sábado, 18 de abril de 2009

Crise e crítica na Igreja

Quem se não apercebeu ainda da crise por que passa hoje a Igreja Católica? Um grupo de 300 teólogos e responsáveis de comunidades de base espanhóis - alguns, como A. Torres Queiruga, Juan Masiá, J. A. Estrada, J. J. Tamayo, J. I. González Faus, teólogos de renome - acaba de publicar um documento intitulado Ante la crisis eclesial, no qual defende que "a causa principal da crise é a infidelidade ao Concílio Vaticano II e o medo das reformas exigidas".
Num procedimento que eles próprios consideram ser "extraordinário" - não é também extraordinária a causa que o motiva: "a perda de credibilidade da instituição católica"? -, reconhecem que "este descrédito pode servir de desculpa para muitos que não querem crer, mas é também causa de dor e desconcerto para muitos crentes".
Responsável fundamental é a Cúria Romana. O Concílio teceu-lhe críticas duríssimas, Paulo VI tentou pôr em marcha uma reforma, mas ela própria bloqueou--a. As culpas não são, pois, exclusivamente de Bento XVI, com quem aliás se solidarizam: "O erro grave de todos os pontificados anteriores foi precisamente deixar bloquear essa reforma urgente."
A primeira consequência do bloqueio é "o poder injusto da Cúria sobre o colégio episcopal", derivando daí "uma série de nomeações de bispos à margem das Igrejas locais e que busca não os pastores que cada Igreja precisa, mas peões que defendam os interesses do poder central".
Aqui assentam outras duas consequências: a mão estendida a posições da extrema-direita autoritária e ataques sem misericórdia contra quem está próximo da liberdade evangélica, da fraternidade cristã e da igualdade de todos os filhos e filhas de Deus, "tão clamorosamente negada hoje". Depois, há "a incapacidade para escutar", que faz com que "a instituição esteja a cometer ridículos maiores do que os do caso de Galileu". De facto, a ciência oferece dados que a Cúria prefere desconhecer, concretamente nos "problemas referentes ao início e ao fim da vida". A proclamada síntese entre fé e razão fica anulada.
Estas são "horas negras" para o catolicismo romano. Os autores lembram as rupturas de Fócio, que desembocou no grande cisma de 1054, e de Lutero, para sublinhar que também hoje "se não pode esticar demasiado a corda em tensão". Mas "Deus é maior do que a instituição" e "a alegria que brota do Evangelho dá forças para carregar com os pesos mortos". Por isso, os subscritores do documento, animado exclusivamente pelo amor a uma Igreja enferma, não se sentem superiores nem vão abandoná-la, mesmo que tenham de suportar as iras da hierarquia.
A quem se possa escandalizar lembram que a Igreja foi ao longo da sua história "uma plataforma de palavra livre". Assim, Santo António de Lisboa pôde pregar publicamente que Jesus tinha dito: "apascentai as minhas ovelhas", mas os bispos da altura entenderam: "ordenhai-as e tosquiai-as". O místico São Bernardo escreveu ao Papa, dizendo--lhe que não parecia sucessor de Pedro, mas de Constantino, perguntando: "Era isto que faziam São Pedro e São Paulo?" Comentando, o actual Papa escreveu, em 1962: "Se o teólogo de hoje não se atreve a falar dessa forma, é sinal de que os tempos melhoraram? Ou é, pelo contrário, sinal de que diminuiu o amor, que se tornou apático e já não se atreve a correr o risco da dor pela amada?"
Neste contexto e por ocasião da passagem dos 25 anos da sua morte, deixo aqui a minha homenagem ao antigo professor, Karl Rahner, um dos maiores teólogos católicos do século XX, que escreveu num pequeno livro que então traduzi - Liberdade e Manipulação - que a liberdade tem prioridade sobre a autoridade, que só se legitima como função de serviço; esta reinterpretação funcional da autoridade obrigará a superar "a mentalidade institucionalizada dos bispos, feudal, descortês e paternalista" e implicará a limitação temporal nos cargos eclesiásticos, incluindo o papal, que as decisões e directrizes sejam, em princípio, explicadas ao público, com razões, e que se volte a "pensar numa colaboração do povo na nomeação dos hierarcas".

Gafanha da Nazaré: Alterações de trânsito trouxeram incómodos

A Av. José Estêvão vai ser sujeita
a alterações rodoviárias e urbanísticas
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"Manuel Serra, presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, reconhece que as alterações de trânsito introduzidas na Rua Dom Manuel Trindade Salgueiro provocam transtorno aos residentes. “Não será a situação mais cómoda para a população, mas é útil em questões de segurança”, afirmou em entrevista à rádio Aveiro FM. “Alguns estabelecimentos comerciais” foram prejudicados com as correcções efectuadas no local. O autarca do PSD lembra que os automobilistas que circulavam naquela artéria eram confrontados com “ciladas” que punham em causa a sua segurança. “Só não havia mais acidentes porque as pessoas tinham muito cuidado”, declarou. A Avenida José Estêvão, principal artéria da freguesia, será igualmente sujeita a alterações rodoviárias e urbanísticas." Lê-se no Diário de Aveiro de hoje.

Misericórdia de Aveiro com "prejuízos operacionais elevados"

Lacerda Pais com o padre Lino Maia, presidente da CNIS (foto do meu arquivo)
Em longa entrevista ao semanário O Aveiro, que é distribuído com o EXPRESSO, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, Lacerda Pais, garante que a instituição que dirige tem elevados prejuízos operacionais, da ordem dos 500 mil euros por ano. Isso tem obrigado os dirigentes a vender alguns bens. Ler a entrevista aqui.

Para mim, VIVER É CRISTO

Acaba de me chegar às mãos o primeiro número, de uma série de oito, de para mim, VIVER É CRISTO. Trata-se de uma publicação de quatro páginas, da responsabilidade do Arciprestado de Ílhavo, para o Tempo Pascal, sobre São Paulo, precisamente por estarmos a viver o Ano Paulino, uma proposta do Papa Bento XVI. Esta publicação oferece uma catequese adaptada do Papa sobre o Apóstolo, entre outros escritos históricos, e ainda um texto do próprio Paulo, que se dirige "a todos os amados que estão nas paróquias do arciprestado de Ílhavo". Este pequeno jornal reflecte, sem dúvida, um exemplar trabalho pastoral de âmbito arciprestal, sendo uma boa aposta para, em família, todos caminharem na procura de São Paulo, tentando descobrir a sua leitura da Boa Nova de Jesus Cristo, adaptada aos tempos que correm. A distribuição, gratuita, é feita nas missas dominicais.

Crónica de um Professor…

Férias da Páscoa
Era a primeira aula do 3.º Período, logo após as férias da Páscoa. Vinha mesmo a talho de foice, o tema daquela unidade didáctica -Descrever acções no passado. Os alunos vinham ainda cheios daquela energia que se recupera e desenvolve nos períodos de interrupção lectiva. E… falar daquilo que tinham feito, nesses dias, seria para eles agradável e estimulante. A teacher aproveitava as vivências dos seus alunos, para servirem de motivação ao tema que ia tratar e também para lhes fazer crer que a aprendizagem duma língua estrangeira tem interesse e tem, na verdade, uma utilidade prática. A Pedagogia e a Didáctica, sempre de mãos dadas! Assim, inquiriu quais tinham sido as tarefas/actividades em que se tinham ocupado, durante esse período de tempo. Logo acudiram, em simultâneo, as mais díspares respostas, mas duma espontaneidade genuína. O Daniel levou uma fartura ao pai; O Miguel Ângelo foi à piscina e fartou-se de nadar; o Kevin foi à Feira de Março; o Luís foi ao hospital visitar uma tia doente; alguns não foram a lado nenhum e ficaram em casa, a saborear o aconchego do lar… a ver televisão, jogar no computador, ajudar as mães nos recados. Todo este vocabulário era um manancial precioso para a teacher, que queria ensinar-lhes o past dos verbos regulares e alguns irregulares. Sabia, pela sua larga experiência, que era um assunto árido para os discentes, que nunca acolhem muito bem as lições de gramática. Esta precisa de vestir-se de atractivas roupagens para se insinuar junto dos alunos. A teacher tinha ali, as “fantasias” com que mascarou a “intrusa”! Ir nadar, ir à Feira de Março, comer farturas e sobretudo folares, era de facto aliciante para os alunos quebrarem as barreiras da aprendizagem e falarem pelos cotovelos. A mestra dava-lhes a ajudinha de que precisavam e… foi vê-los contar com entusiasmo as suas aventuras das férias. Mas… havia ali o Coelho, não o da Páscoa, mas aquela bolinha de carne, em oposição às bolinhas de pêlo, forma ternurenta com que a teacher apelidara os seus homónimos... os coelhinhos! Aquela criaturinha, cara de lua cheia, roliço de carnes e com a impetuosidade do mar que banha a sua Costa Nova a correr-lhe nas veias, estava ali, impávido e sereno, a congeminar a sua contribuição para aquele relato de aventuras. A sua postura era de alergia à língua estrangeira; ainda não vislumbrara a vantagem, o interesse de aprender a falar outro linguajar, para um dia, num futuro próximo… vir a falar aos peixinhos, seguindo as pisadas dos progenitores! Será que estes não entenderiam a sua língua materna, aquela e única que no berço aprendera? Não, o “Caramelo”, aqui, sinónimo de Coelho, pela doçura que ambas as palavras evocam, não estava para aí virado... para falar Inglês! Mas... o Caramelo não quer dar parte de fraco, pensa e age sempre, deitando umas pitadas de humor nas suas tiradas. Assumindo um ar de superioridade adulta e dando às suas palavras um tom convincente, exclama: - Não vou estar aqui… a falar da minha vida privada!!! A teacher conteve, a custo, uma gargalhada espontânea… e a aula prosseguiu o seu ritmo normal, evocando, com nostalgia, as peripécias das Férias da Páscoa!
Mª Donzília Almeida 17.o4.09

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Cavaco duro como nunca para Governo e empresários

Na abertura do 4.º Congresso da Associação Cristã de Empresários e Gestores, o chefe de Estado apontou directamente o dedo ao Governo avisando que “seria um erro muito grave, verdadeiramente intolerável” que, “na ânsia de obter estatísticas económicas mais favoráveis e ocultar a realidade, se optasse por estratégias de combate à crise que ajudassem a perpetuar os desequilíbrios sociais já existentes”.

Artistas da Gafanha da Nazaré

Ultimamente, tenho dado conta da existência, na Gafanha da Nazaré, de inúmeros artistas, de várias áreas de expressão. Folgo com isso. E só me apetecia divulgá-los todos, muito embora me pareça bastante difícil a tarefa. Gente jovem, sobretudo. Não sei explicar a razão de ser desta tão preenchida rede de artistas, mas julgo que isso será fruto de gostos refinados que as novas tecnologias da comunicação suscitam em pessoas com novos gostos e apetites por altos horizontes. É bom verificar que a arte começa, agora mais do que nunca, a ocupar mais pessoas, de quaisquer idades, num desafio constante de inovadoras expressões, capazes de convencer os mais cépticos. Gosto disso. Convencido de que vou ter muito por onde escolher, aqui prometo que, dentro do viável, poderei oferecer aos meus visitantes alguns desses artistas. Para já, não tenciono referir nomes. Seria, certamente, uma injustiça para os que ficassem de fora. FM

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A insustentável leveza do Ter

1. Mesmo após o diagnóstico da situação actual mundial, sejam multiplicadas as análises dos “porquês” para bem se discernir os “para quês”. Sem dogmatismos mas sem descompromissos, e pese embora o facto incontornável da globalização em realização, será essencial que a procura de soluções venha acompanhada da devida reflexão sobre o lugar do Ter e do Ser nas sociedades actuais. A questão é ampla e grandiosa, mas nem por isso deve ficar por ser enfrentada. Os variados quadros de formação não poderão fechar-se num “quadrado” pois que as problemáticas são plurais e “redondas”, no sentido daquela globalização boa que se quer, com a presença contínua de valores que iluminem o Ser Humano e não meramente as quantificações que seduzem o Ter Humano.
2. Se se fala hoje tanto de sustentabilidade, noção atribuída às questões ambientais de um efectivo “desenvolvimento sustentável”, deve-se falar mais daqueles que estão por trás dessa possível sempre maior garantia de sustentabilidade. Há anos o escritor Milan Kundera (n. 1929) publicou o célebre romance «A insustentável leveza do Ser» (1984), história que se passa na cidade de Praga em 1968, argumento já traduzido para a máquina do cinema. Diante da conjuntura sociopolítica de então reflecte-se sobre o lugar do Ser, como expressão do sentir existencial, ao mesmo tempo forte e ao mesmo tempo frágil; mas o Ser que, caminhando nas coordenadas históricas, vence todas as limitações do tempo e do espaço, mesmo em regimes cegos.
3. Proponhamo-nos a uma rasgada reflexão sobre a clarividente e demonstrada insustentabilidade do Ter. Poder-se-á dizer que o Ocidente avançou mais pelos paradigmas do Ter e o Oriente conseguiu preservar o Ser das sabedorias culturais ancestrais. Nunca se poderá generalizar nada neste “caldo” de expressões humanas, elas que hoje se encontram (e surpreendem) umas às outras. Viajemos aos pilares (do Ser ou do Ter?) da construção! Alexandre Cruz

GAFANHA DA NAZARÉ: Cidade há oito anos

No próximo, dia 19 de Abril de 2009, assinala-se a passagem do 8º aniversário da elevação da Gafanha da Nazaré a cidade.
Como forma de marcar e comemorar essa data, a Câmara Municipal de Ílhavo, em conjugação com a Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, vai realizar um conjunto de acções dedicadas à cidade da Gafanha da Nazaré, com visitas e reuniões a que presidirá o Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, com o seguinte programa: 09.00 h – Hastear das Bandeiras, junto à Sede da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré; 09.30 h – Visita à Fundação Prior Sardo, na Casa da Remelha 10.00 h – Visita às obras da 3ª fase da Via de Cintura Portuária e da Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro 11.00 h – Missa de Acção de Graças, na Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré 12.30 h – Almoço de Trabalho com Entidades e Dirigentes Associativos, no Navio Museu Santo André 15.30 h - Encerramento

Só Europa do leste tem crianças mais pobres que Portugal

O DN diz hoje que um "Estudo revelado ontem pelo Banco de Portugal revela que existiam, em 2006, 300 mil crianças pobres. O nosso país é também o quarto da Europa com maior percentagem de crianças carenciadas (24%), apenas é ultrapassado pelos países do Leste (Roménia, Lituânia e Polónia). Ministro do Trabalho admitiu que situação pode agravar-se com a actual crise." Isto é incrível, mas não há dúvidas. Para nossa vergonha!