sexta-feira, 30 de maio de 2008

UA: Curso de Iniciação ao Jazz

Na Universidade de Aveiro, vai decorrer, de 3 de Junho a 29 de Julho, à terça-feira, entre as 18.30 e as 20 horas, um Curso de Iniciação ao Jazz. Aberto à comunidade, o curso será dirigido por José Duarte, que, ao longo de 12 horas e numa linguagem acessível a todos, comentará e ensinará a ouvir a música dos principais actores da história do Jazz. As sessões decorrem no Centro de Estudos de Jazz da Universidade de Aveiro.
As inscrições podem ser realizadas através do endereço http://www.unave.ua.pt, telf.: 234 370 833/4.

D. Ximenes Belo: Cidadão do ano na UA


Como já vendo sendo habitual no final de cada ano lectivo, a CIVITAS Aveiro, com o apoio da Universidade, realiza o Fórum da Cidadania Activa, para apresentação dos trabalhos realizados ao longo do ano pelos alunos de escolas e colégios dos diversos graus de ensino que aderiram ao Projecto «Direitos Humanos em Acção». Do vasto conjunto de actividades agendadas, o destaque vai para o galardão de «Cidadão do Ano 2008», que vai ser atribuído a D. Ximenes Belo, hoje, às 16h20, no Auditório da Reitoria.

A Memória

"Qual montanha que foi crescendo em mim, a memória permitiu-me um olhar crítico sobre o passado. E lá do cimo, ao mesmo tempo que me mostrou panorâmicas a perder de vista, contemplei suor e lágrimas de quem apostou transformar dunas estéreis em terra fértil, à custa de canseiras e de uma determinação exemplar.A memória diz-me que povo aqui se fixou: povo que apostou em vencer, recuando e crescendo, planeando e desistindo; povo que construiu e destruiu até encontrar o ponto certo da sua identidade, marcada pelo mar e pela ria que a foram moldando."
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Feira do Livro e da Música



Hoje, 30 de Maio, pelas 17.30 horas, será inaugurada a Feira do Livro e da Música de Aveiro , no Jardim do Rossio, certame que vai decorrer até 10 de Junho.
A Feira do Livro e da Música de Aveiro apresenta-se com dez stands com música. Livreiros serão 22, distribuídos por 45 stands.
No primeiro dia da Feira do Livro, pelas 18 horas, será lançado o Livro da obra vencedora do Prémio Municipal de Poesia Nuno Júdice, “Sobre Retratos”, de José Jorge Letria, editada pela “Indícios de Oiro”, estando prevista a presença do seu autor.
No âmbito da Feira do Livro e da Música de Aveiro, é proposto pela Câmara Municipal de Aveiro um programa de animação do qual realçamos as seguintes iniciativas:
Ateliês de conto; Ateliês de conto com Música; Teatro infantil “Uma vaca de Estimação”; Recriação histórica da venda de Ovos-moles; Teatro de fantoches “Máquina diabólica da trovoada”; E espectáculos de música, de teatro e de dança, entre outras acções.
Como habitual frequentador de feiras do livro, onde sempre me sinto como peixe na água, só tenho que recomendar aos meus leitores este certame, mesmo sabendo que, por vezes, não faltarão monos sem qualquer interesse. Contudo, é frequente encontrarmos execelentes obras que caíram no esquecimento.

PONTES DE ENCONTRO

As leis e as boas maneiras

No dia 20, do corrente mês, o Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afirmou que a “União Europeia reagiu com celeridade ao aumento repentino dos produtos alimentares. Estamos a ser confrontados com um problema com múltiplas causas e numerosas consequências. Por conseguinte, temos de agir em várias frentes.”
Deste modo, foi proposta, para ser discutida no Conselho Europeu da UE, a realizar no próximo mês de Junho, uma estratégia contra o aumento dos preços dos alimentos, passando pelo aumento da produção de cereais e das quotas de leite.
A aposta no desenvolvimento de biocombustíveis da segunda geração, a partir de fontes não usadas na alimentação humana, fazem parte deste leque de propostas, não se esquecendo de referir o “esforço no sentido de lutar contra os efeitos dos aumentos dos preços dos alimentos junto das populações mais pobres.”
Neste sentido, inclui-se a necessidade de haver uma resposta internacional mais coordenada à crise alimentar, designadamente no contexto da ONU e do G8.
Durão Barroso salientou, ainda, a “prossecução de uma política comercial aberta, que ofereça aos países mais pobres do mundo um acesso preferencial ao mercado da UE.”
Ao ouvir esta notícia e as medidas nela enunciadas, parecia escutar um coro de anjos celestiais, se é que é possível ouvi-los, pelo que o meu cepticismo é grande.
As palavras do Presidente da Comissão Europeia traduzem um conjunto importante de intenções, só que de boas intenções está o mundo farto e o inferno cheio.
Por outro lado, os dirigentes políticos parecem estar a perder o sentido do dever e do bem comum quando são eleitos ou nomeados para cargos institucionais e aquilo que deveria ser uma obrigação acrescida no desempenho dessas funções raramente se manifesta nos cargos que ocupam. A ilusão é uma arte e a mentira uma necessidade.
Não sei o que vai na cabeça do Dr. Durão Barroso, muito menos qual o poder real que ele possui para influenciar e mobilizar os seus colegas para o cumprimento das obrigações que todos têm, neste caso, perante os cidadãos europeus.
Não vejo políticos nem estadistas com dimensão suficiente para assumirem pactos firmes e sérios com as pessoas e a sociedade, condição que qualquer actividade pública exige, enquanto sentido de dever e obrigação de quem dirige a coisa pública.
Se algum mérito existe nas afirmações do Presidente da Comissão Europeia é o de reconhecer, implícita e explicitamente, que o mundo tem sido muito mal tratado pelos dirigentes políticos e a continuarem a fazer o que (não) têm feito até aqui as perspectivas de desenvolvimento integral são muito sombrias e o futuro inquietante.
Concorde-se ou não com o posicionamento político da Dr.ª Manuela Ferreira Leite, em entrevista dada ao jornal “Expresso”, do dia 17 de Maio de 2008, fez uma afirmação que dá que pensar, se a ela se quiser dar crédito: “ Se alguma coisa quero dar à democracia é fazer a experiência de ver o que acontece se falarmos verdade.”
Sempre a verdade como questão essencial da vida e da maneira como a queremos viver. Será o suficiente? É provável que não. Contudo, se o paradigma de fazer política e dirigir passasse mais pela boa maneira como agimos e não só pelas leis que fazemos tudo seria diferente, para melhor. A lei, sem boas maneiras, corrompe, embrutece-nos, convida ao facilitismo e à excepção, atrás de excepção. Veja-se o que aconteceu com o Primeiro-ministro, José Sócrates, e o(s) célebre cigarro(s) que fumou no avião, durante a sua recente viagem à Venezuela. As boas maneiras fazem parte da nossa identidade pessoal. As leis não. Comecei por falar do Dr. Durão Barroso. Termino, desejando-lhe que encontre, em si mesmo, as boas maneiras para não fazer promessas em vão e que, o mês de Junho, na UE, seja, finalmente, o início de um tempo de autêntica mudança.

Vítor Amorim

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Linguagem imprópria no Parlamento

Hoje, via telejornal, assisti a uma linguagem imprópria na Assembleia da República. Dá a impressão que na política vale tudo. Desde a ofensa pessoal a acusações inqualificáveis, vindas de um lado ou de outro. E o mais curioso é que, segundo posso adivinhar, logo a seguir, nos corredores do Parlamento, podem entrar todos em franca cavaqueira, como se nada tivesse acontecido. A vida partidária é uma coisa e a vida, digamos normal, é outra.
Também vi que nas galerias havia crianças e jovens. Ali terão ido para ficarem com uma ideia do que é a vida política, quiçá na esperança de um dia a seguirem. Cá para mim, estou em crer que, depois do triste espectáculo a que assistiram, jamais aceitarão tal carreira. Que Deus os livre disso! A não ser que venham, noutras circunstâncias, a verificar que, afinal, há outra forma de fazer política. Mais serena, mais educada, mais respeitadora.

Na Linha Da Utopia

"Entrar no livro é valorizar o mundo dos sentidos, das procuras e expectativas, como dador de sentido à história do mundo, este tantas vezes tão descolorido e com tanta falta de boa poesia e boa prosa."

Vamos à feira do livro!

1. Um pouco por todo o país as feiras do livro procuram colocar o livro no centro das cidades e a leitura no mapa do enriquecimento cultural de todos. Os tempos estão difíceis, mas a aposta cultural é sempre o estímulo decisivo e o sinal do que se quer para o futuro, tratando-se a divulgação do livro não de uma despesa mas sim de um essencial investimento. Mesmo nos tempos da internet, das comunicações virtuais ou dos jornais que até abundam como oferta, o livro ocupa um lugar insubstituível. Entrar no livro é valorizar o mundo dos sentidos, das procuras e expectativas, como dador de sentido à história do mundo, este tantas vezes tão descolorido e com tanta falta de boa poesia e boa prosa. 2. Todas as feiras, e mais as do livro, neste ou naquele local, são sempre o lugar do encontro com os outros que, como nós, vivem a inquietude de querer, de forma andante, mais formação para um mais desenvolvimento capaz de impulsionar todas as criatividades. Criar hábitos de leitura – esta uma das metas do Plano Nacional de Leitura –, dinamizando e valorizando os sentidos e os imaginários logo a partir da tenra idade, será dos maiores tesouros a um crescimento no sentido do confronto, dos princípios e valores. Diz-me o que lês, dir-te-ei quem és! Poderá dizer o ditado, nesta consciência de que as leituras que vamos conseguindo fazer correspondem à vontade das nossas motivações, preocupações e procuras. 3. Como sabemos, em Portugal, o panorama da cultura e da formação humana e profissional é demasiadamente decisivo quanto ao futuro para que, porventura, se relativize, na lógica utilitária ou quantitativa, estas realizações das feiras do livro. O antídoto para o pessimismo e a crise nunca será outro que não o forte impulso da formação e de uma cultura de participação vigorosa e interessada, procurando divulgar e popularizar os bons livros e a boa leitura. Verdade se diga que, em Portugal, se tirarmos as feiras do livro da praça pública, que sinal nos fica como estímulo a uma vida em que os livros e a sua leitura façam parte da nossa vida diária? 4. Talvez também os cidadãos terão o dever de, em cidadania activa, valorizarem sempre mais a organização dos espaços que são propostos como lugar de encontro e partilha cultural. As perguntas do pragmatismo sobre a validade destes espaços comuns, sempre naturais, especialmente em tempos de crise, terão de ter da parte das editoras e dos cidadãos leitores uma resposta positiva e muito estimulante. Está nas mãos de todos preservar os escassos lugares de encontro com a cultura. Por isso, vamos à feira do livro 2008! Alexandre Cruz

LINGUAGEM DESAJUSTADA EM TEMPO DE RENOVAÇÃO

"Na Igreja há ainda sinais de um passado teimoso que ganhou ferrugem e se foi ins-talando à margem do Evangelho, por influência do poder e de hábitos profanos. As armas episcopais, o tratamento dado ao clero, as excelências e as reverências com os seus superlativos, são restos do tempo passado marcados pelo poder e em que vigorava a trilogia hoje felizmente ultrapassada: 'clero, nobreza e povo.'"
Na celebração litúrgica só há uma Pessoa que merece superlativos e, por mais que lhe demos, ficamos sempre aquém do que merece. É Deus, que se fez presente a nós em Jesus Cristo, Seu Filho. Mas até Ele parece ter dispensado os superlativos quando se quis fazer um como nós e insiste sempre em nos comprometer, antes de mais de mais nada, com a sua Obra por excelência, o Seu Povo, a Sua família alargada e amada. Na celebração litúrgica Deus põe-se ao serviço da assembleia dos seus filhos, convocados e reunidos em nome do Senhor Jesus. É Ele que os acolhe e os purifica, lhes fala e os anima, lhes dá o Pão vivo para os estimular e fortalecer no seu peregrinar, os abre à dimensão apostólica em relação aos irmãos ausentes e aos que ainda O não conhecem e ao Seu projecto e, por fim, os despede e os envia em paz, para que testemunhem na vida o que pela fé acabaram de receber e celebrar. Sempre Deus a mostrar que fez de cada um e de todos, o Seu caminho e a plena concretização do Seu desígnio salvador. Sempre Deus a recordar que a grandeza da filiação divina, que perdura para além do tempo, está acima das grandezas humanas que, quando o são, até morrem muitas vezes com o tempo que as outorgou. Continua-se, porém, em muitas celebrações da liturgia da Igreja, penso que mais por rotina, quer por outras razões, a dar maior importância e relevo a categorias humanas e sociais desajustadas, que o Vaticano II, muito justificadamente, procurou apagar. Na assembleia litúrgica, a maior e mais reconhecida grandeza é dada, porque é aí que reside, à assembleia dos filhos de Deus, que se reúne para celebrar a Eucaristia. Nesta assembleia sobressai apenas, não por si, mas pela sua função de presidência em nome de Cristo, o bispo ou o presbítero quando preside. Nunca, por isso mesmo, o presidente poderá ter outros sentimentos, outras palavras, outras atitudes, outra atenção, diferentes das que Jesus teve e terá no momento: acolhimento fraterno, palavra simples e directa, atenção cuidada aos mais pobres e mais simples, deferência igual para com todos sem salientar alguém em especial, preocupação de congregar e de unir, dimensão sagrada e com sentido apostólico e missionário em tudo o que se diz e se faz. Trata-se de uma assembleia de iguais pelo Baptismo e não de uma reunião com algumas personalidades e muito povo anónimo. Não somos capazes de imaginar Jesus Cristo, rodeado de uma multidão, a saudar uns com superlativos e outros de modo mais ou menos anódino. O valor de cada um não está nos títulos exteriores, mas na dignidade que Deus lhes conferiu, bem como à assembleia, onde se encontra com os seus filhos. As primitivas comunidades cristãs tinham consciência de que assim era, recordando, por certo, o exemplo e o ensinamento de Cristo e as recomendações, claras e incisivas, dos Apóstolos. De recordar o Apóstolo Tiago, falando sobre os lugares na assembleia que celebra a Eucarística e a importância igual dos irmãos que nela participam. Na Igreja há ainda sinais de um passado teimoso que ganhou ferrugem e se foi instalando à margem do Evangelho, por influência do poder e de hábitos profanos. As armas episcopais, o tratamento dado ao clero, as excelências e as reverências com os seus superlativos, são restos do tempo passado marcados pelo poder e em que vigorava a trilogia hoje felizmente ultrapassada: “clero, nobreza e povo”. Após o Vaticano II, alguns bispos e cardeais de dioceses quiserem ser tratados apenas por “Padre”, outros acabaram com as armas episcopais; as insígnias litúrgicas a primar pela simplicidade e pela moderação e as saudações de cariz mais evangélico Foi um tempo de esperança. Hoje a sociedade tolera menos restos do passado que nada ajudam à evangelizar e a exprimir o sentido de família. São costumes velhos e inúteis que impedem que a renovação conciliar avance. Há que dar lugar a gestos e a linguagem que ajudem a ver a verdadeira grandeza dos cristãos e primem pela simplicidade e maneira de servir.
António Marcelino

Francisco Zambujal: um amigo que nunca esqueci




Vi hoje na RTP, no Programa Praça da Alegria, o jornalista e escritor Mário Zambujal, que me trouxe à memória o seu saudoso irmão e meu colega e amigo, Francisco Zambujal. O Francisco morreu novo, deixando a arte mais pobre. Convivi com ele, há muitos anos, em lides de animação cultural, ao serviço da Educação Permanente do Ministério da Educação, ao tempo dirigido por Veiga Simão.
O Francisco Zambujal era um caricaturista nato e com uma sensibilidade tão grande, que o jornal A Bola logo soube aproveitar, convidando-o para seu colaborador habitual. Os craques da bola, e não só, mostravam, graças ao artista, uma nova vida, uma dinâmica diferente, suscitando um outro olhar sobre o “retratado”.
Quando nos encontrávamos em tarefas de formação ou programação, era certo e sabido que a minha caricatura, minutos depois, já andava de mão em mão, provocando elogios encomiásticos. Era sempre o primeiro caricaturado. Um dia perguntei-lhe, por curiosidade, o porquê dessa sua preferência pela minha pessoa. Respondeu-me, de pronto, o Francisco: “A tua careca desafia-me e presta-se muito para a caricatura.” E continuou com outros considerandos ao meu estilo pessoal.
Das diversas caricaturas que ele me fez, no caderno em que tomava apontamentos dos assuntos abordados, encontrei uma, há anos, entre a minha papelada. Aqui a deixo, como homenagem ao amigo que nunca esqueci.

FM

CERRAR FILEIRAS CONTRA A POBREZA

De um dia para o outro, a nossa economia mostrou a fragilidade que a sustenta. Mas mostrou também a incapacidade e a falta de visão dos nossos políticos, os que têm a obrigação de procurar as melhores soluções para motivarem os mais diversos agentes da evolução social. Manuel Alegre, hoje de manhã, disse que a pobreza e as desigualdades no país são um fracasso da nossa democracia e um falhanço das políticas que nos têm governado. Por isso, tem intensificado os protestos e denunciado o que considera errado. Mas a verdade é que ele está lá, no fulcro das questões, na varanda do poder, onde tudo se resolve, com os votos do povo, mas nem sempre a favor do povo. Se é verdade que a nossa democracia nasceu a acusar os capitalistas de todos os males, também é verdade que hoje temos mais capitalistas e mais ricos, mas também temos mais pobres, daqueles que passam necessidades de toda a ordem. É preciso que se diga porque é que, em pleno século XXI, temos dois milhões de portugueses a passarem fome (20 por cento da população de Portugal), sem que a classe política seja capaz de reconhecer a sua incompetência. Temos, afinal, uma classe política de trazer por casa, isto é, sem nível nenhum. É gente que não sabe o que quer nem sabe o que faz. É uma pobreza franciscana. Até parece que as inteligências do nosso País se esconderam envergonhadas ou fugiram com medo que a casa possa cair. Olhando para quem nos governa, não podemos deixar de ficar desolados e temerosos quanto ao futuro. A nossa revolução dos cravos, que nasceu sob as bandeiras da democracia, do desenvolvimento e da descolonização, falhou redondamente, quando não foi capaz de criar justiça social, foco de múltiplos conflitos e de um desconsolo enorme. O povo está cansado de ouvir dizer que é preciso apertar o cinto, que corre o risco de cair no desemprego, que Portugal não consegue sair da última carruagem da Europa. É preciso mesmo pensar Portugal. É preciso agir rapidamente, para não acabarmos na praia, com a terra da promissão à vista. Os pobres não podem esperar mais. É urgente cerrar fileiras para combater a pobreza que vai grassando por tudo quanto é sítio. FM

Voltar a Confiar na Justiça


"A Comissão Nacional Justiça e Paz pretende, neste contexto e com esta nota, realçar a importância da credibilização do sistema de justiça. Um poder judicial independente e socialmente legitimado é um imprescindível pilar de um Estado de direito democrático. A tutela dos direitos fundamentais da pessoa humana exige o acesso à justiça sem discriminações. Os mais pobres, porque mais vulneráveis face à prepotência dos vários poderes, são particularmente afectados pelas disfunções do sistema judicial. Este deve desempenhar um relevante papel pedagógico de afirmação dos valores éticos que servem de alicerce à harmonia da convivência social. Uma justiça tardia com frequência deixa de ser uma verdadeira justiça, só por ser tardia."
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quarta-feira, 28 de maio de 2008

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Lugares da Gafanha da Nazaré

Na Linha Da Utopia


Energia(s) de Arado?

1. Em tempos em que os agricultores de Trás-os-Montes deixam o tractor em casa e regressam à força biológica do gado para puxar o arado, celebra-se, a 29 de Maio, o Dia Nacional da Energia. Como sensibilização, esta efeméride, de iniciativa da Direcção Geral da Energia, data de 1981. Naturalmente procura-se uma consciência apreciadora do recurso essencial das energias; visam-se atitudes de poupança económica e de consciência ecológica. Nos dias que vivemos, como nos grandes tempos de incerteza, a energia, por todas as imensas redes que comporta, assume valores e proporções de preocupação global. Algumas capitais europeias, como Paris e Londres, estão ao rubro numa petição, hoje universal, pelo retorno à normalidade enérgica.
2. Mas, naturalmente, não é só em dias especiais ou em tempos conturbados da economia especuladora que se torna importante esta reflexão orientadora das acções concretas. Estas querem ser cada dia, e à medida que o mundo vai sendo mais «família global», uma realização cuidadora e preservadora, tanto de hábitos poupadores como de preservação ambiental. Para cidadãos, suas casas, comunidades e instituições. A este propósito, e sendo a despesa pública em energia das maiores facturas diárias do país, custa a entender (nem sequer custa, não se entende) a razão pela qual muitas vezes durante o dia nas cidades e vilas de Portugal verifica-se que a luz pública está acesa. Certamente existirão razões plausíveis tecnicamente (?); mas ao bom senso dos cidadãos comuns e como sinal colectivo, nenhuma delas, na ordem da racionalidade eficaz, parece justificar tal desperdício.
3. Se o Dia Nacional da Energia, promovido pelas instâncias devidas conseguisse uma reflexão a partir de realidades tão simples e diárias como esta já teria valido a pena. A essencial sensibilização para uma economia dos recursos energéticos, hoje, anda na ordem do dia e caminha a par dos apelos dessa reflexão profunda sobre a pobreza em Portugal. Não só politicamente, nem para se ficar na própria lamentação; mas para, efectivamente, reconstruir a “energia” eficaz para resgatar a pobreza em ordem ao desenvolvimento como compromisso de todos em equidade social. O regresso dos bois à terra é uma decisão difícil, como último recurso; mas opção que demonstra bem as forças e capacidades das gentes que se entregam de alma e coração, sem resignações, à causa da luta diária. Sem exaltações e sem pessimismos. Quem dera que esse empenho decidido fosse escola de todas as gerações. Da terra vem tudo!

"É tão fundo o silêncio"


É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga,
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.

José Saramago


In “Provavelmente Alegria”

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Auto de Revista da Capela de Nossa Senhora da Nazaré

PONTES DE ENCONTRO


O Petróleo e as preocupações do Presidente

“Resta-me, pois, concluir que neste tipo de negócio [petróleo], para não falar de outros, a realidade está sempre a ser ultrapassada por decisões enigmáticas e por interesses obscuros, onde prevalece especulação e a corrupção sem rosto, sem pátria e sem fronteiras.”
Escrevi estas palavras há precisamente dois meses, ou seja no dia 27 de Março de 2008, neste blogue. Quando fiz esta afirmação, não tinha nenhuma bola de cristal ao pé de mim, nem eu possuo qualquer dom de adivinhação. Passados dois meses, os dados que já eram conhecidos na altura, já davam indicações suficientes neste sentido, mas a postura dos responsáveis políticos foi o silêncio, talvez para ver se a subida parava e não alarmar os consumidores. Infelizmente nem os preços pararam de subir nem as preocupações deixaram de aumentar. Mais recentemente, começou-se a ouvir a palavra especulação na boca de alguns economistas e especialistas petrolíferos. Finalmente, ontem, dia 27 de Maio, foi a vez do próprio Presidente da República, Professor Cavaco Silva, afirmar, durante um encontro com o rei e a rainha da Noruega, no Palácio de Belém, que: “A subida dos preços dos combustíveis deve-se ao funcionamento do mercado e com certeza a uma dose de especulação”, para logo acrescentar: “Portugal não controla o preço do petróleo, pelo que não é fácil encontrar respostas para a subida de preços que preocupa os portugueses.” Também neste dia o presidente francês falou numa possível baixa do IVA na UE e o Primeiro-Ministro português referiu-se que os recursos são “escassos” para apoiar a classe média portuguesa.
Sobre as declarações do Presidente da República, convém lembrar que o preço do petróleo, entre outros bens e matérias-primas, sempre esteve condicionado, em regra, à lei da oferta e da procura, pelo que não há nada de novo aqui. O que há de novo e de muito preocupante, é a especulação, como ele reconheceu, e que ninguém sabe como lhe pôr um fim.
Até porque para lhe pôr um fim, era necessário saber quem são os especuladores e, depois, encontrar formas de eles acabarem com o que estão a fazer.
Ora bem, como ninguém sabe quem eles são [os especuladores], as regras vão continuar a ser ditadas por estes “ilustres desconhecidos”, perante a impotência das democracias e dos países civilizados. Isto é um dado adquirido e não vale a pena ter esperanças ou ilusões que não vai ser assim. Quem é que deixou chegar isto a este ponto? Esta é a pergunta que ainda não ouvi ninguém fazer, mas gostava de ouvir a sua resposta. Sei, no entanto, que quem deixou chegar isto a esta situação de caos foi alguém que não cumpriu as obrigações e deveres que tinha perante a sociedade e a economia mundial e deixou, por isso mesmo, o mundo entrar numa espiral de loucura autêntica. Aqui, já deve ser mais fácil encontrar os responsáveis e, se necessário, puni-los.
Relativamente à constatação do Professor Cavaco Silva que “não é fácil encontrar respostas para a subida de preços”, creio que a resposta já foi dada no que escrevi, até aqui. Perguntarão os leitores, não há solução para isto? Sinceramente, não sei! Se na base de especulação estiverem interesses geopolíticos que tenham por objectivo asfixiar, senão mesmo derrubar as democracias ocidentais, o jogo que tem que ser feito ainda vai ser mais difícil e não vai ser um só país a fazê-lo. Tempo e paciência, coisas que praticamente já não existem, vão ser necessários. Como sempre, em Portugal tudo é “escasso”, desde a disciplina, à ética e ao dever de já terem feito de Portugal um país mais próspero e justo. Só não se é escasso em promessas eleitorais, assim como os portugueses são mais que generosos em acreditar nelas, sem procurarem ter uma intervenção mais activa e crítica, perante quem as tem feito, ao longo destes anos de democracia.

Vítor Amorim

terça-feira, 27 de maio de 2008

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Avenida José Estêvão

Searas de Portugal


Os nossos emigrantes fazem sucesso um pouco por todo o mundo. Desde sempre. Portugal foi desde as suas origens um país de emigrantes. Mas também de imigrantes. E disso nos tem dado nota a nossa história. Tão rica, mas nem sempre conhecida.
De vez em quando vamos sentindo essa realidade através dos meios de comunicação social, com reportagens saborosas, mostrando as marcas indeléveis dos portugueses através dos séculos.
Mas as actuais gerações também têm enriquecido o mundo com a exportação da nossa cultura para outros ambientes. E os nossos emigrantes, saudosistas como poucos, ou não fosse a palavra saudade uma das nossas criações mais sublimes, nunca esquecem as suas e nossas raízes.
Frequentemente, recebo reflexos de alguns que um dia partiram em busca de uma vida mais risonha. Como foi o caso de hoje. Outros terão ido pelo gosto da aventura, ou por um certo inconformismo com o que a terra-mãe lhes (não) dava.
O meu amigo e leitor José Ferreira remeteu-me um “site” que transportava uma entrevista com o Alberto Ramos, meu vizinho, que um dia emigrou para o Canadá, lá se radicando até hoje com a família. Não o vejo há muito, mas recorda o seu sorriso e a sua arte de executante musical.
Fiquei satisfeito de ver como ele nunca esqueceu a música e as canções, animando os portugueses, e não só, nas suas festas, que as pessoas não vivem nem podem viver só para o trabalho. O conjunto musical, Searas de Portugal, com Cantares do Nosso Povo, não se cansa de recordar as músicas de Portugal, do Minho ao Algarve, passando pela Madeira e pelos Açores.
Constituído por cinco homens e três senhoras, aqui ficam os nomes, com apelidos que estão na minha memória e nos meus ouvidos: Rosa Ramos (adufe e solista), Rosa Ribau (adufe e solista), Ilda Teixeira (acordeão), Alberto Ramos (solista, viola e cavaquinho), José Rebelo (acordeão e coro), João Ribau (viola baixo e coro), Paulo Lourenço (instrumentos tradicionais e coro) e João Cardoso (bombo e coro).
Sendo certo que o grupo musical tem actuado quase em todo o Ontário e Quebeque, alimenta, contudo, o sonho de cantar, um dia, nas festas e romarias do nosso País. E por que não nas festas das nossas Gafanhas? Quem o convida?

FM

Na Linha Da Utopia

A arte de (sobre)Viver
1. Não admira que comecem a crescer, mais ainda, mil e uma formas de pensar e de espiritualidade, porventura nem sempre tão saudáveis, que vêm propor soluções mágicas ilusórias que na prática não se conseguem atingir. Para quem está bem acima destes problemas da maioria da sociedade portuguesa até pode dizer, comodamente, como há dias referiu o Sr. Ministro da Economia: os portugueses que poupem mais! Bom, pode-se poupar quando há recursos para isso; que o digam a este respeito os que estão no topo da tabela salarial nacional ou que tiveram a lotaria de chorudas reformas auto-conquistadas e pagas, efectivamente, pelos contribuintes. Quando se dizem esses chavões para os portugueses pouparem mais, sente-se claramente a distância entre dois mundos: os regalados que podem dizê-lo abertamente e os que no silêncio contam os cêntimos em todas as coisas para ver se conseguem gerir a vida. Esta é a realidade, que assusta milhares de famílias a caminho da pobreza, numa grande parte de classe média em asfixia. Talvez o discurso devesse ser: que os portugueses inventem mais, estudem mais, cultivem mais! 2. Ainda há dias tivemos a confirmação de que os papéis das promessas mágicas do «professor» Baba, Bobo, Bubu… ganharam nestas semanas uma maior força nos automóveis das cidades. A todas estas magias a «crise» é o terreno favorável, em que diante da incultura espiritual, nas horas de aflição corre-se e recorre-se a tudo, mesmo gastando mundos e fundos. Talvez valha a pena dizer-se claramente que todas essas promessas não são verdadeiras e que todas as energias se devem, sim, concentrar, criativamente na procura de soluções dignificantes dentro de nós. No grito pela sobrevivência, a sedução do «mágico» promete ilusoriamente fora de nós. Não é fora da pessoa humana, mas dentro da profundidade do ser que a esperança nos pode despertar para novas formas de nos reinventarmos diante dos problemas da vida. Diante do panorama de crise e grave instabilidade, já não falamos só da loucura dos portugueses pelo mágico Euromilhões, mas da tentação das soluções fáceis e imediatas de todos esses professores que é pura falácia de ignorância sobre «si mesmo». 3. Conhecer-se e alimentar-se interiormente a si próprio, nas horas boas e nas horas difíceis, é tarefa cada vez mais importante. Mesmo para manter o equilíbrio emocional, intelectual, existencial. A espiritualidade, a filosofia, a religião, as igrejas, são esse «lugar», como que fora do tempo e do espaço, de reinvenção da própria vida e da arte de viver. Quem disse que as religiões tiverem a sua época estava e está enganado. A espiritualidade humana, como fenómeno de projecção de toda a esperança existencial, floresce por todo o lado, mas tantas vezes assente nos bens materiais ou prometendo mundos e fundos absolutamente irrealistas. E as pessoas acreditam! Especialmente em tempos de crise, esta desordenança do ser pode-se agravar. A espiritualidade verdadeira, o autêntico cultivo dos valores profundos, oferece outro caminho: a paz, a serenidade, a redescoberta da esperança, a consciência que o ser humano é (criado) à imagem de Deus-Amor. Aqui tudo estará reequilibrado, também na redescoberta comprometida de forças vencedoras! Alexandre Cruz

SINES: Encontro das Praias

Igreja de Nossa Senhora das Salas



Realizou-se, no domingo, em Sines, o Encontro das Praias, que contou com a participação de 750 pessoas, de Norte a Sul do País, ligadas directa ou indirectamente ao mar. De Aveiro, por iniciativa do clube Stella Maris, da Obra do Apostolado do Mar, esteve presente uma delegação, constituída por 33 representantes da Gafanha da Nazaré, Gafanha da Boa Hora, Torreira e Costa Nova, em autocarro cedido pela Câmara Municipal de Ílhavo.
As cerimónias tiveram como ponto alto a eucaristia, presidida por D. António Vitalino Dantas, Bispo de Beja e presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana. Participaram ainda o padre Carlos Noronha, pároco de Buarcos e director Nacional da Obra do Apostolado do Mar, o pároco de Sines e dois diáconos permanentes de Aveiro, Joaquim Simões, presidente do Stella Maris da nossa diocese, e António Delgado, colaborador da mesma instituição.
A Eucaristia foi celebrada num largo contínuo à igreja mandada construir pelo Navegador Vasco da Gama, em honra da Nossa Senhora das Salas, a qual está neste momento a funcionar como Museu. Depois do almoço, partilhado, não faltaram as conversas em ambiente de franco convívio, entre membros ou amigos dos diversos clubes e das praias que aderiram a esta iniciativa da Obra do Apostolado do Mar.
De seguida, foi a vez de todos se dirigirem ao Congresso das Artes, onde estava patente ao público uma exposição sobre o “Pescador”, aí pontificando os seus barcos em miniaturas, as suas redes e a explicação de toda a faina, com fotografias de mais de 150 pescadores, sobretudo de tempos já passados.
Sublinhe-se que, tanto na ida como no regresso, se criou um certo espírito de peregrinação, com a oração de Laudes e com a passagem por Fátima, para uma visita a Nossa Senhora, na capelinha das aparições, onde todos “conversaram” com Ela e d’Ela terão recebido alguns “segredos”.
No próximo ano, o Encontro das Praias terá lugar em Viana do Castelo, esperando-se que a representação de Aveiro seja mais numerosa.