sábado, 7 de outubro de 2006

PROJECTOS PARA TODOS

HERA ABERTA A TODA A GENTE
A HERA - Associação para a Valorização e Promoção do Património continua aberta a toda a gente, dinamizando projectos de largo interesse cultural, mas também educativo. Numa época em que tanta gente fica indiferente perante as ofensas à natureza e ao património ambiental e cultural é bom saber que há associações como esta, que nos vai brindando com iniciativas fundamentais para a sociedade, no sentido de a tornar mais consciente e comprometida com o interesse comunitário. Aqui fica uma foto de uma visita às Dunas de São Jacinto.
Para ver mais, visite a Hera

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Revista da Diocese de Aveiro

“IGREJA AVEIRENSE” Está já em distribuição o nº 1 do II ano, Janeiro/Junho de 2006, da revista “IGREJA AVEIRENSE”. Trata-se de uma revista documental, organizada e editada pela Comissão Diocesana da Cultura, que pretende preservar alguns textos que reflectem o labor da comunidade eclesial com sede em Aveiro. O Índice mostra o que de essencial pode ser consultado, quer por estudiosos quer por pessoas interessadas em recordar e aprofundar o que ouviram em diferentes contextos, tanto em cerimónias como em encontros de estudo e de reflexão.
Neste volume, para além das mensagens, homilias, catequeses e textos diversos de D. António Marcelino, há referências mais ou menos alargadas a acções desenvolvidas por vários serviços diocesanos, notas sobre publicações saídas neste período, homenagens prestadas a pessoas que fizeram história, efemérides importantes e notícias breves. O último capítulo, dedicado a Pessoas Notáveis, torna mais amplo o testemunho de vida cristã de Maria Madalena da Fonseca Magalhães (a Leninha de Sever), falecida em 18 de Abril de 1997, com fama, entre os que a conheceram, de santidade, pela sua entrega a Deus e às pessoas, sobretudo às mais carenciadas de pão ou de afecto. Na Apresentação da revista, sublinha-se que a “IGREJA AVEIRENSE” faz-se arquivo documental dos esforços passados a escrito, das narrativas elaboradas, dos ‘sonhos’ inacabados e das expectativas mantidas, das novidades surgidas a abrir horizontes de esperança e dos estilos adoptados a dar ‘cor e vida’ a rotinas envelhecidas e a experiências novas, cheias de vigor e promessa. A parte documental – a única acessível – constitui apenas a face visível de uma outra realidade que nos escapa: o que esta acção e a graça de Deus fazem germinar no coração de cada pessoa, no seio de cada comunidade, na consciência do mundo, sempre necessitada de progressiva humanização.”
F.M.

CORRUPÇÃO

É URGENTE EDUCAR
PARA A INTEGRIDADE
Ontem, nas comemorações da implantação da República, o Presidente Cavaco Silva alertou para a urgência da luta sem tréguas contra a corrupção, mal que grassa um pouco por toda a parte. Diz que a corrupção "tem um potencial corrosivo para a qualidade da democracia, que não pode ser menosprezado", e sublinha que "no combate por uma democracia de melhor qualidade devem ser convocados todos os portugueses”. Refere, ainda, que esta “é uma tarefa que compete, em primeira linha, aos titulares de cargos públicos". Ao contrário do que muitos dizem, não foi esta a primeira vez que um Presidente da República apelou ao combate contra a corrupção. Outros Presidentes, antes dele, já o fizeram. Mas a verdade é que este cancro da nossa sociedade, como de outras, é de cura difícil. Apesar de ser uma doença gravíssima, isso não justifica que fiquemos indiferentes ou alheios a quaisquer estratégias que levem a erradicação dos corruptos, de que muitos de nós certamente já fomos vítimas. No sector público e no sector privado. Claro que o nosso empenhamento não pode passar só pela denúncia de situações de corrupção ou de compadrio, até porque tais atitudes são, quase sempre, de comprovação difícil. Onde estão os corruptos que passam recibo dos dinheiros que recebem, ou que exijam, por escrito, verbas para avançarem com processos ou para resolver problemas que fazem parte das suas funções profissionais? Não conheço. Penso, contudo, que as soluções não passam só pela denúncia e castigo dos corruptos, que pululam um pouco por toda a parte. As soluções, a meu ver, têm de se apoiar em critérios que apostem na educação e na formação de novas mentalidades. Precisamos de homens e de mulheres que saibam educar as crianças e jovens para a cultura da verdade, da justiça, da honestidade e da cidadania. Enquanto as crianças e jovens não forem industriados, nas famílias, nas escolas, nas mais diversas instituições e nas Igrejas, para a exigência e vivência da integridade, em todas as circunstâncias, jamais teremos cidadãos imunes à corrupção, quer como corruptores quer como corruptos. Fernando Martins

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Um artigo de D. António Marcelino

QUE É FEITO DO
OBSERVATÓRIO
DA PUBLICIDADE?
Mão amiga deu-me conta de dois anúncios que lhe mere-ceram atenção. Ambos foram há pouco publicados em jor-nais diários bem conhecidos. Os de maior audiência. Por isso, certamente, são procurados para anunciar. Dizem assim: - “Procuram-se mendigos para diversos pontos de Lisboa. Trata Liga dos Indigentes”. - “Procuro mulher para ter um filho”. Há semanas fiz eco, mais uma vez, da publicidade descarada referente à prostituição. Um jornal diário publica, em cada número, mais de mil pequenos anúncios, fazendo a cobertura de todo o país, onde o produto se pode encontrar com um simples golpe de telefone. Cinco páginas, completas ou quase. É o único com este exagero, mas não o único a fazê-lo diariamente. A linguagem cresce cada dia em ousadia e despudor. Assim vende mais. Impunemente. A uma jornalista que me pediu informação sobre assunto bem diferente, falei no fim do que venho referindo, em relação ao seu jornal diário. Logo me respondeu: “Isso é com a administração”. Eu sabia, mas pedi-lhe que fizesse eco, junto de quem manda, da opinião dos leitores. “Não pode ser”, disse. Também o sabia. Quem manda é o dinheiro. Um jornalista, por mais sério que seja, tem de agradar a quem manda e paga, porque o poder está sempre aí. Os empregos são cada dia mais raros e mais precários. É tudo. Este é um verdadeiro deficit nacional. A pouca vergonha que enriquece, a falta de ética dos meios para conseguir os fins. Parece que ninguém do governo está empenhado em diminuir este deficit, a ponto de o ver saldado, quanto antes, porque assim o exige a purificação do ambiente. Não sei o que pensa Bruxelas, como orientação aos países membros, sempre tão zelosos em cumprir o que lhes interessa e em calar o que não vem ao seu jeito. Com a miséria moral que vai por essa Europa, é fácil de ver que “lá como cá, más fadas há”. Um Observatório da Publicidade para que serve? Só para detectar publicidade escondida e aplicar coimas? Se é assim, é bem pouco, embora mais rentável para o senhor Ministro das Finanças. O que se publicita, o modo como se faz e como se envenena o ambiente social, também tem a ver com este órgão, ou ele é apenas mais uma mão estendida do fisco? Diz-se que não se pode haver censura, que estamos num regime livre. Livre? Não é isso que se vê sempre. Há opiniões logo castigadas pelo poder político, e sanções inevitáveis para quem critica ou pensa de modo diverso. Está à vista de quem está atento. Igualmente preocupante é ver autarquias a lutar pela abertura de casinos no seu território e a publicitar espectáculos para toda a gente, próprios (ou impróprios?) de casas que não podem admitir menores. Assim vai a sociedade. E o Observatório da Publicidade que diz a tudo isto?

ACÇÕES PARA O DESARMAMENTO

Assinado protocolo de cooperação com o MAI
Comissão Nacional Justiça e Paz
promove acções de desarmamento
A presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Manuela Silva, disse que a nova Lei das Armas “é muito importante, porque encoraja a legalização das armas ilegais ou a sua entrega” ao Estado, através das forças de segurança. “O nosso compromisso é pugnar para que a sociedade portuguesa seja segura e livre de armas”, declarou Manuela Silva, citada pela agência Lusa, para justificar a assinatura do protocolo com o Ministério da Administração Interna, visando “a difusão da lei”, nomeadamente junto de crianças e jovens, como meio de chegar aos adultos. A presidente da CNJP falava à margem do acto de assinatura de um “protocolo de cooperação” entre o Ministério da Administração Interna (MAI) e o Observatório sobre Produção, Comércio e Proliferação de Armas, da CNJP, para o desenvolvimento de acções de informação e sensibilização com vista à legalização ou entrega voluntária de armas. A CNJP vai organizar, já no próximo dia 28 de Outubro, uma festa para crianças e jovens, com o tema: “Por uma Sociedade sem armas: Desarmar os corações”. Numa carta explicativa enviada a todos os parceiros, a presidente da CNPJ, Manuela Silva, afirma que “esta iniciativa vem na sequência de diversos trabalhos para sensibilizar a opinião pública sobre a problemática da proliferação das armas no nosso País e, por outro lado, integra-se na campanha de entrega voluntária de armas que o Governo está a promover, após regulamentação da recente Lei sobre o uso e porte de armas”. “Com esta festa queremos mostrar que é possível vivermos numa sociedade segura porque é livre de armas. Para isso, vamos começar por mostrar a nossa vontade de desarmar os corações, dar o primeiro sinal de que é possível construir uma sociedade mais livre, justa e segura”, prossegue. O espectáculo tem lugar no Fórum Lisboa (Avenida de Roma) das 15 às 17h, no dia 28 de Outubro.
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Gala no Aveirense

SONHO
DE UMA NOITE
DE OUTONO
NA RIA
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“Sonho de uma noite de Outono na Ria” é o título da gala de encerramento do programa SorRia – Iªs Jornadas da Ria de Aveiro. O espectáculo realiza-se no sábado, 7 de Outubro, pelas 21.30 horas, no Teatro Aveirense.
Os bilhetes oscilam entre três e dez euros e estão à venda no Teatro Aveirense, entre 13 e as 20 horas.
Na gala estreiam-se três obras de três expressões artísticas: bailado, música e teatro. As interpretações são feitas por entidades, grupos e artistas aveirenses, em exclusivo.
Um espectáculo pensado para agradar aos amantes das artes. A não perder.

Um artigo de Alexandre Cruz

Vida de Estudante, há tempo e lugar?
1. A vida actual está transformada numa corrida, mesmo para quem tem mais oportunidade para a gestão do seu tempo. De hábito em hábito, de novidade em novidade, com novas e novíssimas formas de comunicar mais e mais… corremos para acompanhar os “acontecimentos” do mundo; e a vida vai-se transformando numa roda-viva sem que, porventura, essa viagem apressada seja acompanhada da devida pausa e reflexão. Não será por acaso que muita da análise da vida da sociedade nos nossos dias vai demonstrando e fundamentando uma menor qualidade de pensamento, ausência de “filosofias” / ideais de vida, e por isso de acção em qualidade. E decisão e acção que não é bem pensada, reflectida, ponderada, pode acabar por se traduzir no popular “quanto mais depressa, mais devagar!” Também não é alternativa, diante da realidade nova, viver saudosista do passado, mantendo as âncoras agarradas às seguranças de outrora; não, de modo nenhum! O mundo presente, com os seus valores e também contravalores, como afinal em todas as épocas de civilização humana, desafia-nos a reinterpretar os sinais e a “acender” no tempo presente as luzes da esperança para sabermos onde queremos chegar. Isso mesmo, no meio de tudo o essencial será mesmo saber o que se quer e que passos dar para a realização desse caminho! 2. Algo que nos preocupa, diariamente, são precisamente as noções de “tempo” e “lugar” para as “coisas” mais importantes da vida. Todos o sabemos e as instâncias associativas e culturais ligadas à vida colectiva sentem-no na “pele”, é preocupante a indiferença, a passividade intermitente e incolor, a “ausência”; hoje, mais que nunca, investe-se imenso em comunicar, publicitar, convidar, no passar da mensagem que convença à participação, mas sabe-se à partida, que o terreno é complexo e não há receita que funcione automaticamente. As coisas são como são! As noções de “pertença à comunidade” vão-se esbatendo. Por um lado será bom que o cidadão e Portugal não fique “fechado” neste “canto à beira-mar” mas seja cidadão da Europa e do Mundo… Mas não nos iludamos, pois não é disso de que se trata. O cidadão está a esquecer a “cidade” e, no meio de toda a mega-informação e comunicação, não estamos a conseguir passar a mensagem que o ligue mais à realidade; o cidadão “navegando” pelo mundo inteiro na Net acaba, depois, por ficar fechado no seu mundo e esquecendo que a “cidade” precisa do contributo positivo de todos. 3. Há “tempo” e “lugar” para a cultura, para ir crescendo por dentro um pouco todos os dias (afinal, o que nos fica como síntese das “coisas” que dizemos e fazemos)? Há tempo e lugar para pensar a VIDA e os seus ideais? No final de contas, há oportunidade, ainda, para o universalizar da ética e da cultura da dignidade humana, bases estruturantes da vida social? Também o mundo do Ensino Superior (em Portugal) vive tempos novos. Estes, na harmonização do espaço único de Ensino Europeu (Protocolo de Bolonha), trazem um mundo de possibilidades de parceria europeia mas, naturalmente, também uma série acrescida de preocupações e desafios a superar. É uma realidade irreversível já preparada há longos anos e que agora vai chegando à vida do ensino e da sociedade; sem ilusões e sem medos, eis que está o desafio à descer à vida real. Licenciaturas em três anos; com 21 anos jovens apresenta-se proximamente ao mercado de trabalho; cada ano lectivo ganha mais importância; não há tempo para distracções; cada semana, cada mês de aulas passam num instante; sobe, mais ainda, o ritmo da vida, onde a “higiene do sono” e a serenidade são desafio de cada dia; faltará, mais ainda o tempo para a participação. 4. Três anos de curso superior passam num “instante”, nesta nova realidade que é um facto e que toda a sociedade em geral ir-se-á adaptar com naturalidade. Mas…que jovens sairão para a vida activa? Que “amor” e consciência de pertença à instituição e cidade onde estudam? Que tempo e lugar para a outra face da vida…a humana, pessoal, co-responsabilidade social? Que amadurecimento pessoal e dos conteúdos?... Ficando-nos a certeza de que perguntar e problematizar ajuda a reinventar caminhos de adaptação à nova realidade, temos a sensação de que “três anos” não chegam para ficar “saudade” das pessoas, do lugar e tempo vividos, das instituições; “saudade”, sentimento académico este que terá os dias contados…? Não somos saudosistas, de modo algum, mas nessa palavra está toda uma carga de “pertença” essencial e que, naturalmente, irá esbater-se pois não há “tempo”. Estamos, pois, diante de uma nova realidade que poderá, mais ainda, desagregar e dificultar todo o espírito de cultura e vida social – do SER PESSOA EM SOCIEDADE - para os homens do amanhã. Estes daqui a anos, que farão a gestão da sociedade nas suas mais variadas instituições, terão, mais ainda, pela pressa do estudo e da vida, uma menor visão de conjunto da vida e da realidade. Será isto realidade? Em tempos em que não há “tempo” nem “lugar”, parar e pensar sobre como reinventar caminhos diante deste novo paradigma de Bolonha é também um desafio premente que todos temos e que é contributo essencial à própria humanização da sociedade do amanhã. Afinal, sendo o futuro que está em causa, que outra realidade é mais importante (devendo por isso “mobilizar” todas as forças e sinergias)?...

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Homenagem justa

A NOSSA GENTE ...
Fernando Maria da Paz Duarte
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Nascido a 12 de Julho de 1944, em São Martinho do Bispo, Coimbra, Fernando Maria da Paz Duarte veio viver para Ílhavo com apenas 14 anos de idade. Com os estudos liceais terminados no ano de 1963, ingressou no Magistério Primário, hoje Escola Superior de Educação de Viseu, onde veio a concluir o curso em 1965. O seu percurso profissional é notório. No Ensino, apenas 4 anos após ter leccionado na Gafanha de Aquém, assumiu funções de Subdelegado e Delegado Escolar de Ílhavo, foi sócio fundador e membro dos Órgãos Sociais do Sindicato dos Delegados e Subdelegados Escolares por um período de 8 anos e Dirigente Local da Associação Nacional de Professores desde a sua fundação. Mas o Prof. Fernando Maria também enveredou por outras áreas, nomeadamente a actividade autárquica, tendo sido Vereador da Câmara Municipal de Ílhavo durante três mandatos, dois dos quais em regime de permanência. Em 1982 chegou a ocupar o cargo de Presidente da Câmara, por impedimento do Presidente eleito, o Capitão Bilelo. O seu espírito activo determinou ainda a sua dedicação a várias Associações do Concelho. Integrou a Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, do Illiabum Clube e foi Presidente da Direcção e da Assembleia-geral da Associação Cultural e Desportiva “Os Ílhavos”, bem como foi Confrade Fundador da Confraria Gastronómica do Bacalhau. Um dos seus grandes desafios surgiu em Março de 1999 quando aceitou o convite para ocupar o cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo com o principal objectivo de trabalhar em prol da Comunidade, tendo neste momento em mãos o lançamento da primeira pedra da Unidade de Cuidados Continuados daquela Instituição que será uma realidade em 2007. Actualmente, desempenha igualmente o cargo de secretário do Secretariado Regional da União das Misericórdias e é membro do Conselho Local de Acção Social e da Comissão Concelhia de Saúde de Ílhavo. O carácter multifacetado deste homem faz dele uma figura de renome na Comunidade Ilhavense. A sua marca fica impressa ao longo de uma história de vida percorrida que, até aos dias de hoje, completa os sessenta e dois anos, em áreas de intervenção bastante díspares, mas todas elas relacionadas com o trabalho voltado para a Comunidade e Associativismo. Esperamos poder continuar a contar com o empreendorismo e dedicação do Prof. Fernando Maria na entrega às mais nobres causas e ao desenvolvimento do Concelho de Ílhavo. :: In “Viver em”, edição da Câmara Municipal de Ílhavo
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Nota: Só mais uma palavra, muito pessoal: Conheço o professor Fernando Maria desde que começou a trabalhar no concelho de Ílhavo, e sempre admirei a sua capacidade de intervenção social e competência profissional.
Mais ainda: A sua jovialidade, o seu sorriso aberto, a sua serenidade, a sua disponibilidade para ajudar quem dele precisasse, a sua amizade franca e leal.
Por isso, todas as homenagens são poucas para o muito que ele fez e faz.
Fernando Martins

S. Francisco de Assis

A Igreja recorda a memória
de um santo que marcou
a história
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Hoje, a Igreja Católica recorda a memória de S. Francisco de Assis, um santo que marcou a história. Da Igreja e dos homens. Nasceu em 1182 e depois de uma juventude leviana converteu-se a Cristo, renunciando a todos os bens paternos, numa entrega radical a Deus. Abraçou a pobreza, legando-nos a “pobreza franciscana”, para mais e melhor seguir o exemplo de Cristo, enquanto ao mesmo tempo pregava o amor de Deus. Formou os seus companheiros com normas excelentes, inspiradas no Evangelho, que foram aprovadas pela Sé Apostólica. Fundou, também, uma Ordem de religiosas e uma Ordem Terceira para seculares. Morreu em 1226.
O exemplo que S. Francisco nos legou está, de facto, ao alcance de todos nós, assim o quiséssemos seguir. Numa vivência da pobreza adequada aos dias que correm, obviamente. Mas as comodidades que vamos experimentando e o hedonismo que muitos de nós cultivamos não nos deixam imitar o santo que encarnou a humildade e a pobreza, como sinais indeléveis da presença de Deus nas pessoas e nas coisas. Se ao menos nos aproximássemos um pouco do seu exemplo, já não seria mau. Seria muito bom, tenho a certeza.
F.M.
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Pode ler mais em Capuchinhos

Um poema de Álvaro Magalhães




O Limpa-Palavras


Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.

Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.

A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar e
é preciso fechá-la na arrecadação.

No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe,
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.

A palavra obrigado agradece-me.
As outras não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.

Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes a mão
para apanhares a palavra barco ou a palavra amor.

Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.


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Notas: 

1 - O poeta "brincador" do "Limpa-Palavras"
chama-se Álvaro Magalhães

2 - O ilustrador da colectânea chama-se
José de Guimarães