terça-feira, 16 de setembro de 2008

Jornalismo reumático

Há dias, um blogue de gente amiga, falou de “jornalismo reumático”, a propósito da visita do Papa a França. Referia-se, obviamente, ao jornalismo que ignora o essencial, favorecendo o que possa vender notícias: o polémico, o insólito, a ofensa, a calúnia, o escabroso, o crime de faca e alguidar. Dir-me-ão que esse é que é o verdadeiro jornalismo, na linha daquela teoria que diz que notícia acontece quando é o homem que morde o cão e não o contrário. Mas eu não posso alinhar nisso, porque tal seria negar a essência do jornalismo, que deve apostar na informação isenta e plural, na formação do homem todo e de todos os homens e no divertimento saudável. Tenho para mim que um jornalismo pela positiva valoriza o que é deveras importante para a sociedade e para as pessoas, mesma que vá contra a corrente. Porém, isso nem sempre acontece. Nas reportagens sobre a visita do Papa, o que de doutrinário e de catequético ele sublinhou, o que ele falou de estimulante para os católicos e para os homens de boa vontade, nada disso despertou qualquer interesse em muitos jornalistas, mais voltados para temas que Bento XVI, no seguimento dos Papas que o antecederam, já andará cansado de tanto deles falar: aborto, eutanásia e missas em latim. Quando leio reportagens de acontecimentos relevantes da sociedade, por vezes fico espantado com as banalidades que alguma comunicação social aborda, ficando-se por resíduos marginais e esquecendo o que os intervenientes sublinharam de fulcral. O essencial, a matriz das intervenções, isso ficou apenas para quem esteve presente. O tal “jornalismo reumático” não teve pernas para lá chegar.
FM

Senhora dos Navegantes no Forte da Barra - 5

Procissão: na hora da partida para o Forte
5 – Tradição a manter-se Sou dos que pensam e defendem que as boas tradições devem ser mantidas e cultivadas, no sentido de que, tudo quanto faz parte da nossa identidade, precisa de estar na base do futuro. Futuro sem raízes na história pode estar condenado a ser absorvido por hábitos que nada nos dizem. Daí a importância de continuarmos a apostar nas festas religiosas, de tradição popular, embora imbuídas de projectos mais ambiciosos, isto é, que possam enriquecer as pessoas, levando-as a viver a fraternidade e o espírito do bem e do belo mais aberto aos outros. Antigamente, a Festa da Senhora dos Navegantes unia as pessoas da região, de tal forma que Aveiro e Gafanhas suspendiam os trabalhos para se juntarem em torno da sua capelinha. Participavam na missa, incorporavam-se na procissão, pagavam as suas promessas, conviviam umas com as outras, saboreavam as merendas no Jardim Oudinot, ouviam música, cantavam e dançavam. E ainda consta que, na festa, muitos jovens se conheceram, muitos namoricos se iniciaram e alguns casamentos se combinaram. Tudo à sombra de Nossa Senhora dos Navegantes.
FM

Figueira da Foz

Jardim interior do CAE
Da minha janela vejo o CAE (Centro de Artes e Espectáculos) da Figueira da Foz, por onde passarei hoje à tarde. Para além da tranquilidade que ali se respira, poderei ver algumas exposições, de que darei nota por aqui. Será uma curta semana, também com mar à vista e a perder de vista.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Papa despede-se de França

Bento XVI diz que é tempo para «um regresso a Deus»
Bento XVI despediu-se esta manhã de França, após uma visita de quatro dias, assegurando que “os tempos são propícios para um regresso a Deus”. Numa breve cerimónia de despedida, o Papa deixou várias mensagens de agradecimento às autoridades políticas, religiosas e civis que contribuíram para o “bom sucesso” da sua visita. Para Bento XVI, esta viagem foi “como um díptico”, entre Paris e Lourdes. O Papa passou em revista os vários momentos desta viagem, desde a Missa na Praça dos Inválidos ao encontro com os jovens, em Notre-Dame, para além do encontro com o mundo da cultura, no Colégio dos Bernardinos. Em Lourdes, “lugar emblemático que atrai e fascina todos os crentes”, celebrou-se o 150.º aniversário das aparições e Bento XVI disse ter rezado pela França e pelo mundo. As duas Missas a que presidiu, a procissão das velas e o Caminho do Jubileu foram os pontos passados em revista. No aeroporto de Tarbes, Bento XVI foi acolhido por François Fillon, primeiro-ministro francês, para além de outras autoridades políticas e civis, Bispos da região dos Pirinéus, bem como a presidência da Conferência Episcopal Francesa. Na sua mensagem ao Papa, Fillon, destacou os momentos da visita, que geraram uma onda de “esperança” nas “multidões” atentas às mensagens de Bento XVI. “Vossa visita foi, para a França, a confirmação de uma longa amizade”, frisou. Em seguida, o primeiro-ministro francês defendeu que a “separação fundamental” entre Igreja e Estado “não os impede de dialogar”, lembrando o discurso papal pronunciado no Eliseu, logo no primeiro dia da visita. Fillon falou numa laicidade aberta e reflectida, que “respeita o facto religioso” e “aprecia” o contributo da Igreja na sociedade. “Emoção e gratidão” foram as palavras escolhidas para este momento de despedida, em François Fillon falou da visita papal como um momento de “paz” perante o “fanatismo, violência e discriminação”. “Os franceses estão-vos gratos”, concluiu.
Fonte: Texto e foto da Ecclesia
Podem ler, ainda, o jornalismo reumático, publicado no Regador, com referência aqui ao lado.

domingo, 14 de setembro de 2008

REGATA DOS GRANDES VELEIRO

Salto para bordo de alguns tripulantes Parada na hora da partida
Testemunhos Ilhavenses a bordo dos Veleiros
Os “21 marinheiros” do Município de Ílhavo a bordo dos veleiros que participam na Regata Comemorativa dos 500 Anos do Funchal foram muito bem recebidos pelas respectivas tripulações. Tatiana Oliveira, de 20 anos, destacou a grande simpatia e cuidado com que a tripulação do grande veleiro russo Mir recebeu todos os elementos da comitiva, bem como Mário Paulo Santos, de 61 anos, embarcado no Pogoria: “a tripulação é fantástica e o ambiente é muito divertido. Do nosso grupo fazem parte polacos, franceses, portugueses, etc. O grupo está muito satisfeito com a experiência.”
Em Ílhavo, a Parada Naval vai realizar-se no dia 23 de Setembro, partindo do Terminal Norte do Porto de Aveiro, até à saída da barra com início marcado para as 10 horas. No último dia da presença desta Regata de Grandes Veleiros no nosso Município, o público poderá assistir à Cerimónia de Encerramento e despedir-se dos belos veleiros ao longo de todo o porto de Aveiro, sendo o local mais privilegiado a zona do Molhe Central/Meia Laranja. Durante a Parada Naval, todos os veleiros participantes vão içar as suas majestosas velas, posicionando-se para a partida, rumo à Cidade do Funchal. Neste primeiro dia de competição da Regata Comemorativa dos 500 Anos do Funchal a comitiva ilhavense encontra-se muito bem posicionada, alcançando os lugares cimeiros nas suas respectivas classes. Relativamente à Classe A, de grandes veleiros, o russo Mir lidera, seguido do polaco Pogoria, em quarto lugar, e do búlgaro Kaliakra, na sexta posição. Ligeiramente mais abaixo na competição, os tripulantes ilhavenses posicionam-se nos oitavo e nono lugares, a bordo do alemão Alexander von Humboldt e do holandês Astrid, respectivamente. Noutra classe, o Challenger 1 encontra-se na quinta posição. Até Município de Ílhavo, onde os espera um vasto programa de actividades em terra, organizado pela Câmara Municipal de Ílhavo, a comitiva ilhavense enfrenta ainda seis dias de viagem pelo Atlântico, numa competição que será renhida.
Fonte: Newsletter da CMI, gentilmente enviado pelo Carlos Duarte

Centro Universitário Fé e Cultura: Vive um novo ano!

BEM-VINDOS A 2008-2009
CHEGAR A AVEIRO ou regressar à cidade e Academia da Ria, motiva-nos à esperança diante de um novo ano! O retomar das actividades académicas ou o entrar no Ensino Superior aveirense quer ser, para todos nós, oportunidade de acolhimento e aceitação de novos desafios. Cada ano que começa, também nos vários contextos de presença (tanto a cooperação Palop com os programas de mobilidade como o Erasmus) e na dinâmica temporalmente menos presente de Bolonha, obriga-nos a despertar para a consciência de que cada dia, semana, e cada mês querem ser oportunidade inadiáveis de encontro.
VIVER EM COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA será hoje dos maiores valores a salientar. Não deixemos que o tempo passe, que a única ocupação seja o estudo ou que nos percamos nos acessórios. Não aceitemos passivamente o comodismo da indiferença, mesmo da incultura ou individualismo. Existem uma imensidão de projectos! Desde os culturais e sociais das associações de estudantes, os académicos e estimulantes das instituições de ensino, até à proposta já presente há quase 22 anos do Centro Universitário Fé e Cultura. Um projecto também construtor de comunidade, pela acolhedora estrada serviçal e cultural!
ABRIR-SE AOS NOVOS HORIZONTES DA FÉ fé significa arejar a vida com um sentido de Absoluto. Não há nada mais importante na vida que dar sentido à própria vida. Um curso é um curso, não merece a nossa adoração! Projectar-se como “homens novos” numa visão e acção de Deus-Pessoa, o Deus revelado em Jesus Cristo, significa o atribuir acima de tudo o centro da vida à dignidade divina que nos habita. Nesta nova consciência, nada pode ficar como dantes, cada outro é um irmão, cada ciência um caminho de dignificação! O teu projecto de felicidade passa por aqui, é esta luz que o mundo precisa e que te cumpre desenvolver! O CUFC quer ser a tua tenda do encontro! Participa, vem! Equipa CUFC
Nota: Fotos do meu arquivo.

Senhora dos Navegantes no Forte da Barra - 4


4 – A procissão pela Ria 

A procissão pela Ria de Aveiro foi uma criação do Padre Miguel Lencastre, pároco da Gafanha da Nazaré, entre 1973 e 1982. Antes de pároco foi coadjutor do Padre Domingos Rebelo, cerca de dois anos. Desde que chegou à Gafanha, nunca deixou de se mostrar um enamorado pela Ria, como diversas vezes nos sublinhou. Quando se sentia cansado das tarefas paroquiais ou necessitasse de meditar sobre novos desafios, gostava de reflectir olhando a laguna, esperando dela inspiração motivadora. Por isso, logo se relacionou com homens do mar, assumindo as dificuldades e os êxitos de todos como seus.
Numa viagem ao Brasil, em tempo sabático, apreciou, em Porto Alegre, uma procissão marítima, em honra da Senhora dos Navegantes, padroeira da cidade, que acontece em 2 de Fevereiro. Ao contemplar tão belo espectáculo e tanta devoção, os seus pensamentos voaram até ao Forte da Barra com sua Senhora dos Navegantes, lembrou-nos há dias.
 O Padre Miguel Lencastre andava, desde o 25 de Abril de 1974, com a preocupação de dinamizar o Stella Maris. Ocorreu-lhe, então, a ideia de ligar este clube, vocacionado para o apoio aos homens do mar e suas famílias, à Senhora dos Navegantes e à Ria, património natural que muito admirava e que precisava de ser valorizado. Uma grande festa seria projecto interessante. A procissão, com todo o colorido e alegria, seria ouro sobre azul. E assim foi. Bem relacionado com oficiais da Base de São Jacinto, com o Capitão do Porto de Aveiro e com homens do mar, não lhe foi difícil concretizar o sonho que acalentava.
Os barcos não faltaram, um helicóptero deu uma preciosa ajuda, os proprietários das embarcações aderiram, as irmandades aceitaram o desafio, o povo marcou presença com entusiasmo, a comunidade paroquial aplaudiu. A festa, entretanto, esmoreceu e a procissão caiu no esquecimento. Mais tarde, depois da Expo’98, levado pelas experiências e vivências doutras terras ligadas ao mar, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, de colaboração com a paróquia e com o Stella Maris, retomou a tradição criada pelo Padre Miguel Lencastre.