sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Teresa Saporiti expõe no CAE da Figueira da Foz

Até 23 de Novembro, ainda pode apreciar no CAE da Figueira da Foz, na Sala Zé Penicheiro, trabalhos da artista Teresa Saporiti. Como ela refere no desdobrável oferecido aos visitantes, trata-se de flores do seu jardim. Diz assim:
"As flores que aqui deixo são flores do meu jardim. E são, também, flores de outros jardins. Das bermas dos caminhos. Dos espaços sem fim dos campos da minha terra. Em cada flor encontrada, procuro a sombra que define as formas. O contorno que marca a sombra. Procuro a linha que desenha cada flor.”

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Timor: 17 anos depois do massacre de Santa Cruz

A Marieke lembrou hoje um acontecimento brutal que correu mundo. Não fora ela, e eu por aqui continuaria na minha indiferença em relação àquele drama. O massacre de Santa Cruz, em Timor, mostrou ao mundo o que estava a passar-se naquela ex-colónia portuguesa, ocupada, à força, pela Indonésia. Os governantes do nosso País e outras instituições bem clamavam pela libertação do povo timorense, mas todos faziam ouvidos de mercador, ignorando ou fingindo ignorar o sofrimento de uma nação, que os portugueses ajudaram a nascer. Os grandes do mundo, os que põem muitas vezes os interesses pessoais acima dos interesses dos mais frágeis, nunca quiseram ouvir quem pedia justiça e o direito de viver livre. Faz precisamente nesta data 17 anos que o massacre aconteceu e até parece que todos já esquecemos o sofrimento dos timorenses, como se eles não precisassem de nós. Dos nossos apoios e da nossa solidariedade, no esforço que estão a fazer para traçarem caminhos de progresso e de democracia plena.

Geração de Ouro da Bioética em Portugal

Sem grande relevo, e nada chamativa para quem só lê os títulos grandes dos jornais, lá vinha a notícia: “O Presidente da República condecora pais da bioética.” A justificar a condecoração fala o Presidente “de uma verdadeira e impressionante «geração de ouro» da bioética portuguesa”. O designativo é acertado e é bom reconhecê-lo. Os titulares da condecoração são três médicos insignes, professores universitários, reconhecidos pelos méritos e competência na respectiva especialidade, e de renome que vai além fronteiras, pela sua luta a favor de uma consciência ética no exercício da sua profissão, na preparação de novos médicos, nos seus escritos e múltiplas intervenções em congressos ou outros encontros nacionais e internacionais. Trata-se de Daniel Serrão e Walter Oswald, ambos da Faculdade de Medicina Porto, e de Jorge Biscaia, da de Coimbra. A estes junta-se, para um renovada homenagem, por expressa vontade do Presidente da Republica, o jesuíta Luís Archer, de Lisboa, padre e cientista, figura ímpar da investigação científica e pioneiro em caminhos por ele abertos e por onde têm passado gerações de novos investigadores. Muitas vezes vemos serem condecoradas pessoas sem que saibamos bem qual a última razão de tal reconhecimento público. Terá acontecido isso mesmo comigo, o que me levou a interrogar-me, seriamente, sobre o porquê da comenda recebida há anos, pois não vejo, na minha vida, senão a preocupação de cumprir o meu dever, de harmonia com a missão a que me votei livremente, ontem no Alentejo e, há quase trinta anos, em Aveiro e, ultimamente, um pouco por todo o lado. Agora, porém, sabe-se a razão porque se sublinham pessoas que, para além da sua profissão, sempre se empenharam e assim continuam, num serviço gratuito, mas importante, tanto à comunidade científica, como à comunidade em geral. Sem pretensões apologéticas desnecessárias, não me escuso de dizer que se trata de três cientistas leigos, assumidamente católicos, que sempre puseram e continuam a pôr o seu saber científico ao serviço da pessoa e da comunidade, vazado em eloquente tes-temunho de coerência, pessoal e profissional que tem provocado sempre o respeito dos colegas, dos demais investigadores e dos profissionais honestos. Já exerceram cargos internacionais de relevo no campo da medicina, da bioética e das associações profissionais de médicos, tendo os seus nomes ligados a projectos e actividades de relevo e mérito. O padre Luís Archer, homem simples e grande, é figura de um cientista suficientemente conhecido e escutado, que introduziu em Portugal métodos novos de investigação e de estudo da biologia molecular, importantes e hoje indispensáveis em muitos aspectos da vida e do saber tecnológico. A decisão do Presidente da República, da qual tive conhecimento apenas porque leio os jornais, encheu-me de muita alegria, não só pelo respeito e pela estima que me liga aos condecorados, mas, também, por ver publicamente reconhecido, nas suas pessoas e lutas, o valor indiscutível da bioética. Por outro lado, também, é de realçar que a fé não é marginal nem contra a ciência e, o diálogo sério entre ambas, que gente menos lúcida continua a considerar como impossível e inútil, leva sempre a novos horizontes que são caminhos de humanização, pois que outra não é a razão deste diálogo. Uma ciência relativamente nova, a bioética torna-se ponto de referência, exigente e permanente, no campo das ciências onde se joga o valor da vida e a dignidade da pessoa humana e o modo como considerá-la e tratá-la. Os atropelos a que neste campo assistimos, não se corrigem senão com um saber objectivo determina o agir moral, a que não podem estar alheios nem os legisladores, nem os profissionais que tocam na vida das pessoas e não podem deixar de respeitar promover a sua dignidade. António Marcelino

terça-feira, 11 de novembro de 2008

São Martinho: Castanhas sem Vinho

Hoje não cumpri bem a tradição. Comi castanhas assadas, que estavam excelentes, mas não pude provar o vinho. Achei melhor assim, para dormir mais sossegado, sem o estômago a irritar-me. Já lá vai o tempo de as comer assadas na braseira, com a mãe a contar a lenda de São Martinho. O pai andava no mar, nessa época do ano. Dizem que São Martinho era um santo homem, de coração sensível. Capaz, por isso, de partilhar, em noite fria, a sua capa com um pobre mendigo. A lenda, que a Igreja terá aproveitado para santificar a generosidade da partilha e o desprendimento, continua actual, como incentivo que nos leve a olhar para os mais carentes de afecto e de tudo. Ontem, o Presidente da República recebeu uma Comissão que apresentou a “Carta aberta contra a pobreza e desigualdade", na linha de erradicar a fome entre nós. Aliás, a aposta em acabar com a pobreza é um propósito do milénio, que está longe de ser conseguida. Talvez a lição do São Martinho nos ajude a partilhar um pouco do que temos, a começar pelas castanhas.
A ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores) defende que "A pobreza e o desemprego permanecem como os dois principais problemas da sociedade portuguesa e há um risco não negligenciável de se agravarem no próximo ano. Todos os empresários e gestores deverão consciencializar a importância do seu papel neste contexto, assumindo-se como verdadeiros Líderes sociais, gerando confiança e agindo de forma positiva e solidária, sobretudo em quadros de grande dificuldade." E acrescenta que, "Neste contexto, deve ser dada especial atenção à questão do salário mínimo e ser feita uma avaliação, articulando critérios de sustentabilidade da empresa com critérios de generosidade e amor aos mais desfavorecidos, no sentido de apurar, em consciência, se é possível pagar acima do mínimo legal."
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ISCRA no centro da Igreja Diocesana

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TEMPO E TEMPLO DE SABEDORIA
O Bispo de Aveiro quer que o ISCRA esteja no centro da atenção da Igreja diocesana, tendo proposto que dois órgãos de aconselhamento pastoral reflictam em breve sobre o Instituto. Na abertura do ano lectivo, que decorreu no sábado passado, 8 de Novembro, no Seminário de Aveiro, D. António Francisco sublinhou que o ISCRA deve ser “tempo e templo de harmonia”, “tempo e templo de sabedoria”, onde há “lugar e vagar para Deus”, “espaço de formação cristã”, “plataforma de diálogo com o mundo e com a cultura”. Em breve, o Conselho Diocesano de Pastoral (formado por leigos, consagrados e clero) e o Conselho Presbiteral (formado apenas por presbíteros) vão pronunciar-se sobre a identidade e objectivos da escola nascida há 19 anos principalmente para a capacitação de leigos.
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Coisas do nossos "intigos"

"Lembro-me que, em criança, andando a vaguear pela Ria, ali pelo Regueirão, na Marinha Velha, havia um sítio a que nós chamávamos o Moinho – e lá estavam ainda os restos da construção: pedaços de adobos, telhas quebradas… Teria sido mesmo um moinho? – Assim no-lo atestava a nossa imaginação e uns restos de tradição oral. Mas seguindo por um rego que derivava para terra, lá bem na estrada, surgiu mesmo um “moinho” a sério, mas movido a electricidade, creio que era do Ti João Conde. (De uma vez fui lá trocar milho e resolvi ir de bicicleta. À volta, no Zé da Branca, dei o maior trambolhão da minha vida. Ainda não dominava bem a “burra”, pois aprendera a andar nessas férias, para ir para o liceu… Amigos, senti-me voar, até me faltou o ar na descida tão brusca… e dei comigo no fundo da valeta!)"
Excerto de um texto escrito, em 1985, por Manuel Olívio da Rocha e publicado no Boletim das Bodas de Diamante da criação da Gafanha da Nazaré. Pode ler tudo aqui.

A Arte de Roubar de Leonel Vieira

Não senhora. Não rouba nem ensina a roubar. Mas leva-nos qualquer coisa este novo filme de Leonel Vieira. Leva-nos a atenção para a vantagem de encarar o cinema português com tradição e actualidade, lembrando-nos não só que é bom mas necessário saber conjugar veia artística e brilho comercial.
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Monumentos de origem portuguesa no mundo

Segundo diz o Jornal de Notícias, são 22 os monumentos de origem portuguesa espalhados por África, Ásia e América do Sul classificados pela UNESCO que concorrem ao título de Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. A eleição começa dia 10 de Dezembro. Se quer ver algumas, clique aqui.

A melhor juventude

É possível abordar o fenómeno da Acção Católica de um ponto de vista puramente histórico e referir como nestes 75 anos ele se tornou um observatório privilegiado para olhar o interior da própria Igreja e o impacto desta no mundo.
Três quartos de século permitem uma visão suficientemente ampla e diversa e, entre os estudiosos, restam hoje poucas dúvidas sobre a centralidade decisiva da Acção Católica e o papel charneira que essa militância representa. Ela tem espelhado e trabalhado cada tempo num esforço metódico de coincidência com o real (distante das espiritualidades autosistémicas e desencarnadas), mas concebendo o tempo como laboratório do Reino: nas suas tensões e sinais a interpretar, na sua largueza e na tarefa que nos compromete.
É possível abordar a Acção Católica em chave sociológica e maravilhar-se com esta movimentação transversal a meios e estratos sociais, onde o laicado encontrou uma espécie de escola de formação e de oportunidades, mas também onde tantos padres carismaticamente se destacaram. A “marca” Acção Católica é detectável um pouco por todo o lado: na linguagem e nas prioridades dos programas pastorais; no currículo dos bispos e no seu modo de leitura da realidade; nas vozes mais consistentes e originais do laicado, sendo de mulher muitas dessas vozes; no tecido eclesial como um todo; na vida das paróquias e na dinâmica dos movimentos que, entretanto, emergiram; no ideário e na praxis social e política.
Num mundo em acelerada recomposição, a Acção Católica tem sido a antena e o sintoma, o posto de escuta e o palco de experimentação. Mas a interpretação da Acção Católica e do seu significado ficariam irremediavelmente lacunares sem uma leitura espiritual. A Acção Católica não é apenas expressão organizativa ou a introdução de uma eficaz cultura metodológica na prática cristã. É expressão da primavera do Espírito que dá a cada baptizado a consciência dinâmica da sua condição e missão. É obra desse incessante Pentecostes que explica o mistério da própria Igreja e instaura cada cristão, face ao mundo, como sentinela da aurora.

José Tolentino Mendonça