sexta-feira, 13 de julho de 2007

Padeira de Aljubarrota



BRITES DE ALMEIDA,
ERA OSSUDA E MUITO FEIA


"Chamava-se Brites de Almeida. Era ossuda e muito feia e trazia seis dedos em cada mão.
Em Aljubarrota no dia 14 de Agosto de 1385 pegou na primeira arma que achou e juntou-se às destemidas hostes portuguesas. Entre outros, matou sete castelhanos com a pá do seu ofício, que no forno se haviam todos escondidos."

Assim se lê junto do monumento que lhe foi erguido em Aljubarrota.
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Nota: Por detrás do monumento, está o edifício, chamado Celeiro dos Frades, que ostenta alguns azulejos, alusivos à padeira, do século XIV, e a épocas posteriores.
Não é edifício de interesse histórico, tanto quanto averiguei no local.
A batalha de Aljubarrota, em que os portugueses defenderam a independência nacional, lutando contra o rei de Castela, casado com D. Beatriz, filha do nosso rei D. Fernando e pretendente ao trono de Portugal, travou-se em São Jorge, localidade perto de Aljubarrota e bem assinalada, com capela, museu e o espaço definido onde se travou luta sangrenta.

Estado laico tem de respeitar toda a gente

GOVERNO SÓ AGE
SOB AMEAÇA DE PROTESTOS A comunicação social informou há dias que o Conselho Permanente da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa) iria reunir-se em Fátima para elaborar críticas ao Governo, já que, tendo requerido um encontro com o primeiro-ministro, há bastante tempo, este nem sequer teria respondido à solicitação dos Bispos Portugueses. Claro que, perante esta ameaça legítima embora delicada, José Sócrates apressou-se a marcar a audiência, logo para o dia seguinte. A CEP, representada pelo seu presidente, D. Jorge Ortiga (Arcebispo de Braga), D. Carlos Azevedo, secretário (Bispo Auxiliar de Lisboa), e D. José Policarpo (Cardeal-Patriarca de Lisboa), reuniu-se ontem com o primeiro-ministro, tendo saído do encontro satisfeita. Afinal, José Sócrates, tido como pessoa que está por dentro de todos os assuntos da governação, desconhecia as razões de queixa da CEP. Os bispos portugueses queriam, tão-só, que fosse respeitada e implementada a Concordata, revista e aprovada em 2004 pela Santa Sé e pelo Governo Português. Queriam, também, que o Governo tivesse em conta as acções da Igreja e das comunidades religiosas, enquanto serviços à sociedade em geral, quer no domínio social (IPSS, Misericórdias, Centros Pastorais Paroquiais e outras instituições), quer cultural e educacional, quer patrimonial. Mais ainda: no âmbito da comunicação social, das capelanias hospitalares e prisionais, entre outras. José Sócrates ouviu as preocupações da CEP e garantiu que os diversos ministérios iriam acelerar os diálogos, com vista a ultrapassar as dificuldades existentes, o mais depressa possível. Qualquer pessoa, por mais cega que queira ser, percebe que tem havido um certo mal-estar entre Governo e Igreja, alegando os mais radicais que o Estado é laico e que nada tem a ver com as religiões, que devem, segundo eles, viver nas igrejas e, quando muito, nos adros. Estes radicais não fazem ideia nenhuma do que é uma democracia, que deve ter em conta as pessoas e os seus projectos de vida, alicerçados no respeito pelas ideias de cada um. A pluralidade, apanágio das democracias autênticas, é sempre enriquecedora e o Estado tem a obrigação de apoiar todas as organizações que brotem do povo e possam contribuir para a valorização da sociedade. Aí, até os aspectos espirituais e religiosos podem ser positivos, como expressão íntima de cada pessoa que crê no transcendente. Se os portugueses, na sua grande maioria, se afirmam cristãos, é absurdo aceitar-se que o Estado ignore essa realidade, sobretudo em áreas que nada têm a ver com o culto propriamente dito. Não apoia ele o desporto, o futebol profissional, o cinema, o teatro e tantas outras iniciativas, algumas das quais sem qualquer relevância na comunidade nacional? Então, por que razão não há-de apoiar as mais variadas actividades patrocinadas ou implementadas pelas Igrejas, se elas promoverem a pessoa em todas as suas vertentes?
Fernando Martins

Políticos mal habituados

GOVERNO SÓ AGE SOB PROTESTO
E NEM SEMPRE PROCURA O BOM SENSO É sabido que os políticos portugueses só agem sob pressão. Não vale a pena propor o diálogo, não vale a pena pedir o diálogo, não vale a pena requerer uma audiência, não vale a pena enviar requerimentos ou sugerir um comportamento político mais consentâneo com as realidades das pessoas e das instituições. Os políticos no poder não ouvem ninguém, não atendem ninguém. Fazem o que lhes dá na real gana, embora de acordo com os seus projectos governativos e propostas eleitorais, sem qualquer preocupação em analisar até que ponto estão a ferir os interesses concretos das pessoas. Isto obriga, naturalmente, a que as instituições, inclusive os sindicatos, e as pessoas se vejam compelidas a protestar muitas vezes na rua, com manifestações e mais manifestações, greves e mais greves, protestos e mais protestos. Só depois, se forem humildes e sensíveis à contestação, é que os políticos no poder prestam alguma atenção aos desesperos dos que estão na mó de baixo. Só agem, afinal, sob pressão e nem sempre procuram o bom senso. Vem isto a propósito das atitudes frias e desumanas de algumas Juntas Médicas, que obrigaram a voltar ao serviço profissionais em sofrimento. Depois do que se passou com a nossa conterrânea Manuela Estanqueiro, professora recentemente falecida com leucemia e que ficou sem poder gozar algum tempo de reforma, e de outros casos semelhantes, vindos a lume depois, é que o primeiro-ministro, José Sócrates, "chocado" com o que aconteceu, resolveu decretar, de imediato, a alteração à lei que permitia tal desumanidade. A morte de Manuela Estanqueiro e o tratamento indecoroso que sofreu por parte de uma Junta Médica, bem denunciadas pela família e pela comunicação social, estarão, decerto, na base desta decisão do Governo. Mas tudo isto poderia ter sido evitado se o Governo estivesse minimamente atento. Quantos não terão ou estarão ainda a sofrer por leis sem alma, tantas delas denunciadas todos os dias? Fernando Martins

Terra Nova celebra aniversário

MAIS DE DUAS DÉCADA
AO SERVIÇO DA COMUNIDADE


A Rádio Terra Nova, com sede na Gafanha da Nazaré, concelho de Ílhavo, celebrou ontem o seu 21º aniversário. Como desde a primeira hora, mantém-se ao serviço da comunidade, alargando a sua intervenção muito para além do concelho de Ílhavo, numa perspectiva de contribuir para uma sociedade mais justa e mais solidária. 
Acompanhei de perto a vida da Terra Nova, desde os primeiros momentos alicerçada nas “rádios piratas”, assim chamadas por estarem a infringir a lei, que só permitia as licenciadas, ao jeito de monopólios que existiam na comunicação social radiofónica. Nessa linha, somente os grandes centros poderiam acolher rádios ou suas delegações, o que fechava as portas à grande maioria dos concelhos e freguesias deste País, que ficavam isolados e sem voz, para reivindicarem os seus interesses e divulgarem as suas riquezas culturais e sociais. 
Com a teimosia e ousadia das “rádios piratas”, foi possível abrir as portas a rádios um pouco por todo o lado, obrigando o Estado a regulamentar a existência das que oferecessem capacidade técnica e garantias de subsistência. Assim nasceu a Rádio Terra Nova, no seio da Cooperativa Cultural da Gafanha da Nazaré, sucessora da Cooperativa Eléctrica, sendo hoje muito respeitada em toda a região, pela forma digna como se tem mantido, apesar das múltiplas dificuldades que tem de enfrentar, uma característica, afinal, de toda a comunicação social. 
Daqui, deste meu recanto e como colaborador eventual, quero deixar os meus parabéns a todos quantos a mantêm dinâmica no dia-a-dia, nomeadamente, dirigentes, jornalistas, colaboradores, técnicos, administrativos, publicitários, anunciantes e ouvintes, com votos de longa vida, para bem das comunidades onde a sua voz se faz ouvir. 

Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 32

A LENDA DOS CORVOS DE LEIRIA
Caríssima/o:
Ir a Fátima obrigava-nos a passar por Leiria; lá bem em cima, eis o castelo. E a imaginação depressa nos fazia percorrer corredores infindos que nos levavam a saraus da corte, onde a El-Rei prestávamos as nossas homenagens. E em tal dia como hoje em que escrevo, de sol quente e calmaria luminosa, as cantigas de amor e de amigo transportam-nos àquela Amizade que nos faz acreditar na Vida. De facto, Amigos houve que ocupam lugar especial guardado pelo selo da eternidade. Abraço o Fernando Cascais, ali do Bunheiro e que chegou a ser Presidente da Câmara da Murtosa. Quantos outros poderia alinhar... Porém, gostaria de deixar um aceno especial aos irmãos filhos da ti Madalena e do ti Manel Elviro: o Manuel, o Ângelo, o Plínio, o Diamantino e a Maria. Para além da mítica eira prolonga-se a sombra da meda ao luar, que a serenata nos levava para o país dos sonhos... Mas voltemos a Leiria que nos veria, mais tarde, tantas e tantas noites-madrugadas a caminho da tropa...
«Breve explicação das Armas do Município
Tal como aparecem na colecção da “Casa Real – CARTÓRIO DA NOBREZA”, datada de 1849, também Inácio Vilhena Barbosa, em “AS CIDADES E VILLAS DA MONARCHIA PORTUGUESA QUE TEEM BRASÃO D’ARMAS”, de 1865, nos mostra as armas de Leiria onde figura um castelo acompanhado de dois pinheiros, tudo sainte de um terrado. Sobre cada pinheiro um corvo e em chefe duas estrelas, dá-nos assim conta do significado destas armas:
“Refere a lenda, que achando-se campado o exercito christão sobre uma eminencia visinha, à qual hoje chamam o Cabeço d’el-rei, apparecera em cima de um grande pinheiro, que se erguia entre o arrayal e o castello, um corvo, que não cessava de bater as azas e grasnar. Ordenado o assalto, redobrou por tal modo o corvo os seus movimentos e gritos, que os portuguezes, tomando isto por um feliz agoiro, investiram a fortaleza com tão incrivel valor e confiança, que apezar de bem defendida, assenhorearam-se d’ella em breves momentos. E em memória d’este successo veiu a tomar Leiria por brasão d’armas em escudo de prata coroado um castello sobre campo verde, collocado entre dois pinheiros, cada um com o seu corvo em cima; e na parte superior do escudo duas estrellas de oiro. A descrição deste brasão é como se acha na Torre do Tombo; entretanto há outra versão que dá só um pinheiro com um corvo em cima”. (in “Heráldica Leiriense”, de Alda Sales Machado Gonçalves, edição da Câmara Municipal de Leiria, página 170) Em «O Mensageiro, de 28/9/89, Lendas de Leiria, Os Corvos», a lenda é ligeiramente diferente, mas para nós o encantamento fascina-nos e ... boas férias!
Manuel

Um artigo de D. António Marcelino

AGILIZAR O PROCESSO,
ROMPER O TECIDO, DESTRUIR OS NÓS Que desgraça nos havia de acontecer, esta de uma destruição da família, programada ou inconsciente e do casamento que lhe dá origem e a enraíza no coração das pessoas, bem como do divórcio com despacho imediato Coisa tão grande, a família, que ultrapassa uma dimensão puramente legal e não se pode entender ao sabor de gostos pessoais, passou a ser talhada à medida de gente que não a sabe nem estimar, nem respeitar. Quem no casamento é incapaz de ver um projecto de vida, sério e responsável, para ver apenas uma experiência pessoal, fugaz e anódina, não devia, por honestidade, entrar em decisões que desvirtuam e prejudicam socialmente esta instituição. Não faltam governantes, da primeira e da segunda fila, que vão no segundo e nem sei se alguns mesmo já no terceiro casamento ou união facto, por esta ser agora processo mais rápido, vantajoso e menos consequente. Como não faltam deputados em igual situação. São estes que fazem os decretos e aprovam as leis. Quem nestes ofícios parece andar, por força de cargos e encargos, a aproveitar-se para justificar a sua vida e agradar a grupos e opiniões de rua, faz-me lembrar uma onda de gente pouco consciente e responsável. Para ganharem alguma coisa, cedem a tudo. Está-se a deslizar aceleradamente. Dos tribunais passou-se às conservatórias, destas à loja do cidadão… Tudo aponta, dado que em cada dia se promete mais, a que o processo vá terminar em barraca de feira, uma vez que se anuncia e pretende que tudo seja rápido e mais barato. Uma vergonha! O que interessa é agilizar o processo e quanto mais depressa melhor, porque não se pode perder tempo a casar e a descasar, coisas que valem e significam cada vez menos. É lógico que quem não dispõe de tempo para estudar a história e ler a vida, para reflectir, dialogar, recordar momentos felizes, perdoar e aceitar o perdão, olhar com serenidade e amor os filhos gerados e criados e perceber neles o sentimento mais profundo que é de não quererem os pais divididos, não tem estofo humano e, também, não quer perder tempo em processos inúteis e morosos. De facto, se o casamento nada tem a ver com constituir uma família, nascida do amor, esse dom que nunca e por nenhuma razão se dispensa, se ele não passa de uma simples experiência, descartável e renovável, porque perder tempo a fazê-lo e a desfazê-lo? Se falarmos de dinheiro, prestígio, projectos a dar nas vistas, níveis da Europa avançada, a gente de cima isso entende-o bem. Mas se falarmos de dignidade das pessoas, respeito profundo por elas, condições indispensáveis a criar e a fomentar em ordem a um bem-estar justo e sólido, a conversa já interessa menos. Há que resistir, quanto antes, a este vendaval destruidor de pessoas concretas e dos laços mais profundos que as unem, das famílias que o querem ser de verdade e de uma sociedade humana, que vale para além dos números e das sondagens encomendadas. Em Portugal, há cada vez mais pessoas a valerem bem pouco. Está à vista. Às invasões dos bárbaros resistiram forças humanizantes, organizadas e motivadas, dispostas a ir até à morte para evitar a destruição total. A “terra queimada”, trinta anos depois da revolução, é agora o deserto dos valores éticos e o desprezo pelas pessoas e seus direitos mais legítimos e pelas instituições sociais básicas. Em democracia, diga-se. As forças morais, que não faltam em Portugal, são capazes de uma nova revolução que quebre grilhões que escravizam. Unidas num mesmo projecto, estas forças têm de vir para a rua e gritar, sem medo, e de modo a que o seu grito possa acordar e escandalizar, ao perto e ao longe, porque ao longe incomoda mais: Basta! Basta!
António Marcelino

quinta-feira, 12 de julho de 2007

As sete maravilhas de Portugal




MOSTEIRO DA BATALHA

A escolha das Sete Maravilhas de Portugal, que alertou os portugueses para o património histórico do nosso País, veio mostrar que entre nós há muito que ver, com olhos de ver. Foi e é também um desafio para cada um de nós, no sentido de visitarmos e apreciarmos o que Portugal tem de bom, quer quanto ao património histórico, quer natural, quer turístico. Oxalá saibamos todos corresponder a esse desafio, aproveitando as férias ou os tempos livres, que decerto acabaremos por ter neste Verão ou mesmo para além dele.
Eu já comecei. Por estes dias, saí de casa com o propósito de rever terras e monumentos que foram lembrados nessa escolha. Visitei os Mosteiros da Batalha e de Alcobaça, seguindo uma rota que passou por Leiria e Aljubarrota. Foi muito agradável.
Durante alguns dias, aqui recordarei os momentos do reencontro.
O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha, é, de facto, obra notável, levada a cabo pelo Mestre de Avis, aquele que viria a ser o nosso rei D. João I, no cumprimento de um voto à Virgem, caso vencesse os castelhanos na célebre batalha de 14 de Agosto de 1385, em Aljubarrota, o que veio a acontecer, como todos sabemos.
A construção deste Mosteiro, que se estendeu de 1386 a 1517, respeitando diversas fases do Estilo Gótico, simboliza, de alguma forma, o poder da nova dinastia, iniciada pelo Mestre de Avis. Mobilizou recursos materiais e humanos avultados e permitiu colocar Portugal na linha dos estilos artísticos já em curso na Europa, mas desconhecidos dos portugueses.
Todo o Monumento precisa de ser apreciado com calma, tal é a beleza de cada pedra, de cada recanto, de cada sala, de cada fachada, de cada torre, da igreja e das diversas capelas. Ler legendas, seguir o guia que tem de ser comprado, tanto o mais simples como o mais elaborado, saber que ali está sepultado, desde D. João I e sua esposa, a grande rainha D. Filipa de Lencastre, a tal que educou a “Ínclita Geração, Altos Infantes”, como ficaram conhecidos os seus filhos (D. Duarte, D. Pedro, D. Henrique, D. Fernando, D. João e Dona Isabel), até D. Duarte e sua esposa, a rainha D. Leonor, os primeiros na capela do Fundador, presentemente em obras, e os segundos, nas Capelas Imperfeitas, assim chamadas porque nunca foram concluídas.
Claustros, túmulos de gente que fez história, naves e portais sumptuosos, abóbadas, janelões, estátuas e estatuetas, colunas e pilares, jardins e vitrais que nos atraem e fixam os nossos olhares. 
O Túmulo do Soldado Desconhecido, lembrando a participação de Portugal na Guerra de 1914 – 1918, está na Sala do Capítulo. Tem junto o lampadário monumental, onde arde permanentemente a “Chama da Pátria”, sob a guarda de dois militares portugueses, na posição de sentido. O lampadário é alimentado com azeite virgem das oliveiras portuguesas. 
Estes símbolos da Pátria podem ser apreciados na referida Sala do Capítulo, em que se destaca a sua famosa abóbada, em estrela de oito pontas. Sob ela, segundo a lenda, dormiu a primeira noite, depois da conclusão, mestre Afonso Domingues, para provar que a abóbada, sem qualquer suporte, não cairia.
Não é por acaso que o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, o famoso Mosteiro da Batalha, passou a ser integrado, em 1983, na lista da UNESCO do Património Mundial.
Se puder, e pode certamente, se quiser, não deixe de visitar esta Maravilha de Portugal.

Fernando Martins



AS SETE MARAVILHAS DE PORTUGAL 







Palácio da Pena
Palácio do século XIX, atrai a Sintra muitos visitantes.

Torre de Belém
Construída no século XVI em homenagem a S. Vicente, padroeiro da Sé de Lisboa.

Castelo de Guimarães
Edificado no século X. No século seguinte foi residência da corte. Presume-se que D. Afonso Henriques nasceu lá e que lá viveu.

Castelo de Óbidos
Mostra a importância da povoação na Baixa Idade Média, mantendo intacto o Castelo agora distinguido, ruas e ruelas, casas antigas e outros motivos de interesse histórico.

Mosteiro de Alcobaça
Um dos mais significativos mosteiros cistercenses medievais, doado aos monges de Cister por D. Afonso Henrfiques.
Ali repousam os restos mortais de D. Pedro I e D. Inês, como símbolo de um amor "até ao fim do mundo", como se pode ler num monumento. Dele falarei aqui um dia destes.

Mosteiro da Batalha
Também conhecido por Mosteiro de Santa Maria da Vitória, é o mais importante símbolo da dinastia de Avis. Voltarei ao assunto, nem que seja, apenas, para publicar mais algumas fotos.

Mosteiro dos Jerónimos
Também conhecido por Mosteiro de Santa Maria de Belém, é representativo do Estilo Manuelino, construído para comemorar os feitos dos nossos navegadores.

Ares do Verão


VERÃO MAIS ALEGRE
:
Penso e sinto que o Verão é, de facto, uma estação de alegria. A natureza está com toda a sua pujança, iniciada na Primavera, e as pessoas, com sol e calor, até se sentem outras. Mais abertas, mais livres, mais simples, mais comunicativas. Há autarquias que têm o bom gosto de enfeitar as ruas. Acho bem, pois as decorações, quando bem feitas, estimulam a alegria e a boa disposição. Sei, como todos sabemos, que a crise nos obriga a apertos e que há outras prioridades. Mas se for possível enfeitar uma ou outra rua, mesmo com simplicidade, isso será muito bom.
Boas férias, com muita alegria, para todos.

Um poema de Manuela Azevedo

Serra da Boa Viagem - Figueira da Foz

SUBINDO A SERRA

Subir a serra
é sentir lá no cimo
a presença divina,
ter asas e ser pequenino.
Ver as minúsculas casas
ponteadas na paisagem,
sentir o vento a fustigar o corpo
e só querer chegar sempre mais alto,
o coração a soltar-se na aragem,
qual papagaio a que se solta o fio.

Manuela Azevedo
.

In O Canto das Fragas,
a ser lançado no dia 13 de Julho,
pelas 21.30 horas,
no Auditório Municipal
da Figueira da Foz.

Um artigo de Alexandre Cruz

EUropa?
1. Cabe-nos este semestre a presidência da União Europeia. Não só a Europa no seu processo de consolidação institucional de um Tratado (com este ou outro nome), mas uma visão de Europa de Nações que não se anulam mas que saibam acolher, em pluralismo, a riqueza da diversidade cultural. Este processo europeu, algo de único na história, apresenta-se como uma dinâmica de aprendizagem contínua, lendo-se nas entrelinhas dos seus solavancos (de avanços e recuos) uma “ideia” de comum-unidade que, todavia, nunca se poderá render ao pragmatismo das coisas diárias. Talvez a maior crise de todas seja mesmo essa, a de a generalidade dos cidadãos estarem ainda longe da “ideia” de Europa que lhes preside (e quando dela falam é para queixar dos bens perdidos em vez se apreciarem os bens de estabilidade e paz ganhos); ou talvez também a própria configuração institucional necessite de uma reforma situada, pois não se poderá governar eficientemente uma comunidade de 27 países com o modelo de 12. No fundo, o implacável mundo global (o qual a Europa antecipou), propõe a interrogação hoje decisiva sobre “o que os cidadãos querem da Europa?” Se, pela generalizada e cómoda indiferença europeia (temos pão e água garantidos, todos os dias), existirem dificuldades em responder a esta pergunta sobre o que se quer da Europa, então voltemo-nos para as próprias nações que a constituem e perguntemos “o que querem os cidadãos do seu país?” Nesse momento apercebemo-nos de que a mesma dificuldade em responder é sintoma generalizado de uma certa passividade indiferente, em que as perguntas sobre o colectivo bem comum vão-se esbatendo, generalizando-se mais a preocupação do EU individual que do NÓS comunidade. Sem nações abertas e participativas a Europa só pode ser fechada… 2. A Europa, apesar de toda a sua complexidade sempre em construção, precisará de se abrir mais ao mundo, se sair de si. Refere, em recente entrevista (Público, 9 Julho) o Alto-Comissário nas Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, que “há uma enorme falta de Europa no mundo”. Diríamos que nas questões decisivas da humanidade a Europa tem-se alheado, desconsensualizando-se no essencial, perdendo a sua própria ideia / afirmação estimulante e negando as suas rasgadas raízes de identidade plural (onde estão Atenas e Roma?); talvez, na Europa vinda da Razão (da científica à de estado) tenhamos amado irracionalmente a própria liberdade esquecendo-nos de colocar nela as fronteiras do razoável e da inalienável dignidade humana; talvez, ainda, tenhamos desapreciado progressivamente os benefícios de paz e desenvolvimento que a União Europeia neste 50 anos tem concedido ao próprio continente. Todos somos beneficiários, e todos apreciam? Teremos, mais, de desenvolver a cultura do apreciar a história construída. Não para ficar nela, mas para, apreciando o caminho apostado, não deitemos a perder todo o esforço de gerações que nos precederem; nesta tarefa, uma nova opinião pública europeia esperançosa torna-se um imperativo. Mas onde vamos buscar a esperança, o ânimo? Que temos e promovemos na Europa além de tecnologias? Quais os lugares do “ser” e da cultura? Talvez tenhamos de nos conhecermos mais, no nosso património, dos monumentos às ideias que nos conduziram, sendo certo que sabendo donde vimos melhor saberemos para onde queremos ir. 3. Neste ideário que terá Portugal a dizer? Primeiro de tudo, faz-nos bem sairmos das nossas portas para ser possível entrar o ar fresco do pluralismo em liberdade, de expressão e de vivência, e não nos fecharmos num unanimismo fictício ou à força; todos somos filhos da diversidade. Se a Europa precisa de sair do seu EU talvez seja a “hora”, apesar de termos vivido (como fuga, como estratégia?) de costas voltas para a Europa, de Portugal dar o seu contributo universalista para uma Europa que se abra mais ao mundo. Um dos factos neste contexto é precisamente a realização da segunda Cimeira Europa - África (sublinhe-se que a primeira foi também com a presidência portuguesa, tendo a Europa, entretanto, esquecido o continente do sul…). Como refere Manuel Antunes (Repensar Portugal, Multinova 2006: 61-62), neste contexto mundial os povos mediadores – de preferência mais os pequenos que os grandes – serão decisivos para o crescimento harmónico da Humanidade. Assim este entendimento plural (multiétnico, intercultural e inter-religioso) seja assumido, pois tanto lá fora como cá dentro, esse diálogo edificante anda pelas ruas da... Precisamos, só nele haverá futuro com futuro!...