sábado, 30 de agosto de 2008

FAROL: Era como um amigo

O farol, um amigo
Hoje, afeitos aos truques electrónicos, quase não ligamos à luz do Farol. À noite, entrava-nos pela janela o foco e, eu e o meu irmão, entretínhamo-nos a contar o tempo de uns sinais para os outros. Aguçava a nossa curiosidade a regularidade dos ditos sinais. Como é que eles faziam isso? E para que servia? … Os pescadores contavam-nos casos vividos por eles em que, se não tinham naufragado, o deviam aos faróis que os avisavam do perigo… Então ainda gostávamos mais daquela luz. Era como se um Amigo nos entrasse pela janela. E adormecíamos bem acompanhados… Manuel Olívio da Rocha
“De Pedra em Pedra”, in Boletim Cultural, Ano I, N.º 1

Farol da Barra completa 115 anos

No dia 31 de Agosto de 1893, o Farol da Barra de Aveiro foi inaugurado para cumprir a sua missão, junto de quantos demandam o Porto de Aveiro ou passam ao largo com olhos em terra. São 115 anos de existência que, com gosto, assinalo neste meu espaço, sobretudo para os mais novos aprenderem a olhar para ele com mais atenção. A minha geração, que se habituou a vê-lo ao longe, em especial à noite, com o seu foco luminoso a atrair-nos e a despertar em nós curiosidades inexplicáveis, compreende melhor a sua função e a razão por que é um ex-líbris da região. O farol não nasceu por acaso. Por isso, acho bem que, na passagem de mais um aniversário, cada qual se debruce sobre a sua história. Afinal, o saber não ocupa lugar. Como sugestão de leitura, recomendo Marintimidades e MarintimidadesII, de Ana Maria Lopes.

Os Jogos Olímpicos: Liberdade e Religião

Há anos, passei pela China. Foi em 1995. À chegada ao aeroporto de Pequim, o que mais me impressionou foi um imenso anúncio da Coca-Cola. Afinal, estava mesmo em marcha a Realpolitik dos negócios, no quadro do liberalismo económico e da repressão política. 
Os Jogos Olímpicos foram também resultado desta orientação. E os comentadores foram unânimes no reconhecimento do seu êxito estrondoso. A abertura foi fantástica, a encenação perfeita, todos elogiaram a organização e a logística. Mas quem não renunciou a todos os princípios e sabe que o objectivo do espírito olímpico é "pôr o desporto ao serviço do desenvolvimento do ser humano, com vista a promover uma sociedade pacífica dedicada à preservação da dignidade humana", apontou para a "cortina de fumo olímpica" e o "virtuoso baile de máscaras". 
O Herald Tribune intitulou um editorial: "O grande perdedor em Pequim: os direitos humanos." O Governo chinês não cumpriu a promessa de mostrar progressos no que toca ao respeito pelos direitos humanos. Pelo contrário, a repressão manteve-se activa: os possíveis dissidentes foram antecipadamente detidos e tudo culminou na farsa triste de "a permissão" de protestos legais terminar em prisões. 
O direito à liberdade religiosa também não existe. Significativamente, no domingo, dia do encerramento dos Jogos, a polícia deteve, numa igreja da província de Hebei, durante a missa para mil fiéis, o bispo de Zhending, Jia Zhiguo. 
As perseguições por motivos religiosos não atingem só os cristãos; muçulmanos, budistas e outros são igualmente vítimas. Após a sua instauração, em 1949, o regime comunista ateu suprimiu durante três décadas a religião, seguindo-se trinta anos de permissão de algumas práticas religiosas, sempre sob controlo apertadíssimo.

Anselmo Borges Leia mais no DN

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O Mar da Barra

Gosto muito do nosso mar. De tal forma que até me apeteceu trazer para casa o seu som, que aqui partilho com os meus amigos. É uma experiência muito simples que hei-de repetir, sempre com agrado. Para além do som do mar, há sinais do prazer de quem anda a brincar nas ondas que se estendem pelo areal.

FM

Nota: Peço desculpa pelo amadorismo do registo. Mas prometo fazer melhor, quando aprender.

Jardim Oudinot

Inquérito
Os inquéritos, tal como as sondagens, valem o que valem. Mesmo assim, não resisti a lançar um inquérito sobre o Jardim Oudinot. Foi o primeiro no meu blogue. Apenas 23 leitores responderam ao meu desafio. Confesso que esperava mais, até porque a obra feita tem atraído inúmeros visitantes. Dizem que o Festival do Bacalhau movimentou mais de 100 mil pessoas. De qualquer maneira, os resultados estão à vista. Não houve qualquer nota negativa. Assim: Excelente – 9 Muito Bom – 8 Bom – 4 Suficiente – 2 Espero que nos próximos inquéritos haja mais participação, como sinal de interesse. Obrigado a todos
FM

FÉRIAS: Notas do Meu Diário


Lago Azul - Vilamoura 


LAGO AZUL

O vento brando
suave e quente
enche velas esguias
e coloridas

No entardecer
no lago azul e liso
barcos deslizam
suavemente

E o vento brando diz
convencido
Aqui no lago azul e liso
o rei ainda sou eu

Fernando Martins

Algarve, Agosto de 2008

As Mulheres da Gafanha

"BRAVAS MULHERES, AS DA GAFANHA!"
“Mulheres da Gafanha, à hora em que vão levar o almoço aos homens que trabalham nos estaleiros. A vida duríssima que levam, naquelas terras que outrora foram dunas batidas rijamente pelo mar e que são hoje solo fertilíssimo devido ao seu labor constante, marca-lhes as feições e dá-lhes um todo viril, decidido, forte. Nenhuma tarefa as faz recuar. São, quase todas, mulheres de pescadores de bacalhau ou de operários, e elas próprias trabalham no que se lhes proporciona, quando não é preciso sachar o milho ou colher a batata, muito abundante ali. A sua existência passa-se em permanentes fadigas e sobressaltos. Usam uma linguagem desabrida, que chega a ser chocante, porque se habituaram a encarar a vida e as pessoas de forma hostil, à força de lutar e sofrer de muitos modos. Tudo se resume, porém, a um desabafo, tão natural, para elas, como respirar, rir ou falar. Bravas mulheres, as da Gafanha! No fundo, todas as mulheres do povo se parecem umas com as outras, vivam onde viverem. Pode variar o aspecto exterior, mas a sua natureza é a mesma. Mais ou menos rudes, conforme o seu nível de vida, todas são irmãs na luta, na resistência ao trabalho e ao sofrimento, no heroísmo obscuro com que suportam o peso de uma existência sujeita às suas inclemências. Instintivas e directas, na sua maneira de encarar as realidades, não podem ser julgadas apenas pelo que fazem e dizem. A força que as impele tem raízes fundas, na terra e na própria vida.”
Maria Lamas, In "As Mulheres do Meu País"
Nota: Foto do mesmo livro
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