quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O FIO DO TEMPO: Universidade de Aveiro - Um Grandioso Laboratório


Finalistas da UA em dia de festa

Ciência e tecnologia

1. A ciência e a tecnologia (ciência aplicada à técnica) são das maiores conquistas da razão humana. A curiosidade sistemática na cuidada observação, a conjugação de múltiplas hipóteses satisfatórias, a experimentação no perscrutar das leis que presidem à natureza e a sua aplicação também na descoberta e solução de problemas do mundo visível, são das realizações mais fascinantes da aventura humana. De todas as idades e condições, em todos os tempos e lugares da história, a curiosidade aliada à sempre procurada resolução de problemas, têm feito da ciência um caminho que usamos e aplicamos nas coisas mais simples do dia-a-dia. Mas todo o potencial de conhecimento científico por si mesmo não chega; a sua aplicação ética nas finalidades haverá de presidir à própria pesquisa no caminho.

2. Estamos em plena Semana da Ciência e Tecnologia. O Dia Nacional da Cultura Científica (24 de Novembro), criado em 1997 para assinalar o nascimento do cientista Rómulo de Carvalho (1906-1997), procura precisamente corresponder à necessária promoção da cultura científica e do ensino generalizado da ciência. Sem divulgação científica não existe consequentemente aquele necessário despertar para o mundo do conhecimento; não como meros transmissores mas como criadores e inovadores. Também sem motivações nobres, a ciência pode-se desviar do seu caminho ético e de serviço à Humanidade global. Fronteiras delicadas, sensíveis mas incontornáveis, nas quais os próprios índices de esperançosa e persistente motivação interior são um dos elos fortes do autêntico, grande e humilde, cientista.

3. A Universidade de Aveiro esta semana é um grandioso laboratório, acolhedor de muitos milhares de estudantes, nesta X Semana Aberta da Ciência e Tecnologia, de 23 a 27 de Nov.: http://www.ua.pt/semanaberta Este ano novos passos são dados: tanto no caminho da ciência solidária onde os visitantes são convidados a partilhar, como nas redes sociais que hoje nos unem ao mundo.


Alexandre Cruz

Efeméride Aveirense: Galitos


1905

Nesta data, em 1905, O Governo Civil de Aveiro aprovou os primeiros estatutos do Clube dos Galitos, uma colectividade que muito deu e continuará a dar à cidade e região aveirense. Chega mesmo ao país inteiro e, por vezes, ultrapassa fronteiras, pelo seu ecletismo desportivo e cultural. O Galitos havia sido fundado em 24 de Janeiro de 1904.
Daqui, deste recanto gafanhão aberto ao mundo, felicito todos os herdeiros dos que, já naquele tempo, não gostavam de estar num sítio onde só os galos podiam cantar.

Fernando Martins

Um dia de pausa...



24 de Novembro


Há muitos anos que paro um dia inteiro. Fico entregue a mim mesmo e aos meus. Como que retirado no mundo, mas a olhar quem passa. Presente, contudo, bem presente nas minhas recordações, um incontável número de familiares e amigos. Uns que conheci e me acompanharam na vida, outros que me chegaram pela tradição oral. E muitos daqueles, ontem, se lembraram de mim. E todos eles vieram com palavras muito amigas e com recordações de algum momentos gratificantes recolhidos do que lhes disse e da forma como o fiz.
É claro que já perceberam que foi o dia do meu aniversário, repetido setenta e uma vezes. Pois é verdade. Venci mais uma barreira, a dos 70, com o ânimo robustecido por tantos e tantos amigos. Todos ao lado de uma família que me deu tudo. Mesmo tudo o que sempre desejei.
As recordações de ontem hão-de vir para este meu espaço, ao sabor da maré que me enche a alma. Sem pressas.
Aqui ficam os meus agradecimentos pelos muitos gestos de amizade que ontem me chegaram.

Fernando Martins

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Precisamos de novas músicas / mensagens que transformem razões em pontes humanistas



«We are the children»

1. Os anos oitenta estão a ser olhados com visão de quem procura apreciar e aprofundar algumas conquistas fundamentais. Se há dias (9 de Novembro) lembraram-se os 20 anos da queda do Muro de Berlim, nestes dias mais recentes as duas décadas d’A CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA, adoptada pela Assembleia-Geral da ONU a 20 de Novembro de 1989, tendo sido ratificada por Portugal no ano seguinte, a 21 de Setembro de 1990. Dos considerandos do preâmbulo ao texto retira-se um oportuno olhar histórico na consciência de que sendo as crianças o “futuro” já presente, daqui derivarão para todas as latitudes, pensamentos e acções, altíssimas responsabilidades em ser presença promotora dos melhores valores socioeducativos.

2. Destaca-se a certeza ideal no reconhecimento de que «a criança, para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, deve crescer num ambiente familiar, em clima de felicidade, amor e compreensão». Este espírito familiar e universalista que preside à Convenção sobre os Direitos da Criança está enraizado na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Dos anos oitenta até ao presente não só aumentou a visibilidade mundial de ocorrências infelizes em relação aos muitos ataques à dignidade da criança, como também se verificou um crescer de condições excepcionais para com as crianças da parte do mundo ocidental. Para as outras, muita fome e miséria a que o mundo assiste; para estas a certeza de uma superabundância de pão e presentes plastificados que podem truncar a humanidade.

3. Quem não se lembra da canção We are the World, we are the children (USA for África, 1985) dos anos oitenta, como que no mesmo espírito da Convenção. Ao ouvirmos essa música pela rádio nestes dias lembra a aventura que terá sido essa década, a abertura do mundo ao próprio mundo e o acolhimento local das declarações universais. Precisamos de novas músicas / mensagens que transformem razões em pontes humanistas.

Alexandre Cruz

Umberto Eco recomenda cuidado com a Internet

A propósito do aproveitamento das fontes disponíveis na Internet, Umberto Eco diz, em A Obsessão do Fogo, que é preciso aprender a controlar a informação. E acrescenta:

“Para fazer os seus trabalhos, os estudantes vão buscar à Internet as informações de que necessitam sem saber se essas informações são exactas. E como o poderiam saber? Assim, o conselho que dou aos professores é o de pedir para um trabalho a seguinte pesquisa aos alunos: relativamente ao tema proposto, encontrar dez fontes de informação diferentes e compará-las. Trata-se de exercer o sentido crítico em relação à Internet, de aprender a não aceitar tudo como válido.”

Para começar a semana: A história também se vê




A história também se vê. Até na rua, se soubermos olhar, com olhos bem abertos. Os painéis cerâmicos que Aveiro nos oferece mostram-nos registos importantes. Pare uns momentos para apreciar.

domingo, 22 de novembro de 2009

Portugal não tem os trabalhadores qualificados de que as empresas precisam


Manuel Porto com Ludgero Marques

A globalização pode gerar
pobreza e exclusão social

A globalização tem “reflexos significativos” sobre a economia mundial. Porém, se “convenientemente governada, pode ser um factor de desenvolvimento humano”, mas também é certo que pode ter aspectos “socialmente perniciosos, com aumentos localizados de pobreza e fenómenos de exclusão”, sublinhou o empresário Ludgero Marques na conferência que proferiu esta manhã, no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro, integrada na Semana Social, que decorreu este fim-de-semana.
Abordando o tema “A responsabilidade pessoal e a participação das pequenas comunidades e iniciativas empresariais na construção do bem comum, em contexto de globalização”, o conferencista lembrou que os portugueses estiveram quase 50 anos alheados do resto do mundo, tendo Portugal entrado na globalização com um grande défice ao nível da educação.
Denunciou que os nossos trabalhadores, com “uma formação académica tão baixa”, não podem contribuir para que o nosso país possa “diferenciar-se daqueles que têm formação do nosso nível, ou até inferior”. Portugal não tem os “trabalhadores qualificados de que as empresas precisam”, disse.
Ludgero Marques, actual presidente da Mesa da Assembleia Geral da AEP (Associação Empresarial Portuguesa) com passagem, durante anos, por diversos e importantes cargos directivos de outras estruturas empresariais, referiu que é preciso desenvolver actividades económicas locais, “para que as comunidades sejam capazes de enfrentar o lado negativo da globalização”. Nessa perspectiva, importa que o Estado implemente condições que levem os empreendedores a apostar claramente na comunidade em que se inserem, ajudando-a no seu desenvolvimento e fazendo dela “o trampolim para o sucesso no mundo global”.
Ao falar da responsabilidade social das empresas, “nomeadamente em termos ambientais e de combate a fenómenos de exclusão”, Ludgero Marques recordou a notória situação do desemprego provocado pela pouca formação dos trabalhadores e pelo desajustamento em relação ao progresso tecnológico, cada vez mais exigente.
“A não assunção de responsabilidades sociais é entrave ao desenvolvimento sustentável”, especialmente porque o não cumprimento, pelas empresas, das suas obrigações “leva à concorrência desleal, à deterioração do enquadramento económico, à destruição de ecossistemas, à corrupção e, ainda, a um clima desfavorável à realização de investimentos e à prática da inovação”, frisou o conferencista convidado pela Conferência Episcopal Portuguesa para esta Semana Social.

Fernando Martins