sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES

Cardeal-Patriarca defende esforço conjunto contra choque de civilizações
D. José Policarpo considera que, face à onda de violência gerada após a publicação de caricaturas do profeta Maomé, “são precisas mais políticas acertadas lucidamente decididas, respeito mútuo e respeito pela identidade de cada povo”, disse hoje à ECCLESIA.
Segundo o Cardeal-Patriarca, estes acontecimentos “não se podem colocar no quadro do diálogo inter-religioso, e não há falta de diálogo inter-religioso, embora reconheça que “o diálogo inter-religioso não é fácil”.
D. José Policarpo frisou que “umas das características de cada religião é a convicção muito forte da sua doutrina e da sua perspectiva de vida”. Para os menos convictos, salienta D. José, o diálogo “é a cedência e o cair numa espécie de religião universal que todos pudessem aceitar”.
A solução para estes problemas, diz D. José Policarpo, encontra-se “num contexto sociopolítico, socioeconómico e, porventura, numa tensão entre dois grandes blocos da humanidade contemporânea”, sublinhou.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Imigrantes de Leste podem inscrever-se numa bolsa de emprego

300 mil imigrantes de Leste no centro e norte de Portugal
Os 300 mil imigrantes da Europa de leste que residem no centro e no norte de Portugal poderão, a partir de hoje, integrar uma bolsa de emprego para se candidatarem a um lugar nas empresas portuguesas dos sectores da electrónica, da construção civil, da metalurgia e têxtil. O projecto Programa FIC - Formar, Integrar, Competir, apresentado hoje no Porto será "uma mais-valia" para as empresas portuguesas e para a sua competitividade, na medida em que os imigrantes darão resposta ao défice do tecido empresarial ao nível de quadros técnicos e intermédios, de acordo com o responsável João Almeida Garrett.
"Estes homens e mulheres com qualificações de nível técnico e com hábitos de disciplina, pontualidade e cumprimento de prazos são uma mais valia para as empresas portuguesas", frisou João Almeida Garrett.
:
(Para ler mais, clique aqui)

ADOPÇÕES mais rápidas?

Governo cria Observatório para a Adopção
No ano passado foram adoptadas apenas 300 crianças em Portugal - um número que o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, considera ser demasiado baixo, tendo em conta que nas instituições permanecem 14 mil crianças à espera de um futuro melhor. É para agilizar estes processos que o Governo anunciou a criação de um Observatório para a Adopção.
Os números, de facto, são insatisfatórios: à espera de uma criança para adoptar estavam, no final de 2005, 1700 famílias, e o tempo de espera para a acolher rondava, em média, dois a três anos. "São valores que não nos permitem ainda contrariar o risco da tendência para a institucionalização excessiva", afirmou o ministro na Amadora.
Para auxiliar as crianças e jovens em risco, o Governo propõe-se agora criar mais 300 lugares nos centros de acolhimento temporário. Até 2009, serão estendidas para 2100 as vagas nestas casas onde se pretende que as crianças fiquem apenas o tempo necessário para ser traçado o seu projecto de vida. Em três anos, o objectivo é reduzir em 25% as crianças institucionalizadas.
(Para ler mais, clique aqui)

RIA DE AVEIRO E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Ria de Aveiro: Torreira
: Documento da Comissão Diocesana Justiça e Paz, a propósito do Dia Mundial das Zonas Húmidas
Com certeza que qualquer um de nós, ao observar e sentir a natureza, deu por si a entoar intimamente um salmo de louvor ao Senhor. É impossível a indiferença à beleza da nossa Ria de Aveiro, em particular naquelas horas do fim do dia, em que adquire uma luz e uma serenidade especiais. Um pequeno reflexo da Luz e da Calma do Senhor...
A Ria de Aveiro, como zona húmida* que, para além da sua beleza, é rica em peixes e aves aquáticas e possui grandes planos de água, locais de eleição para a prática de desportos náuticos. A produção de sal e os barcos moliceiros são também identificados com a tradição aveirense e estão intimamente ligados à Ria, um dos ex-libris da Diocese de Aveiro.
:
Dia Mundial das Zonas Húmidas
No passado dia 2 de Fevereiro, comemorou-se o Dia Mundial das Zonas Húmidas. Também na passada semana, voltou à comunicação social o tema das Alterações Climáticas. Será que existe alguma relação entre zonas húmidas, ou seja a nossa Ria de Aveiro, e alterações climáticas? Claro que sim! As alterações previstas do clima afectarão as zonas húmidas nacionais. Os estudos científicos para compreensão e previsão das alterações climáticas e dos seus potenciais efeitos apontam para um aumento da temperatura média global do Planeta entre 1,4 e 5,8ºC, no período 1990-2100, o que implicará impactos significativos diversos, que diferem de região para região e de estação do ano para estação do ano. Na Europa, o Sul é a sub-região mais vulnerável, prevendo-se que:
• haja uma diminuição do escoamento de Verão, da disponibilidade hídrica e da humidade do solo;
• nas áreas costeiras, o risco de cheias, erosão e perda de áreas húmidas aumente substancialmente, com implicações para as estruturas humanas, indústria, turismo, agricultura e habitats naturais das zonas costeiras;
• a produtividade agrícola decresça;
• a perda de habitats importantes (zonas húmidas, habitats isolados) seja uma ameaça para algumas espécies;
• temperaturas mais elevadas e ondas de calor possam alterar os destinos turísticos tradicionais. Estará o leitor, neste momento, num dilema: por um lado, identifica alguns dos impactos descritos como algo que já constatou no nossos país e que suspeita estar já a acontecer; por outro lado, pensa que não tem muito a ver com esta problemática e que 2100 está muito longe.
(Para ler mais, clique aqui)

Um artigo de António Rego

Humor e Humores «Para os nossos lados, o desrespeito pelo religioso ganhou, nalguns meios, uma arrogância displicente»
Não é pacífica a discussão: até onde vai a liberdade de expressão? Trata-se dum luxo de alguns privilegiados - os proprietários e profissionais dos media, entre outros, - ou é um bem, por si mesmo, gerador dum dinamismo social e cultural tão decisivo, que não admite qualquer reserva ou excepção?
A democracia é um acto de liberdade. Eleger Hitler, na Alemanha, ou colocar no poder partidos políticos de ideário e prática terrorista foi um acto de liberdade. Não haverá, como referência, nada acima?
Muitas vezes, mais que do silencioso laboratório do pensamento, as questões brotam de explosões emocionais e momentâneas na opinião pública, ou de algum acontecimento levado ao extremo por qualquer situação imprevista. Como agora aconteceu com as caricaturas de Maomé.
A caricatura - porventura uma das armas mais certeiras para ofender gravemente, atenuada apenas pela hipotética vaidade dos atingidos - emerge no momento da subida ao poder dum partido com ideais terroristas, em plena discussão sobre armamento nuclear no Irão, nalgumas lutas internas no universo muçulmano, no confronto entre o mundo árabe e a Europa, para não falar nas centenas de razões discretamente enceleiradas em jazigos de petróleo. Haverá, certamente, um conjunto de situações de carácter pontual que se escondem em muitos discursos, ameaças, violências, decisões e negócios e que ultrapassam quantas razões vêm ao de cima.
Preso a isto tudo, o fenómeno religioso. Os caricaturistas exigem liberdade ilimitada. Alguns religiosos, embora impetuosamente, propõem-lhes que, em vez de caricaturarem símbolos religiosos, exibam caricaturas de si próprios, ou dos seus pais, ou de qualquer ente que considerem “sagrado”. E chegamos ao núcleo do problema: o sagrado. Não terá ele direito ao respeito, inclusive dos cartoonistas, caricaturistas e humoristas? Reconhecemos que existe uma hiper-sensibilidade no universo muçulmano face ao “seu” sagrado. Mas para os nossos lados o desrespeito pelo religioso ganhou, nalguns meios, uma arrogância displicente.
Estamos num mundo global e aberto, onde a liberdade é maior e as feridas se tornam mais expostas. O seu preço, por isso, é mais elevado.É que há humor e humores.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

D. ANTÓNIO MARCELINO: 25 anos na Diocese de Aveiro

"A única forma de vencer o cansaço é a fidelidade a Deus"
“Deus constrói tanto com os nossos êxitos como com os nossos fracassos”, afirmou o Bispo de Aveiro, na celebração da acção de graças pelos seus 25 anos na diocese de Aveiro. D. António fez um balanço da sua missão, agradeceu a Deus e pediu “lucidez até ao fim”
:
D. António Marcelino queria uma celebração modesta, ao completarem-se 25 anos da sua presença na diocese. “Pensava que ia passar despercebido”, disse, na Eucaristia do dia 1 de Fevereiro, no Seminário de Aveiro, lembrando que 2005 fora cheio de comemorações (75 anos de vida, 50 de ordenação...). Mas leigos, consagrados e padres (em parte vindos do retiro espiritual que estava a decorrer em Albergaria-a-Velha) quiseram estar com o seu bispo.
No início da celebração, Monsenhor João Gaspar assumiu o sentir da assembleia e sublinhou a “coragem e persistência intrépida” de D. António, a sua “caridade sem reticências”, o seu esforço “para o bem da Igreja e de todos nós”.
Na homilia, D. António, olhando para a sua vida e o seu ministério, sublinhou ideias sobre a identidade do ministério sacerdotal que têm sido recorrentes, por exemplo, nas ultimas ordenações. “A entrega e o esforço do padre não são um favor. São a lógica da nossa vida. O padre só se realiza quando olha para Deus. É importante que o povo perceba isto. A única forma de vencer o cansaço é a fidelidade de Deus. Ai do bispo ou do padre que perde tempo a olhar para si ou a pensar na realização humana. (...) Deus constrói tanto com os nossos êxitos como com os nossos fracassos. Deus não precisa dos nossos êxitos, mas da nossa verdade, da nossa entrega ao povo. O padre é um expropriado, alguém que Deus fez Seu e do povo que ama”, disse o Pastor da igreja aveirense.
(Para ler mais, clique aqui)

CUFC: Lição do Prof. Adriano Moreira

Cidadania com três faces: nacional, europeia e mundial
Adriano Moreira, professor de relações Internacionais, membro da Academia de Ciências de Lisboa, ministro do Ultramar em 1961-63, ex-líder do CDS e ex-vice-presidente da Assembleia da República e actual presidente do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior, foi o convidado de Fevereiro do Fórum::Universal, no Centro Universitário Fé e Cultura. Em debate estiveram os temas “cidadania, política e construção social/global”.
:
Três faces da cidadania
A cidadania é das questões mais actuais. Actualmente, tem três bases: a nacional, a europeia e a mundial. Temos de aprender a exercer essa cidadania de três faces.
:
País multicontinental
O estatuto do país mudou aceleradamente. No espaço de uma geração, alterou completamente as suas fronteiras. Primeiro, foi país multi-continental, mas com fronteiras exclusivamente com soberanias ocidentais: a inglesa, a francesa, a belga, a holandesa. Nessa época, sabia quem eram os amigos e os inimigos. Depois, teve fronteiras com 10 ou 11 países que conquistaram a independência. Eram países portadores de reivindicações, contestatários do direito internacional e revisionistas. Finalmente, depois de 1974, passou a ter uma única fronteira com a Espanha.
:
Os tempos das mudanças
As mudanças aconteceram mais rápido do que a capacidade de dar resposta. A mudança cultural dá-se num tempo acelerado. A mudança de entendimento dá-se num tempo demorado. Ao mesmo tempo, co-existiram em Portugal três gerações: uma presa ao antigo e avessa à mudança, outra que assume a mudança e outra para quem o futuro é urgente.
:
(Para ler mais, clique Correio do Vouga)