segunda-feira, 11 de julho de 2005

Parem, em nome de Deus!

Bento XVI apela ao final do terrorismo
“Parem, em nome de Deus!”. Foi este o grito com que o Papa se dirigiu ontem a todos os que “fomentam sentimentos de ódios e levam a cabo acções terroristas tão repugnantes” como os da passada quinta-feira, em Londres.
Falando aos peregrinos, reunidos na Praça de São Pedro, após a recitação do Angelus, Bento XVI manifestou a sua profunda dor pelos atentados que provocaram mais de 50 mortos e 700 feridos, afirmando que “Deus ama a vida que criou, e não a morte”, mostrando assim que a Religião não pode justificar nenhum acto terrorista.
O Papa pediu aos fiéis que rezem pelas vítimas dos atentados na capital britânica e pelas suas famílias. Bento XVI convidou também os presentes a rezar pelos autores do atentado, para que "Deus toque os seus corações".
Num telegrama enviado ao Cardeal de Westminster, o Papa já tinha manifestado o seu pesar e angústia pelo que qualificou de "actos bárbaros contra a humanidade". Ontem voltou a condenar os ataques, classificando-os como "atrozes".
Fonte: Ecclesia

Recados de Jorge Sampaio

Posted by Picasa Jorge Sampaio “Quanto mais se falar da crise,
pior será” Num intervalo da sua visita ao Chile e ao Paraguai, o Presidente da República, Jorge Sampaio, enviou alguns recados, oportunos, para os portugueses. Políticos profissionais e povo em geral. “Quanto mais se falar da crise, pior será”, sintetizou. De facto, todos gostamos muito de criticar o que (não) se faz, mas nem sempre assumimos as tarefas que urge fazer no dia-a-dia, em prol do País, directa ou indirectamente. Quem está atento ao que se escreve e diz na comunicação social facilmente pode confirmar que os colunistas e cronistas se agarram, com unhas e dentes, à crise portuguesa, assunto que dá para tudo. Para apoiar o Governo e para o criticar, às vezes doentiamente, numa clara manifestação de falta de ideias. A crise, pela sua importância, deve ser debatida, na verdade, mas penso que há outros temas que não podem ser ignorados. Realmente, não custa nada dizer bem ou mal, com frases bonitas, trocadilhos e metáforas bem engendradas, semana após semana, repetindo-se todos, até à exaustão, em jeito de competição para ver quem fala ou escreve com mais ênfase. Se a muitos recomendassem que abordassem outras questões, estou convencido de que alguns depressa perdiam a avença ou o espaço que os órgãos de comunicação social lhes reservam. Diz Jorge Sampaio, noutro momento da conversa que teve com os jornalistas, que “o que é preciso é fazer. Demoramos muito tempo a pensar no que falta fazer ou naquilo que devemos fazer”. Mas também apelou ao reforço da área da educação, onde as empresas nacionais podem ser agentes de mudança. E sublinhou: “O País precisa de uma iniciativa privada que não esteja sempre a questionar.” Fernando Martins

Preços dos medicamentos podem descer em Agosto

O “PÚBLICO” noticia hoje que o Governo tem pronta a publicação de uma portaria que pode fazer cair a pique os preços dos medicamentos até final do ano. Diz ainda que no Diploma em que concretiza a anunciada redução de seis por cento já a partir de Agosto, exige à indústria que venda abaixo dos preços praticados em Espanha, Itália e França. A indústria farmacêutica já manifestou o seu descontentamento por esta medida, alegando que este pacote governamental vai arrasar o sector, mas a verdade é que ninguém explica por que motivo os medicamentos são, em Portugal, mais caros do que naqueles países citados pelo Governo. Toda a gente sabe que os elevados preços de alguns medicamentos são incomportáveis para muitos portugueses, sobretudo para os mais idosos, sobretudo para os que vivem com pensões muito baixas. A política da Saúde, a meu ver, não pode permitir que haja compatriotas nossos que tenham de escolher entre comprar medicamentos, caríssimos, ou pão para matar a fome. Claro que o Governo vai ter de enfrentar o lóbi poderoso da indústria ligada à produção de medicamentos, no sentido de procurar um maior equilíbrio social, em que todos, industriais, proprietários de farmácias e consumidores possam viver com dignidade, isto é, sem grandes disparidades de rendimentos. F.M.

sábado, 9 de julho de 2005

BOAS FÉRIAS - 3

O prazer de sentir a natureza As férias devem ter momentos para descobrirmos prazeres. Em semanas anteriores, escrevi sobre o prazer de conviver e sobre o prazer de ler. Para esta semana proponho o prazer de descobrir e de sentir a natureza, com todas as suas tonalidades. Depois de conviver com amigos e familiares e de ler textos saborosos, acho que fica bem procurarmos a natureza que nos rodeia e que nem sempre soubemos ver e apreciar. Sair de casa, deixar os lugares fechados e olhar a vegetação, respirar o ar puro, calcorrear caminhos rurais nunca dantes andados, cheirar o mar, sentir a frescura dos campos, mirar as aves que viajam pelos céus, ouvir os seus chilreios, falar com as árvores e contemplar as flores, tudo isto pode afugentar o stresse, aliviar o espírito, dar ânimo a pensamentos positivos. Para mim, férias nunca foi andar a correr, nunca foi fazer nada, nunca foi procurar o enfado, nunca foi perder tempo, nunca foi cansar-me física e mentalmente. Porque no resto do ano temos tempo de sobra para tudo isso e para muito mais. Sugiro, pois, aos meus leitores, que experimentem descobrir novos lugares (às vezes tão perto de nós), onde Deus beneficiou a natureza com quadros talvez nunca vistos nem apreciados. As montanhas tão cheias de lendas e de horizontes a perder de vista, o mar imenso tão cheio de histórias que fizeram a nossa história pátria, os rios vagarosos ou apressados tão cheios sonhos que se deitam tranquilamente no oceano, o céu estrelado que nos desafia e descobri-lo e a lê-lo e as noites de Verão que nos ajudam a abrir a alma aos que nos enchem a vida são bons motivos para passarmos umas férias mais felizes. Fernando Martins

Dívidas de países pobres perdoadas

G8 unido contra o terrorismo
e contra a pobreza O G8 – grupo dos oito países mais industrializados do mundo (Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha, EUA, Canadá, Japão e Rússia) está unido na luta contra o terrorismo e contra a pobreza no mundo, mormente em África, o continente mais devastado pelas guerras fratricidas, pela corrupção e pela fome. A Declaração Final do encontro do G8, que se reuniu em Gleneagles, na Escócia, até ontem, com a participação também do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, adianta que vai ser reforçada a cooperação na luta contra o terrorismo, enquanto vão ser adoptadas políticas que contrariem o recrutamento de terroristas, em especial nas democracias ocidentais. Ainda foi sublinhado que é preciso responder ao terrorismo no quadro do respeito pelos valores democráticos comuns. Quanto ao esforço a desenvolver para erradicar a pobreza, o G8 resolveu aumentar a ajuda aos países pobres em mais 50 mil milhões de dólares por ano, até 2010, metade dos quais para África. Entretanto, foi ratificado o perdão da dívida a 18 países dos mais pobres do mundo e prometido que haverá negociações com outros nove, no sentido de os ajudarem a combater a corrupção, mas ainda a organizarem-se para garantir políticas de desenvolvimento credíveis. F.M.

Festival de Folclore na Gafanha da Nazaré

CULTURA POPULAR A cultura popular precisa de ser mais apoiada por toda a gente. Pelo Estado, que muitas vezes só olha para as culturas eruditas, pelas autarquias e pela sociedade civil. Afinal, é a partir da cultura popular que nós podemos chegar mais facilmente às nossas raízes. Os grupos etnográficos e folclóricos, que existem espalhados por todo o País, estão na linha da frente da luta pela preservação das nossas tradições, quer pelas pesquisas e estudos que fazem e dinamizam, quer pela divulgação que fazem dos usos e costumes das suas regiões. Hoje, sábado, realiza-se o XXI Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré, numa praceta da Alameda Prior Sardo, com a participação dos Grupos Folclóricos de Vila Verde, Baixo Minho; de Vila Nova do Coito, Santarém; de Passos de Silgueiros, Viseu; de Santa Maria de Cárquere, Resende; “As lavadeiras da Ribeira da Lage, Oeiras; e do Grupo anfitrião, Etnográfico da Gafanha da Nazaré. A apresentação dos grupos participantes será a partir das 21 horas, esperando-se a adesão de muitos gafanhões, e não só, a mais esta festa de Folclore, organizada pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que há mais de 22 anos investiga, promove e divulga os usos e costumes do povo das Gafanhas. F.M.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Ainda as Mulheres da Gafanha

Mulheres gafanhoas da década de 40 do século passado 


Retrato “pintado” com muita ternura

Raul Brandão foi para mim o escritor que melhor retratou a Ria de Aveiro e as gentes ribeirinhas, quando por aqui andou em 1922, para depois publicar no seu muito badalado livro “Os pescadores”. Já tenho falado e escrito deste escritor que se apresenta assim: “Este tipo esgalgado e seco, já ruço, que dorme nas eiras ou sonha acordado pelo caminhos, sou eu. Sou eu que gesticulo e falo sozinho, envolto na nuvem que me envolve e impregna. Que força me guia e impele até à morte?” 

Quando relembra o seu regresso do mar, das muitas viagens que fez, para depois descrever, com arte e poesia, o que viu e sentiu, diz que vem sempre “estonteado e cheio de luz” que o trespassa. Depois pega nos “apontamentos rápidos”, em “meia dúzia de esboços afinal, que, como certos quadradinhos, do ar livre, são melhores quando ficam por acabar”. E acrescenta com nostalgia de poeta da prosa: “Estas linhas de saudade aquecem-me e reanimam-me nos dias de Inverno friorento. Torno a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco prolongado… Basta pegar num velho búzio para perceber distintamente a grande voz do mar. Criou-se com ele e guardou-a para sempre. – Eu também nunca mais o esqueci…” 

Mas, para esta brochura que o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré organizou para o Festival de 2005, quero apenas transcrever o quadro que Raul Brandão “pintou” sobre as mulheres da Gafanha, em que figura como personagem principal a Ti Ana Arneira. Foi um retrato feito com muita ternura por um escritor que não pode ser esquecido. Diz assim: “Quando passei na Gafanha, vi as cachopas da beira-rio, todas molhadas, sempre metidas na água a rapar o moliço. Feias e ingénuas. A uma calculei-lhe: – Tem para aí treze ou catorze anos. – Tenho vinte e um, e três filhos, respondeu. – Outra tinha ficado a olhar para mim com olhos inocentes de bicho e as mãos postas sobre os seios redondinhos – sobre aquilo, como diz a Ti Ana, que o Senhor lhe deu e ela precisa… 
A Ti Ana Arneira, com cuja amizade me honro, é um dos meus melhores conhecimentos da Gafanha. Mulher capazona, como por lá se diz. Acompanha-me pelo areal, e conta-me logo à primeira a sua vida. Tipo atarracado e forte, de grossos quadris, vestida de escuro, chapéu na cabeça e aguilhada em punho. O homem foi para o Brasil há muitos anos (– É o rei dos homes!...), ficou ela e os filhos por criar. Criou-os todos. Netos, doenças, lutos. Nunca desanimou. 
A força que a sustenta é admirável, profunda, e radicada, como a de quase todas as mulheres do povo que conheço. Deitou-se à vida – lavrou campos. Vieram mais aflições e outras mortes. – Então de que lhe morreram os filhos? – Sei lá, a morte não se quer culpada. Era preciso sustentar a família. Pegou nos bois e no carrinho e começou a transportar sal da Gafanha para Mira. Fez mais: antigamente no Arião também havia companhas, e quando faltava um pescador a Ti Ana agarrava-se ao remo como um homem e ia ao mar no barco. – Nem do diabo tenho medo. Só tenho medo aos cães loucos. – A extensa planície que atravessa, duas, três vezes por dia, é um deserto. A Ti Ana vai e vem de noite, sozinha, com os bois que lhe fazem companhia. Agora tem um campo, barcos para o moliço, novos netos para criar – e olha cara a cara o destino sem esmorecer. A sua vida é uma grande lição de energia.” 

Fernando Martins

Bibliotecas Públicas

Posted by Picasa Centro de Artes e Espectáculos, à esquerda, e Museu e Biblioteca, à direita Complexo cultural da Figueira da Foz
merece uma visita Felizmente, por onde quer que andemos em gozo de férias, se olharmos bem, há sempre uma Biblioteca Pública, para conviver com os livros, e não só. Na Figueira da Foz, por exemplo, os residentes ou veraneantes podem usufruir de uma boa biblioteca, servida por funcionários diligentes e atenciosos. Além de livros, que é o seu forte, para consulta e para leitura em casa, a Biblioteca oferece, ainda, jornais e revistas, música variada para todos os gostos e idades, filmes em vídeo e Internet, em salas para adultos e para crianças. Como passo por este espaço cultural com alguma frequência, posso testemunhar que não falta quem a ela recorra, quase a todas as horas do dia. Por ali vejo gente idosa, gente de meia-idade, jovens estudantes e crianças que circulam com muita naturalidade, mostrando hábitos de quem conhece bem o ambiente e as regras. A Biblioteca da Figueira da Foz integra-se num complexo cultural que inclui o Museu António Santos Rocha. Ao lado, pode apreciar-se o CAE (Centro de Artes e Espectáculos) com exposições temporárias, cinema e espectáculos diversos, nomeadamente de música, ópera, teatro e dança, entre outros. A quem vem à Figueira da Foz, recomendo uma passagem com calma por este complexo cultural, banhado pelo parque verdejante das Abadias. F.M.

TERRORISMO

Os responsáveis religiosos devem rever
métodos e pedagogias do ensino religioso A propósito dos actos sangrentos de ontem, em Londres, o antigo Presidente da República Mário Soares disse à TSF que o Ocidente tem de combater o terrorismo com inteligência, lutando contra a pobreza. Questionado sobre se o fim da pobreza leva ao fim do terrorismo, acrescentou que sim. É óbvio para toda a gente que as revoltas das pessoas são, na maioria das vezes, fruto de injustiças e de profundos descontentamentos. Mas não será só por isso. Haverá outras razões ligadas aos fundamentalismos religiosos que são ancestrais. No livro “Religião e violência”, da editorial Paulus, são abordados, com muita pertinência, temas como Extremismos Religiosos, Violência, Cultura e Guerra Santa, que nos ajudam a compreender, de certa maneira, o porquê do terrorismo, no contexto actual, com opiniões de José Jacinto Ferreira de Farias, Peter Stilwell, Alfredo Teixeira e Joaquim Carreira das Neves. Recomendo, por isso, esta obra. Carreira das Neves, depois de recordar a história das três religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), apresentou dados curiosos que nos devem levar a meditar, sobre as guerras que todas alimentaram através dos séculos. Os primeiros, porque precisaram de conseguir vencer, à força das armas, os cananeus politeístas para chegarem “à sua terra santa”. Os cristãos, que aceitaram a lei do “amor para amigos e inimigos e sobre o perdão”, posteriormente esqueceram esse ensinamento e assumiram a fé ligada à “verdade do poder e da ideologia em circunstâncias históricas especiais, o que originou guerras e violências”. Os muçulmanos depararam-se com os seus irmãos árabes animistas e politeístas e decidiram que todos se deviam converter ao Deus Único – Alá – , a bem ou a mal, “para poderem formar a grande nação árabe, a Fraternidade árabe ou Umma, também em oposição a judeus e cristãos”, o que deu origem às leis alcorânicas a favor da Guerra Santa. Isto quer dizer que, durante séculos, houve circunstâncias que conduziram os crentes monoteístas a combater os seus inimigos, que eram os que se opunham às suas crenças, mesmo entre cristãos e entre estes e os chamados infiéis, ou não-cristãos. Claro que tem havido grandes avanços, no sentido do entendimento entre as diferentes religiões, não havendo nenhuma razão para se guerrearem. O cristianismo, a meu ver, foi a religião que mais se aproximou dos seus fundamentos de amor e de paz entre todos. E mesmo os crentes do judaísmo e do Islão, na sua grande maioria, seguem estes princípios, embora haja, no alcorão, regras e leis que podem levar à violência e à vingança, em nome da fé em Alá. A religião islâmica, diz Carreira das Neves, “é a religião do Absoluto que, facilmente, pode levar a posições de fanatismo contra quem não é islâmico. Quem abandonar a religião islâmica por outra religião passa ao mais imperfeito e é digno de ser punido ou, inclusivamente, de ser morto”. O diálogo inter-religioso, que os últimos Papas têm proposto e dinamizado, vai continuar com Bento XVI, conforme já diversas vezes sublinhou depois da sua eleição, sendo certo que todos temos de o apoiar no esforço de defender a verdade religiosa de todos os crentes, “a partir da pessoa e não a partir da verdade absoluta e objectiva, pois essa não existe. Cada crente deve viver em conformidade com a verdade da sua fé ou crença, mas sem a impor aos outros crentes ou não-crentes”, defende Carreira das Neves. Por outro lado, diz que é preciso que os “países mais ricos, mais democráticos, com a maior valia da ciência e da técnica”, passem a olhar “de maneira diferente para os países mais pobres, onde os mais ricos vão buscar, tantas vezes, as suas matérias-primas. O nosso olhar diferente tem a ver com a riqueza cultural e religiosa do outro. Sem diferença e alteridade só pode haver indiferença”, sublinha Carreira das Neves. Defendeu que os responsáveis religiosos devem rever métodos e pedagogias de ensino religioso, “a começar pelos próprios textos sagrados, de modo que o primado da pessoa e do amor seja defendido pelo sistema da crença baseado nos mesmos textos sagrados”. Por fim, referiu que o terrorismo “é obra de criminosos e fanáticos islâmicos e não da maioria absoluta dos muçulmanos que vivem a sua religião, cumprindo os cinco pilares da mesma, com fé e alegria, paz e amor”. Fernando Martins

Igreja Católica cresce, mas tem menos padres

O “Instrumentum laboris” do Sínodo dos Bispos de Outubro apresenta os números da Igreja Católica no mundo, mostrando que há mais católicos, mas menos padres.No primeiro capítulo do documento, o balanço estatístico apresentado revela que o número de católicos no mundo aumentou em 15 milhões entre 2002 e 2003, chegando a um total de 1,086 mil milhões. É na África que se regista o maior crescimento, com um aumento de 4,5%, seguindo-se a Ásia (2,2%), a Oceania (1,3%) e a América (1,2%). A Europa não conheceu nenhuma flutuação de relevo, nesta matéria.
Os 250 Bispos que se vão reunir em volta do Papa, de 2 a 23 de Outubro, sabem que o mundo mudou e que o coração da Igreja se deslocou para a América, onde vivem quase metade dos católicos do Mundo - contra 25,8% na Europa, 13,2% em África e 10,4% na Ásia.Apesar de o número de Bispos ter crescido em 27,68% entre 1978 e 2003 (passando de 3. 714 para 4.742), os números distribuídos no “Instrumentum laboris” assinalam uma quebra de 3,69%, no número de padres nesse mesmo período (de 421.000 para 405.000).
Esse dado, quando cruzado com o aumento dos fiéis, mostra que o número de católicos por padre passou de 1.797 para 2.677, quebra de mais de 40%. O número de padres religiosos diminuiu bastante (13,3%) nesses 25 anos, acompanhando a quebra significativa de religiosos e religiosas no mundo (27,94% e 21,65% respectivamente).
No documento base enviado aos Bispos é sublinhado o papel dos missionários leigos e dos catequistas no mundo, representando um total de 172.331 e 2,8 milhões de pessoas, respectivamente.
Outro dado importante é o aumento do número de diáconos permanentes no período de 1978-2003 - 466,7%. A América e a Europa (que conta com um terço dos diáconos permanentes de todo o mundo) são os continentes em que esta realidade eclesial mais se expandiu.
Fonte: ECCLESIA

quinta-feira, 7 de julho de 2005

Uma visão pessoal de João Paulo II e Bento XVI

À conversa com... a jornalista e escritora Aura Miguel
VP – A primeira questão não pode deixar de ser alusiva ao Papa João Paulo II, por ter estado com ele tantos anos. Conte-nos os conteúdos das conversas privadas com ele...
Aura Miguel (AM) – Os encontros pessoais com João Paulo II aconteceram em contextos muito diferentes. Um deles, a primeira vez, foi inserido numa visita Ad Limina, que os Bispos portugueses fizeram, em 1987, e que fui convidada a acompanhá-los. No final, quando o Papa cumprimentou toda a gente eu tomei a iniciativa de uma coisa que eu não sabia que não devia fazer: pedir um autógrafo ao Papa. Ele ficou muito divertido, pegou na Encíclica e saiu donde estava. Sentou-se, com a minha caneta na mão, aproximei-me e o Papa assinou. Entretanto houve uma série de peripécias: a caneta não escrevia e ele riu-se dizendo que ela estava viciada. Era uma caneta de tinta permanente, lá lhe expliquei como funcionava. Conversas não elevadas para ter com o Papa logo da primeira vez. Mas foi muito divertido porque, no fim, sabendo que tinha acabado de o acompanhar na Viagem à Polónia, disse-me: “Olhe que eu viajei à Polónia, mas viajo pelo mundo inteiro”. E para mim isto foi como uma profecia. Desde aí nunca mais deixei de viajar com ele e fiz 51 viagens. Depois, durante as viagens, voltei a vê-lo porque ele gostava de falar com os jornalistas no avião. Aí não eram encontros privados, mas tive a oportunidade de lhe fazer perguntas, que já estão referidas nos meus livros. São momentos inesquecíveis.
(Para ler toda a entrevista, clique aqui)

Um artigo de D. António Marcelino

Toquem sirenes e repiquem sinos a rebate
Quando há cerca de trinta anos, ainda na euforia de uma revolução mal digerida, a obsessão de nacionalizar tudo chegava a querer nacionalizar também as pessoas, uma assembleia, a nível nacional, de pais de alunos das escolas do Estado, cresceu ao rubro e gritou aos responsáveis da política e do ministério: “Os nosso filhos não são cobaias. Basta. Os pais somos nós, não é o Estado!” O grito de revolta e de indignação fez tremer aqueles a quem se dirigia e as decisões, já anunciadas, pararam por ali.
A tendência estatizante no ensino não terminou, porque a semente ficou lá dentro de casa, ora calada, ora assomando no terreno, como que a experimentar se já pode avançar e impor-se, criando situações de facto, mais ou menos irreversíveis. Vemo-lo todos os dias e, agora, de modo mais concreto e assumido, com a protecção de forças que dão a cara e que, parecendo exteriores, germinaram dentro de um sistema que lhes é familiar.
Caiu-me, ontem mesmo, debaixo dos olhos o relato de uma intervenção do membro mais responsável da Confederação das Associações de Pais (Confap), que dizia, em entrevista a um canal de televisão: “ Temos de assumir, entre todos nós, que os filhos são biologicamente nossos, mas socialmente de toda a comunidade”. Assim parece querer defender que compete, sem mais, ao Estado definir o “modelo educativo” para os cidadãos. Aos pais restará apenas o papel de serem “produtores de crianças”. Uma tal opinião, bem pouco lúcida, contradiz, não apenas o bom senso, porque ninguém pode tirar aos pais o direito de educarem os filhos que geraram, mas, também, a Declaração dos Direitos do Homem e da Criança e, para não ir mais longe, contradiz a nossa própria Constituição.
Que o Estado vele pelo currículo escolar, bem pensado e definido, e o torne paradigma obrigatório para o conjunto da população e para o reconhecimento oficial de competências, está certo, contanto que não asfixie, mas favoreça, a mais séria capacidade inovadora de pessoas, grupos e instituições, testada no seu valor presente e futuro. Definir, porém, um “ modelo educativo” único e sem apelo, impô-lo aos educandos, aos pais e aos cidadãos em geral, é um abuso que se deve denunciar, sem meias palavras.
O Estado nunca foi nem pode ser um bom educador, porque não tem coração; e não há educação sem afecto. Lamentavelmente, muitos a quem se paga para educar, estão eles próprios ressequidos de amor e de afecto e muitos políticos, dos mais responsáveis a todos os níveis, dão, no seu dia a dia, um péssimo exemplo ao país pela sua linguagem, gestos, sentimentos e atitudes, mormente quando se referem aos seus adversários. O teimar em fechar as portas a quem tem o direito de as ter abertas para uma participação pessoal e responsável, denuncia fraqueza do sistema e medo de concorrência. O Estado, enquanto tiver a sua razão apenas na força do poder, não construirá nunca uma comunidade de pessoas livres.
A nacionalização das crianças em Moçambique, enviadas depois para Cuba e para o leste comunista, foi uma experiência infeliz e dolorosa, que deixou feridas que ainda não sararam. A estatização é uma bola de neve que não pára, se não é desfeita a tempo.
A preocupação é maior ao vermos quem tem obrigação de incarnar e defender os direitos dos pais e ajudá-los a capacitarem-se para um missão que não se aliena, reduzir estes a meros reprodutores de crianças. Só falta a recomendação de gerarem poucas, porque os tempos vão maus e o “deficit” não permite desperdícios…Toquem sirenes e repiquem sinos a rebate. É preciso que os pais acordem, vejam o que se está passando e gritem, de novo, que os seus filhos não são cobaias.

A escola pública não traduz o pluralismo educativo

No “PÚBLICO”, Mário Pinto, professor universitário, abordou a questão do Estado Educador, com a frontalidade que lhe é conhecida. Aqui deixo aos meus leitores um excerto do artigo que escreveu, como mais uma achega para a reflexão que se impõe sobre a educação. “Quando a educação se torna monopólio de Estado, sejamos claros, não estamos em democracia civil e cultural, mas sim numa (pseudo)democracia formalmente político-institucional e realmente ideológica. Pode o Estado não se definir às claras como Estado de Cultura ou luta cultural e como Estado-Educador; mas inviamente recusa-nos uma real democracia pluralista cultural e educativa. Não foi o actual Presidente da República que (a meu ver, muito bem) nos deu, no seu discurso do último 25 de Abril, a ideia de que há ilhas de totalitarismo na nossa democracia? Pois bem: em matéria de educação, o monopólio da escola pública não autónoma pode pretender autolegitimar-se em nome do pluralismo, do neutralismo, do igualitarismo ou de outro qualquer ismo, pouco importa. O que sempre será é uma ilha de totalitarismo de Estado na democracia pluralista. Porque uma Administração Pública de um sistema monopolista de escolas públicas não autónomas (como é o caso do ensino básico e secundário obrigatórios) nunca poderá traduzir o pluralismo educativo, porque não pode incluir pela afirmativa projectos pedagógicos de escola que sejam directamente escolhidos pelos cidadãos, únicos titulares constitucionais da liberdade de aprender e de ensinar: pais, alunos e professores.”

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Um artigo de António Rego

A pura perda de tempo
Será patriótico falar de repouso num momento complexo em que todo o trabalho é pouco para a recuperação económica do país? Fará sentido falar de entretenimento quando parece que toda a sociedade mediática se atravessa na vida das pessoas com o livre trânsito do espectáculo e do divertimento, por vezes desbragado, como o primeiro dos bens?
Oportuno foi o tema nas Jornadas Culturais que decorreram em Fátima, onde parecia, de início, travar-se o choque entre cultura e entretenimento. E todavia foi interessante a reflexão trazida por alguns mestres que recordaram as olimpíadas gregas, os teatros romanos, os espectáculos de coliseu com gladiadores, jogos sanguinários, e a lista de divertimentos que, com algumas variantes, se repetem nos tempos modernos com os mesmos mecanismos lúdicos, culturais, massivos, espectaculares e, por vezes, morais e imorais.
E por aí adiante, nos tempos. As tertúlias, as conversas de corte e costura, os contos, fábulas, as acrobacias de circo ou atletismo, os livros, a música, a dança, as viagens, os jogos, a pausa. Há divertimentos nobres e vilões, outros, diferentes no invólucro, e próximos no miolo. O pão e o circo nunca estiveram longe das necessidades primárias do homem, não como interregno dos seus momentos mais nobres, mas como elemento integrante do seu todo. Assim sendo, é tão importante para o homem o lazer como o trabalho. Foi nessa integração que dançou David, ou que os peregrinos entoam canções no seu caminhar, e os soldados se exaltam ao toque das marchas militares e gritos de guerra. Os técnicos chamam-lhe catarse, descarga e impulso para o recomeço... Gostaríamos de mais saber o que foi o descanso de Deus no sétimo dia…
Não se trata duma patologia. O entretenimento, o repouso, o ócio são uma saudável distensão de tempo. Quando falamos de férias, juntamos por vezes uns ligeiros pós de auto-figurino ao interregno do trabalho. O importante é que sejam mesmo diferentes do trabalho. Para não termos de preencher dolorosamente uma agenda que nos tranquilize o laborioso cumprimento do repouso. A pura perda de tempo não é um vício. É uma etapa do recomeço. E um acto de cultura.

terça-feira, 5 de julho de 2005

Sentido de Estado dos políticos

Desde sempre me habituei à ideia de que os governantes devem ter “sentido de Estado”, isto é, gestos e atitudes compatíveis com os altos lugares que ocupam. Infelizmente, nem sempre isso se vê entre nós, com alguns políticos a comportarem-se como banais carroceiros, dando mau exemplo aos governados. Se quem está em cima se porta com grosseria, nunca pode esperar respeito e consideração dos governados. Em Portugal, temos um exemplo deste tipo de políticos que não medem as palavras e os actos, que não pensam no que dizem em público, que não pesam as consequências das afirmações ridículas que proferem perante tudo e todos. É ele o Presidente da Região Autónoma da Madeira, Alberto João Jardim, conhecido como um indivíduo desbocado e inconveniente, sobretudo quando fala Portugal continental e dos políticos do continente. E o mais curioso é que o faz, normalmente com a complacência e cumplicidade das mais altas figuras do Estado, que por norma se calam. Se o que ele diz fosse dito por um normal cidadão, é certo e sabido que seria preso na hora. Alberto João Jardim pode dizer, neste país de brandos costumes (em especial para a classe política), o que quer e o que lhe apetece, que nada lhe acontecerá. Até parece que os mais altos representantes do poder têm medo de o chamar à ordem. Agora, na habitual festa preparada para o Presidente da Madeira mandar as suas “bocas” ridículas e ofensivas, o homem resolveu mostrar que é xenófobo e racista, com um desplante incrível. Não quer na Madeira chineses e indianos, nem os de Leste, que estão a fazer concorrência a Portugal. Seria bonito se os emigrantes madeirenses, às centenas de milhares, fossem expulsos dos países em que se encontram a trabalhar e a viver. Face ao silêncio cúmplice de algumas autoridades políticas, o Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, o padre Vaz Pinto, resolveu repudiar as afirmações ofensivas e baratas de Alberto João Jardim, esperando-se agora que se cumpra a lei portuguesa, que proíbe a discriminação racial e étnica. Todos os portugueses que aprenderam a respeitar toda a gente, independentemente da sua raça ou nacionalidade, ficam à espera de alguém que, no nosso país, chame à pedra o Presidente madeirense. Fernando Martins

Moçambique, Filha-Pátria de Naguib Elias

Entre Nós” é um programa da Universidade Aberta para a 2:. Raquel Santos é o rosto de belíssimos momentos culturais. Por ali têm passado escritores, nomeadamente prosadores e poetas, e músicos, artistas plásticos, investigadores, entre outras pessoas ligadas a variadas formas de expressão. Hoje, assisti ao programa que nos ofereceu o pintor moçambicano Naguib Elias Abdula, já condecorado pelo Presidente Jorge Sampaio. De facto, foi bom ver e ouvir a simplicidade do artista, que não tem ambições de riqueza pessoal, mas cultiva uma certa doação aos outros. Em especial ao seu país, que baptizou de Filha-Pátria. Para o artista, Moçambique foi a sua Mãe-Pátria que tudo lhe deu, em especial de sensibilidade e de cultura que o marcaram para a vida. Agora, que o pintor já tem 50 anos de vida, chegou o momento de lhe retribuir o que dela recebeu, como se fora filha que é preciso ajudar. Gostei desta imagem que o pintor nos ofereceu da sua pátria, velha Nação e jovem Estado, que ainda não deixou a situação de um dos mais pobres países do mundo. E gostei, porque a sua lição pode servir-nos a todos, portugueses, como exemplo, que só exigimos de Portugal, como se exige de um pai ou mãe. O Pai-Portugal, ou Mãe-Portugal, a quem continuamos a pedir tudo e mais alguma coisa, como se não pudéssemos viver a nossa vida, como gente adulta e responsável. O Presidente John Kennedy, num dos seus célebres discursos, recomendou um dia aos americanos que não perguntassem aos EUA o que é que o país lhes poderia dar, mas o que é que eles poderiam oferecer ao seu país. Assim mesmo. Naguib veio mostrar, de forma muito simples mas muito concreta, que nada espera de Moçambique, porque chegou a hora de tudo lhe dar. Por isso, divulga o seu país, apoia jovens na sua fase inicial de criação artística, promove os artistas adultos, seus compatriotas, no mundo que frequenta, avança com iniciativas de ajuda aos que, doentes, não têm meios de subsistência, procura a aproximação entre Moçambique e outros países, lusófonos e não só. Bom exemplo, este de Naguib Elias. Fernando Martins

CUFC homenageado

Associação Académica da Universidade de Aveiro presta homenagem ao CUFC Assinalando o 27º Aniversário da AAUAv (Associação Académica da Universidade de Aveiro), no dia 29 de Junho, na sua sede, no Campus Universitário, com a presença dos Reitores da Universidade e autarquia aveirense, a Associação Académica prestou homenagem ao CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), atribuindo-lhe uma Menção Honrosa de Mérito pelo serviço dinâmico e diário prestado à comunidade académica.
Lembre-se que o CUFC, criado a 25 de Março de 1987 (hoje com 18 anos de vida), é instituição da Diocese de Aveiro para responder aos desafios da Pastoral para o Ensino Superior, na área diocesana em geral, e especialmente no contexto de uma das mais dinâmicas e inovadores Universidades Portuguesas, que é a Universidade de Aveiro.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Um artigo de Sarsfiel Cabral, no DN

HIPOCRISIA
O Governo britânico, com destaque para o ministro das Finanças, Gordon Brown, pretende fazer da próxima reunião do G8, na Escócia, no dia 7, o início de uma nova era na ajuda ao desenvolvimento de África. Por isso se empenhou no perdão da dívida e na promessa de duplicar até 2010 a ajuda à África ao sul do Sara. Creio ser genuíno este interesse britânico pela economia africana, onde impera a fome. Mas importa lembrar algumas realidades.
A ajuda financeira nem sempre é a melhor forma de auxiliar os países pobres. Abrir-lhes o mercado dos países ricos, sobretudo no sector agrícola, seria bem mais eficaz. Depois, importa intensificar a ajuda no campo da saúde. Hoje, a miséria africana é também resultado dos milhões que ali morrem de sida, malária, etc. Os países ricos têm obrigação de financiar o acesso dos africanos a medicamentos caros.
Mas a minha maior dúvida sobre a eventual generosidade do G8 tem a ver com a actual atitude nos países ricos, nos Estados Unidos antes de mais, quanto à China e à Índia. Graças a políticas mais favoráveis ao mercado, estes países conseguiram grandes progressos económicos. Em larga medida venceram a fome. E agora exportam para as economias desenvolvidas, desde têxteis chineses a serviços informáticos da Índia. Mas parece, afinal, que o sucesso chinês e indiano é uma desgraça para as nações ricas... Se, por milagre (infelizmente improvável), o desenvolvimento de África desse um grande salto, daqui a anos teríamos muitos dos que hoje apelam (e bem) à ajuda aos africanos a reclamarem contra a concorrência "desleal" das suas exportações. Esta hipocrisia é também míope o êxito económico dos outros é bom para todos, é bom para nós.

SANTA SÉ contra casamento homossexual

Vaticano considera legalização do casamento homossexual como «derrota da humanidade»
A polémica em torno da legalização dos casamentos homossexuais em Espanha continua na ordem do dia no Vaticano, com o jornal “L’Osservatore Romano” a qualificar na sua uma derrota da humanidade”. O jornal do Vaticano afirma que a oposição da Igreja católica a esta iniciativa não é uma “guerra de religião”, pois a família não é algo imposto pela Igreja, “mas um património das grandes culturas”.“Causa incredulidade e amargura o tom triunfalista com os que alguns políticos e intelectuais ‘progressistas’ comentaram a lei que legaliza as uniões homossexuais, equiparando-as ao matrimónio heterossexual”, diz o artigo.“Não só os crentes, mas qualquer pessoa com senso comum, livre do preconceito, não pode deixar de reconhecer neste acto uma derrota da humanidade”, afirma “L’Osservatore Romano”.
(Para ler mais, clique aqui)

Monopólios são sempre perigosos

Numa democracia madura, não há nem pode haver monopólios. Os monopólios, seja em que área for, fazem sempre lembrar totalitarismos que cerceiam a liberdade individual e colectiva. Na educação, ainda se tornam mais perigosos, porque é a partir daí que se formam as consciências e se edificam as sociedades. É certo que as democracias têm de garantir o ensino e a educação a todos os seus membros, mas devem fazê-lo no respeito pelas convicções e opções de todos. Assim, e tendo em conta que os primeiros responsáveis pela instrução e pela educação dos filhos são os pais, o Estado democrático não pode impor, seja a quem for, um modelo único de escola, onde se ministra o que os partidos no poder entendem ser o mais correcto, que pode não ser o mais certo para os pais. Na impossibilidade de o Estado oferecer um modelo educativo a cada família, importa aceitar que outros o façam, respondendo, deste modo, às necessidades e aos gostos das famílias. Isto significa que, se uma família deseja para os seus filhos uma educação de matriz cristã, tem de haver liberdade de escolha, cabendo ao Estado a obrigação de apoiar esses projectos. Dir-me-ão que o Estado só pode oferecer um tipo de escola, porque não tem possibilidades de responder a todos os gostos. Ora aí é que está o problema que tem de ser ultrapassado, sob pena de termos escolas estatais com projectos educativos que possam ofender as convicções de muitos. Foi-me garantido que há escolas oficiais onde estão a querer banir os sinais religiosos. Há professores que estão a ser ameaçados com processos disciplinares, caso proponham aos seus alunos, por exemplo, actividades do âmbito das religiões que professam, num quadro da aula de Educação Moral e Religiosa. Isto significa que é proibido cultivar o sentido do religioso e do divino nos alunos, mas legítimo cultivar o indiferentismo e até, a partir daí, o ateísmo. Fernando Martins (Voltarei ao assunto)