quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Liberdade, liberdade, cada um chama-lhe sua


D. António Marcelino


O espetáculo não é nem interessante, nem edificante. Sobretudo quando se trata de políticos a divergir entre si e a discutir tricas. Não só no Parlamento. Os outros nunca têm razão, não sabem o que estão a dizer, devem demitir-se uns e calar-se outros.
Um político do velho regime dizia que os portugueses são incapazes de viver em democracia. Exagero, claro. Mas talvez se possa dizer isso de alguns políticos da nossa praça. Pela ânsia do poder e limite de horizontes de bem comum, tornaram-se incapazes de ouvir os outros, de respeitar a sua opinião, de captar o que nela pode enriquecer. Uma série de dogmáticos, ditos democratas, que não devem nada à humildade. Essa sim, é a verdade e o caminho para progredir nela. Quando os que estão na ribalta temperarem, com o respeito pelo outro, as suas opiniões livres, a sociedade fica mais rica e mais habitável.
Na política abundam os pequenos e escasseiam os de dimensão normal, que outra não é precisa. Mas, também, nos aficionados do futebol, nos debates públicos sobre temas diversos, nos fanáticos religiosos, que ainda os há por aí. 
Liberdade nunca é direito a agredir e ser diferente não é o mesmo que ser adversário. Uma sociedade, toda da mesma cor, é monótona e pobre.

António Marcelino

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O Transcendente Presente no Museu de Aveiro




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Bento Domingues escreve sobre um novo Papa



Não basta um novo Papa 
Bento Domingues

1. A preocupação única com o perfil do próximo Papa é ambígua. Pode dar a ideia de que as qualidades do novo Papa, humanas e sobrenaturais, irão resolver, por si só, as questões com que se debatem as comunidades católicas no mundo inteiro. 
Na memória de muitos católicos, e não só, a eleição de João Paulo II era uma primavera de promessas: novo, desportista, actor, assistente de movimentos juvenis, com uma capacidade de comunicação espantosa, confessava que o caminho da Igreja era a do ser humano e vinha de um país de Leste. 
Quando ficou irremediavelmente doente, as suas grandes qualidades foram celebradas, de novo, na sua capacidade sacrificial. Para esta mentalidade, renunciar seria uma traição ao vitalício carisma papal. Veio Bento XVI e, de repente, o importante era o Papa teólogo, capaz de dialogar com o pensamento moderno e, para alguns devotos, o maior pensador do século XX. O cardeal Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, não tinha mostrado grande respeito pelos seus colegas teólogos, nem capacidade ou vontade de diálogo com todos aqueles que tinham uma hermenêutica diferente do Vaticano II. Ele defendia a da continuidade, dizendo que os outros eram por uma hermenêutica da ruptura. Reduziu, de facto, a teologia a um comentário do Magistério. 
Tendo, porém, criado um vazio à sua volta, no mundo teológico, não associou ao seu governo as Conferências Episcopais, nem valorizou o papel dos Sínodos dos Bispos. Acabou por ficar confinado ao mundo da Cúria, com ferrugem de séculos, segundo D. António Marcelino, bispo emérito de Aveiro. 
Seja como for, pelo que consta, o seu legado na reforma da Cúria não parece brilhante, nem sequer aos olhos de Bento XVI. 

"Presente e Memória” no Museu de Aveiro

Encerra a 7 de abril 

Nossa Senhora do Rosário (séc. XVII)

Sonho de um futuro novo para a Igreja 


Integrada na Missão Jubilar, comemorativa dos 75 anos da restauração da nossa Diocese, está patente ao público, gratuitamente, no Museu de Aveiro, mais conhecido por Museu de Santa Joana, uma exposição de arte sacra, com obras provenientes das diversas paróquias. Trata-se de uma iniciativa de muito mérito denominada “Diocese de Aveiro: Presente e Memória”, que deve ser visitada por todos os diocesanos e pelos amantes da cultura, em geral, e da arte sacra, em especial, até 7 de abril, de preferência com o catálogo como cicerone. 
No texto de abertura do catálogo, que precisa de ser refletido, D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, afirma, com propriedade, que esta exposição foi pensada como «elemento essencial da Missão Jubilar», e que teve como objetivo «trazer para novos átrios de contemplação o valor da arte e o testemunho da fé». 
D. António sublinha que esta mostra nos permite contemplar «as marcas do tempo», enquanto «nos revela a geografia da nossa terra, através deste olhar comum e simultâneo pelas cento e uma paróquias da Diocese», sendo «uma forma de evangelizar e um testemunho de missão». 
Mais adiante, no expressivo texto do nosso Bispo, pode ler-se que «O diálogo entre a Igreja e Sociedade passa necessariamente pelos caminhos abertos da Cultura, em que a Igreja soube tantas vezes ser pioneira». E acrescenta, em jeito de desafio: «Estejamos também nós disponíveis para fazer deste diálogo franco um serviço e um tesouro sem esquecer nunca que a arte transporta em si um mistério profético.» 
No final da sua mensagem, D. António Francisco dos Santos manifesta o desejo de «Que este valioso património da Igreja de Aveiro ofereça a todos os visitantes um momento de contemplação da beleza da terra, da memória do tempo e do sonho de um futuro novo para a Igreja e para a nossa terra, trabalhado pelo talento humano e abençoado por Deus!». 

Moliceiros no Canal Central

Moliceiros 

O Canal Central é, para quem vai ou passa por Aveiro, o ponto de encontro com a ria. É uma atração mágica sempre experimentada. E os moliceiros lá estão ao serviço do turismo, uns de crista ao alto e outros degolados. Pouco movimento, que o frio não permite tudo. Mas desta vez quero chamar a atenção dos serviços que superintendem na ria e que passam as licenças necessárias. Acho que devia haver um esforço para exigir o respeito pela imagem dos moliceiros. Mas hoje quero ainda acrescentar um pormenor. As ilustrações da proa e da ré deviam ser aprovadas pelas autoridades. É da história dos moliceiros que as ilustrações e respetivas legendas costumam ser feitas por artistas populares, com a malícia que só eles sabem transmitir. Pintura NAIF, é certo, com o seu encanto,  mas as legendas têm muito que se lhe diga, apesar da simplicidade. Em resumo: Qualquer moliceiro ao serviço do turismo teria de passar por um crivo que obrigasse ao respeito pelas tradições. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Bento XVI deixa a cadeira de Pedro



Bento XVI deixa a cadeira de Pedro, mas continua com a Igreja. Direi que continua a sofrer com os que sofrem e com os que, dentro dela, não conseguem fugir às tentações, mas também se alegrará com as alegrias dos heróis, dos santos e de todos os homens de boa vontade, que lutam pela verdade, pela justiça e pela paz.