sábado, 24 de maio de 2008

Decreto Real da Criação da Freguesia

Ver, em Galafanha, a cópia do Decreto Real da Criação da Freguesia da Gafanha da Nazaré, assinado por D. Manuel II, em 23 de Junho de 1910.

JOSÉ MATTOSO NO CUFC - 4 de Junho, 21 horas


José Mattoso, insigne medievalista, vai estar no CUFC, em 4 de Junho, pelas 21 horas, para mais uma Conversa Aberta, integrada no Fórum::UniverSal. Vem para falar de “O Lugar da História”, com moderação de Teresa Roberto, da Universidade de Aveiro.
Reconhecido em Portugal e no estrangeiro como um dos mais notáveis medievalista, foi catedrático na Universidade Nova de Lisboa e autor de muitos trabalhos ligados à sua especialidade. Dirigiu a publicação de uma História de Portugal, foi investigador de méritos firmados, tanto no nosso país como em Timor, e recebeu vários prémios, de que se destacam o Prémio Pessoa e o Troféu Latino 2007.
Natural de Leiria, onde nasceu em 1933, José Mattoso foi monge beneditino, em Singeverga, tendo regressado ao estado laical em 1970. A partir daí, dedica-se, com mais intensidade, à investigação científica, publicando, paralelamente, inúmeras obras.
Na semana passada, anunciou, numa homenagem que lhe foi prestada pelo Centro de Estudos Islâmicos e do Mediterrâneo, em Mértola, onde fixou residência, o abandono da actividade científica, acusando o Estado de valorizar as ciências experimentais e exactas, em detrimento das ciências sociais e humanas. Disse ainda que a investigação histórica que hoje se faz em Portugal se sustenta em “investigações vagas, superficiais”, realçando-se por vezes “generalidades e aspectos anedóticos”, como sublinhou o PÚBLICO de sábado passado, 17 de Maio.
É este investigador, de personalidade e saberes muito fortes, que o CUFC convidou para mais uma Conversa Aberta. A entrada é livre.

FM

A FESTA E A FOME DO CORPO DE DEUS


Quantos saberão e, se sabem, se terão lembrado de que na passada quinta-feira foi feriado nacional por causa de uma festa, que, em Portugal, dá pelo nome paradoxal de Festa do Corpo de Deus? Houve um tempo em que as ruas se enchiam de procissões por causa dela. Hoje, será apenas, para a quase totalidade dos portugueses, um feriado ou oportunidade para umas miniférias.
Festa do Corpo de Deus! Como foi e é possível o cristianismo menosprezar o corpo, se tem uma festa do Corpo de Deus? Deus mesmo em Cristo assumiu a corporeidade humana. É isso que confessa o Evangelho segundo São João: a Palavra (o Logos) fez-se carne, no sentido bíblico do termo grego sarx: ser humano corpóreo e frágil. Deus manifestou-se na visibilidade de um corpo humano.
Dois banquetes marcaram o Ocidente: o Banquete, de Platão, e a Última Ceia de Jesus com os discípulos (quem se atreve a dizer, com fundamento real, que nela não participaram discípulas?). Ambos à volta do amor. Não é um banquete sempre expressão e vivência da convivialidade, da festa e do amor? Aí está a razão por que não tem sentido celebrar a missa sozinho. Faz sentido celebrar um banquete sozinho ou de costas para o povo e numa língua que ninguém entende, como foi recentemente permitido pelo Papa Bento XVI?
Na véspera da Paixão, antes de ser entregue à morte na cruz, Jesus, na ceia de despedida, tomou o pão e pronunciou a bênção, dizendo: "Isto é o meu corpo - a minha vida - entregue por vós." Tomou o cálice com vinho e disse: "Este é o cálice da nova aliança." E acrescentou: "Fazei isto em memória de mim."
A missa é o banquete do testemunho do amor até à morte: "Não há maior amor do que dar a vida pelos amigos." O que se celebra na eucaristia é o Deus do amor. Jesus não morreu para pagar um resgate (a quem?, ao diabo?) ou para aplacar a ira de Deus. Se Deus é amor, não está irado com a Humanidade. Face a um deus que exigisse a morte do Filho só haveria uma atitude humanamente digna: tornar-se ateu. Mas Jesus não morreu porque Deus quis o seu sacrifício. Pelo contrário, morreu para testemunhar a verdade incrível de que Deus é amor.
Na eucaristia, os cristãos comemoram, celebram em comum o memorial de Jesus, presente e vivo na dinâmica da celebração. É ele que convida e, segundo a mentalidade oriental, quem convida oferece, antes de mais, a sua presença.
Ao longo dos séculos, houve debates intermináveis, inclusivamente com mortes pelo meio, sobre o modo dessa presença de Cristo na eucaristia. Que se dava uma transubstanciação do pão e do vinho, que havia consubstanciação, que a linguagem mais adequada agora seria transfinalização, transvalorização.
Mas, afinal, que quer dizer "presença real"? Já se pensou que duas pessoas que verdadeiramente se amam, mesmo distantes fisicamente, estão realmente presentes? Pelo contrário, a presença física, sem amor, pode tornar-se um inferno. De qualquer modo, neste domínio, é bom ter presente a advertência do filósofo Hegel para o perigo de coisificar a presença de Cristo na eucaristia, quando escreveu: segundo a representação católica, "a hóstia - essa coisa exterior, sensível, não espiritual - é, mediante a consagração, o Deus presente, Deus como coisa."
Claro que há o aviso de São Paulo aos Coríntios: "Todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor." Mas é preciso advertir que Paulo está a referir-se àqueles que comiam lautamente e deixavam outros à fome. "Desprezais a Igreja de Deus e quereis envergonhar aqueles que nada têm?"
E afinal não é o que continua a acontecer? Quando pensamos na vergonha da catástrofe alimentar com milhões de homens e mulheres e jovens e crianças a morrer à fome - também em Portugal há fome -, e nas responsabilidades de milhões de cristãos, que celebram a eucaristia, é inevitável lembrar as palavras de São Paulo aos Coríntios.
Mas quem nunca sonhou com um banquete à volta da mesa comum e a participação de todos, independentemente da raça, língua, sexo, cor, e Deus presente e a vida eterna?
Anselmo Borges
Fonte: DN

sexta-feira, 23 de maio de 2008

ÍLHAVO: Congresso das Confrarias Gastronómicas Portuguesas


De 30 de Maio a 1 de Junho, vai decorrer, no Museu Marítimo de Ílhavo, o II Congresso das Confrarias Portuguesas, por iniciativa da Federação das Confrarias Gastronómicas, Câmara Municipal de Ílhavo e Confraria Gastronómica do Bacalhau.
Estarão presentes cerca de 50 Confrarias Gastronómicas e representações de Confrarias de Espanha, França, Suíça, Cabo Verde e Macau, aguardando-se a confirmação de uma delegação brasileira.
Paralelamente ao Congresso, decorre um Concurso de Gastronomia, no Hotel da cidade, com a participação de 13 restaurantes do Concelho de Ílhavo, sendo o Júri constituído por elementos das Confrarias presentes. Das ementas, consta um prato de bacalhau e outro ao critério do restaurante. No dia 30, o jantar será de "partilha", isto é, cada Confraria apresenta o seu "prato" típico.
A Câmara convida as Confrarias presentes para um espectáculo no Centro Cultural, com a Filarmonia das Beiras e o pianista Bernardo Sassetti. Haverá ainda e a projecção do filme "Maria do Mar", no dia 31.
No encerramento serão homenageados o conhecido Chefe Silva, o industrial Rui Nabeiro e dois confrades fundadores da Federação das Confrarias Gastronómicas Portuguesas.

Lenda Judaica

Deus convidou um rabino para conhecer o céu e o inferno. Ao abrirem a porta do inferno, viram uma sala em cujo centro havia um caldeirão onde se cozinhava uma suculenta sopa. Em volta dela, estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas. Cada uma delas segurava uma colher de cabo tão comprido que lhe permitia alcançar o caldeirão, mas não as suas próprias bocas. O sofrimento era imenso. Em seguida, Deus levou o rabino para conhecer o céu. Entraram numa sala idêntica à primeira, havia o mesmo caldeirão, as pessoas em volta, as colheres de cabo comprido. A diferença é que todas estavam saciadas. - Eu não compreendo - disse o rabino -, porque é que aqui as pessoas estão felizes, enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual? Deus sorriu e respondeu: - Você não percebeu? É porque aqui elas aprenderam a dar comida umas às outras... :
Nota: Conhecia esta história há muito tempo. Hoje, porém, o Rotativas da jornalista Maria João Carvalho avivou-me a memória. Em tempo de crise e fomes, é bom reflectir sobre a lição desta lenda.

PORTO DE AVEIRO - 5

Veleiros (portal da CMI)


REGATA TALL SHIPS

Nas celebrações dos 110 anos da restauração do município de Ílhavo, a Câmara Municipal associa-se às comemorações do meio milénio da fundação do Funchal, acolhendo, no Terminal Norte do Porto de Aveiro, a Tall Ships Regatta, entre 20 e 23 de Setembro.
A frota de grandes veleiros partirá a 13 de Setembro do porto histórico de Falmouth, Inglaterra, e chegará ao Porto de Aveiro no dia 20 de Setembro, onde permanecerá três dias. No dia 23 de Setembro, pelas 11 da manhã, os veleiros seguirão viagem para o Funchal, Madeira, onde chegarão a 2 de Outubro.
No Porto de Aveiro vai haver, então, a concentração de todos os participantes, estando a ser devidamente preparado todo o apoio logístico. Está prevista a visita aos veleiros em dias e horas a anunciar.
Nesta regata participam veleiros das classes A, B, C e D, de Portugal, Espanha, Rússia e Alemanha. O Creoula será o representante do nosso País.
A Câmara Municipal de Ílhavo vai proporcionar, em condições vantajosas, o embarque de um total máximo de 100 instruendos a bordo das diversas embarcações participantes, quer oriundos do nosso município, quer de outros municípios de Portugal.

Portugal, país injusto

De acordo com o mais recente relatório do Eurostat, referente a 2004, Portugal é o país mais desigual da Europa, tendo em conta a relação entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres. Não é novidade para ninguém, mas confrange ver que não conseguimos sair da cepa torta, apesar de tantos sacrifícios se pedirem, e exigirem, aos portugueses. Somos, afinal, um país tremendamente injusto, deixando que alguns enriqueçam cada vez mais, enquanto muitos outros ficam cada vez mais pobres. A desigualdade está aqui e ninguém a pode escamotear. Esta situação, que nos atira, sistematicamente, para a cauda da Europa, apesar de todas as ajudas que dela recebemos, só mostra que ainda não descobrimos os políticos, economistas, empresários, sociólogos e outros mais capazes de dar a volta à política portuguesa. Mas também à auto-estima dos portugueses, para que, duma vez por todas, assumam dinâmicas de mudança e de optimismo, que nos apontem caminhos de futuro. Quem dá uma ajuda?