domingo, 18 de junho de 2006

Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes

Cientista e Padre Luís Archer distinguido
pela Igreja Católica
A Igreja Católica, através do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, distingue o cientista e padre jesuíta Luís Archer com o Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes. O anúncio foi feito na passada sexta-feira, 16, em Fátima, durante as II Jornadas da Pastoral da Cultura, por D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. O júri, constituído por D. Manuel Clemente, Padre José Tolentino Mendonça, director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, padre João Aguiar, director da Rádio Renascença, João Bénard da Costa, escritor, Maria Teresa Dias Furtado, professora da Universidade de Lisboa, e padre Hermínio Rico, director da revista “Brotéria”, quis homenagear o “homem de ciência e grande humanista, nos seus 80 anos de vida”. Luís Archer, depois dos estudos de Filosofia e Teologia, doutorou-se nos Estados Unidos em Genética Molecular, após o que introduziu em Portugal, no Laboratório Molecular do Instituto Gulbenkian da Ciência e na Universidade Nova de Lisboa, o ensino e a investigação daquele ramo científico. Ainda foi pioneiro, no nosso País, no estudo da Bioética, tendo representado Portugal em várias comissões do Conselho da Europa, da OCDE e da União Europeia. “É há muitos anos uma das vozes mais autorizadas e respeitadas na discussão pública das problemáticas bioéticas, e muitos dos que hoje suportam as instituições que fazem reflexão e divulgação neste campo reconhecem-se como seus discípulos”, lê-se na justificação do júri. Publicou centenas de trabalhos de investigação, ao mesmo tempo que leccionou em muitas universidades em Portugal e no estrangeiro. “A excelência do seu contributo científico é reconhecida pelo seu estatuto de membro das Academias das Ciências de Lisboa e de Nova Iorque, entre outras”, como sublinha o júri. D. Manuel Clemente refere que o Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes contemplou, este ano, um “homem da ciência e grande humanista”, mas ainda o sacerdote que nunca deixou de intervir nas áreas da teologia e da filosofia com elevado nível, mas também com muita humildade. Fernando Martins

Futuro mais humano e mais justo

Solidariedade
mais responsável
é uma urgência
Numa sociedade democrática, adulta e responsável, o cuidado com os mais desprotegidos da sorte tem de ser uma urgência de todas as horas. Ficarmos a olhar só para os nossos interesses e para as nossas comodidades é crime contra a própria democracia. Neste contexto, em que mais de um milhão de portugueses estão no limiar da pobreza, urge que as forças políticas estejam atentas a esta realidade, buscando soluções a curtíssimo prazo para se matar a fome a quem a tem. E depois, que sejam abertos caminhos de mais trabalho para os desempregados e de mais pão para quem está à míngua do essencial para sobreviver. Portugal tem uma rede social de iniciativa privada bastante ampla, cuja disponibilidade para servir os mais carenciados é por demais conhecida. Há lares para idosos e para menores sem família, há creches, jardins-de-infância e ATL para a ajuda indispensável aos pais que trabalham, há centros de dia e de noite para idosos sem familiares próximos e disponíveis para o atendimento de que necessitam, há misericórdias e outras instituições sempre abertas a quem mais precisa, nomeadamente deficientes, pobres, doentes e marginalizados que enchem o universo de tantas carências que subsistem na nossa sociedade. Novos modelos de apoio social vão surgindo, ao sabor das necessidades dos mais desfavorecidos, como sinal de um povo atento, que sabe e quer cuidar dos seus pobres, como sempre o fez através dos tempos. Porém, nem sempre de forma programada e abrangente, o que produz lacunas na rede social do nosso País. Nessa linha, o Presidente da República, Cavaco Silva, alertou há dias para a premência de todos lutarem contra a exclusão, fazendo da inclusão “uma causa nacional”, com o envolvimento de todas as forças políticas e sociais. Assim, urge implementar a solidariedade em rede para a partilha de saberes e de disponibilidades, tendo como objectivos o apoio importante, direi mesmo fundamental, a um número cada vez maior de pobres envergonhados ou esquecidos, onde as novas tecnologias podem exercer um papel inquestionável. Por outro lado, reconhece-se que se torna imperioso implementar o espírito de vizinhança, um tanto ou quanto a cair em desuso nos grandes centros urbanos, como forma de desenvolver o sentido de entreajuda e de convívio entre todas as gerações, contrariando o isolamento e a solidão dos idosos e doentes, sobretudo dos mais abandonados pelas suas próprias famílias. É sabido que a sociedade actual tem gerado novas situações de pobreza. O desemprego é uma constante para muitos e uma ameaça para outros tantos, criando instabilidade e desespero nas famílias. E por mais subsídios que o Estado atribua, normalmente diminutos para a maioria dos desempregados, a verdade é que a insegurança profissional não pode ser ignorada nas nossas comunidades. Nessa linha, as instituições de solidariedade têm de estar mais atentas e disponíveis para enfrentarem novos problemas sociais, criando valências e preparando funcionários capazes de responder a desafios urgentes, não ficando acomodadas a estatutos com décadas de existência e nem sempre de acordo com as exigências sociais que vão nascendo, muitas delas provocadas pela deslocalização de grandes empresas, que deixam à míngua famílias inteiras. Contudo, se é importante que as instituições de solidariedade social estejam sensíveis para responder a novas e dramáticas situações de pobreza, não é menos importante educar as novas gerações para a solidariedade social, única forma de garantir um futuro mais humano e mais justo para todos.
Fernando Martins

Gotas do Arco-Íris - 22

AMIGOS
TAMBÉM
OS HÁ!... Caríssimo/a: Há dias mostrou-me os pés... Credo!, nem aqueles pobres mendigos do Senhor dos Milagres ostentam tais e tantas deformações. As mãos são um novelo de entorses, que já nem os dedos deixam dobrar! A cara é toda ela dominada por um bigode que assusta os mais ousados... O corpo já se inclina e se dobra sobre si próprio. Enfim, nada nesta criatura é cativante; ainda pior é que é caturra, teimoso e convencido. Bah! Em nada concorda connosco, refila e quer ter sempre a última palavra... (E o pior é que às vezes tem razão!) E não vale a pena «querer dourar a pílula» (aliás, nem ele deixaria...); se este é o retrato, punhamos-lhe a moldura! [E tu dirias: que lindo quadro ficará para levar para o sótão!...] Mas o curioso é que a moldura não assenta; por mais voltas que se dê ao quadro, não há posição, cola, cravo ou prego que consigam segurar, prender, posicionar esta figura que, qual andarilho (do Senhor?!...), não se detém ou hesita para ser agradável e útil a quem lhe indicia um gosto ou uma necessidade... E não é compreensível como os seus pés vencem o tempo e o espaço (por mais pedregoso que seja...) até atingir o que perseguia para sanar uma fome ou dar um prazer festivo! Das suas mãos, torcidas, tortas, tolhidas, saem as mais bonitas grinaldas de flores, naturais ou artificiais; as dobras do papel que embrulha o seu presente têm tanto da sua pessoa que, qual doce ou prenda do coração, se guardam e quase se veneram como algo de muito querido... Por cima do seu bigode, ficam uns olhos que sorriem como ninguém e que fazem esquecer as diabruras do Mundo; atraem as crianças e cativam a todos sem artificialismos e com a sua simplicidade... O seu corpo parece curvar-se, para mais facilmente nos poder abraçar... E é assim o meu Amigo que muito mais é e tem para além do seu nome... Certamente que o António Manuel não mais me perdoará, pois vou expô-lo à ganância e usura dos amigos do alheio (e eu ver-me-ei na dificuldade de o manter a meu lado)... Para além de tudo [e como eu lho cobiço!...] o que aí fica, e que é tanto, ele tem UM CORAÇÃO DE OURO! Um abraço para todos vós meus Amigos, do Manuel

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Um poema de Cacilda Celso

Não creias, não, ó Pátria…
Não creias, não, ó Pátria, no destino, Constrói-o antes tu, por tua mão. Caminhos de trabalho ou desatino -Verás onde te leva a tua opção…
Agora, meu país, não és menino Tu sabes já de cor tua lição. Se em ti tu confiares, vaticino Que irás dar que falar como nação.
Tu fazes teu melhor com qualidade Se buscas tuas forças na união E encontras energias na vontade.
Desiste de viver numa ilusão. Desiste da apatia e da saudade - Ó Pátria, dá-lhe de alma e coração!
(do livro, ainda inédito, Pátria 2005) : Fonte: Primeiro de Janeiro, de hoje
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NB: Enviado, gentilmente, por José Lima Simões, leitor atento do meu blogue, e não só

Biólogo português resolve problema ético?

Descoberta portuguesa
poderá evitar práticas
destrutivas de embriões
e a clonagem
O biólogo português José Silva, do Instituto de Investigação de Células Estaminais, em Edimburgo, na Escócia, identificou um gene que reverte células adultas em estaminais. A descoberta poderá evitar práticas destrutivas de embriões e a clonagem. O jornal Público explica, na sua edição de hoje, que o gene que protagonizou uma experiência científica se chama Nanog, que quer dizer, em gaélico, "terra dos sempre jovens". José Silva mostrou como este gene pode levar células adultas — que já se tornaram células da pele, por exemplo — a uma espécie de regresso ao passado celular, transformando-as em células estaminais embrionárias. Ao contrário das células adultas, que já se diferenciaram, as estaminais dos embriões têm a capacidade de originar todos os tipos de células de um organismo. Até agora, para obter células estaminais embrionárias era preciso criar e, depois destruir, embriões humanos com cinco a seis dias de desenvolvimento. O trabalho de José Silva, de 31 anos, é um passo importante para contornar os problemas éticos, pois conseguiu obter células estaminais embrionárias sem recurso à clonagem, nem à criação e destruição de embriões. Levou células estaminais adultas do cérebro e células já perfeitamente diferenciadas da pele e do timo — de ratinhos — a converterem-se em estaminais embrionárias, como demonstra hoje num artigo na edição on-line da revista Nature.
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Fonte: Público e Ecclesia

Um poema de Sebastião da Gama

:: HOJE DEUS É VERDADE Hoje Deus é Verdade! Hoje até o mistério da Trindade, modos de amar a Deus, preceitos, dogmas, ritos, tudo quanto quiserem, eu aceito. Passem p’ra cá papel e tinta. (Se preferem, escreverei a sangue este notícia). Sem demora nenhuma! Convicto, ardente, alegre, cumpro a vossa formalidade inútil e corro a olhar Deus de mais pertinho. Hoje Deus é verdade! Não é mais a imagem na parede que ouve, por convenção, as nossas mágoas, criou, por convenção, terras e águas, por convenção aplaca a minha sede, que tudo faz e tudo quer e tudo pode, por convenção. (E a quem, também por convenção, fingindo que acredito que tudo pode e tudo quer e tudo faz, rezo, pela manhã e à noite, distraído…) Hoje Deus é verdade como o Sol! A imagem mexeu-se na parede sem ser por convenção. Não sei se ela me disse ou me não disse que todas as verdades, mesmo as mais pequeninas, aceitasse, mas cá vou aceitando quanto queiram: modos de amar a Deus, preceitos, dogmas, ritos… Vivam (que eu deixarei, condescendente)
sua mesquinha enorme claridade: nada pode ofuscar esta verdade de hoje Deus ser verdade como o Sol.

Portugal no roteiro dos sítios cluniacenses da Europa

São Pedro de Rates:
Monumento nuclear
da nossa arte românica
Portugal faz parte da rede de sítios cluniacenses da Europa, oficialmente designada como “Grande itinerário cultural europeu”, que será apresentada amanhã, 16 de Junho, em Cluny, França. Este é um reconhecimento do Conselho da Europa, promotor da iniciativa, que pretende recordar a grande influência que foi exercida por esta ordem religiosa, visível em mais de 1400 edifícios na França, Alemanha, Itália, Espanha, Suíça, Reino Unido, Bélgica e Portugal. A importância do universo monástico no nosso país é visível desde a ocupação muçulmana, atura em que garantiu a permanência do cristianismo. A ordem de Cluny foi importante não só no povoamento do reino, mas também pela sua dedicação ao apostolado, um dos motores espirituais da Reconquista. O primeiro mosteiro cluniacense masculino em território português é o de São Pedro de Rates (Porto, Póvoa de Varzim), o qual constitui, na opinião de especialistas, um "monumento nuclear da nossa arte românica".
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Fonte: Ecclesia