domingo, 25 de maio de 2008

Júlio Dinis na Gafanha

"Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da GAFANHA para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali. Imaginei-me transportado à Holanda, onde, como sabes, nunca fui, mas que suponho deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela."
Júlio Dinis esteve na Gafanha. Leia em GALAFANHA.

MAGIA DA NATUREZA





Pérolas e mais pérolas caindo sem parar. Vi-as e não resisti. Aqui ficam para quem souber apreciá-las. No Forte da Barra, encontrei-me com elas ao entardecer. A água que caía, lentamente, filtrou os raios do Sol que estavam quase a perder-se no horizonte. Mas ainda deu para agarrar, com ambas as mãos, as pérolas, branquíssimas, que depressa se desfaziam e logo se renovavam. Depois o Sol foi-se e com ele a magia da criação de pérolas, à vista de quem por ali passasse.

Missa on-line é um sucesso


"Todos os sábados, às 18 horas, o padre Júlio Grangeia reza a missa na igreja de Espinhel, concelho de Águeda. O seu sermão é escutado atentamente pelos fiéis que se encontram na igreja, mas também é ouvido nos quatro cantos do Mundo através da internet. Adepto das Novas Tecnologias há mais de dez anos, o padre Júlio começou, há pouco mais de um ano, a transmitir a eucaristia on-line e conta já com um grupo de internautas que assistem à missa através do computador."

Leia mais no JN de hoje e na RTP

PONTES DE ENCONTRO


As Olimpíadas de Pequim e a chama aprisionada

O ideal olímpico, retomado em finais do século XIX pelo aristocrata francês Pierre de Coubertin (1863-1937) como um momento de promoção da paz, contra a guerra, nunca se conseguiu sobrepor aos inúmeros interesses e conflitos que sempre existiram, de forma mais ou menos latente, na Comunidade Internacional. As Olimpíadas de Munique, em 1972, com o atentado dos palestinianos contra a delegação israelita; as Olimpíadas de Moscovo, em 1980, com o boicote liderado pelos EUA e as Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, com o boicote liderado pela URSS, são apenas os exemplos mais paradigmáticos do que acabámos de referir.
Infelizmente, também os Jogos da XXIX Olimpíada da Era Moderna, a realizar entre 8 e 24 de Agosto de 2008, em Pequim, há muito que estão envoltos em polémicas, começando pelas críticas feitas pela maioria da Comunidade Internacional às autoridades chinesas pelo seu desrespeito pelos direitos humanos no país, passando pela questão, ainda não resolvida, do Tibete.
Os ideais de construir um mundo melhor e pacífico através do desporto são, cada vez mais, votados ao fracasso e só os interesses políticos e económicos parecem contar.
A chama olímpica, um dos símbolos da paz e da amizade autênticas que deveria envolver todos os jogos, tornou-se, este ano, prisioneira das próprias contradições que os responsáveis políticos teimam em não querer resolver.
Acesa, no passado dia 24 de Março, na tradicional cerimónia que acontece na cidade da Grécia Antiga, Olímpia, berço dos primeiros jogos da antiguidade, no ano de 776 a.C., o seu percurso, pelos vários continentes, foi tudo menos pacífico.
Fosse em Londres, Paris, São Francisco, Tanzânia ou Nova Deli, a chama olímpica transformou-se mais num fardo pesado de transportar do que num anúncio de alegria e apelo à paz, em nome das novas Olimpíadas de Pequim.
Foi triste e lamentável ver a tocha olímpica envolvida por dezenas de seguranças a “protegerem-na” ou a fazer percursos secretos ou alterados à última hora, para evitar manifestações, como que se andasse na clandestinidade e a fugir da própria realidade do mundo, onde ela deveria brilhar livremente.
De facto, esta realidade existe, pelo menos desde 1950, e chama-se Tibete e, como todas as questões mal resolvidas na vida ou no mundo, ela [Tibete] será sempre uma pedra no sapato do regime chinês, que não podendo ou não querendo tirar a pedra do sapato que quis calçar, opta por tratar mal e reprimir quem fez, por bem, o sapato.
Desde que a chama olímpica foi acesa, as manifestações em Lassa (capital do Tibete) aumentaram de intensidade, bem assim como a repressão das autoridades chinesas sobre os tibetanos. Inicialmente, a China começou por acusar o actual Dalai-Lama (Oceano, de Sabedoria, em tibetano), Tenzin Gyatso, líder espiritual tibetano, exilado na Índia desde 1959, de estar por detrás dos incidentes em Lassa, o que este sempre desmentiu, afirmando que “Quer o governo chinês reconheça ou não, há um problema, e o problema é que uma nação ancestral está, hoje, a enfrentar graves perigos.”
Vários chefes de Estado têm pressionado a China a dialogar com os tibetanos e a respeitar a liberdade e os direitos humanos, dos quais se destaca o presidente francês Nicolas Sarkozy. Gordon Brown e Angela Merkel já disseram que irão receber o Dalai Lama e não estarão presentes na cerimónia de abertura das olimpíadas.
A China, que diz de si mesmo ser “um país e dois sistemas”, pode, se quiser, resolver a questão tibetana, bem como ajudar, ainda, na resolução de outros conflitos mundiais, casos do Darfur ou de Myanmar, sem a necessidade de ter que escalar o Monte Evereste para tal.

Vítor Amorim

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 79


A CAIXA MÉTRICA

Caríssima/o:

Estou a vê-la daqui; tenho-a ali arrumada de forma a poder, ainda hoje e apesar de todos os comentários depreciativos, olhá-la e, como se de “caixa mágica” se tratasse, ocupar a vista e as mãos com o que do seu interior íamos tirando.
Logo os sólidos de madeira polida e luzidios. (Para muitos de nós, companheiros de tábuas mal serradas e de casqueiras a fazer de tabiques em muitas das nossas casas, este polimento e macieza era uma carícia e uma interrogação da forma da esfera e entroncava naquele cone cortado a viés e cuja utilidade nunca atingimos!)
Depois saía a balança com pesos a sério, uns hexagonais e os outros cilíndricos e amarelinhos. Quantas pesagens de sonhos deslizavam com os pratos mal equilibrados!
E um metro articulado, igualzinho ao que os nossos pais desdobravam para medir... E aquela dobradiça amarela nas nossas mãos esticava-se para medir a altura do companheiro, mais alto uns escassos três centímetros ... Mas onde a curiosidade se estendia era numa “bicha metálica” de arame, com elos e uma argolas redondas qual brinco de mulher – até o nome que lhe davam era comprido e difícil de apanhar: cadeia de agrimensor. Toca a esticar e a medir o comprimento da sala! Ainda neste sector de medir e comparar comprimentos, a régua e o esquadro encostavam-se ao quadro para riscar e fazer esquadrias, por vezes, paralelas inclinadas.
Outros alunos simpatizavam mais com as medidas dos feijões como as que a mãe usava lá em casa; e como nos divertíamos ao ver que o litro de folha ficava com um dedo vazio se lhe despejávamos a areia do litro dos secos (o tal feijão, grão,..). Umas medidas eram tão pequerrochinhas que nem cabia lá dentro o dedo mendinho! Utilidade?... Centilitro, homem!...
Será que ainda se desencantava algo mais?
Uma geringonça com umas travessas a subir e a descer, parecia uma guilhotina, mas não era aguçada. Foi-nos explicado que aquilo era um “estere” e servia para medir lenha, pois então! E um estere equivale a um metro cúbico!
O compasso e o transferidor atrapalhavam os nossos movimentos no quadro quando se tratava de traçar circunferências (onde está o centro?...lá se mexeu outra vez...segura bem...) ou de medir ângulos (que nessa altura iam do nulo ao de volta inteira ou giro, sem esquecer o raso, o obtuso, o recto e o agudo... até dá para suar!).
Certo cansaço vence a pouca curiosidade que transparece do vosso rosto e é mister fechar-lhe a porta. Antes, porém, peguemos com as nossas mãos no nível de bolha de ar e no fio de prumo... Sem autorização dos nossos pais, que os utilizavam no seu trabalho diário com destreza e mestria, e com o apoio e o incentivo do professor que nos perpendiculava na horizontal!

Manuel

sábado, 24 de maio de 2008

Praxes ridículas

Há seis anos foi notícia o abuso de praxes ridículas, direi mesmo estúpidas, de alunos da Escola Superior Agrária de Santarém sobre uma caloira. A denúncia do caso, por tão grave, chegou ao Ministério do Ensino Superior e aos tribunais. Quando se esperava que a queixa, pela sua natureza, tivesse julgamento rápido, para se evitarem situações semelhantes, a verdade é que a sentença só chegou agora. Seis anos na vida de uma jovem estudante é muito tempo, mas a nossa Justiça não entende isto.
Os agressores e mentores das barbaridades, físicas e psicológicas, exercidas sobre uma jovem acabada de chegar ao Ensino Superior, foram agora condenados, esperando-se que tal castigo sirva de exemplo a quem tem uma ideia profundamente deformada do que é contribuir para a integração dos novos alunos numa qualquer escola. A agredida, que sofreu, no corpo e no espírito, abusos inqualificáveis, lembra que o seu contributo está dado, para que, de uma vez por todas, se acabe com as praxes estúpidas, substituindo-as por programas de âmbito social e cultural, que contribuam, de facto, para levar os caloiros a compreender e a conhecer o ambiente da Escola Superior que querem frequentar.

Efemérides

1979 - Entre o Governo Português e o presidente da Administração da "Regie-Renault" foi assinado um acordo em que se contemplou a criação de uma unidade fabril em Aveiro para produção de motores e caixas de velocidade para veículos automóveis.
1982 - Faleceu em Lisboa o ilustre aveirense Dr. Mário Duarte, homem de fino trato, grande desportista e prestigiado diplomata; desempenhou o cargo de embaixador de Portugal em Cuba, na Alemanha, na França, no Brasil e no México.
Fonte: Calendário Histórico de Aveiro