quarta-feira, 23 de abril de 2008

NOVOS TEMPOS


Nos meus tempos de menino e moço, na Gafanha da Nazaré, só havia a Igreja Católica. Tempos depois, um gafanhão, Manuel Vilarinho, alfaiate de profissão e pessoa de leituras, aderiu, sem eu saber porquê, ao protestantismo, arrastando, consigo, boa parte da família e muitos amigos. Ainda hoje essa Igreja existe na Gafanha da Nazaré, com membros que vêm do trabalho de Manuel Vilarinho, de quem fui amigo, enquanto ele foi vivo, e que hoje recordo com saudade.
Lembro, agora, a “guerra” que houve na Gafanha da Nazaré com a comunidade protestante nascente… E senti bem como os protestantes dominavam os católicos, que de Bíblia pouco sabiam. Mas foi complicado o relacionamento. Houve ofensas, ataques pessoais e boicotes ao estabelecimento comercial do meu amigo Manuel Vilarinho. Depois, com o tempo, tudo se esqueceu. Ainda bem.
Falo disto hoje por causa da Páscoa Ortodoxa que anuncio no meu blogue. Com a imigração, novas gentes assentaram arraiais em Portugal, um pouco por toda a parte. E com elas, outras religiões se estabeleceram entre nós. Desta feita, sem “guerras”. E até tem havido cooperação entre algumas, não deixando a Igreja Católica de ajudar na integração. Novos tempos. Felizmente.

FM

PÁSCOA ORTODOXA


Celebra-se na próxima noite de sábado, dia 26 de Abril, a Ressurreição de Cristo, ou Páscoa Ortodoxa, entre os que seguem o velho calendário juliano.
Em Aveiro, a liturgia terá lugar às 22.30h na igreja da paróquia ortodoxa de S Nicolau, situada na Estrada de S Bernardo, nº 267.
A partir das 21,30 o pároco estará disponível para a confissão, seguindo-se a Celebração da Luz às 22.30h no espaço fora do templo, após o que se continuará com a Divina Liturgia e Àgapes no final.

PONTES DE ENCONTRO


O poder da palavra

O ser humano é o único ser vivo da Terra que utiliza a palavra como meio de comunicação intrapessoal (consigo mesmo) e interpessoal (com o outro). A palavra é um símbolo que expressa uma ideia e está intrinsecamente relacionada com a nossa mente. A mente, por sua vez, está relacionada, directamente, com os nossos sentimentos, as nossas emoções, os nossos impulsos, o nosso corpo, as nossas atitudes e as nossas acções. A palavra, escrita ou falada, por cada um de nós, pode ter uma grande influência na maneira como vivemos, pois é através dela que a maioria das pessoas comunica com o mundo externo (os outros) e o interno (nós próprios).
Ainda, não há muito, a sociedade, em geral, valorizava a palavra, naquilo que ela de melhor pode e deve representar. Expressões do género: "Dou-lhe a minha palavra de honra!", "A sua palavra basta-me.", e tantas outras, valiam mais que qualquer documento assinado e atestado oficialmente.
A palavra fundia-se com a própria pessoa e o seu carácter, através das acções, dos actos e testemunhos que realizava na sua vida diária. A sua vida e a sua palavra falavam por si!
Daí a palavra estar, directamente, relacionada com a capacidade do sentir e do fazer de cada pessoa, ou seja, com a maneira como cada um assume os seus comportamentos e atitudes pessoais, perante si e perante os outros. A palavra realiza-nos!
A palavra, deste modo, é um elo que nos une e congrega, enquanto seres de relação interpessoal, mas, também, pode tornar-se, não raras vezes, motivo de desunião, intrigas e conflitos, interpessoais e de grupo, quando dita irreflectidamente ou quando não corresponde à verdade dos factos. Neste último caso, a palavra pode destruir uma vida, uma pessoa, um projecto ou as legítimas expectativas de quem as tem.
As pessoas que optam por dar à palavra um sentido negativo, desejam atingir, pelo menos, um seu semelhante ou acabar com uma situação, que não são incapazes de aceitar, mesmo que participem nela, por falta de alternativas de momento. Raras vezes, o fazem de forma inconsciente, por ignorância ou descuido, ou seja, em regra, elas sabem o que estão a fazer e porque o fazem. São calculistas e objectivas!
Pessoas destas, dificilmente se podem sentir realizadas ou capazes de fazer algo de bom na sua vida, de forma séria e desinteressada, devido à sua permanente inconstância entre o que pensam, o que fazem e o sentido que dão à palavra que usam.
Estas pessoas, desequilibradas e doentes, materializam, no sentido negativo que dão à palavra, os desejos que não conseguiriam obter de outro modo. Sentem-se com poder e tudo fazem para o manter, usando a simpatia (fingida) e a manipulação como máscara para enganar os mais incautos e manter os seus (falsos) privilégios.
Em regra, são vaidosas e gostam do protagonismo (ainda que não o assumam). Estão sempre a julgar os outros, través da maledicência, de difamação, de ódio, ciúme, mesquinhez e calúnia.
Mesmo assim, algumas destas pessoas conseguem atingir a sua realização pessoal, interna e externa, na base do infortúnio dos outros, durante muito tempo, mas, logo que detectado este estado patológico, deve ser tratado, clinicamente, para que os seus comportamentos se tornem estáveis, coerentes e construtivos.
Por isso, quando alguém se dá conta deste sentido destrutivo com que se usa a palavra, tem a obrigação de alertar os seus mais próximos para esta realidade e de buscarem soluções, já que se está a lidar com pessoas fracas de espírito e de carácter, com uma incongruência mental e um desalinhamento entre os seus sentimentos e as suas acções.
Na maior parte dos casos, quem mais pode ajudar afasta-se, até porque, por vezes vezes, são as próprias vítimas destes tipo de comportamentos.
Quando assim é, estes doentes tendem a ir destruindo o que ainda existe de bom; a mediocridade e a imprudência vão-se instalando; enquanto o fingimento, o cinismo e a hipocrisia, vão substituindo o próprio poder e o carácter da palavra construtiva.
Vítor Amorim

terça-feira, 22 de abril de 2008

Manuela Ferreira Leite candidata a líder do PSD


Está confirmada a candidatura de Manuela Ferreira Leite à liderança do PSD. É, pelo que se ouve e sabe, a candidatura mais consensual para arrumar a casa do maior partido da oposição. No entanto, os críticos de tudo e mais alguma coisa já avançaram com a ideia de que Manuela Ferreira Leite é passado e que Pedro Passos Coelho é que será o futuro do PSD.
A partir de agora não hão-de faltar os especialistas em vasculhar o passado para porem a descoberto as eventuais decisões menos felizes da antiga ministra das Finanças e da Educação. Tão certo como três mais dois serem cinco. Para esses especialistas, o que importa é criar, a todo o custo, a desestabilização, por mais sérios e competentes que sejam os políticos.

FM

MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO

Minituras de barcos
Modelo de vela
Agulha de marear
Moinho de café
(Clicar nas fotos para ampliar)

Colecção do Capitão António Marques da Silva

A cultura marítima alimenta-se do fascínio pelo mar, de pequenas sensibilidades e grandes rigores.
O fabrico artesanal de miniaturas de embarcações governadas ou conhecidas pelos seus próprios modelistas corresponde à necessidade afectuosa (ou mesmo nostálgica) de lembrar o mar, de evocar os navios e exprimir socialmente o saber exigido pela navegação.
(...)
O Capitão Marques da Silva reúne todas estas características e invulgares qualidades. As peças de sua autoria que agora confiou ao Museu Marítimo de Ílhavo exprimem talentos diversos que acrescentam ao seu curriculum de mar as facetas de modelista exímio e de pesquisador metódico, sempre preocupado com o alcance pedagógico dos seus modelos, desenhos e estudos de carácter monográfico sobre “embarcações tradicionais”.

Álvaro Garrido
Director do Museu Marítimo de Ílhavo
:
NOTA: Somente hoje tive possibilidades de passar pelo Museu Marítimo de Ílhavo, para apreciar a colecção do Capitão Marques da Silva. Os meus parabéns pelos trabalhos expostos.
FM

Na Linha Da Utopia


A essência da Educação: para todos

1. Embora esta afirmação pareça uma evidência muito prática, a verdade é que são já alguns milhares de anos de caminho percorrido nesta descoberta e o horizonte da «educação para todos» e para cada um apresenta-se ainda como tarefa ideal a realizar. Inesgotável por essência, ou não estivessem a riqueza e a pluralidade de expressões humanas inscritas no ser ilimitado, todavia, algumas balizas referenciais já, hoje, são assumidas de forma geral na educação. Mas na medida em que quer o contacto dos povos com a sua diversidade sociocultural, quer a própria multiplicidade cada vez mais emergente de tecnologias, tudo lança desafios (desinstaladores quanto estimulantes) às concepções de educação, na fronteira do discernimento entre o essencial que deve permanecer e o acessório a mudar.
2. Proclamado pela Conferência Geral da UNESCO (1995), 23 de Abril é o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, na promoção de uma maior consciencialização, mesmo em tempos de Internet, da importância do livro na vida e no desenvolvimento das sociedades. Também este ano 2008, sendo Ano Europeu para o Diálogo Intercultural é o Ano Internacional das Línguas. As línguas como cultura, espelho de identidades e comunidades, superabundam. São sete mil línguas que existem no mundo. Quanta riqueza! Mas segundo estudos recentes 50% delas, nos novos contextos de globalização de tendência “uniformizante”, correm o perigo de desaparecer. É bom o sentimento de uma língua que seja veículo de comunicação entre todos, mas essa uniformidade faz correr o perigo de um igualitarismo que empobrece a riqueza das expressões humanas nas culturas. Talvez o maior desafio contemporâneo seja o compreender-se, e o agir mesmo politicamente em conformidade, a promoção inclusiva de todas as diversidades de língua e cultura.
3. Este dia 23 de Abril, este ano de forma especial, merece todos os destaques. A globalização comunicacional vai-nos tornando em sintonia on-line. Se as tragédias humanas têm imensa visibilidade, que tenha bem mais o que pode resgatar o mundo. Nesta tarefa importa captar e potenciar tudo o que seja uma educação em consciência universalista como caminho de tolerância, justiça, paz. Uma aula do tamanho do mundo percorrerá o tempo deste dia: às 15h o mundo está a pensar na mesma realidade: O TESOURO DA EDUCAÇÃO É MESMO O SEGREDO PARA UM MUNDO MELHOR! O caminho foi e continua muito longo. Quanto mais tomamos consciência da grandeza da diversidade do mundo mais pequenos nos sentimos. Até na realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (2000-2015) que procuram alcançar a educação primária universal. Tão longe, ainda! Mas já mais perto nesta consciencialização a viver.
4. Deste dia simbólico, para todos os dias, na base da dignidade da pessoa humana, redobra-se o compromisso feito expectativa a construir como realidade diária, da educação plural e dignificante como desígnio para todos os povos da terra. Interessa só a alguns? Não, a educação é tarefa de todos e de cada um. Vale mais que todo o petróleo do mundo!

Alexandre Cruz

DIA MUNDIAL DA TERRA

Salmo 65




Por onde passas, brota a alegria (v.12b)


Tudo canta e grita de alegria!

Obrigado por este sol
que ilumina os caminhos da tua criação.

Obrigado por este oceano,
reflexo do teu mar infinito.

Obrigado por este deserto,
onde o silêncio e as estrelas,
nos aproximam melhor de Ti.

Obrigado por este mundo:
ele conduz a alma das pessoas.

Obrigado por este pão,
porque nem só da tua palavra vive o homem.

Obrigado por estes montes,
vestidos de rebanhos e de festa
por estas sementes e estes sons
que chegam dos campos, da lua e dos espaços,
pelos rios de cibernética.
São eles a caligrafia
dos nossos pastores, cientistas e poetas.

Tudo canta e grita de alegria!


Frei Manuel Rito Dias

In Revista Bíblica, de Maio-Junho de 2008

DIA MUNDIAL DA TERRA


A consciência ecológica foi uma das maiores conquistas da humanidade. E se foi Francisco de Assis, porventura, o precursor do amor ao planeta terra, com todos as suas componentes, não há dúvida de que foi o século XX, a meu ver, o século que tomou plena consciência do respeito que todos devemos à natureza. Natureza que herdámos dos nossos antepassados e que temos de legar aos vindouros, ainda mais enriquecida do que a recebemos.
É com esse objectivo que se celebra hoje o DIA MUNDIAL DA TERRA. E se é verdade que no mundo não faltará quem lhe dedique grandes projectos e acções convincentes, também é certo que todos poderemos, no dia-a-dia, fazer algo, por mais simples que seja, que contribua para o culto e preservação da natureza. O jardim natureza precisa de ser cuidado com o nosso amor e regado com o nosso suor. Fundamentalmente, para que continue viçoso e asseado, proporcionando-nos horas de paz e de prazer espiritual de que tanto precisamos.

FM

NÃO HÁ SEGUNDA SEM PREGUIÇA

É claro que não li estas revistas

Quando era miúdo aprendi um ditado que dizia o segunte: "Não há sábado sem sol, domingo sem missa e segunda sem preguiça." Não sei se isto bate certo semana após semana, mas é natural que sim. Nestes dias, de frio e chuva, penso que o ditado se pôde aplicar em pleno. Houve um sol tímido no sábado, missa ao domingo e na segunda lá veio a preguiça. Pelo menos no que me diz respeito. É certo que a preguiça foi reflexo do muito que tive de ler e de escrever ao fim-de-semana. Sacos e mais sacos de jornais, com leituras para todos os gostos. Até à exaustão. É verdade que muita coisa que os jornais e revistas trouxeram, como habitualmente trazem, foi direitinho para o caixote do lixo. Deve acontecer o mesmo em muitas casas. E já pensaram, os meus amigos, no prejuízo ecológico que isto representa, tudo em nome da publicidade, a tal técnica que tem por princípio fundamental levar-nos ao consumo e a comprarmos o que por vezes nem precisamos? Pois é. Daí o cansaço que se apoderou de mim, levando-me ontem a descansar. Mas hoje, terça, já cá estou com vontade de continuar no mundo, para sentir o palpitar do tempo, as melodias das artes que me envolvem, as poesias que tantos cantam para que a vida seja mais bela. Boa semana.
FM

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Na Linha Da Utopia

A Terra é única

1. Quando Neil Armstrong chegou à lua, a 20 de Julho de 1969, e deu um pequeno passo para um homem mas um grande passo para a Humanidade, inaugurava a era espacial com o ser humano presencial. Dessa aventura, devidamente preparada pela missão Apollo 11, em que as imagens a preto e branco na altura percorreram o mundo, uma grande admiração foi o olhar para a Terra à distância, a partir da lua. O terceiro planeta do sistema solar, visto do nosso único satélite natural (a lua), mostrava-nos um lindo planeta azul! Os anos foram passando, a nova era industrial do séc. XX, agora química e tecnológica, trouxe consigo uma cor diferente, o cinzento; as ameaças dos buracos do ozono, como as comprovadas e inquestionáveis alterações climáticas, lançam hoje o alerta SOS Terra; alguns são intransigentes nessa defesa, outros indiferentes a poluir. Mas uma nova «eco consciência», como dever ético, vai-se multiplicando pelas agendas, já políticas (embora ainda pouco), pelo mundo fora.
2. Corria o ano de 1970, ano seguinte ao homem na lua. O senador norte-americano Gaylord Nelson, preocupado com todas estas questões emergentes, promove o primeiro protesto nacional contra a poluição. Desse ano em diante, e a partir de 1990 para outros países do mundo, a data de 22 de Abril passa a ser assinalada como o Dia Mundial da Terra. Comemoração que, como todas, tem o valor que lhes queiramos dar como esforço de ideias e práticas para todos os dias do ano. Inquestionável é que o ser humano tem abusado, explorado desmedidamente, estragado muitos dos ambientes naturais; verdade é também que a vida vive-se à descoberta, e muitas vezes é à posteriori que se detectam os graves erros cometidos no passado. Mas, se a aprendizagem é um dever, então o aprender da história, hoje, assume-se como uma redobrada obrigação protectora, mesmo que colida com os mil interesses político-económicos. Estamos longe deste ideal que, todavia, hoje já faz parte das preocupações.
3. A desordenança ambiental da Terra continua alarmante. Os mais ricos ou a caminho dessa riqueza, e por isso infelizmente os que têm mais poder político, são os mais poluidores do planeta. E vivem uma grave despreocupação efectiva: veja-se hoje os EUA e a China. Segundo estudiosos, a terra terá cerca de 4,5 biliões de anos. Muita idade mas que, por forças incríveis que nos ultrapassam, está sempre nova. Basta sentir a primavera de cada ano, onde a mãe natureza obedece ao grande Arquitecto Criador renovando-se em beleza admirável. A Terra está de parabéns todos os dias e é todos os dias que ela quer pertencer à nossa agenda (Agenda 21) cuidadosa. Cada coisa tem o seu lugar, e as causas do ser humano estão sempre em primeiro de tudo. Mas Francisco de Assis (1181-1226) tinha razão: até como sensibilização e educação ambiental temos de aperfeiçoar a relação de proximidade fraterna para com todas as expressões de vida. Ou não fossem elas obra do mesmo “milagre” da vida na «irmã» natureza.
4. Ou terão as agendas globais e pessoais de sofrer as tempestades reclamadoras do ambiente para transformar os comportamentos exploradores em PAZ com a natureza?! Todo o tempo é precioso porque é VIDA! O legado ambiental aos vindouros nestas últimas décadas tem comprometido gravemente o futuro. Não é um filme inconveniente, é a inadiável (e custosa) revolução das práticas socioambientais.