domingo, 24 de setembro de 2006

Discurso do Papa

Durão diz que líderes europeus não apoiaram Bento XVI após discurso polémico
O presidente da Comissão Europeia expressou o seu desapontamento pelo facto dos líderes europeus não terem apoiado o Papa Bento XVI depois das críticas e ameaças que recebeu do mundo árabe, na sequência do seu discurso em que citou um imperador bizantino que estabelecia uma ligação entre Islão e violência. José Manuel Durão Barroso afirmou em declarações à imprensa que a Europa, apesar da necessidade de tomar a ameaça terrorista islâmica de forma "muito séria", "não pode confundir a tolerância com o politicamente correcto", pondo outros valores acima dos seus próprios.
"Fiquei desapontado por não ter havido mais líderes europeus a dizer - 'É claro que o Papa tem direito de expressar o seu ponto de vista'", afirmou Barroso ao semanário alemão "Die Welt am Sonntag". "Temos que defender os nossos valores", acrescenta, na entrevista.
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IGREJA AO SERVIÇO DOS MAIS POBRES

Bento XVI espera que as comunidades paroquiais da Igreja Católica sejam uma referência para os pobres, aos quais são chamadas a dar apoio
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“Da união constante com Cristo, a paróquia tira energia para comprometer-se, sem regatear esforços, no serviço aos irmãos, particularmente os pobres, para quem representa uma referência primeira”, disse o Papa aos participantes da assembleia plenária do Conselho Pontifício para os Leigos. A paróquia, sustentou, deve ser uma “família de famílias”. Já na sua encíclica “Deus caritas est”, e na linha da tradição das primeiras comunidades, o Papa afirmara não ser tolerável que continue a haver, nas comunidades cristãs dos nossos dias, pessoas a quem falta o indispensável para uma vida digna. Aludindo ao exemplo das primeiras comunidades cristãs, Bento XVI recordou que o livro dos Actos do Apóstolos indica os “critérios essenciais” para uma compreensão correcta da natureza da comunidade cristã, quando descreve a primeira comunidade de Jerusalém “perseverante na escuta do ensinamento dos Apóstolos, na união fraterna, na fracção do pão e nas orações, uma comunidade acolhedora e solidária ao ponto de colocar tudo em comum”.
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Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Bento XVI contra o Irão
Tudo aconteceu no contexto de uma Vorlesung (lição universitária) e, mesmo admitindo que Bento XVI tenha sido talvez imprudente ao apresentar, no desenvolvimento da sua tese, a já famosa citação e que poderia fazer também uma referência à violência dos cristãos ao longo da História, deve-se reconhecer que não há razões objectivas para a indignação e os protestos do mundo islâmico.
Como se sabe, nas universidades públicas alemãs, há duas faculdades de Teologia: uma católica e outra protestante. Ora, se a fé nada tivesse a ver com a razão, com que direito se justificaria a presença da Teologia na universidade? Daí o tema da lição do professor Joseph Ratzinger na Universidade de Regensburg: "Fé, razão e universidade.
"O conceito moderno de razão baseia-se na síntese entre platonismo (cartesianismo) e empirismo. Só as ciências naturais poderão reivindicar certeza, pois detêm o monopólio da cientificidade, que deriva da sinergia de matemática e experiência. Assim, não admira que as ciências humanas tenham procurado aproximar-se deste critério. Por outro lado, este método exclui o problema de Deus, "fazendo-o aparecer como problema a-científico ou pré-científico".
Torna-se, porém, claro que, nesta concepção, o próprio homem sofre uma redução, já que as perguntas radicais sobre o fundamento e fim últimos e as questões da religião e da ética não encontrariam lugar no espaço da razão universal, devendo ser deslocadas para o âmbito da mera subjectividade.
Não se pode voltar atrás em relação ao iluminismo. Mas impõe-se superar a limitação da ciência ao que é verificável na experimentação e abrir a razão à amplidão de todas as suas dimensões, isto é, não se pode ficar encerrado na razão positivista.
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FLORES

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Com a chuva que aí está, mais o vento, ora brando ora bravo, teremos de nos habituar a uma vida mais triste? Penso que não.
Há flores que murcham e caem, mas outras, mais dadas ao frio, hão-de resistir. Que a vida, como é habitual, precisa da alegria e da beleza que as flores nos dão.
Mas se elas se forem com o vento, que ao menos saibamos alimentar o prazer da espera pelo seu regresso. E até lá, aprendamos a cultivar outras flores, daquelas que nos enchem a alma com as suas cores e aromas: a amizade, a partilha da nossa alegria, o bem que podemos fazer a quem nos cerca, a aposta na construção de um mundo melhor.
F.M.

Gotas do Arco-Íris – 32

ONDE ESTÁ
O COR DE ROSA
NA NOSSA VIDA?
Caríssimo/a: “Nada mais encantador...”
Com estas palavras também a mim me apetece iniciar, pois este gosto por descobrir papéis amarelados leva-me , por vezes, a encontrar iguarias bem inesperadas (ou pelo assunto, ou pela forma da abordagem, ou por quem o escreve, ou por tantas e tantas outras válidas razões....). Desta vez, vou dar voz a Guerra Junqueiro e sereis vós a dizer o que pensais sobre este mais do que invulgar escrito. Vem comigo e delicia-te, pois, por causa das dúvidas, até mantenho a ortografia. É assim: “Nada mais encantador de que essa bela quadra da vida denominada a «lua de mel». A existencia é então uma suave melodia, uma doce ecloga cantada pelo coração, um sonho côr de rosa, um constante sorriso, um extase arrebatador. Nesse alegre arroubamento, as horas deslisam sem as sentirmos, porque do alto da felicidade não se ouvem os remores do mundo; ouvem-se apenas as harmonias celestiais. Os entes embriagados da ventura, esquecem os relogios e os almanaques e tudo o que se prende á vida comum. No poético priodo chamado «lua de mel» dilata-se o coração com a plenitude dos intimos gosos, que são os que mais satisfazem. Quando a igreja sancciona o amor que inspira o ente que nos fez vibrar o coração, o amor augmenta os enthusiasmos por vel-os mais justificados. O amor sanccionado pela igreja é santo, puro, ethéreo e angélico. Os seres dominados por este sentimento immaterialisam-se e aperfeiçoam-se, porque sendo o amor legitimo uma virtude inspira tudo quanto há de bom. Os nossos sentimentos purificam-se nesse fogo sagrado e convertem-se em grinaldas de castas e nacaradas ilusões. Oh! amor santo! Sê sempre o nosso pharol para não nos perdermos no oceano das paixões bastardas. As paixões bastardas nascem na discórdia do mundo; o amor conjugal, no céu. Esse amor de origem tão elevada é sereno e tranquilo; as más paixões são agitadas e tempestuosas. Casar sem amor é profanar o mais respeitavel de todos os sentimentos; casar sem amor é suicidio moral. Os desgraçados que contráem este laço por frios calculos nunca terão «lua de mel». O matrimonio teve por base o afecto mutuo de dois corações. Os seres estreitados por este suave laço reduzem os pezares da vida á metade e centuplicam as felicidades.” O recorte de jornal, onde se encontra o que aí está, tem para mim um sabor muito especial, porque foi extraído de um jornal luso-americano e guardado por meu estimado Sogro (que mourejou como emigrante, nos Estados Unidos, nas décadas de vinte e trinta do século XX). Fica, pois, como um apelo ao cor de rosa na nossa vida. Como está o meu cor de rosa? E o teu? Manuel

O ENCONTRO

ANTIGOS ALUNOS
DA EICA
CONFRATERNIZAM
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No sábado, tive o prazer de participar num encontro de colegas de escola. Da velha Escola Industrial e Comercial de Aveiro, a EICA como era conhecida, e cujo edifício definitivo foi inaugurado fez no passado dia 24 de Maio 50 anos, para substituir instalações provisórias e inadequadas que muitos de nós frequentámos. À roda da mesa, foram desfiadas recordações de há décadas, que o tempo não apaga completamente. Estão bem armazenadas no cofre dos objectos mais preciosos, que foram as nossas vivências de infância e juventude. Umas estão quietas no inconsciente ou subconsciente, acamadas e acomodadas em gavetas que se abrem mais nestas circunstâncias. Outras saltam logo para a luz do dia em encontros ocasionais e nestas confraternizações, como se fossem vividas há meses. Os cabelos ralos ou inexistentes, os bigodes esbranquiçados e as rugas a cobrirem rostos, que há muito tempo eram plenos de jovialidade, não conseguiram esconder os sorrisos e as gargalhadas de sempre, que foram e ainda são as marcas indeléveis das amizades que perduram. Depois das habituais queixas das maleitas que atormentam alguns, de mistura com acepipes saborosos ao gosto da nossa cozinha tradicional, sem arrebiques de modernidades que muito pouco nos dizem, foi agradável recordar professores que nos ensinaram e prepararam para a vida, indicando-nos caminhos de formação contínua, de justiça, de verdade e de paz. Também foi saboroso perguntar por muitos que não puderam estar e foi bonito saber que a grande maioria soube reger-se por critérios de trabalho e de honestidade. Mas comovente foi a evocação dos que já partiram. Para cada nome proferido, para cada nome que nos fez voltar atrás para rir e folgar com esses que agora nos esperam, não faltaram as palmas da saudade que não se esvai. Depois foi o regresso a casa, com a promessa e a garantia do próximo encontro. Para breve. Porque recordar é viver. Fernando Martins

sábado, 23 de setembro de 2006

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN

Do comunismo
à ameaça islâmica
Estão na moda os paralelismos entre a presente ameaça extremista islâmica ao chamado Ocidente e a ameaça comunista que marcou a guerra fria. Sigamos, então, a onda.
Sendo ideológica, a ameaça comunista era sobretudo militar e geostratégica. Vinha da poderosa União Soviética. Hoje, a revolta do islão fundamentalista contra o Ocidente tem o apoio de alguns Estados, como o Irão, mas parte da "sociedade civil". E inclui nos alvos a abater governantes de países islâmicos, como os da Arábia Saudita.
Sem força militar, o"fascismo islâmico" recorre ao terrorismo, ainda por cima com suicidas. Os comunistas do passado iam menos por aí. Era nas franjas anti-soviéticas da contestação ao capitalismo que surgiam os principais grupos terroristas, como o Baader- Meinhof na Alemanha ou as Brigadas Vermelhas em Itália.
Doutrina ocidental, o marxismo tomou corpo em países atrasados, como a Rússia e a China. Até como via aparentemente rápida para o desenvolvimento, o comunismo atraía povos que se sentiam colonizados e oprimidos pelos Ocidente rico.
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