quarta-feira, 13 de junho de 2007

Recordando


ALEXANDRE, O GRANDE
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Todos os dias, no segundo caderno, P2, na segunda página, o PÚBLICO recorda um facto histórico, um acontecimento relevante, uma pessoa, uma data célebre. Hoje, trouxe à memória de quem gosta de História Universal Alexandre, o Grande, falecido, segundo rezam as crónicas, em Junho de 323 a.C. Uns dizem que em 10 de Junho, outro em 11 e alguns em 13 do mesmo mês.
Seja como for, o que importa é lembrar esta personagem histórica, com tanto de mitológica, que criou um dos maiores impérios da antiguidade - do Mediterrâneo Oriental à Índia. Os historiadores, não sabendo bem ao certo o dia exacto da sua morte, sabem, contudo, que morreu em Babilónia. Causas da morte, aos 33 anos, depois de guerras em que o seu génio tanto se distinguiu, também não são garantidamente conhecidas. Depois de o seu exército se ter recusado a avançar para Oriente e de ele próprio ter enfrentado e sentido a contestação, faleceu, ao que se supõe, de malária. Aquele que se considerava eterno, qual deus imortal, faleceu com a idade de Cristo, 323 anos antes de Jesus ter vindo para o meio dos homens e mulheres de todos os tempos.

Ares da Primavera

Ponte da Barra, com pôr do sol.
Foto de Ângelo Ribau



PREPARE-SE PARA OS DIAS
MAIS LONGOS DO ANO




Prepare-se para os dias mais longos do ano e para a sua incom-parável claridade. Preste atenção a tudo isso. Mais: Preste atenção aos outros, ao que lhe dizem, ao que vê, ao mundo, às casas, às cores, aos nomes das pessoas; nunca mais se esqueça de um aniversário; nunca mais tenha medo de olhar os outros de frente.
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Fonte: Agenda EXPRESSO

Um Santo Popular


SANTO ANTÓNIO DE LISBOA



Santo António nasceu em Lisboa, provavelmente a 15 de Agosto de 1195, numa casa junto das portas da antiga cidade (Porta do Mar), que se pensa ter sido o local onde, mais tarde, se ergueu a Igreja em sua honra.
Tendo então o nome de Fernando, fez na vizinha Sé os seus primeiros estudos, tomando mais tarde, em 1210 ou 1211, o hábito de Cónego Regrante de Santo Agostinho, em São Vicente de Fora, pela mão do Prior D. Estêvão.
Ali permaneceu até 1213 ou 1214, data em que se deslocou para o austero Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde realizou os seus estudos superiores em Direito Canónico, Ciências, Filosofia e Teologia.
Segundo a tradição, talvez um pouco lendária, o Santo tinha uma memória fora do comum, sabendo de cor não só as Escrituras Sagradas, como também a vida dos Santos Padres.
As relíquias dos Santos Mártires de Marrocos que chegaram a Coimbra em 1220, fizeram-no trocar de Ordem Religiosa, envergando o burel de Frade Franciscano e recolher-se como Eremita nos Olivais. Foi nessa altura que mudou o seu nome para António e decidiu deslocar-se a Marrocos, onde uma grave doença o reteve todo o inverno na cama. Decidiram os superiores repatriá-lo como medida de convalescença.
Quando de barco regressava a Portugal, desencadeou-se uma enorme tempestade que o arrastou para as costas da Sicília, sendo precisamente na Itália que iria revelar-se como teólogo e grande pregador.
Em 19 de Março de 1222 em Forli, falou, perante religiosos Franciscanos e Dominicanos recém ordenados sacerdotes e, tão fluentemente o fez que o Provincial pensou dedicá-lo imediatamente ao apostolado.
Fixou-se em Bolonha onde se dedicou ao ensino de Teologia, bem como à sua leitura. Exercendo as funções de pregador, mostra-se contra as heresias dos Cátaros, Patarinos e Valdenses. Seguiu depois para França com o objectivo de lutar contra os Albijenses e em 1225 prega em Toloso. Na mesma época foi-lhe confiada a guarda do Convento de Puy-en-Velay e seria custódio da Província de Limoges, um cargo eleito pelos Frades da região. Dois anos mais tarde instalou-se em Marselha, mas brevemente seria escolhido para Provincial da Romanha.
Assistiu à canonização de São Francisco em 1228 e deslocou-se a Ferrara, Bolonha e Florença. Durante 1229 as suas pregações dividiram-se entre Vareza, Bréscia, Milão, Verona e Mântua. Esta actividade absorvia-o de tal maneira que a ela passou a dedicar-se exclusivamente. Em 1231, e após contactos com Gregório IX, regressou a Pádua, sendo a Quaresma do ano seguinte marcada por uma série de sermões da sua autoria.
Instalou-se depois em casa do Conde de Tiso, seu amigo pessoal, onde morreu em 1231 no Oratório de Arcela.
O facto de ter sido canonizado um ano após a sua morte, mostra-nos bem qual a importância que teve como Homem, para lhe ter sido atribuída tal honra. Este acto foi realizado pelo Papa Gregório IX, que lhe chamou "Arca do Testamento".
Considerado Doutor da Igreja e alvo de algumas biografias, todos os autores destas obras são unânimes em considerá-lo como um homem superior. Daí os diversos atributos que lhe foram conferidos: "Martelo dos hereges, defensor da fé, arca dos dois Testamentos, oficina de milagres, maravilha da Itália, honra das Espanhas, glória de Portugal, querubim eminentíssimo da religião seráfica, etc.".
Com a sua vida, quase mítica, quase lendária, mas que foi passando de geração em geração, e com os milagres que lhe foram atribuídos em bom número, transformou-se num taumaturgo de importância especial.
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Fonte: Transcrição da FAMÍLIA CRISTÃ,
feita pela Ecclesia, onde pode ler mais...

A nossa gente


MANUEL TELES



Nascido (1935), criado e vivido nesta Terra Maruja, no seio de uma conhecida família onde muitos artistas se revelaram, Manuel Teles bem cedo começaria a dar mostras de algum jeito para as artes de Palco.
Estreou-se assim nas célebres Récitas da velhinha Sede dos Escuteiros recitando e cantando monólogos, por mão do Reverendo Padre Miguel da Cruz.
Estudante do Secundário no saudoso Colégio João de Barros (Ílhavo), tornou-se conhecido pelo seu sentido de humor (e brincadeira), o que em nada ajudou a conclusão do Curso…
Com a aparição do “Girassol das Surpresas”, que era um espectáculo musical de Variedades, levado à cena em 1954 em benefício da aquisição da primeira ambulância dos nossos Bombeiros, Manuel Teles dá largas à sua queda para apresentador e imitador. Passou então a ser solicitado para as mais diversas actividades que tivessem a ver com o seu jeito (diziam!) para estar e falar em público. Colaborou em inúmeras iniciativas de cariz beneficente em favor das mais diversas instituições da nossa Terra (e não só).
Também no serviço militar viria a granjear grandes amizades, que perduram, graças ao seu sentido de humor e camaradagem, por vezes em situações menos alegres…
Feita a “tropa” ingressa na Fábrica da Vista Alegre (1958), primeiro como controlador/cronometrador, depois como adjunto do Serviço de Racionalização, responsável pelo Centro Gráfico, acabando como Chefe dos Serviços Sociais da Empresa. Ali teve a oportunidade de integrar o Grupo Cénico, colaborar com o Orfeão e Banda de Música, Corpo de Bombeiros Privativo e em múltiplas iniciativas que levaram bem alto o lema “Labor e Cultura”.
A par destas actividades manteve-se ligado à Rádio Faneca desde 1954, animando as tardes e noites de “picadeiro” em Ílhavo e na Costa Nova, ate 1979 e 1998 respectivamente. Ainda agora é responsável pela “reposição” das Tardes da Rádio Faneca levadas a efeito periodicamente pela Associação Chio-pó-pó.
Manuel Teles está ligado às Marchas Populares desde o seu aparecimento, sempre como apresentador/animador, mostrando com a sua graça e à-vontade, que “quem sabe não esquece”, colaborando graciosamente com a CMI na gestão desta iniciativa.
Por tudo isto, e pelo muito que Manuel Teles ainda tem para partilhar connosco, a agenda Viver Em dedica, neste mês de S. João, a rubrica A Nossa Gente ao Senhor Manuel Teles.
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Fonte: VIVER EM... da CMI

terça-feira, 12 de junho de 2007

Dia de Portugal

Presidência da República
protesta junto da RTP
A Presidência da República dirigiu uma carta ao Conselho de Administração da RTP a propósito da transmissão das Cerimónias Comemorativas do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas : Em carta dirigida ao Conselho de Administração da Rádio e Televisão de Portugal, a Presidência da República questionou o modo como foram transmitidas, no canal 1 da RTP, as Cerimónias Comemorativas do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Atendendo às especiais responsabilidades inerentes à prestação do serviço público de televisão, afigura-se incompreensível que a transmissão daquelas cerimónias haja sido interrompida, contrariando uma prática há muito estabelecida e sem que quaisquer razões de programação o justificassem. Ao proceder deste modo, e ao invés do que tem acontecido em anos anteriores, o canal público de televisão privou os Portugueses e as Comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo de acompanharem na íntegra as cerimónias comemorativas do dia 10 de Junho, facto que a Presidência da República considera inaceitável.
Fonte: Site da Presidência da Répública
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NOTA: Há critérios jornalísticos que tenho dificuldade em compreender. Por esta e por outras, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas está a ser cada vez mais desvalorizado, levando o povo a ficar indiferente à efeméride. Pergunto: a RTP seria capaz de suspender a transmissão de um jogo de futebol, em especial da nossa selecção? Seria capaz de interromper a transmissão, em directo, da chegada de um qualquer craque de futebol ao aeroporto? Penso que não. Então...há que ter a coragem de levar os responsáveis a explicarem os seus critérios de trabalho.
F.M.

Ancoradoiro à antiga


ASSIM É QUE ESTÁ BEM...



Há dias, quando critiquei, para um amigo, o aspecto desta marina improvisada pelos pescadores, no local onde terminava a antiga ponte de madeira que ligava o Forte à Barra, logo ele adiantou, com alguma razão, por entre as minhas gargalhadas, mais palavra, menos palavra: Assim é que está bem; no dia em que fizerem uma moderna, eles terão de pagar o sítio da amarração das bateiras; como está, é de graça.
Tem razão o meu amigo. O povo, com os seus improvisos, lá se vai desenrascando sem mais gastos… A não ser que melhorassem os ancoradoiros, sem mais despesas para os pescadores.

Um livro de Gonçalo Cadilhe

Uma viagem épica
por um continente impressionante





ÁFRICA ACIMA


Acabei de ler, há dias, África Acima, um livro que recolhe crónicas semanais que Gonçalo Cadilhe publicou no EXPRESSO durante vários meses. É, no fundo, um relato de uma viagem de oito meses em que o jornalista percorreu 27 mil quilómetros através de África, viajando desde o Cabo da Boa Esperança, no Sul, até ao Estreito de Gibraltar, no Norte.
Confirmo o que reforça o título na capa. Trata-se, de facto, de “uma viagem épica por um continente impressionante”, com o viajante e aventureiro, o figueirense Gonçalo Cadilhe, a descobrir, com outros olhares, África do Sul e Namíbia, Botsuana e Zimbabué, Zâmbia e Angola, República do Congo e Gabão, Camarões e Nigéria, Níger e Mali, Mauritânia e Marrocos.
Acompanhei, com muito gosto, o autor, que antes havia escrito Planisfério Pessoal e A Lua Pode Esperar, na descoberta de paisagens únicas, no contacto com outros povos e outras civilizações, no encontro com amigos e desconhecidos, na contemplação dos mistérios africanos, nos diálogos com gente prestável e com gente corrupta, nas deslocações por estradas desfeitas e por caminhos de terra batida. Sempre por terra, com os pés bem assentes no chão. Nunca de avião, que “voar sobre África não é viajar por África”, realça o meu cicerone, nesta viagem em que nos convida a imitá-lo, um dia… se pudermos criar em nós este prazer de conhecer outras terra e outras gentes, ao vivo.
A pé ou de moto, de táxi ou autocarro, de camião, de barco e de comboio, Gonçalo Cadilhe ensinou-me a conversar com pessoas estranhas e hostis, cordatas e disponíveis, colaborantes e amigas, honestas ou desonestas, abertas ou fechadas. Recordou-me que há sempre um português em qualquer esquina, um amigo em cada canto, um gesto de simpatia onde menos se espera. Mostrou-me muita riqueza natural e pobreza extrema por todos os lados, com atrasos ancestrais e desafiarem-nos à cooperação com os africanos.
A natureza que o apaixonou também me apaixonou. E a sua visão do mundo leva-me a pensar sobre quanto e como eu poderia ser diferente, no modo de contemplar e ajudar, mesmo de longe, a humanidade sofredora daquele recanto imenso ainda à nossa espera.
Diz o autor: “Cada vez me revolta mais a existência de um jardim zoológico. São várias as violações cometidas sobre os animais, não percebo com que justificação. Para as crianças poderem passar um domingo diferente? Para poderem ver ao vivo os bichos selvagens? Não justifica a existência dessa cruel instituição que é o equivalente na natureza à prisão perpétua nas sociedades humanas, com a diferença de que os animais do zoológico não cometeram qualquer crime.”
E acrescenta: “Não falemos então dos circos de animais. Se o zoo é a prisão perpétua, o circo é o desterro com trabalhos forçados.”
Se puderem, ou quando puderem, leiam África Acima de Gonçalo Cadilhe. Será, sem dúvida, como foi para mim, uma viagem fascinante.

Fernando Martins