quarta-feira, 18 de junho de 2008

Cultura do Queijo

"Um queijo fresco de cabra que ficou esquecido não se deita fora, deixa-se acabar de secar. Vai-se voltando e ao fim de uns dias, passa a ser um queijinho seco, que cortado em fatias finas, com um fio de azeite e umas bolachas de água e sal, é petisco dos bons."
Aqui ao lado, em Cultura, destaquei um blogue que faz falta a toda a gente: Chama-se ARDEU A PADARIA e vai servir para nos orientar em momentos de indecisão, quando chegamos à cozinha sem saber o que fazer para o almoço ou para o jantar. Mais ainda: também serve para preparar um petisco, em maré de apetites. Vá lá já!

O Beira-Mar não vai por água abaixo


Tenho estado atento às dificuldades sentido pelo Beira-Mar. Clube alicerçado na cidade dos canais é, sem dúvida, um certo símbolo de Aveiro. Tem dado a todos os aveirenses grandes alegrias, mobilizando, nessas alturas, multidões de sócios e simpatizantes. Nesses momentos de entusiasmos esfusiantes, as multidões seriam capazes de lhe dar tudo. O pior é depois…
Depois, quando está na mó de baixo, a debandada é quase geral. Tenho pena destas gentes que só sabem cantar Beira-Mar… Beira-Mar…. Beira-Mar em tempos de vitórias e de euforias. Nas horas de tristezas, fogem com o rabinho entre as pernas…
Ainda bem que foi possível encontrar quem segure o leme…
O Beira-Mar não vai nem pode ir por água abaixo…

As mulheres amanham a terra

“Nas Gafanhas da Nazaré, da Encarnação, na d'Aquém, na do Carmo, na Vagueira,... em todas as Gafanhas de Ílhavo, as mulheres amanham a terra..." Leia mais em GALAFANHA

Projecto de qualificação urbana da Gafanha alterado



O edifício da Junta de Freguesia da Nazaré será ampliado e, na sua envolvente, será criado um piso subterrâneo para estacionamento e uma área comercial
A autarquia ilhavense decidiu proceder a algumas alterações ao projecto base de qualificação urbana da área envolvente ao antigo Mercado da Gafanha da Nazaré, que havia sido seleccionado no concurso de ideias. De acordo com o vereador das Obras e Equipamentos, Fernando Caçoilo, foram-lhe acrescentadas algumas valências consideradas necessárias, nomeadamente um espaço subterrâneo (espécie de cave com 25 mil metros quadrados), com capacidade para acolher cerca de 100 viaturas, a criação de uma zona comercial nas laterais dessa zona envolvente, “de forma a criar um intercâmbio com a Junta de Freguesia, e o aumento da parte do edifício em que funcionarão os serviços da Junta de Freguesia em cerca de 20 por cento, “para que reste mais espaço para os CTT”, bem como para a instalação de um bar.
Estas intervenções, que passam a representar um investimento de cerca de 3.800.000 euros (mais 300 mil euros que o projecto inicial), serão executadas pela sociedade Mais Ílhavo, SA.
E tendo em conta a entrega da obra a este consórcio privado, João Roque, vereador da oposição socialista, questiona a futura legitimidade de posse por parte da Junta de Freguesia da Nazaré, ao que Ribau Esteves responde estar assegurada. “O nosso trabalho é desenvolvido em conjunto com a Junta de Freguesia, enquanto seu proprietário e utilizador exclusivo”, sublinha o autarca.
À questão de João Roque acerca das acessibilidades para deficientes, o edil garante estarem previstas, com um “elevador para circulação entre os dois pisos do edifício”.


Manuel Serra congratula-se com as obras

Manuel Serra, presidente da Junta da Gafanha da Nazaré, entidade parceira neste projecto, congratula-se pelas obras que serão efectuadas, considerando que “vêm ao encontro das necessidades sentidas e constituem uma resposta ao desenvolvimento futuro” daquela freguesia.


PONTES DE ENCONTRO


Os protestos de hoje e as opções (urgentes) para o futuro

Nas primeiras duas semanas deste mês de Junho, o país foi confrontado com a greve dos pescadores e com o bloqueio dos camionistas. Seguiu-se a paragem dos carros de reboque, sobretudo na zona Sul e, ontem, os buzinões rodoviários, fizeram-se ouvir, um pouco por todo o país. As ameaças de novas suspensões, caso das ambulâncias, taxistas e manifestações dos agricultores já se fizeram, também, anunciar. Motivo: a escalada dos preços do petróleo e os custos acrescidos que representam para estes (e outros) sectores de actividade. Em alguns países europeus (França, Itália, Holanda e Espanha, por agora), alguns destes protestos também têm tido lugar, pelo que não é sério dizer (ou tentar induzir) que se trata de um problema só português, como tenho ouvido.
Com mais ou menos habilidade, com algumas vulnerabilidades à mistura ou, como referiu a oposição, com uma total incapacidade em prever estes acontecimentos e da falta de autoridade demonstrada, o Governo português tem negociado com os representantes dos sectores em luta e as coisas têm voltado, para já, ao ritmo normal de funcionamento. Ao mesmo tempo, o Governo vai dizendo que aquilo que concede às reivindicações, que estão na base destas lutas, não põe em causa o equilíbrio das contas públicas, ainda que sejam os contribuintes, como sempre, a pagar a factura. Seja como for, tudo o que se está a fazer, não passa de paliativos de curto alcance. O problema de fundo (o preço de petróleo) persiste sem solução e parece não querer inverter a tendência de subida. Deste modo, se nada mais for feito, as preocupações, os conflitos generalizados, as lutas e convulsões sociais irão agravar-se, nestes e noutros sectores que, até agora, ainda não se manifestaram. A nível interno, o Governo pode descer o ISP (demasiado elevado para o nível de vida português) ou não permitir que as gasolineiras tenham tanto lucro. Mas, mesmo que o venha a fazer (o que acho muito pouco provável), não passariam de medidas com efeitos de médio prazo e não orientadas para um futuro que tem que assentar num consumo cada vez menor de petróleo, não só porque este não é eterno, os seus preços tornar-se-ão incomportáveis e a transição para uma sociedade pós-petróleo é uma realidade reconhecida como inevitável e algumas medidas, insuficientes, têm sido dadas nesse sentido, à escala mundial.
De resto, querer manter o estilo da baixa e velha política, em que tudo serve para o bota abaixo e os argumentos utilizados falam de tudo menos dos novos desafios de hoje e amanhã, sugerem que alguns ainda não entenderam (ou fazem que não entendem) que o mundo está a viver uma crise diferente das anteriores e que esta vai obrigar, a bem ou a mal, a alterar, radicalmente, os hábitos de vida pessoal das populações, a nível global, mesmo sabendo que há sempre alguém que passa ao lado de tudo isto.
O país necessita, pois, de intervenções lúcidas e corajosas e de responsáveis capazes de as levarem a cabo. Destaco a excessiva e crónica dependência petrolífera que o afecta e a insuficiente aposta que se tem feito na rede ferroviária, que deve ser modernizada, ampliada e incentivada, para o transporte de pessoas e mercadorias. Se no caso do petróleo deve haver uma política coordenada com a União Europeia, para que esta aposte, em conjunto, na diversificação das suas fontes energéticas, no segundo caso, há que deixar de apostar tanto nas vias rodoviárias. Deste modo, o Governo tem o dever e a obrigação de deixar de lançar concursos atrás de concursos de novas auto-estradas ou SCUT, pelo que irá ter de rever todos os seus projectos neste tipo de infra-estruturas, que tão onerosas são para o país, apostando na ferrovia, na modernização da frota comercial, com veículos menos poluentes e económicos, e na revitalização das estruturas portuárias. Também o plano aeroportuário nacional vai ter que ser adaptado a estas novas realidades, a fim de não se criarem autênticos elefantes brancos que podem comprometer gerações e gerações de portugueses e o futuro do país.
Ainda que tudo isto não traga resultados a curto prazo, urge que as medidas para a sua implementação não fiquem esquecidas algures numa secretária e se tornem prioritárias. De outro modo, haverá toda a razão para dizer que o Governo (este ou outro) não soube ler os sinais dos tempos nem prever o futuro das gerações vindouras.

Vítor Amorim

terça-feira, 17 de junho de 2008

Igreja católica cria conselho nacional para harmonizar gestão de bens culturais

A Igreja católica portuguesa vai reunir pela primeira vez quarta e quinta-feira o seu novo Conselho Nacional dos Bens Culturais para optimizar a gestão do património existente.
«A Igreja tem de estruturar melhor a gestão dos bens culturais nas dioceses», considerou o bispo do Porto e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, na véspera do primeiro encontro magno dos organismos católicos nesta matéria. Na primeira assembleia do Conselho Nacional, representantes de todas as dioceses vão apresentar a avaliação dos bens existentes para depois estabelecer regras comuns de gestão «desde a organização dos serviços diocesanos vocacionados até à definição de políticas globais de actuação nas mais diversas áreas patrimoniais (material e imaterial)», refere a organização do encontro.
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NA LINHA DA UTOPIA

Valores comuns?
1. Foi na América que há dias um acidente especial foi notícia de destaque. Tratava-se de um senhor idoso que ao atravessar uma estrada foi atropelado. Ficou caído no chão. Veio o carro seguinte e passou por cima. As pessoas, quer dos carros quer dos passeios da berma abrandavam um pouco, mas logo seguiam a sua vida. A pessoa atropelada logo viria a falecer. Mas o mais gritante do acontecimento foi a passividade dos transeuntes até alguém “pôr a mão” ao acidentado. A notícia foi badalada, e abordada mesmo a questão de fundo do individualismo e da indiferença dos caminhantes perante um “irmão humano” estendido na estrada. Foram as imagens da câmara de filmar da estrada que gravaram esse indiferentismo e o salve-se quem puder da vida tida de moderna das designadas grandes cidades do mundo. Mesmo sem as generalizações sempre injustas, dá muito que pensar sobre o modelo de civilização em andamento pelas estradas da vida ocidental. 2. Foi já no mês passado que um grupo musical francês, da chamada arte de música electrónica, provocou um aceso debate sobre a polémica de um vídeo colocado na internet, no Youtube. A arte do vídeo da música tinha como título «stress». As imagens, acompanhadas de enérgica música electrónica, mostravam um grupo de jovens dos subúrbios de Paris a saírem do seu bairro e, por onde iam passado, a provocarem graves distúrbios públicos: «Roubo, assédio, destruição de um café, confrontos com a polícia, carjacking, terminando com a queima de um veículo», foram as fortes imagens seleccionadas para passar a mensagem musical. Polémica instalada, os defensores deste estilo de liberdade respondem com arte cinematográfica, dizendo que o vídeo é uma magnífica obra de arte semelhante a filmes como «O Ódio» e «Manual de instruções para crimes banais». Títulos evocadores de arte mortífera. 3. Deste caso francês, que quase regista os motins dos bairros pobres incitando a violência, o grupo musical e a respectiva editora dizem que se trata de arte e que é inofensivo, pretendendo caracterizar a cobertura que os média fazem quando ocorrem os motins dos subúrbios de Paris. Dá que pensar, e para mais novamente no país da razão que parece continuar a extravasar a própria ordem da racionalidade. A montante e a jusante, quer como facto polémico quer na sua resposta, sente-se que um certo património de valores comuns de dignidade da pessoa humana e da não-violência se vão expirando. Claro que há que ter cuidado com a referência a «valores comuns» em tempos da proclamação exaltada dos «valores individuais». Não existam ilusões, sem sobreposições, precisamos mesmo de valores comuns na base da dignidade da Pessoa, esta na sua vocação ao sentido de pertença e de comunidade. Quando não, este género de «acidentes» tem grave tendência para a multiplicação. A sensibilidade e o bom senso, enxertados na sólida formação humana e cívica, serão os valores comuns que garantem a dignificação pessoal e o sentido da história comum. Mas que lugar estes ocupam na formação contemporânea?