segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Santa Joana e José Estêvão

Monumento a José Estêvão, em Aveiro

“Proponho-me visitar hoje os túmulos de Santa Joana e de José Estêvão, duas peregrinações que eu não podia deixar de fazer desde que aqui vim”

Este propósito de Júlio Dinis, anunciado na carta que escreveu de Aveiro, conforme registo publicado ontem no meu Blogue, dá que pensar. Quantos de nós já procedemos assim?
Será que, de visita a qualquer povoação, nos inteirámos antes daquilo que podemos e devemos visitar? Será que consultámos publicações que nos elucidem do que vale a pena conhecer melhor? Julgo que não. E no entanto, com frequência vejo, nas zonas históricas, turistas estrangeiros a consultarem literatura sobre o que tem de ser apreciado. Entre nós, julgo que há muito o hábito de raciocinar assim: como moramos relativamente perto, a todo o momento poderemos passar por cá, com mais calma. Só que, tal não acontece. O tempo passa e acabamos por não ver nada.
FM

domingo, 20 de janeiro de 2008

A PROPÓSITO DE UMA CARTA DE JÚLIO DINIS


De quando em vez sabe bem reler os clássicos da nossa literatura, nem que daí resulte algum prejuízo, momentâneo embora, para os escritores e escritos mais na berra. E foi isso que me levou, há tempos, a procurar na estante, algo desarrumada, um livro talvez pouco lido, a não ser por curiosos ou estudiosos das coisas literárias. Refiro-me a “Cartas e Esboços literários” de Júlio Dinis, com prólogo do célebre Egas Moniz, sábio que ao mundo e ao Homem muito deu no campo da medicina, mas que ainda encontrou tempo e disponibilidade interior para se dedicar a estudos sobre literatos e questões literárias, com a mesma paixão com que dissecava o cérebro humano em busca de verdades até então ignoradas.
Uma das cartas, agora lida com outro sabor, talvez pelo ambiente que quis e soube criar, referia-se à Gafanha, é certo que de fugida, em termos que me apetece repetir para que não caiam no esquecimento.
Reza assim, na parte que interessa, a missiva dirigido de Aveiro, em 28 de Setembro de 1864, a seu amigo Custódio Passos:
“Escrevo-te de Aveiro. São 7 horas da manhã do histórico dia de S. Miguel. Acabo de me levantar. Acordou-me o silvo da locomotiva. Abri de par em par as janelas a um sol desmaiado que me anuncia o Inverno.
A primeira coisa que este sol alumiou para mim, foi a folha de papel em que te escrevo; aproveito-a, como vês, consagrando-te neste dia os meus primeiros pensamentos e o meu primeiro quarto de hora.
Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da GAFANHA para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali.
Imaginei-me transportado à Holanda, onde, como sabes, nunca fui, mas que suponho deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela.
Proponho-me visitar hoje os túmulos de Santa Joana e o de José Estêvão, duas peregrinações que eu não podia deixar de fazer desde que vim aqui.
A casa em que eu moro fica fronteira à que pertenceu ao José Estêvão. Há ainda vestígios das obras que ele projectava fazer-lhe e que, por sua morte, ficaram incompletas. Tudo isto se vendeu, e dizem que por uma ninharia.
Cheguei a Aveiro um pouco dominado pela apreensão de que talvez viesse ser infeccionado pelos eflúvios pantanosos da terra e cair atacado por sezões, circunstância que não obstante o colorido local que me havia de dar, nem por isso me havia de ser muito agradável.
Nada porém de novo me tem por enquanto sucedido, e continuo passando bem, e, o que é mais, engordando”.
Nesta carta do romancista quiçá mais lido de Portugal, há uma mão-cheia de considerações e de notas a merecerem outros tantos estudos. Interessa-me somente dizer que afinal esta terra tem sido notada e continuará a sê-lo, assim creio, por quem deambula com olhos bem abertos à magia de recantos nem sempre suficientemente divulgados.
Fico-me, no entanto, por duas ou três ideias, como esta de “imaginar-se transportado à Holanda”, que “deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela”, e a de na “GAFANHA visitar uma elegante propriedade rural” (quem diria?). Também o propósito de “visitar hoje os túmulos de Santa Joana e de José Estêvão, duas peregrinações que eu não podia deixar de fazer desde que aqui vim.”
Pois é verdade.
Nem sempre reparamos no que é nosso e muito menos lhe damos o valor devido, por esta ou por aquela razão.
E depois ficamos embasbacados, como eu fiquei, quando há anos ouvi de um amigo descrições de tal modo ricas de pormenores, ao mesmo tempo que denunciavam uma sensibilidade apurada e um gosto especial pelos ambientes bucólicos e pelo cheiro a maresia, desta terra que o mar e a ria beijam quase sempre com sedutora carícia. O tentar descobrir as belezas relatadas foi tarefa que na altura impus ao meu bairrismo, para então me deliciar meio envergonhado.
Aos que me lerem, aqui deixo a sugestão de tentarem encontrar o que a vida agitada não tem deixado ver.

Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 61

Escola da Ti Zefa, actual oficina de bicicletas e motorizadas

E AS MENINAS? ... IAM POUCAS À ESCOLA!...

Caríssima/o:

Comparando com as brincadeiras e os jogos que praticavam no canto, o nosso escolar viu que na sala de aula havia poucas meninas. Certamente haveria muitas outras escolas onde talvez a situação se invertesse...
Contaram-lhe então que as meninas da terceira classe tinham desistido quase todas, como fizera o seu irmão. Não era obrigatória a frequência além do 1.º grau (a terceira classe) que terminava com um exame!
Tudo isto lhe fazia muita confusão até porque ouvira dizer que a sua irmã mais velha (tinha mais dez anos de idade que ele) nunca passara da primeira dos cartões; que tinha dificuldade em aprender.[Muitos anos passados, já casada, e feitos os exames respectivos, se verificou que quase não via “um boi à sua frente”, tal o grau de miopia que afectava os seus olhos...]

Os anos foram passando e já na quarta classe e admissão o caso era bem notório. Como os professores juntassem os alunos para melhor os prepararem e se habituarem aos examinadores com pronúncias e maneiras de ser diferentes, lembra-se que da Marinha Velha, da Escola do Ti Lopes, vinham acompanhados pelo Professor Salviano para a Escola da Cambeia, da Ti Zefa, onde leccionavam a Professora D. Sílvia[1] e o Professor Ribau. Ainda hoje tem diante dos olhos o tabique de madeira que separava a parte masculina da feminina, sendo a área ocupada pelas meninas talvez um terço da dos rapazes! Quer dizer que a frequência do sexo feminino era de facto mais reduzida...
As escolas eram então masculinas, femininas e mistas. Não se sentiam grandes dramatismos nas relações entre uns e outras já que habitualmente eram parceiros de brincadeiras e de jogos que agora na escola teriam como palco a estrada que passava defronte do edifício.

Aí fica mais este retrato “à la minuta”, com uma realidade que entretanto foi completamente alterada.

Manuel

1. Aqui o Manuel faz uma pausa e apresenta a sua dúvida pois não tem a certeza se seria a D. Sílvia a professora nessa altura...

Na Linha Da Utopia


A Tri-Unidade Ecuménica

1. É um hábito anual que se poderia (e deveria) prolongar por todo o ano: mensal, semanal, diário. Um dia lá chegaremos, porque um infeliz dia de lá saímos. Este ano, de 18 a 25 de Janeiro (25 de Janeiro é celebrada a conversão de São Paulo – acontecimento que marca a matriz do espírito ecuménico), comemora-se os 100 anos da primeira Semana de Oração pela Unidade das Igrejas Cristãs. Foi no ano de 1908 (um ano depois da fundação do escutismo mundial por Baben Powel), em Graymoor - Nova Iorque, nos Estados Unidos, que pela primeira vez (de que há registos), após as grandes divisões seculares, os cristãos de diferentes igrejas se reuniram a orar pela unidade. Talvez hoje pareça estranhíssimo dizermos que antes as igrejas cristãs não se falavam…; para compreendermos bem o alcance e o progresso deste século teremos de ter presente a triste história das trágicas intolerâncias dos séculos XVI-XVII...
2. As distâncias culturais e linguísticas (não havia Internet nem um “inglês universal”), uma cristandade de multidão de que os mosteiros foram sendo as sedes culturais, uma bem-vinda irreverência desinstaladora das comodidades da religiosidade imperial, a situada incapacidade de diálogos como entendimento das diversidades (particulares) na unidade (essencial), a perspectiva de uniformidade igualitarista em vez da complementaridade das diferenças, entre tantas mil e uma complexas razões terão estado na origem das divisões das igrejas cristãs. No séc. XI (ano 1054), a fractura a oriente (ortodoxa) mais por razões de cultura; no séc. XVI, a divisão (protestante) no centro da Europa, por razões filosófico-teológicas da ordem da salvação e interpretação da Escritura. Uma complexidade de aspectos que entranhou o ADN colectivo de que uns é que eram proprietários da salvação e outros não. Sem relativismos, no limite as maiores atrocidades na catolicidade foram cometidas e as igrejas o reconhecem.
3. Os tempos são outros. Há cem anos assim essa “corrente” tolerante e de unidade foi semeando proximidades no conhecimento das diversidades. Sem medos de perder identidade. Para além do aparato exterior, quanto mais conhecermos as razões de cada diversidade mais nos sentimos em unidade. O mesmo acontece com os seres humanos, é imensamente mais o que nos une que o que nos separa. O caminho é sempre o diálogo (Vaticano II). Sem ingenuidades simplistas mas na purificação da memória (João Paulo II). Com todos os aprofundamentos rigorosos e discernindo entre o que são os dispensáveis acessórios e o ESSENCIAL que importa potenciar. O apelo continua a interpelar: «Que sejam UM». É irreversível, mas só com coragem dos líderes, o povo seguirá. Quanto ao designado Espírito Santo, Ele sempre quis a UNIDADE, Ele a vive na Trindade. Voltemos a Oração Ecuménica para nós e para a história que temos a construir. Deus não nos dispensará, mas sem (o Seu) Amor adiamos, adiamos...

Alexandre Cruz

sábado, 19 de janeiro de 2008

O POISAR DA POMBA


É esta a imagem que João Baptista usa para dar forma ao que acontece no baptismo de Jesus. A cena ocorre no rio Jordão. Jesus encontra-se no meio da multidão penitente. Ao vê-lo aproximar-se para receber o seu baptismo, trava-se entre ambos uma curta conversa. O rito da água faz-se. Sinais interpelantes e apelativos são visíveis: uma voz se ouve, uma pomba desce e poisa sobre a cabeça de Jesus, um testemunho eloquente é dado.
A mensagem é interpretada por João evangelista de forma encantadora.
A pomba é a ave portadora de boas notícias. No início da criação, pairava sobre as águas para que surgisse a vida; após o dilúvio, é portadora do ramo de oliveira – sinal de que o dilúvio havia purificado a terra e chegava a era da paz; agora – qual estrela dos Magos que se detém sobre o local onde estava o Menino – poisa volitando sobre Aquele que “vem baptizar no Espírito Santo”.
A mensagem tem um alcance extraordinário e opera uma grande transformação em João: Eu não O conhecia - diz, mas agora sei quem Ele é pois me foi revelado. Eu vim antes, mas Ele está à minha frente. Eu baptizo com água, mas Ele baptiza no Espírito Santo. Eu sou a voz, mas Ele é a Palavra. Eu preparo, mas Ele realiza. Eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus que tira o pecado do mundo.
Também em nós, Senhor Jesus, a mensagem baptismal pretende ser eficaz. Por isso, te oramos, hoje e sempre: Faz-nos sentir que somos criaturas com nova dignidade. Ajuda-nos a descobrir a beleza e o encanto de o Espírito Santo estar connosco e em nós. Orienta os nossos esforços em benefício de todos os que estão “surdos e mudos” aos apelos da humanidade sofrida e amargada. Dá-nos coragem e tenacidade na perseverança da prática da justiça, da sobriedade e da partilha. Abre-nos a horizontes cada vez mais próximos da fraternidade universal onde se espelha, de modo singular, o rosto amigo de Deus, nosso Pai e nossa Mãe.
Senhor que nos enviaste o Espírito Santo, faz-nos apreciar a nossa Igreja reunida em oração para sermos mais sensíveis à urgência da unidade e darmos passos concretos na sua realização. A união dos teus discípulos e apóstolos faz parte do testamento de vida com que quiseste selar a tua missão na terra e ao qual o Pai do Céu atribui valor de eternidade. Ajuda-nos a amá-la, sem reservas, para partilharmos o bem que muitos fazem com generosidade e assumirmos as lacunas que muitos outros, sem vergonha, deixam a claro escandalosamente.
Obrigado, Senhor Jesus, por dares a conhecer “coisas” tão sublimes por sinais tão próximos e sensíveis. Ajuda-nos a viver sob as asas da pomba – o Espírito Santo – o baptismo que nos introduz de modo original no circuito do teu amor e da tua missão.

Georgino Rocha

CAVACO SILVA ATENTO AO PATRIMÓNIO HISTÓRICO


O Presidente da República, Cavaco Silva, vai começar, na segunda-feira, uma visita de dois dias à Beira e Douro Litoral, no âmbito das II Jornadas do "Roteiro para o Património", para defesa, valorização e promoção do património português. Da sua agenda consta a passagem por Coimbra, onde se procurará informar da situação da Sé Velha, a igreja e os respectivos claustros, antes de se deslocar ao Palácio de S. Marcos, para uma reunião com professores e investigadores ligados à área do património.
No mesmo dia, a comitiva presidencial desloca-se depois a Lorvão, em Penacova, onde Cavaco Silva visita a igreja e o mosteiro.
No segundo dia do “Roteiro para o Património”, o Presidente da República desloca-se ao Mosteiro de Arouca e ao Museu de Arte Sacra da real Irmandade da Rainha Santa Mafalda.
Seria interessante que o Presidente da República passasse por Aveiro. Se isso acontecesse, talvez pudesse chamar a atenção para a degradação em que se encontram as Igrejas de S. Francisco e Santo António, junto ao Parque Infante D. Pedro. A ADERAV e outras instituições bem têm lembrado essa triste realidade, mas a verdade é que tudo continua à espera que alguém tenha a coragem de avançar com soluções.

MENTIRA E DIREITO À VERDADE


Quando se reflecte sobre a mentira, é difícil não vir à mente o famoso paradoxo de Epiménides. Diz um cretense: "Todos os cretenses são mentirosos." Sendo cretense, também ele mente. Então, a sua afirmação é verdadeira ou falsa?
Pessoalmente, também lembro uma estória que um jesuíta me contou. Ah! o céu vai ser a coisa mais fabulosa que possamos imaginar. Mas, nos primeiros dois-três dias, no fim do mundo, antes da entrada no céu, quando Deus começar a entregar os filhos aos verdadeiros pais e o dinheiro aos verdadeiros donos, portanto, quando se repuser a verdade, que confusão!...
Afinal, independentemente do paradoxo do cretense, todos mentimos. Mentimos às crianças e ensinamo-las a mentir, com este resultado caricato: "O pai disse para dizer que não está em casa." O miúdo acha que a tia é feia e diz-lho na cara, mas é claro que vai ser repreendido.
Se uma mulher gorda nos pede a opinião - "Estou gorda, não estou?" -, vamos aliviá-la: "Nem pense nisso!"
Imaginemos que uma bela manhã todos se levantavam com a decisão firme de, fossem quais fossem as circunstâncias, dizerem na cara dos colegas, dos amigos, dos vizinhos, dos superiores hierárquicos, dos amantes, dos companheiros de viagem em comboios e autocarros, dos imbecis, dos governantes, fosse de quem fosse, o que verdadeiramente pensam deles. O que seria a vida social sem algumas mentiras ou, pelo menos, sem a omissão da verdade nua e crua?
Os políticos! Desses diz-se que têm como condição de sobrevivência mentir.
Depois, há sempre o que não é conveniente...
E é assim que a verdade raramente se diz, pelo menos toda. Porque realmente não é conveniente: nem na política, nem nos media, nem no sexo, nem aos amigos - Pascal escreveu que, se os amigos soubessem o que os amigos dizem deles na sua ausência, talvez não restassem no mundo mais do que dois ou três. O que pensam e dizem realmente de nós os nossos amigos? Quereríamos saber?
Todos mentimos. Há, porém, mentiras e mentiras. Tomás de Aquino distinguiu entre mendacium - mentira - e falsiloquium - não dizer a verdade a alguém que não precisa de sabê-la ou não tem o direito de sabê-la. No limite, pode acontecer que mentir seja uma obrigação moral. Se um assassino procura um inocente para matá-lo, deve-se mentir quanto à sua localização. O detentor da chave do segredo para desencadear a guerra nuclear deverá mentir ao terrorista que a exige...
A mentira não se refere imediatamente à verdade, mas à veracidade: dizer a alguém o contrário do que se julga ser verdade, com a intenção de enganar. Aprofundando mais, deve-se acrescentar: não dizer a verdade a alguém que tem o direito de sabê-la. M. Onfray escreveu que nunca se deveria mentir, fossem quais fossem as consequências, como exige Kant; mas, se Kant tem razão em princípio, esse princípio é na realidade não vivível, impraticável; por isso, aceita a definição de mentira como "o facto de não dar a verdade, sem dúvida, mas só a quem é devida". Uns têm direito a ela, outros não: por exemplo, um nazi que procurava um judeu para matá-lo não tinha o direito à verdade. Deve-se distinguir "a mentira prejudicial, impura, a que procura um engano destinado a submeter o outro, a limitá-lo, a evitá-lo, a desprezá-lo, e a mentira para ajudar, limpa, chamada por alguns mentira piedosa, a que cometemos, por exemplo, com a finalidade de poupar sofrimento e dor a uma pessoa querida".
Em Portugal, quando se olha para as promessas incumpridas dos políticos, jogos obscuros na banca, subterfúgios à procura da localização de aeroportos, uma política de saúde que fecha maternidades e urgências e descura pobres e velhos, o caos na justiça, um leque salarial gritantemente indecoroso, previsões inverdadeiras da inflação e outras infindas manobras com corrupção activa e passiva à mistura, tem-se a sensação de que se avança em terreno minado pela mentira, com uma democracia perplexa, triste e quase impotente. Quando os portugueses têm direito à verdade.

Anselmo Borges

In
Diário de Notícias

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

REFORMAS DOURADAS

O texto que aqui insiro enquadro-o na linha das reformas douradas, existentes no nosso País. Veio publicado no PÚBLICO de hoje. É certo que se trata de uma empresa privada, com liberdade para fazer o que entender, ao nível salarial. Mas que é um escândalo, aos meus olhos, lá isso é, sabendo-se como são as reformas normais dos trabalhadores portugueses, na sua grande maioria. Vejam:



"O ex-presidente da comissão executiva do Banco Comercial Português (BCP), Paulo Teixeira Pinto, saiu há cinco meses do grupo com uma indemnização de 10 milhões de euros e com o compromisso de receber até ao fim da vida uma pensão anual equivalente a 500 mil euros, 35 mil euros por mês, 14 vezes por ano. Quando o BCP divulgar as contas anuais de 2007, estas deverão incorporar uma verba de 22 milhões de euros, associada à demissão negociada de Teixeira Pinto, que entrou para o banco em 1995, assumindo a presidência em 2005."

Bispo de Aveiro dialoga com a sociedade civil


Na recta final da visita pastoral às paróquias da Torreira e S. Jacinto, diocese de Aveiro, D. António Francisco dos Santos realçou à Agência ECCLESIA que “é fundamental um bispo conhecer os seus cristãos no seu meio ambiente”. De 7 a 20 de Janeiro, o prelado de Aveiro caminhou com aquelas comunidades paroquiais.
Depois da preparação prévia – com os párocos e elementos dos conselhos pastorais – a visita pastoral deve obedecer a três vertentes: “parte celebrativa, encontro com os agentes de pastoral (iniciativas programáticas) e proximidade do bispo com as famílias e instituições (realidade socio-cultural)” – disse D. António Francisco Santos.
Nas paróquias da Torreira e S. Jacinto, o bispo de Aveiro encontrou-se com os agricultores, pescadores, comerciantes e autarcas. “Como são zonas de veraneio e que acolhem pessoas que vêm de fora é fundamental ouvir estas pessoas” – frisou. E acentua: “senti as alegrias e dificuldades deste povo”.
Na visita às escolas e unidade militar, o bispo deixou palavras de ânimo. “A Unidade Militar de S. Jacinto presta um grande serviço na promoção da paz”. Neste contacto promove-se um “diálogo entre a Igreja e a sociedade civil”.

FORTE DA BARRA


A propósito do texto e foto que inseri, hoje, neste meu espaço, recebi esta fotografia, enviada, gentilmente, pelo Ângelo Ribau, com a seguinte nota: "Tenho nos meus arquivos esta foto 'velha' do Forte. Não sei a data em que foi tirada, mas as águas batem contra a muralha do Forte. A barra devia ser a sul daquelo local, dado que não existia 'Triângulo'."
Não sabes, meu caro, mas talvez haja quem saiba. Ficaremos à espera.