O companheiro, ávido de rever a “menina”, corria à frente da dona, quase se escapulindo pelo meio da erva circundante. Um dia, sem terem reivindicado nada, foi-lhes alargado o espaço de circulação e passaram a andar sem freio, sem limites, sem cordas. Foi a alegria consumada, do “casalinho de rolas”, que pôde dar largas à sua sede de liberdade! De vez em quando, uma rola que nidificara por ali, vinha partilhar do bebedouro franco, colocado no bosque, para mitigar a sede a todos os visitantes. A água quando nasce é para todos e ali se fazia prova do mesmo. A dona deliciava-se nesta contemplação e até quase invejava a felicidade daquele parzinho amoroso! Tinham espaço amplo, sombra com abundância e comidinha fresca e variada. Até lhes era oferecida, à sobremesa, um petisco que devoravam num ápice. Um prato, de maçã laminada, descia até às cabrinhas, que lhes chamavam um figo! Têm boa boca as “meninas”! Boa e pequenina, por isso a dona tinha o cuidado de lhes preparar a iguaria, com o mesmo requinte que se deve a convidados especiais. Sempre que se aproximava da entrada do bosque, lá lhes cheirava a petisco e era vê-las a correr em direcção à paparoca! E tinham razão, pois vinha mesmo coisa boa! Um dia, de manhã, quando mais uma vez cumpria o ritual de visitar as cabrinhas e de lhes franquear a saída para o seu repasto, a pastora teve uma alucinação! Uma alma penada, vinda dos confins dos infernos, entrara, à socapa, no ovil e arrebatara consigo a companheira fiel. Não sabe por que purgatório, ou inferno terá passado a criaturinha de Deus, antes de entregar a alma ao Criador, mas uma certeza ficou. Uma mágoa enorme, pelo desaparecimento duma coisinha tão pura, tão fofinha e sobretudo tão fiel ao seu companheiro de jornada! Este, não se viu derramar lágrimas como os humanos, mas no seu semblante, outrora tão gaiato, tão feliz, pousou uma enorme tristeza! Nos primeiros dias, quase não arredava pé do mesmo sítio e pouco ou nada comia. Como acontece a muitos seres humanos, foi condenado, sem culpa, a uma pena de solidão.....que segundo peritos na matéria.....mata! E assim, acabou o idílio daquele “casalinho de rolas”, que para a dona era um parente próximo -os pombinhos!
Mª Donzília Almeida 04 .08.09

Voltar atrás?...

Voltar atrás?... Ao olhar para mim não me revejo No petiz que eu fui, jovem que sonhou, Parecendo que a fé já se esfumou Na tortuosa estrada em que mourejo. Em adulto perdi todo o ensejo De fazer o que sempre me animou E a vida tão sonhada se mudou De grande sinfonia em fraco harpejo. No tremor alquebrado dos joelhos Sinto que foram vãos esses conselhos Que tanto me previram este fim. Tentar voltar atrás de nada vale Por não haver regresso que me cale A saudade que sofro já por mim! Domingos Freire Cardoso

FÉRIAS EM TEMPO DE CRISE


Desejar, desejar desesperadamente 

Desejar, desejar desesperadamente 
desejar até à dor e à angústia 
até ao grande vazio amargo 
desejar que seja de outro jeito 
desejar o fim das crueldades das loucuras, da estupidez, do abjecto, 
desejar a satisfação, a luz, a ternura 
ter muita fome, ter muita sede do mundo diferente 
e de si-mesmo diferente. 

Maurice Bellet

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O GALO

D. Carlos gostava de histórias e do exemplo que são. Esta contava-a ele e, depois, contava-se dele. O rei fora visitar um manicómio. À hora marcada, chegou gordo, louro e solene. Estavam a recebê-lo ministros e médicos. Os loucos olhavam-no à distância, muitos deles não percebendo sequer quem era aquele que viam. Até que, quando cumprimentava e fazia perguntas, se chegou junto dele um doente que tinha conseguido furar o cordão que protegia o monarca. Era um homem de meia-idade. Dirigiu-se ao rei com modos reverentes (fez uma vénia) e palavras respeitosas (Majestade, Meu Senhor), pedindo compreensão e clemência. Contou que estava preso naquele hospício por uma escura maquinação da família, que assim lhe tinha ficado com os bens e lhe gastava a fortuna. Fixou D. Carlos com os olhos serenos e sinceros, exclamando: "Eu não estou louco! Sou um homem são e só Vossa Majestade me pode salvar, ordenando que se faça justiça."
José Manuel dos Santos
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