sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Declaração Universal dos Direitos Humanos

60 anos depois, a actualidade dos seus princípios mantém-se
No próximo dia 10 de Dezembro, o mundo celebra o 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A efeméride recorda a proclamação dos seus 30 artigos, em Paris, em 1948, pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, três anos depois de mais uma sangrenta guerra – a II Guerra Mundial - que abalou o mundo ocidental. Fruto, decerto, de tantos conflitos, a Declaração emerge como resposta à necessidade de pôr o homem no centro da civilização, com todos os seus direitos, assentes no respeito pela liberdade e pela dignidade de todos os seres humanos, rumo a uma sociedade mais justa, fundamento de uma paz duradoira. Mas se é certo que tal desiderato se impunha há 60 anos, não é menos certo admitir que, nos tempos actuais, as ofensas aos direitos do homem continuam na agenda de todos os órgãos de comunicação social, como realidade sentida na pele por multidões de refugiados e outras vítimas de conflitos armados, mas também de guerras psicológicas, de lutas tribais e de perseguições políticas e religiosas. Lendo e meditando sobre cada um dos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, compreendemos como todos eles se mantêm actuais, justificando-se, contudo, uma maior e mais ampla divulgação, com sentido pedagógico, junto das mais diversas camadas das populações de todos os países. Sobretudo dos mais jovens, os que um dia hão-de segurar nas suas mãos os destinos do mundo. Sem esse trabalho de construção de um homem novo, com alicerces na Declaração, jamais daremos corpo a uma sociedade mais fraterna e mais solidária. Olhando para a Declaração Universal dos Direitos Humanos, com seis décadas de vida, temos de reconhecer que os seus artigos, sob o ponto de vista cristão, assentam ou se coadunam com a Boa Nova de Jesus Cristo. Mais uma razão para todos nos empenharmos na proclamação dos seus princípios, na defesa dos seus valores, na oportunidade de os levarmos à prática no dia-a-dia: na família, nas instituições, no lazer, no social, no político, no educacional, no ensino, no desporto, na arte. Fernando Martins

Jornal "Timoneiro" volta à luz do dia

O “Timoneiro”, jornal mensal da paróquia da Gafanha da Nazaré, reiniciou a publicação, após 11 meses de paragem, agora com o Padre Francisco Melo como director. Saiu com 16 páginas, tendo como propósito ser “um espaço privilegiado de comunicação e partilha entre as pessoas, grupos, sectores e âmbitos de acção pastoral”, como sublinha o director em “Uma primeira palavra…”. O Padre Francisco Melo ainda manifesta o desejo de que o jornal seja um veículo de "informação, mas também de formação humana, cristã e cívica dos seus leitores”. Para além de espaços alargados dedicados à paróquia, o “Timoneiro” assume a intervenção (desde a primeira hora desta sua nova fase) na comunidade humana, procurando ir ao encontro das pessoas concretas e das iniciativas que preenchem o seu quotidiano, numa aposta de proximidade fraterna, sem lutas mesquinhas e sem politiquices. Ao aceitar colaborar, com todo o meu empenho, fi-lo na convicção de que o "Timoneiro" continua a ter o seu lugar na zona geográfica em que se insere, procurando ser uma mais-valia para a união de todos os gafanhões, onde quer que eles se encontrem. Os interessados em se inscreverem como assinantes podem dirigir-se ao Cartório Paroquial, Av. José Estêvão, 3830-555, Gafanha da Nazaré. FM

Efemérides aveirenses: Bombeiros

28 de Novembro
Este dia, em Aveiro, nos anos 1882 e 1908, houve sinais evidentes de solidariedade e de voluntariado.
Em 1882, um grupo de aveirenses aprovou os estatutos da "Companhia de Bombeiros Voluntários de Aveiro".
Em 1908, um punhado de bons aveirenses, reunidos na velha sede da extinta Associação dos Bateleiros, próxima da capela de S. Gonçalinho, decidiu fundar a "Companhia Voluntária de Salvação Pública Guilherme Gomes Fernandes - Bombeiros Novos".
In Calendário Histórico de Aveiro
NOTA: Guilherme Gomes Fernandes nasceu na Baía, em 1850. Foi comandante dos Bombeiros Voluntários do Porto, onde se destacou como inspector dos Serviços de Incêndios. A sua perícia conduziu os bombeiros portuenses ao primeiro lugar num campeonato do mundo, em 1910.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ESCOLA QUE FORMOU GENTE DE TÊMPERA PARA A VIDA

Refiro-me à Acção Católica. Celebrou agora os 75 anos de existência em Portugal. Foi e continua a ser, na Igreja e para a Igreja, grande escola de formação de leigos militantes, que enriquecem tanto a comunidade cristã, como tornam presente, na sociedade, o Evangelho feito vida. A minha história está ligada à Acção Católica desde 1958. Padre novo, acabado de regressar de Roma, onde fizera também, por iniciativa própria, estudos relacionados com esta, logo fui designado assistente de movimentos operários e, depois, de diversas estruturas diocesanas. Conheço a história e a realidade da Acção Católica, admiro e continuo a seguir a sua metodologia, experimentei ao vivo o dinamismo que a instituição traz consigo desde sempre, tentei dar-lhe força e lugar na acção pastoral, sofri os seus momentos difíceis, estou-lhe grato pelo número de leigos cristãos que nela se formaram. Pela sua têmpera e coragem, creditaram a acção da Igreja nos diversos meios sociais e em situações diversas em que a militância dos leigos cristãos era não apenas um desafio, mas também um risco, conscientemente assumido. A Acção Católica hpje, em Portugal, lamentavelmente, não tem a expansão de outros tempos. Os movimentos operários continuam os mais resistentes, porque a vida os oprime mais. As alterações sociológicas dos chamados meios sociais são por demais evidentes. O mundo da escola encontrou derivativos mais propensos a aspirações pessoais, mas menos exigentes e duros, frente aos desafios e compromissos da vida concreta. Mesmo assim, continua a haver, pelo país fora, militantes de qualidade e de horizontes largos, tanto no meio rural agrário, como no mundo escolar, no meio independente e nas associações profissionais. O Vaticano II assinalou a importância da Acção Católica. Os bispos portugueses também a afirmaram sem reservas. As mudanças sociais e culturais realçaram a sua importância. Porém, os caminhos do laicado parecem agora andar noutra direcção. A crise vivida na mudança não foi bem lida por muita gente responsável, que mais apontou nos desvios inevitáveis, que no rumo que sempre levara e que fazia parte da sua identidade. Só não pisa o risco em momentos de perplexidade, quem não suja os pés no lamaçal da vida..Até os bispos, lá atrás e num momento difícil, votaram pelo seguro, à revelia da história e do testemunho dos que continuavam a acreditar na Acção Católica porque a conheciam por dentro, nela tinham trabalhado e sabiam ler os sinais e o sentido dos ventos.. Estes votaram vencidos, em contra mão da maioria vencedora. Com o coração a sangrar, mas com a esperança em ponto alto, aguardando a luz da profecia. A história da Igreja e do laicado apostólico não se faz, entre nós, sem olhar a Acção Católica. O governo de há décadas perseguiu-a, quis pôr-lhe mordaças, anotou os que a acompanhavam e pôs-lhe os rótulos condenatórios de então. Gente da Igreja, sempre a houve, que não gosta de ventos fortes que sacodem e acordam, dei apoio aos governantes. Mas só a verdade faz história. E essa fez-se, a seu tempo. Quantos jovens formados na Acção Católica, hoje adultos ainda na primeira linha! Quantos outros descobriram e andaram rumos novos nas suas vidas! Quanta gente houve, a acender, corajosamente, o fósforo que rompeu trevas e desmascarou rotinas e mentiras! Quantos projectos solidários inovadores, aparentemente temerários, que mostraram que a fé se vive fora dos templos e não no aconchego dos mesmos! Quantos padres, com militantes ao seu lado, venceram crises, abriram caminhos pastorais novos, contagiaram colegas! Sempre houve cegos e surdos e hoje também os há. Outros movimentos laicais surgiram na Igreja. Parece que alguns ainda não entenderam que a vocação de leigo, é de ser cristão no mundo e animador evangélico das estruturas sociais. A AC é movimento de fronteira e sem ela as fronteiras estão desguarnecidas.
António Marcelino

Efeméride aveirense

Fotos da capa do livro de Armando Tavares da SilvaJornal aveirense
27 de Novembro de 1908
D. MANUEL II foi recebido em Aveiro com grande entusiasmo
Há precisamente 100 anos, D. Manuel II visitou Aveiro, onde foi recebido com grande entusiasmo, tendo-se realizado festas de extraordinária imponência; esteve presente o Bispo-Conde de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, seu padrinho de baptismo, que recebeu o monarca à porta da igreja de Jesus, conforme lembra o Calendário Histórico de Aveiro. Por sua vez, Armando Tavares da Silva, catedrático aposentado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, diz, no seu livro "D. Manuel II e Aveiro – Uma visita Histórica (27 de Novembro de 1908)", que houve “cerimónias, festas e realizações populares”. Acrescenta que “D. Manuel II esteve ainda presente no distrito de Aveiro por mais duas vezes pouco antes do 5 de Outubro de 1910. A primeira para uma demorada permanência no Buçaco, no Verão desse ano, e a segunda para as comemorações do primeiro centenário da batalha do Buçaco, em Setembro de 1910”. Mas se é verdade que as festas foram imponentes, com a adesão popular e das autoridades, também é certo que a oposição se manifestou contra a visita, denunciando as altas despesas que ela comportou. No livro de Armando Tavares da Silva, pode ler-se, citando O Commercio do Porto, que as festas foram brilhantes, "cumprindo comtudo especialisar os numeros da noite, isto é, o fogo, as illuminações e a marcha, que chegaram a exceder a espectativa dos proprios organizadores". Depois, adianta: "Passava das nove horas quando se deu por finda esta brilhante festa, que decorreu tão cheia de enthusiasmo como de distincção." Por sua vez, O Democrata, que havia considerado a visita como “Real bambochata”, descreveu com sarcasmo o que viu, sublinhando que “a academia de Aveiro foi reforçada com collegas do Porto e de Coimbra”; referiu que “o sr. Dr. Jayme Silva […] animando com a sua voz cavernosa as frias gentes [estava] sempre prompto a defender o régio vizitante d’algum attentado… feminino. O povo não acclama […], move-se para ver o moço rei que […] ostenta vistosas condecorações […]”
Aqui fica este breve apontamento para tornar presente a efeméride, não vá ela ser esquecida por toda a gente. Para mais informações, clicar em Armando Tavares da Silva Fernando Martins

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Um Livro de Ana Maria Lopes

“O Vocabulário Marítimo Português
e o Problema dos Mediterraneísmos”


Como já neste espaço anunciei, com a certeza de que voltarei ao assunto, Ana Maria Lopes vai lançar, no Museu Marítimo de Ílhavo, no próximo sábado, 29, pelas 17 horas, mais um livro, com ligações ao Mar, tema de paixões da autora. Intitula-se ele “Regresso ao Litoral – Embarcações Tradicionais Portuguesas”
Tenho tido o privilégio de conversar com Ana Maria Lopes sobre estas questões para perceber a riqueza dos seus conhecimentos sobre matérias marítimas, e não só. De tal modo que o seu blogue, que visito com frequência, foi baptizado com o expressivo nome de Marintimidades. Ou seja, um nome que nos remete para as suas intimidades com ligações profundas ao oceano, ou não se reflectisse ele nos olhares de todos os ílhavos, de que a autora é paradigma. Sobretudo quando se fala das influências que o mar exerce nas gentes daquela terra maruja. Mas antes de falar desse trabalho que a envolveu durante bastante tempo, numa busca constante de tudo quanto diz respeito às embarcações tradicionais da nossa costa, permitam-me que lembre, hoje e aqui, uma outra obra de Ana Maria Lopes – O Vocabulário Marítimo Português e o Problema dos Mediterraneísmos –, publicada em 1975, surgindo em 2.ª edição, facsimilada, em 2006, sob a responsabilidade dos Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo. Este livro, que é a dissertação de licenciatura em Filologia Românica de Ana Maria Lopes, apresentada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em Janeiro de 1970, oferece um repositório precioso de vocábulos e expressões que corriam o risco de se perder no tempo.
Com o rigor da recolha e investigação feitas pela então jovem autora, a obra dá, a quem a lê, o prazer de voltar ao linguajar dos nossos antepassados que mourejavam no nosso mar, mais ao largo ou mais em terra. E sendo certo que uma boa parte do trabalho publicado se destina a estudiosos de ciências linguísticas e náuticas, não deixa de ser interessante que pessoas como eu, pouco dadas a rigores fonéticos e a termos técnicos deste domínio, sintam um grande prazer na leitura daquele livro.
Com ilustrações, a preto e branco, e grafismos elucidativos, com redes, alfaias e barcos diversos, de meu directo conhecimento, uns, e meus ilustres desconhecidos, outros, esta obra da autora ilhavense merece ser mais conhecida e mais apreciada pelas gerações actuais, em especial pelos que se dispuserem a colaborar na preservação do nosso passado colectivo.
Olhando para os seus quatro capítulos, com a atenção devida, reconhece-se o esforço meritório de Ana Maria Lopes, numa altura em que talvez não fosse muito frequente ver uma jovem andar de terra em terra nas pesquisas eruditas que ousou empreender, mostrando, no que fez, uma paixão digna de nota.
No capítulo I, o leitor entra em contacto com vários tipos de barcos, costeiros e do alto, e de apetrechos para diversas funções. No Capítulo II, os processos de pesca, com aparelhos e sistemas, mais venda e transporte de peixe. No Capítulo III, dedicado ao confronto entre o litoral algarvio e a costa ocidental, registamos o Portugal com costa de alguns contrastes. Por último, no Capítulo IV, temos a relação entre Portugal e o Mediterrâneo, com índices que ajudam na procura dos temas a ler. É que, para quem gosta de fazer uma leitura, sem pressas, talvez dê jeito começar à cata de um ou outro assunto, segundo o apetite da ocasião.

 Fernando Martins

Melhor acolhimento para os imigrantes

Os Bispos católicos da Europa e da África lançam um apelo às suas comunidades para que sejam “ainda mais acolhedoras em relação aos irmãos estrangeiros, reconhecendo o valor e o contributo que os imigrantes trazem aos países de acolhimento”.