sábado, 15 de abril de 2006

Igreja quer antigo Convento das Carmelitas

Erro histórico pode e deve ser reparado
O padre João Gonçalves, pároco da Glória (Sé), é uma das pessoas que defende a entrega incondicional do antigo convento das Carmelitas à Igreja, como forma de reparar um «erro histórico cometido exclusivamente por motivos ideológicos, há 95 anos», quando após a implantação da República, em 1910, o Governo de então entregou a propriedade do convento à Câmara Municipal de Aveiro.
Como o convento foi feito para o serviço da Igreja, o padre João Gonçalves lembra que «quando temos um bem que não nos foi legitimado, não há razão para continuarmos a manter a sua propriedade e, muito menos, quando os seus legítimos proprietários existem e reivindicam os seus direitos».
Para o padre José Belinquete, autor do livro «As Carmelitas em Aveiro – Ontem e Hoje», publicado em 1996, a entrega do antigo convento à Igreja é a melhor forma da Câmara de Aveiro reparar a «injustiça cometida contra o próprio edifício conventual», quando, em 1905, o Executivo municipal de então, liderado por Gustavo Ferreira Pinto Basto, conseguiu convencer o Governo a autorizar a demolição de parte do convento, incluindo parte da igreja conventual, para a abertura de uma avenida, que nunca o chegou a ser construída porque o projecto não avançou para Nascente, avenida que deu lugar à actual Praça Marquês de Pombal. Para este padre, o imóvel deve «voltar às origens religiosas», pelo que a autarquia «não deve continuar a pô-lo ao serviço de outras funções civis, como tem acontecido desde a implantação da República», como parece que irá novamente acontecer se aí for instalado o prometido Juízo Tributário.
Monsenhor João Gaspar, investigador e autor de inúmeros livros sobre Aveiro e único aveirense membro da Academia Portuguesa da História, considera que o Executivo municipal tem competência para ceder à Igreja, por um período de 50 anos, o direito de utilização do convento, mantendo a autarquia a propriedade do imóvel, tal como aconteceu durante o período em que o edifício esteve ocupado pela PSP.
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(Para ler todo o artigo do jornalista Cardoso Ferreira, clique Diário de Aveiro)

sexta-feira, 14 de abril de 2006

Mensagem Pascal do Bispo de Aveiro

PÁSCOA DE CRISTO,
VIDA NOVA A VIVER! Páscoa de Cristo! Tesouro a descobrir, Amor em primeiro lugar, Esperança a desfrutar, Graça a saborear, Vida Nova a viver! Páscoa de Cristo! Maravilha a contemplar, Dom a acolher, Momento a festejar, Rumo a prosseguir, Vida Nova a viver! Páscoa de Cristo! Mistério a desvendar, Luz a iluminar, Vitória a alcançar, Dádiva a partilhar, Vida Nova a viver! Páscoa de Cristo! Morte que foi vencida, Tristeza ultrapassada, Coragem readquirida, Medo já sem lugar, Vida Nova a viver! Páscoa de Cristo! Fé a testemunhar, Alegria a comunicar, Certeza a não perder, Bússola a nortear, Vida Nova a viver! Páscoa de Cristo! Novidade a agradecer, Riqueza a desfrutar, Fonte a alimentar, Festa sem terminar, Vida Nova a viver!
“Se Cristo não ressuscitou, a nossa fé é vã…Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens.” ( 1 Cor 15, 14 e 19) “ Não tenhais medo. Procurais Jesus, o Crucificado? Não está aqui: ressuscitou como tinha dito…Ide dar a notícia aos irmãos...” (Mat 28, 5 e 10) Feliz e Santa Páscoa para os cristãos e para quem procura Deus de coração sincero!
António Marcelino,
Bispo de Aveiro

Um artigo de Alexandre Cruz

Páscoa,
o florescer do ideal 1. Se há tempo para tudo, “agora” é Páscoa! Não é só tradição, agarrada ao passado, como se fosse uma pegada de dinossauro o centro das atenções dos olhares curiosos. Não é isso, é Páscoa, é a vida em jogo! É a “visão pascal”! Ainda que com as doces amêndoas e os cuidadosos folares regionais (com ou sem ovos) a marcarem a sua presença, mas a razão de toda essa rica doçura é mesmo a Páscoa! São milhares as viagens do norte ao sul, do litoral ao interior, familiares e amigos que nesta quadra encurtam as distâncias e se tornam presentes uns com os outros para partilharem este “momento”. E tudo porque a vida é mesmo para ser vivida, e não para se perder num corre-corre que esqueça as pessoas e os momentos importantes. O ritmo do tempo e dos calendários que marca a nossa vida, traçado no mapa da história que nos precedeu, não existe ao acaso. Em época de florescer da primavera vem a Páscoa lembrar-nos e convidar-nos a robustecer o “ideal”, o “sonho”, a esperança. É por isso que o tempo não cíclico, não é sempre a mesma “coisa”, os dias de vida por vezes parecendo mas não são iguais; dessa perspectiva do tempo repetitivo, sempre à volta, numa giratória donde não pudéssemos fugir, daí já vimos nós, pois essa foi a fase histórica do pensamento grego que acabaria por ser superada, em qualidade de sentido, pela cultura judeo-cristã. Esta veio dizer-nos que a vida é uma caminhada irrepetível, inclonável, sempre em forma de subida, de aperfeiçoamento histórico até ao (Jesus) Absoluto Pessoal que vence o “tempo” abrindo a história à “eternidade”… 2. Ao falar-se de “Páscoa”, dando significado à palavra e sentido à tradição agora tornada (muitas vezes em excesso) estratégia comercial, quer assinalar-se a pertença a uma continuidade que procura assumir a vida num sentido dinâmico de construção, de “passagem”. É verdade, a vida não é produto descartável, é convite a respirar renovação e esperança! É o maior tesouro e por isso importa bem preservá-lo, cuidá-lo, como a planta…alimentá-lo, regá-lo! Grandes são as vidas que se conhecem e sabem que no “nada” não se vai a lado nenhum e que só com metas, etapas, itinerários e desafios, se vai subindo a qualidade de vida e do ideal que se procura para ser feliz. Grandes são os que, nesta apressada viagem da história dos nossos dias, vão ganhando sábia equidistância crítica (mas compromisso) em relação a si próprios e à vida da sociedade. O mundo, mesmo o mundo das “rejeições” ao projecto existencial mais profundo de cada ser humano, cada vez mais espera dos que dão sentido pleno à Páscoa, ao Natal, ao Domingo. Estes, simples e inabaláveis nas suas colunas fundamentais do SER, dando sentido ao tempo, encontraram a raiz mais profunda da dignidade humana. 3. “Hoje”, ao acolher-se a “Páscoa”, todas as expressões exteriores de alegria, festa e convívio terão sentido…mas tanto mais pleno quanto mais o tempo que precedeu a Páscoa foi de auto-conhecimento e de exigência construtora. Haverá algum bom atleta que chegue à vitória sem exigente treino?! De modo algum! Assim também nas questões fundamentais da vida e na conquista do ideal que se procura, o “treino” pode-se comparar a este pensar e reforçar do ideal, o que fará florescer sentimentos e dias melhores, que saibam vencer as tempestades da vida. A “Páscoa”, enquanto “passagem”, faz-nos perguntar sobre “o que fica de nós e em nós(?)” num mundo em que tudo passa. A resposta a esta difícil questão obriga-nos a dar mais valor ao que tem mesmo valor. Haverá Páscoa sem paz e sem sentido renovado de vida e de “fé”? Chegará simplesmente o hábito social?!... Seria como o ir para um banquete de casamento e não comer nem beber nada, tudo ficaria incompleto, a meio do caminho, um puro engano, faltaria o essencial. A autêntica Páscoa de há dois mil anos, pelo seu “dar a vida” que abre janelas infinitas, ajuda-nos e inspira-nos à renovação de todos os ideais, para que as cores da esperança encham as medidas de cada coração humano! Paz a todos que habitamos nesta grande casa que é o mundo!...

SEXTA-FEIRA SANTA

Primeiro e definitivo
passo para
a nossa redenção
Três horas da tarde. À mesma hora, numa sexta-feira de há quase dois mil anos, Jesus Cristo morreu na cruz. Morte infamante que o Filho do Homem suportou para remir todos os pecados da humanidade. Daquele tempo, de hoje e de sempre. Jesus aceitou as acusações da hierarquia judaica e a sentença decretada por um político romano covarde, sem protestos e sem revoltas. Sem reivindicações e sem testemunhas que abonassem o Seu bom comportamento na sociedade. Também sem advogados que pudessem falar do seu amor à justiça, à verdade, à paz e ao amor. Sem o testemunho de cegos a quem Ele deu a possibilidade de ver, de surdos a quem Ele deu o dom de ouvir. De leprosos que Ele limpou, de mortos que Ele fez regressar à vida. De gente a quem deu de comer, quando pouco havia para repartir por milhares de pessoas que deixaram tudo para O escutar. Jesus, com a Sua entrega ao suplício por nós, quis assumir o sacrifício, séculos antes profetizado, para redimir os pecadores, oferecendo-lhes, como caminho de libertação, um mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.” Com o Seu sacrifício supremo, Deus feito Homem veio mostrar a cada um de nós e a todos que até a morte pode ter sentido. Pela Sua morte, veio a garantia de uma vida nova para todos, assente na certeza da ressurreição que Ele próprio experimentou três dias depois. É por isso que os crentes, os que acreditam que Jesus é o Redentor da humanidade, vêem na Sua morte de cruz, ao lado de dois criminosos, o sinal de resgate que nos faz filhos de Deus e herdeiros da vida eterna. A nossa tristeza desta hora, humanamente compreensível, vai passar muito em breve pela alegria da vitória de Cristo sobre a morte. Com a ressurreição de Cristo, na Páscoa da libertação, culminam todas as tristezas, todas as dúvidas, todas as hesitações. E todos então poderemos cantar aleluias. A morte de Jesus Cristo é, verdadeiramente, o primeiro e definitivo passo para a nossa redenção.
Fernando Martins

quinta-feira, 13 de abril de 2006

Um artigo de Tiago Mendes, no Diário Económico

A minuta
O corporativismo em algumas universidades portuguesas é tanto mais condenável quando esperamos que elas sejam pólos de excelência e exemplos a seguir.
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A endogamia, no contexto do ‘job market’ universitário, consiste na contratação preferencial de indivíduos da mesma instituição. Do ponto de vista da racionalidade, a endogamia é perfeitamente entendível: trata-se de uma forma de protecção mútua entre agentes que estabelecem, de forma não necessariamente explícita, um contrato de protecção mútua. Num país de cidadãos avessos ao risco, o comportamento não surpreende. Mas se a endogamia é racionalmente entendível, ela não é, obviamente, aceitável. Uma universidade que pretenda fazer investigação e oferecer ensino de qualidade, não pode fechar-se ao exterior nem ter um corpo docente receoso de competição. O corporativismo que existe em algumas universidades portuguesas é tanto mais condenável quando esperamos que elas sejam pólos de excelência e exemplos a seguir.
Um caso caricato chegou-me há dias ao conhecimento. Rezava assim: um cientista português, radicado no estrangeiro, respondera a um concurso duma universidade portuguesa, publicitado na internet. A sua candidatura fora desqualificada, informava a Reitoria da instituição em causa, por não incluir “a minuta de candidatura”. A dita “minuta”, que não era referida no anúncio nem estava acessível ‘online’, não passava de um formulário no qual se requeriam o nome próprio, a filiação e a referência do concurso. Só a informação relativa à filiação não era deduzível da restante candidatura. Conclusões? Duas. Uma geral e uma particular.
A primeira: é nos pequenos detalhes que muitas vezes se percebem as grandes diferenças. Este tipo de requerimentos, essencialmente burocráticos, mesquinhos e alimentadores da mediocridade, não se coadunam com uma cultura meritocrática. Erguer este tipo de “muralhas”, de forma kafkianamente engenhosa, para proteger os habitantes do “castelo” não é prática admissível numa instituição onde a busca de conhecimento seja o móbil maior. A segunda: só com uma invejável dose de ingenuidade conseguiremos não suspeitar que a instituição em causa, a Universidade de Lisboa, tenha encorajado, ao mais alto nível, a contratação preferencial de pessoas da casa.
Confesso-me particularmente à vontade para expor este caso por não ter qualquer relação pessoal ou profissional com o visado (o biólogo Miguel Araújo). Cumprindo, ‘en passant’, a máxima de que a justiça deve ser cega. Não fora a seriedade da questão, mais a autonomia universitária, e o título do texto poderia ter sido “A 334ª” - a medida “essencial” e “emblemática” que faltaria à desburocratização do país. Como assim não é, opto por citar o visado nesta história: “Não há planos tecnológicos, estratégias de Lisboa ou protocolos com o MIT que resistam a uma burocracia cuidadosamente arquitectada para defender os interesses da mediocridade instalada. Assim, não vamos lá.” Pois é.
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Nota: A burocracia ridícula e castradora anda por aí à solta. Ao transcrever este texto, muito oportuno, de Tiago Mendes, pretendo, tão-só, mostrar como o País tem andado. Manietado pela burocracia, que está comodamente instalada em todo o lado, não é possível progredir. E ainda há quem lute, com todas as garras, contra o processo em curso de acabar com ela.
FM

Aveiro: Ecomuseu da Troncalhada

Uma tradição que deve ser
conhecida Troncalhada é nome de marinha de sal que a autarquia aveirense preservou e mantém em funcionamento, na época própria, para garantir a tradição. Fica ali bem perto da saída de Aveiro, na rotunda que dá acesso às praias da Barra e da Costa Nova. Quando se entra nessa rotunda, segue-se em direcção às Pirâmides e à esquerda, quem olhar vê logo a antiga marinha, em pleno funcionamento. Penso que esta época de férias para alguns, sobretudo para quem estuda, é uma excelente oportunidade para ficarem a conhecer uma actividade que tem tendência para desaparecer da nossa paisagem lagunar. O Ecomuseu da Troncalhada está bem cuidado e preparado para receber visitantes. Há guias para orientarem a visita e para explicarem o que muitos gostarão de saber: como se fabrica o sal, a partir da evaporação da água salgada depositada nas janelas do céu, como lhe chamou o artista multifacetado Almada Negreiros.

Um artigo de D. António Marcelino

NA FESTA DA VIDA,
PROJECTOS DE MORTE?
De uma maneira viva e irrespondível, os bispos de Espanha, em documento recente sobre a “reprodução humana artificial”, assim lhe chamam, denunciam que “o embrião humano recebe uma tutela legal menor do que aquela que se dá aos embriões de certas espécies animais protegidas”. Faz pensar, a tal ponto chegou o laicismo do estado. Por estes dias de Páscoa, a festa da vida, o problema também se vem pondo entre nós, com preocupação de muita gente que luta por uma sociedade que respeite a vida. O legislador escuda-se na maioria parlamentar para assegurar a vitória antecipada. Mau caminho, em matéria tão delicada. e grave. Não podemos, nem queremos habituar-nos a aceitar a ligeireza com que se vão abordando problemas sérios, com vista a novas leis. Não se pede agora mais, e este pedido é mais que legítimo, do que, em relação à “reprodução medicamente assistida”, assim lhe chamamos nós, se dê tempo e espaço para que as pessoas sejam esclarecidas, vejam, em todas as suas dimensões, o alcance das decisões possíveis, e possa reagir livremente. Não basta falar do vazio legal sobre o tema e aproveitar a maré para preencher este vazio de uma maneira menos adequada. Se é grande o vazio legal, a culpa não é, nem do povo, nem dos embriões, previamente condenados à morte. É o órgão legislador que tem de se interrogar, porque o povo está farto do parlamentarismo à século XIX, em troca da atenção, estudo e reflexão, sobre assuntos do seu interesse. Consta que tudo se tentava decidir, se é que não se continua na mesma, na calada dos arranjos da noite partidária e na distracção de um povo, cada vez mais alheio à política, porque, com futebol, jogos e novelas televisivos se dá por satisfeito, se não o acordarem. Por isso mesmo, os atentos são considerados cada vez mais incómodos num povo anestesiado e alheio a coisas essenciais. Sabemos que há muitas esposas desejosas de procriar e mulheres solteiras, ansiosas por um bebé, sem o incómodo de terem de o gerar. Para as primeiras há caminhos já traçados, para as segundas não vemos que caminhos legítimos, porque uma criança não é um brinquedo de luxo, e tem direitos que não se casam com caprichos e emoções. “ O embrião, lê-se no documento dos bispos vizinhos, merece o direito devido à pessoa humana, porque não é uma coisa, nem um mero agregado de células vivas, mas o primeiro estádio da existência de um ser humano.” Não respeitar o embrião, embora se lhe dêem outros nomes para acalmar a consciência, é abrir portas a formas que podem ir da procriação à comercialização, a fins cosméticos ou outros de igual teor. Procriação, investigação, indústria e negócio são termos que, no caso presente, se colam. Mesmo com leis que se dizem reguladoras de abusos, a ânsia de ir à frente na investigação e de tirar proveito material desta indústria, tem sempre patronos, dentro e fora do sistema. Os políticos, menos esclarecidos e pouco seguros, gostam de aproveitar, quando não mesmo de provocar, o facto consumado, que torna, depois, mais difícil o recuo. O facto consumado sempre foi uma estratégia marxista, para depois se poder gritar pelo respeito devido a direitos adquiridos. Todos sabemos que assim é, e aí está a prová-lo a Constituição, votada em circunstâncias que nada têm a ver com a realidade democrática de hoje, intocável em aspectos fundamentais, mas mutável, ao sabor de interesses e arranjos partidários. Não é caso único nesta estratégia antidemocrática, dominada pelo medo de perder, sempre que no jogo as regras são claras. Celebra-se a festa da vida. A Páscoa é isso mesmo. Sonham-se, entretanto, projectos de morte: o aborto prometido, o divórcio agilizado, o embrião destruído… Pode a Igreja calar-se, quando a pessoa humana é espezinhada, sem se poder defender? Nunca.

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Páscoa para um mundo mais justo

Bento XVI convida católicos a preparar
bem a celebração Bento XVI desafiou hoje os católicos de todo o mundo a fazer da Páscoa uma festa de vida, comprometendo-se “com mais coragem na construção dum mundo justo”. O Papa falava perante 40 mil peregrinos, reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral desta semana, com reflexão centrada no Tríduo Pascal.
Perante um mundo em que continuam a ser visíveis as “divisões, os dramas da injustiça, do ódio, da violência e da impossibilidade de reconciliação com perdão sincero”, o Papa espera que os católicos dêem um testemunho de fé, mostrando que “o mal não tem a última palavra”, porque Cristo ressuscitou.
Nos próximos dias, disse Bento XVI, os fiéis devem manifestar “um desejo mais vivo de seguir Jesus e servi-lo, sabendo que ele nos amou ao ponto de dar a vida por nós”.
Para preparar o Tríduo Pascal, o Papa convidou os católicos a procurarem “a reconciliação com Cristo, para saborear mais intensamente a alegria que Ele nos comunica com a sua ressurreição”.“O seu perdão, que é dado no sacramento da Penitência, é fonte de paz e torna-nos apóstolos de paz”, explicou.
: (Para ler mais, clique aqui)

D. Manuel Clemente na antiga Capitania

“O sentido da vida à luz da arte cristã” No próximo dia 20 de Abril, quinta-feira, pelas 21.30 horas, na sede da Assembleia Municipal de Aveiro (antiga Capitania), D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar de Lisboa, fará uma conferência, subordinada ao tema “O sentido da vida à luz da arte cristã”. Trata-se de uma iniciativa da Comissão Diocesana da Cultura, em parceria com a Câmara Municipal de Aveiro e a associação AveiroArte, integrada na exposição que está patente ao público no mesmo local, até ao dia 23 do corrente. Nesta exposição, 48 artistas assumiram expressar o que pensam, em termos artísticos, sobre “O sentido da vida: que horizontes?”

Um artigo de António Rego

O culto do oculto
Recordo bem o choque que constituiu para mim, no início do estudo de Sagrada Escritura, o desmoronamento de alguns cenários construídos sobre a criação do mundo, as figuras de patriarcas e profetas, acontecimentos exemplares de tragédia ou festa descritos no Antigo ou Novo Testamento.
Conhecer os géneros literários, a hermenêutica gerada por uma aproximação aos textos originais, traduções, cânones, apócrifos – tudo isso provocou salutar iluminação sobre cenas desenhadas mais na imaginação que nos conteúdos essenciais da fé.
Estudar a Bíblia não é chegar à idade de compreender que o Pai Natal não existe e que não há nada a fazer. Trata-se de um acesso rigoroso à exegese, clarificada com o maior número de dados possível da história e da ciência. E da tradição da Igreja como fonte continuada da cristalinidade da fé.
É um bom momento na vida o da harmonização tranquila da fé com a ciência sem misticismos artificiais. Apercebemo-nos que os pilares da razão são óptimos mas insuficientes para sustentarem os conteúdos globais da fundamentação do homem e de Deus. Por isso aconteceu a Revelação.
De tempos a tempos surgem miragens de ciclones que ameaçam “desmoronar” as bases comuns das certezas e crenças adquiridas. Surpreendentemente Dan Brown e o seu Código Da Vinci com a sua fantasia espectacularizada (e presumivelmente copiada de outra fantasia) parece ter feito estremecer a fé de pré-iniciados em questões bíblicas e históricas.
Vendeu melhor os livros que as ideias mas terá deixado algumas dúvidas sobre quem estava à direita de Jesus na Última Ceia, e se Leonardo Da Vinci terá sido melhor em construir charadas que em trabalhar como pintor, escultor ou físico.
Recente notícia (inocentemente surgida perto da Páscoa) sobre o Evangelho de Judas, dispara as campainhas das redacções e produz reportagens em volta das dúvidas sobre a figura de Judas descrita nos Evangelhos Canónicos.
Surgem de novo as insinuações sobre um acumulado erro histórico, dando a entender que os cristãos andam eternamente ludibriados pela máquina eclesiástica.Há conteúdos essenciais da fé e esses estão explicados e proclamados. Há questões de textos e contextos sempre abertas a novos dados filológicos, paleontológicos, como todos os grandes estudos históricos. Mas nada disso se enquadra na literatura cor de rosa, lida entre dois mexericos de sala de espera.
As ciências teológicas e bíblicas trabalham em laboratórios bem mais consistentes, com dados frios, tratados por investigadores insuspeitos que não passam a vida ao telemóvel para comunicar mais uma descoberta oculta e sensacional.
Quem, nestes dias, ler serenamente a Paixão em qualquer dos Quatro Evangelistas, terá o essencial dum capítulo da história da fé e da humanidade. Sem se perder no culto do oculto ou da dúvida.

SAÚDE: É preciso combater o desperdício

Manuel Antunes
pede medidas de fundo
Manuel Antunes, director do serviço de Cirurgia Cardiotorácica dos Hospitais Universitários de Coimbra e conselheiro de Saúde do Presidente da República, Cavaco Silva, disse na “Visão”: “Continuam a usar-se paliativos para melhorar a acessibilidade aos serviços, em vez de se tomarem medidas de fundo. Nada poderá resultar, enquanto não se combater os desperdícios e a ineficiência dos serviços. Isso terá de passar por uma alteração profunda do esquema de trabalho dos profissionais, sobretudo dos médicos. Só assim se conseguirá, por exemplo, reduzir eficazmente as listas de espera para cirurgias e consultas. Em contrapartida, tem de entregar-se mais responsabilidades aos directores de serviço.” Disse, ainda, que é preciso responsabilizar os cidadãos pelos cuidados que recebem, porque “abusam do sistema e desperdiçam alguns meios postos ao seu alcance. Por exemplo, um terço dos medicamentos prescritos não são tomados.” O doutor Manuel Antunes sabe do que fala. Isso significa que há muito que fazer no campo da Saúde, para se acabar, de facto, com as listas de espera nas cirurgias e nas consultas hospitalares. Quando uma personalidade como esta fala, penso que não deixará de ser ouvida pelo Governo, no sentido de responder aos desafios que preconiza. A saúde é um bem precioso que merece mais atenção de todos nós e dos responsáveis por este sector a nível nacional. Como Manuel Antunes é assessor do Presidente da República, talvez isso seja uma mais-valia para os encontros que Cavaco Silva mantém às quintas-feiras com o primeiro-ministro José Sócrates. F.M.

Citação

Para pensar “Num tempo de planos tecnológicos e de programas simplex de ataque à burocracia, é chocante constatar que quase três milhões de portugueses não possuem qualquer ligação domiciliária à rede de esgotos”. (…) “É assustador o facto de mais de quatro milhões de portugueses não possuírem sistemas adequados de tratamento de esgotos e de, entre estes, quase três milhões não terem qualquer ligação à rede de drenagem de esgotos”. : António José Teixeira,
no editorial de ontem do DN

Figueira da Foz por estes dias

Figueira com seus recantos e encantos (Para ver melhor, clique na foto)

terça-feira, 11 de abril de 2006

Um artigo de Alexandre Cruz

A inutilidade
do sofrimento? 1. O sofrimento, enquanto experiência humana do limite em nós próprios, apresenta-se como uma realidade certa que, mais cedo ou mais tarde, bate à porta de todos. E é particularmente na experiência do sofrimento que, após levantadas todas as dúvidas e questões fundamentais, novas caminhadas de sentido de vida se fazem, novas janelas de entendimento sobre o “essencial” da vida se abrem, mostrando a esperança e a clarividência para um sempre melhor discernimento diante de tantos acessórios insignificantes. É por isso que nas sofridas fronteiras da vida, todos os ideais se renovam, (quase) todas as pazes se fazem, todas as esperanças e projectos se levantam. Mas, com sensibilidade, precisamos de apurar a nossa própria atenção porque ao falarmos do sofrimento humano (ele por si não existe) não falamos de teorias mas de pessoas concretas que sofrem; tal como ao falarmos de humanidade, teremos sempre de fazer o esforço de passar da abstracção à realidade concreta das pessoas que caminham, que procuram e encontram, pessoas essas que somos “nós”… É no superar das generalidades teóricas ao encontro de vidas muito pessoais que navegamos quando, especialmente, avançamos por estas águas de escrita, também num tempo pré-pascal em que caminhamos… 2. Vem esta reflexão a propósito de uma obra publicada e publicitada com destaque na revista Notícias Magazine (do JN de 2 Abril). Trata-se de uma visão, livro com o título “A Inutilidade do Sofrimento”, de uma psicóloga com 25 anos de experiência e que constata que não fomos educados para gerir os sofrimentos e perdas naturais da vida, e que insistimos em diante do mesmo acontecimento preferir ver as coisas de forma pessimista; optamos por ver o “copo meio vazio” em vez de o “copo meio cheio”. Despertou-nos o título, e uma primeira visão de perspectiva, uma sensação de confirmação em que estamos mesmo a querer afastar a experiência do sofrimento da própria experiência humana realista; preferimos as modas, as estéticas, as elegâncias, só uma face (a linda!) da moeda da vida. Ainda que abordando a obra oportunos horizontes de equilibro emocional, auto-estima, auto-conhecimento, superação e gestão das ansiedades, contudo, em última análise, considerando os sistemas éticos, normativos e religiosos como “imposições de culpabilidade” que não deixam a libertação do ser florescer…num levar às últimas consequências, ao limite, correr-se-ia o terrível perigo de não olhar a meios para atingir fins, perdendo a vida todo o sentido diante do sofrimento tão realista, um passo “eutanasiante”. Quererá esta visão a promoção de uma sociedade de perfeitos? Será a ideia de “esconder” ainda mais da vida pública as feridas das pessoas? Será esta afirmação da psicologia sobre a “inutilidade do sofrimento” sinal de que cada vez é mais difícil reconhecermos em nós próprios a limitação?... 3. O sofrimento está aí, todos os dias! Integrar positivamente, no mais possível, para melhor viver será o caminho… Não, como algumas perigosas teorias apontam, que seja um mal necessário para a purificação; não que o sofrimento tenha mesmo de acontecer para apurar sentidos de vida, arrependimento, de forma alguma. Esta visão perderia o sentido da plena liberdade humana em que cada momento de vida é apelo à própria felicidade… Mas que na experiência do sofrimento, quer pessoal quer de dedicação aos outros, é possível uma abertura a toda a esperança e, fruto de um sentido / integração positiva do sofrimento (que nunca é um fim em si mesmo) é possível dar felizes passos adiante, isso é bem verdade. A autora, psicóloga Maria Jesus Reyes, toca, em contrapartida, em alguns aspectos fundamentais da nossa vida em sociedade e das escolas da maturidade de vida, no que constroem em nós (ou não) deste espírito de aprendizagem em lidar com o menos positivo: “Fazemos cursos para ensinar os executivos a controlar a ansiedade e é o que mais agradecem, porque lhes ensinaram a negociar, algo a trabalhar em equipa, a liderar, mas não lhes ensinaram a ser felizes, a controlar as emoções negativas. E com o mesmo trabalho, a mesma família, os mesmos problemas, pode-se viver muito bem ou muito mal. Essa é a grande diferença.” Sem dúvida que uma vida bem trabalhada por dentro pode aliviar muito do peso sofrido dos medos, das ansiedades, das perdas, mesmo das dores. Mas também é certo que a arte de viver em que tudo tem sentidos de esperança (inclusive a leitura do sofrimento humano), será a via capaz de melhor reavivar a “inteligência emocional” para a reconstrução da grandeza do SER. O sentido pascal, da passagem esperançosa fruto de aperfeiçoamento da própria vida, desperta de forma mais feliz este estímulo positivo. Claro que teorias nada são comparadas com as cruas feridas e dores do corpo… mas nelas saber ler a serenidade, a esperança e a paz, é o melhor discurso silencioso que faz ver bem mais longe o quanto valemos e a que dignidade absoluta somos chamados!

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Partidos Políticos

Os Estados têm de apoiar
os Partidos Políticos, mas…
Todos os democratas são unânimes em considerar que os Partidos Políticos são fundamentais nos regimes democráticos. Por isso, os Estados têm de o dever, a meu ver, de contribuir para a sua existência. São eles que, afinal, oferecem e mostram aos eleitores as várias formas de Governo, sublinhando, cada um a seu modo, as virtualidades das ideias que defendem e pregam. Os Partidos Políticos têm filiados e simpatizantes, como é óbvio, que os ajudam a sobreviver e os fazem chegar ao Governo ou os alimentam nas oposições, também importantes nos regimes democráticos. Sem oposições credíveis poder-se-ia cair nas ditaduras ou nos abusos do poder, na corrupção ou na degradação do sistema. Sendo assim, os Estados têm, de facto, de apoiar os Partidos. Acontece que de tempos a tempos vêm a lume as contas que o Governo tem de suportar com esse apoio. E elas são tão elevadas que me custa aceitar que seja mesmo necessário despender tanto dinheiro com os Partidos Políticos e com as campanhas eleitorais. A “Visão” disse na passada semana que as forças políticas vão receber, nos próximos três anos, os mesmos 64 milhões de euros que Bill Gates (o homem mais rico do mundo) vai investir em Portugal, como ajuda à renovação tecnológica. Eu acho que é muito dinheiro, até porque os Partidos têm as quotas dos seus filiados. Que houvesse um apoio, de alguma forma modesto, ainda seria de aceitar. Mas dar tantos milhões, num país com tantas carências e tanta fome, não me parece bem. Fernando Martins

Primeira saída do Presidente da República

Gratidão e mérito
Na sua primeira saída oficial do palácio de Belém, o Presidente da República, Cavaco Silva, privilegiou a gratidão e o mérito. Cavaco Silva deslocou-se ao Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, não só para agradecer o modo como ali foram tratados familiares seus, mas também para cumprir uma promessa da campanha presidencial, como foi a de dedicar “uma atenção particular às crianças”, que “são um grupo vulnerável na nossa sociedade”. O presidente da República quis salientar o facto de aquela unidade hospitalar ter recebido, no ano passado, um prémio pelo trabalho da sua Comissão de Humanização e Qualidade, bom estímulo para continuar na senda do sucesso, para bem dos pacientes. Estímulo esse que, se todos os hospitais quiserem, também o podem aproveitar para humanizarem os seus serviços. Cavaco Silva deixou ainda um recado, quando disse aos jornalistas, que o questionavam, que “O Presidente da República tem um direito de reserva em relação àquilo que diz em Público”. F.M.

Quotas para o mérito

A jornalista Isabel Stilwell disse, no “Notícias Magazine”, que “O bom povo português agradecia uma lei a exigir a presença obrigatória de pelo menos um quarto de pessoas inteligentes nos partidos políticos. Independentemente do sexo. Mas essas quotas não as quiseram eles!”. E acrescentou que “Os homens bem podem começar é a pensar numa lei de quotas para eles, enquanto ainda os deixam assinar leis e diplomas”.
Ora aqui está uma ideia que merece uma oportuna reflexão, numa altura em que tanto se discute sobre quotas (humilhantes) para mulheres na política. Mais importante do que isso será, então, estabelecer quotas para o mérito. Aí, muitos políticos, homens, ficariam de fora. F.M.

Na antiga Capitania

“O sentido da vida: Que horizontes?” Até 23 de Abril, pode apreciar, na antiga Capitania, uma exposição colectiva de Artes Plásticas, subordinada ao tema “O sentido da vida: Que horizontes?”. Trata-se de uma iniciativa da Comissão Diocesana da Cultura, em parceria com a Câmara Municipal de Aveiro e com a associação AveiroArte. De terça a domingo, das 14 às 19.30 horas, o visitante pode debruçar-se sobre trabalhos de 48 artistas, procurando reflectir, com a ajuda de todos eles, sobre o sentido da vida. Uma exposição a não perder, até porque, na Quaresma, há razões mais do que suficientes para compreendermos que só uma vida com sentido pode projectar-se em todos os horizontes. F.M.

Na Loja do Cidadão

Fotografias na Loja
Na Loja do Cidadão, em Aveiro, os alunos de Fotojornalismo do ISCIA (Instituto Superior de Ciências de Informação e Administração) expõem fotografias captadas com arte e sensibilidade. A Vida num parque de Aveiro, Peixeiras e Rastos da Noite podem ser apreciados na Loja do Cidadão até ao próximo dia 29, de segunda a sexta-feira, das 8.30 às 19.30 horas, e aos sábados, entre as 9.30 e as 15 horas. F.M.

Citação

“É possível viver com o fracasso. Não se consegue é viver com os sonhos no armário” Bill Clinton, antigo Presidente dos EUA, in Jornal de Negócios

Um artigo de D. António Marcelino

PERGUNTAS FATAIS
PARA UM PROCESSO
EDUCATIVO VÁLIDO
Um pedagogo argentino, de nome consagrado, ao passar por Portugal, como orador num Curso de Verão sobre problemas da educação, deixou-nos esta reflexão final: “Interrogar-se acerca da formação da personalidade é, afinal, formular as perguntas fatais da educação: para quê e para onde queremos educar”. Um pouco atrás, fez outra pergunta, que ele mesmo classificou de fundamental: “ Como ensinar e promover as capacidades exigidas a um cidadão democrático?” Quem faz perguntas, procura respostas. Quem não se interroga não tem condições para progredir. Ouvir de outros e fazer perguntas a si mesmo pode ser incómodo, por isso as respostas ou não existem ou são tolas e desfasadas. Em educação as perguntas pertinentes podem determinar o processo educativo. O “para quê” e o “para onde” ou o “em que sentido” têm de iluminar e orientar toda acção educativa da família e da escola e, de modo igual, das diversas instâncias educativas. De outro modo, o esforço para educar será inútil e o tempo perdido. Não vai para parte nenhuma quem não sabe para onde vai, nem para onde quer ir. Não será, porventura, esta fatalidade, que explica fracassos e insucessos na educação? Num suplemento de fim-de-semana, que um dos jornais diários anexava há dias ao caderno principal, fazia-se a publicidade de um famoso grupo rock estrangeiro, nestes termos: “Para acabar de vez com as boas maneiras!”. O mesmo era dizer que não havia regras para apreciar ou para presenciar, e que destruir conceitos e preconceitos era a palavra de ordem. Na música e na vida. Muito aliciador, para gente sem peso nem norte. Como nessa semana o prato forte das minhas actividades andou à volta de encontros com professores e de reflexão sobre a educação e a escola que temos, vieram-me à memória as perguntas fatais e fundamentais, do mestre argentino. Educar é sempre construir com projecto e, por isso, precisa horizontes e regras. As regras geram constrangimento para quem julga que ser livre é fazer tudo quanto lhe apetece, e não aceitar qualquer intervenção de outrem na sua vida. Ora, educar é sempre um processo relacional que permite permuta e possibilita transmissão de saber já adquirido e de experiências de vida, torna livremente activo quem está em aprendizagem mais evidente, e não dispensa o horizonte do porquê, do para quê, do como e do para onde, para que haja motivação para aprender, desenvolver capacidades, ter opções com critérios, agir com discernimento e vontade, ter alegria de viver e de realizar, dispor, enfim, de um sentido na vida e para a vida. Um horizonte reduzido acaba por não apaixonar. Largo e a perder-se no longe do tempo, obriga a persistência, criatividade, necessidade de ajuda, vontade determinada, esperança e utopia. As desistências, os insucessos e os desvios condenáveis de um agir sem regras, maneiras e ética, mostram que as interrogações que motivam a agir da pessoa, não funcionaram. Há, por vezes, estrangulamentos no processo educativo, influências estranhas com poder, medos justificáveis de educadores, desinteresse ostensivo de educandos, leis patetas de técnicos e psicólogos sonhadores e ineptos, omissões graves de quem determina o processo, desconhecendo a realidade e a vida, instituições que andam à caça de fracassos nos espaços educativos dos outros, para desviar a atenção da noite que cobre os seus campos de acção, de teor idêntico. Os que querem, acabam por ser prejudicados pelos que não querem ou não sabem, passando o mal a ter história e o esforço do bem a ser esquecido, quando não mesmo vilipendiado. Admiro cada vez mais os educadores que não desistem e os jovens que prosseguem no caminho que traçaram, resistindo às influências que os rodeiam. Nenhuma sociedade tem futuro sem uma educação séria que não medo das interrogações fatais.

Gotas do Arco-Íris - 12

ARCO-ÍRIS, MODELO E MESTRE ... 

Caríssimo/a: Ouve-se, com frequência, que “a Primavera já não é o que era”... Não sei se concordo, mas, observando o meu pequeno mundo, nunca vi tantas flores nos nossos jardins (o «meu» jardim, os jardins do condomínio, os jardins dos bancos: os bcps, os bpis, os bes, eu sei lá..., e até de uma ou outra repartição pública, que também as há com as suas floreiras..., e vamos lá de alguns hospitais, e, sejamos justos, os jardins públicos...). 
Se antigamente Portugal era um jardim à beira mar plantado, hoje talvez o mar esteja plantado a ver o nosso jardim... E vem esta prosa tão pouco garrida, porque um canteiro me cativou... Vi-o de longe e admirei a sua mancha colorida... Logo me pus a lançar elogios para o ar dirigidos aos meus dois bons Amigos Manuel Casqueirita e João Matias; aquele da Marinha Velha e este de Vilar... 
Numa época em que a decoração de altares de Igreja era exclusivo das Mulheres e Raparigas das nossas aldeias, o ti Casqueirita e o João Matias ousaram e conquistaram um espaço que por todos era respeitado e hoje é saudado... Bem hajam! 
Ia assim divagando e aproximando-me, a pé, vagarosamente como as minhas pernas mo vão permitindo, olhando e reparando para o dito canteiro... E ali está, deitado, sonolento, nesta tarde chuvosa... Mas onde estão as flores? Os jardineiros foram ardilosos e de uma imaginação inimaginável: as manchas de cor foram conseguidas com ...couves e pedrinhas... Só o arco-íris pode ter sido o mestre de artistas tão requintados!... E por hoje, vamos com o nosso ramo, mais ou menos florido, saudar outro Mestre.

Manuel

Nota: Por motivo de ausência, só hoje posso introduzir no meu blogue a habitual colaboração do amigo Manuel.

Agradecimentos

Alguns leitores foram muito simpáticos, como veriquei, com e.mails, mensagens e telefonemas, preocupados com a minha ausência. Não foi por doença, graças a Deus, mas por necessidade de mudar de ares. O homem, mais do que os outros seres vivos, precisa, de quando em vez, de respirar noutros ambientes. Foi o que fiz.
Mesmo fora de casa, porém, aqui estou como prometi, ao sabor das portas que se abrem, o que, felizmente, se está a tornar mais fácil.
O meu muito obrigado pelos cuidados dos meus leitores.
Fernando Martins

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Mais uma saída

Mais uma saída. Mais uma ausência. Quando puder, por cá passarei para a partilha do que penso e sinto com os meus amigos e habituais leitores.
Fernando Martins

terça-feira, 4 de abril de 2006

Um artigo de António Rego

A glória de João Paulo II
A celebração do primeiro aniversário da morte de João Paulo II seguiu, por inteiro, o dinamismo pessoal e pastoral de Karol Wojtyla: exposto ao mundo do primeiro ao último momento, tão visível nas horas de brilho e festa como nos momentos frágeis no aspecto, no andar, no falar, no encontro com os povos, com os governos, as Igrejas, e com esse universo incontável de interesseiros que não quiseram perder a oportunidade de serem fotografados com o Papa como peça de currículo. Bento XVI expressou bem todo o percurso, acentuando o seu despojamento progressivo: “Nos últimos anos, o Senhor foi a pouco e pouco privando-o de tudo, para que a Ele se lhe assemelhasse. A sua morte foi o cumprimento de um testemunho de fé que tocou o coração de tantos homens de boa vontade”. Esteve em pleno na sua imagem, depois apenas no gesto e na voz como aconteceu na última Via Sacra a que presidiu na sua Capela particular onde nem o seu rosto foi mostrado ao público. O mundo seguiu o drama e a festa da vida deste homem que sempre vibrou ao ritmo das comunidades a que presidiu e à Igreja Universal que, como pastor, confirmou vigorosamente na fé.
Dado o seu longo Pontificado, as últimas gerações já não se aperceberão inteiramente das mudanças e sobretudo do ritmo e estilo que ele imprimiu à Igreja no seu original pastoreio.
Tudo mudou. Se o essencial é o mesmo, a forma de o apreender, transmitir e aplicar, altera-se com o tempo, as revoluções culturais, políticas, técnicas e religiosas.
João Paulo II não é isento dos contextos da história na sua vida pessoal, nas perturbações da Polónia, da Europa, no choque da modernidade que ganhou uma explicitação e visibilidade nunca antes vistas, dos dramas de guerra e dos progressos de paz que nunca deixaram de acontecer.
Este todo teceu o seu Pontificado a que imprimiu uma tónica particular. É mais fácil a homenagem que a análise objectiva e pedagógica para a Igreja e para o mundo. Por isso o esfumar-se do tempo ajuda melhor à percepção distanciada da realidade.
Abre-se agora esse período. Da transição do afecto para a clareza dos factos. À frente dos quais está o próprio processo de beatificação que não é alheio a todo o itinerário do Papa Wojtyla.