sexta-feira, 30 de junho de 2006

Imagens de Aveiro

Salineira
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Fachada de Arte Nova

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Igreja de Jesus,
no Museu de Aveiro

Hospital de Aveiro com nova "URGÊNCIA"

Investimento de 3,5 milhões de euros

Hospital de Aveiro

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Urgência do hospital de Aveiro
tem novas instalações
a partir de hoje ::
Após dois anos e meio de obras, a nova urgência do Hospital do Infante D. Pedro (HIP), em Aveiro, entra hoje em funcionamento. O serviço que, desde Dezembro de 2003, tem vindo a funcionar em contentores provisórios é, agora, transferido para um novo edifício que tem uma área total de 3000 metros quadrados e que está dotado de "melhores condições de acolhimento, estadia e de prestação de cuidados", destaca António Isidoro, director do serviço, a propósito do investimento feito, que ascendeu a 3,5 milhões de euros. As melhorias saltam à vista assim que se entra no serviço, visto que passam a estar contempladas entradas diferenciadas para a urgência de adultos e crianças, e os bombeiros também passam a ter uma área de apoio para os períodos de espera.
A transferência para a nova casa foi acompanhada de um reforço da equipa de enfermagem e auxiliares de acção médica, ao contrário do que aconteceu com o corpo clínico, que se mantém inalterado.
À hora em que este jornal chega às bancas, é de esperar que todos os doentes que necessitam de recorrer à urgência do hospital de Aveiro estejam já a ser encaminhados para as novas instalações, cuja entrada passa a ser feita pela rua que dá acesso ao antigo Estádio Mário Duarte, que acaba de ser limitada num sentido único, de forma a facilitar o acesso rodoviário àquele serviço do HIP.
A entrada no serviço passa a diferenciar as situações de emergência (as mais graves), urgência de adultos e urgência de Pediatria. Afinal, uma das grandes preocupações tidas em conta na abertura das novas instalações prendeu-se com "a redefinição do circuito de gestão do doente", que, a par com a triagem de prioridades - iniciada ainda nas instalações provisórias -, garante "uma melhor adequação dos tempos de espera, desde a observação clínica até à decisão clínica", atesta António Isidoro.
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Maria José Santana : Leia mais no "PÚBLICO"

TEATRO NA GAFANHA DA NAZARÉ

A GAFANHA DA NAZARÉ
PRECISA
DE UM GRUPO DE TEATRO
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A Gafanha da Nazaré precisa, há muito, de um grupo de teatro com actividade regular. Eu sei que de quando em vez por aqui aparecem grupos que exibem, com alma e orgulho, o fruto do seu trabalho. Mas a cidade da Gafanha da Nazaré não pode apenas estar à espera dos outros, pondo de lado a arte de representar. Precisa, urgentemente, de um grupo de gente que dinamize o teatro, nas suas diversas expressões, porque artistas, disso estou certo, não faltarão.
Hoje mostro um cartaz de uma peça de teatro (O MAR, de Miguel Torga) que foi apresentada em 1974, no salão paroquial. Recordo os artistas, os técnicos e a alma de todo este trabalho, que foi o Humberto Rocha. Não seria tempo de alguém assumir a ressurreição do teatro na Gafanha da Nazaré?
Para que se não esqueçam todos os que participaram nesta peça de teatro, aqui ficam os seus nomes:
Artistas: Eva Gonçalves, Fátima Ramos, Irene Ribau, Eduarda Fernandes, Fátima Gonçalves, Dinis Ribau, José Alberto, Carlos Margaça, Horácio Bola, Carlos Bola, Herlander Loureiro, Alberto Margaça e Silvério Marçal.
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Ensaiador, Augusto Fernandes; Encenador e Sonoplasta, Humberto Rocha; Luminotécnico, Eduardo Teixeira; e Contra-regra, Luís Miguel.
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Fernando Martins

Radiografia da Igreja Católica na Europa

Secretários das Confe-rências Episcopais da Europa estiveram reu-nidos na Eslovénia e estão preocupados com o acompanhamento pastoral dos migrantes
Os secretários das 34 conferências episcopais da Europa estiveram reunidos em Ljubljana, na Eslovénia, para analisarem a “radiografia do estado da Igreja Católica na Europa”. "Notámos uma enorme variedade de situações” – disse à Agência ECCLESIA D. Carlos Azevedo, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). No decorrer dos trabalhos, verificou-se que existem conferências episcopais com mais de 250 bispos (Itália) e o caso da Eslovénia - a anfitriã do encontro - que passou recentemente de três para seis dioceses. “Múltiplas situações como é o caso da Escandinávia com cinco países e sete idiomas onde os bispos para se entenderem falam uma língua que não é nenhum idioma deles: inglês ou alemão” – sublinhou o representante português. Ao nível de parcerias entre estes organismos, D. Carlos Azevedo referiu o papel desempenhado pela COMECE que acompanha o Parlamento Europeu nas grandes decisões políticas “ e vai chamando a atenção dos governos para estas questões”. Durante quatro dias (24 a 27 deste mês), os secretários reflectiram também sobre o ecumenismo em ordem a preparar a próxima assembleia ecuménica que será em Sibiu (Roménia), no próximo ano. A questão do Matrimónio também foi abordada – “desde a situação da Espanha que é a mais drástica até à variedade enorme de outras situações” – e as preocupações sobre o desenrolar deste processo na Europa. Com a constante mobilidade humana existente na Europa, os secretários das conferências episcopais estão “preocupados com acompanhamento pastoral dos imigrantes” – avançou D. Carlos Azevedo. Portugal espelha “um pouco o que é mais grave noutros países”. Apesar da relação dos cristãos com os muçulmanos estar “mais estudada”, o secretário da CEP sublinhou que existem países onde os colégios católicos recebem cerca de 80% de alunos muçulmanos. “No futuro isto traz problemas delicados” – realçou.

António Marujo fala ao Correio do Vouga

"O meu fascínio é com a pessoa de Jesus"
António Marujo, do Público, recebe no dia 6 de Julho o prémio europeu de “jornalista religioso do ano”. A cerimónia decorrerá na Catedral da Igreja Lusitana (Anglicana), no Largo de Santos-o-Velho, em Lisboa. É a segunda vez que o jornalista com origens em Aveiro recebe o prémio.
Habituado a fazer as perguntas, desta vez responde ao Correio do Vouga.
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Correio do Vouga - A justificação do júri do prémio diz que os seus textos “são autêntica escrita sobre religião e não escrita sobre a Igreja (…). Feitos por alguém que não está fascinado com a Igreja, mas com algo mais profundo que é o mistério da própria religião”. É o “mistério da religião” que o fascina?
António Marujo – O júri entendeu bem as motivações profundas que me levam a fazer este trabalho: não tanto por parecer colocar em alternativa a Igreja e a religião, mas por perceber que o que me move é a tentativa de perscrutar o mistério da humanidade e da transcendência – que são uma e a mesma coisa, pois quanto mais humanos somos, mais nos transcendemos. A esse mistério, os crentes dão o nome de Deus. E à relação com Deus dá-se o nome de religião, traduzindo essa vontade de ligar dimensões aparentemente distantes. Por isso, posso dizer que realmente me fascina o mistério do religioso que mulheres e homens vivem, mesmo se essa dimensão está muitas vezes escondida. Hoje, aliás, atravessamos um tempo em que muita gente vive a relação com Deus para lá das instituições religiosas. Mesmo no interior do catolicismo, as formas de relação com a Igreja são cada vez mais diversificadas. O que traduz, entre outras coisas, a vontade de se ligar à dimensão profunda de Deus que cada pessoa sente que transporta consigo, mesmo se isso significa exprimir essa relação com Deus com expressões por vezes diferentes do resto da comunidade.
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Imprecisões e debate ético

IMPRECISÕES E DEBATE ÉTICO - O EMBRIÃO
Falácia é definida como um silogismo que, embora pareça concluir, de facto não conclui. Esta definição é utilizada como ponto de partida para uma análise relativa à manipulação de definições e conceitos, que em nossa opinião fracturam o debate ético. O que se verifica é que, a um mesmo objecto, correspondem diferentes conceitos. Muitos destes termos (ex. pré-embrião) foram intencionalmente implementados com o objectivo de facilitar a tarefa da justificação ética e imprimir vantagens a determinada posição moral; outros surgiram de modo perfeitamente casual e foram resistindo ao escrutínio científico, perpassando rigores conceptuais e sedimentando-se como definições consensuais.
A noção de pré-embrião é de surgimento recente, sendo definido como a colecção de células que se dividem até ao aparecimento da linha primitiva. Ao mudar os “nomes”, o embrião torna-se uma quase coisa. No entanto, o que está em jogo é muito mais prático que teórico: não é porque há um pré-embrião que se tem o direito de manipulá-lo e de destruí-lo, é porque ele é manipulado e destruído que deve haver um pré-embrião. Os argumentos apresentados para o uso do termo “pré-embrião” não resistem à análise, porque manipulam denominações, criando fracturas na representação do desenvolvimento do ser humano. A consequência destes constrangimentos semânticos enviesa, através de atitudes de carácter político ou confessional, o estado do debate sobre tão importante problemática.
Nos últimos anos têm-se multiplicado as possibilidades de manipulação e destruição embrionária, as “potenciais” aplicações terapêuticas da clonagem de seres humanos e da investigação em células estaminais embrionárias; tudo isto representa um paroxismo daquilo que foi designado por Pastor García (2002) como “a espiral coisificadora do embrião”, ou como ilustra e designa a capa da Science et Vie (nº 1010, Novembro de 2001) “Le embryon médicament”.
Ana Sofia Carvalho
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quinta-feira, 29 de junho de 2006

Um artigo de D. António Marcelino

EXAME DE
CONSCIÊNCIA
EM FINAL
DE ANO
PASTORAL Celebram-se neste tempo de encerramento do ano pastoral, o Dia da Igreja Diocesana e o Dia da Comunidade Paroquial, convocando para a sua celebração festiva todos os diocesanos e paroquianos para que convivam, partilhem, cresçam no conhecimento mútuo das suas pessoas e actividades apostólicas e revejam o caminho andado e vivam uma experiência eclesial. Tão grande significado têm estes dias que, na Diocese e nas suas comunidades, não se programam outras actividades que possam dispersar os cristãos e, na própria paróquia, o “Dia da comunidade” permite alterar o ritmo dominical normal, a fim de convocar a todos para um mesmo local e celebração. Os acontecimentos eclesiais que marcam o sentido comunitário da Igreja, merecem sempre uma especial atenção. São importantes para assinalar, pelo contributo que dão, a mudança de mentalidade e de atitudes, em relação à Igreja de Cristo, visível na Igreja Diocesana, confiada ao ministério do Bispo, seu pastor, o qual, pela força do Espírito, a conduz no amor, segundo critérios essenciais, como são o Evangelho e a Eucaristia. A nenhum cristão bem informado passa despercebido que a concepção conciliar da Igreja tem o seu acento fundamental na Igreja de Comunhão. A hierarquia, que durante séculos, por razões históricas, que quase abafaram as evangélicas, apareceu como referência eclesial, aparece agora, no Concílio Vaticano II, como um serviço essencial à missão da Igreja, Povo de Deus chamado a reconhecer Jesus Cristo como seu fundamento e empenhado em aumentar e comunicar a vida que dele recebe. O desígnio de Deus realiza-se numa comunidade de fé e fraterna que é sacramento ou sinal deste desígnio e, ao mesmo tempo, instrumento da união íntima dos crentes com Deus e da construção da unidade no mundo. Comunhão e unidade são expressões que ajudam à compreensão da Igreja, no que ela tem de essencial, e ao seu crescimento, dando sentido de verdade e de consistência à sua missão. Todos os acontecimentos marginais, que minimizam ou escurecem o sentido destes dias, eminentemente comunitários pelo que exprimem e fomentam, significam uma perda na acção pastoral e um voltar atrás no sentido e na urgência de construção, em unidade, da Igreja de Comunhão. O Dia da Comunidade Paroquial tem sentido e futuro se parte de uma participação alargada no Dia da Igreja Diocesana ou a ele conduz, como experiência eclesial, maior e mais significativa. A razão é óbvia. A Diocese não é a soma das paróquias, mas a Igreja particular em que está e opera a Igreja de Cristo e na qual todas as comunidades, paroquiais ou outras, encontram a sua verdade, na comunhão e na unidade. Os padres são colaboradores necessários do Bispo que preside à comunhão, e a sua acção pastoral só encontra uma total legitimidade, que de outro modo não existe, na união com ele e com os projectos comuns de edificação da comunidade e de vivência da comunhão A Igreja de Cristo não é uma empresa onde cada um dos responsáveis tem os seus objectivos próprios e as suas estratégias pessoais ou grupais. Qualquer expressão, por generosa que seja, que não traduza a comunhão eclesial e a não fomente é pastoralmente espúria e negativa. Também na Igreja o individualismo cheira a cisma e divisão e nele não se pode comprometer o Espírito, que congrega na unidade, dá a Vida e a renova. Neste final do ano pastoral, é necessário que todos os responsáveis, clérigos ou leigos, nos interroguemos sobre os passos dados em ordem à visibilidade da Igreja Comunhão, bem como à sua edificação com critérios teologicamente certos. O Dia da Igreja Diocesana e o Dia da Comunidade Paroquial são momentos propícios para avaliar, neste sentido e nas suas diversas expressões, o trabalho pastoral e apostólico de todo o ano.

quarta-feira, 28 de junho de 2006

Museu de Aveiro em obras

Visitas com restrições a partir de Julho
O Museu de Aveiro iniciou este mês um período de obras de ampliação e requalificação. Com uma duração prevista de cerca de três anos, esta empreitada vai dotar o Museu de novas áreas, destinadas a exposições temporárias, serviços educativos, cafetaria, biblioteca e auditório.
As galerias de exposição permanente serão objecto de melhoramentos, enquanto que a parte monumental, o antigo Convento de Jesus, beneficiará de profundos e urgentes trabalhos de restauro. Assim, ao longo dos próximos três anos, os circuitos de visitas serão sucessivamente adaptados de acordo com as necessidades impostas pela obra, sendo certo que o Museu tudo fará para que as suas portas nunca sejam completamente fechadas aos visitantes. Neste sentido, impõe-se, de imediato, o encerramento ao público das galerias dedicadas aos séculos XVII e XVIII, o que vai acontecer no próximo dia 1 de Julho.
Apesar desta restrição, o circuito de visita continuará a incluir a totalidade do sector monumental composto pela Igreja com os seus coros Alto e Baixo, (onde se encontra o túmulo da Princesa Santa Joana), o Claustro e a Sala de Labor. A colecção de pintura do século XV, incluindo o retrato da Princesa, também permanece acessível aos visitantes.
Sandra Simões
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Leia mais em Diário de Aveiro

CUFC: Cursos de viola

Inscrições
abertas
até 9
de Outubro
Até 9 de Outubro, estão abertas inscrições para a frequência de dois cursos de viola (iniciação e aprofundamento) no Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC). Ambos têm a duração de 20 horas e começam em Outubro, sendo as inscrições limitadas a 14 participantes. Quem gosta de cantar e animar um grupo tem agora a oportunidade de aprender a tocar viola. Basta arranjar uma. O curso de iniciação tem início dia 9 de Outubro e decorrerá às segundas-feiras, entre as 21 e as 23 h0ras, nas instalações do CUFC, até 18 de Dezembro. O curso de aperfeiçoamento arranca dia 10 de Outubro e decorre às terças-feiras, entre as 21 e as 23 horas, também no CUFC, devendo terminar a 19 de Dezembro. A jóia de inscrição (30 euros) será paga na primeira aula e destina-se a suportar as despesas do curso (aulas e material). As Fichas de Inscrição estão disponíveis em dossier próprio (Mesa Hall CUFC). Mais informações podem ser obtidas pelo Tel: 234 420 600
ou Web: http://sweet.ua.pt/~cufc/

Católicos em África

Cada vez mais
católicos em África
O Vaticano divulgou números relativos ao crescimento do número de católicos em África, adiantando que entre 1994 e 2004 esse número passou de 102.878.000 para 148.817.000, isto é, um crescimento de 30,86%. Em 1994 os cristãos representavam 14,6% da população africana, percentagem que, segundo os últimos dados da Santa Sé, chega agora aos 17%. O aumento é ainda maior no caso dos padres diocesanos, que passaram de 12.937 para 31.259, ou seja, mais 58,61%. Apresentado aos jornalistas os “Lineamenta" da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos – primeiro passo rumo à celebração de um segundo Sínodo para este Continente – o Cardeal nigeriano D. Francis Arinze frisou que “a África é o continente com a maior percentagem anual de crescimento para o Cristianismo em todo o mundo”. O prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos assinalou que “muitíssimos africanos recebem o Baptismo” e que, em vários países “os seminários e noviciados têm mais candidatos do que aqueles que podem acolher”. Na sua intervenção, o membro da Cúria Romana falou dos desafios que se colocam à sociedade do seu continente, em especial questões como “a pobreza, a miséria e, sobretudo, a SIDA”. D. Nikola Eterović, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, adiantou que os temas para a II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos serão “a reconciliação, a justiça e a paz”. O documento preparatório inclui um questionário que deve ser devolvido ao Vaticano até Novembro de 2008. 12 anos depois da I Assembleia deste tipo, a ideia de convocar outro encontro semelhante deve-se, segundo D. Eterović, “ao grande dinamismo da Igreja Católica na África”. Como é habitual, os "Lineamenta" - publicados em quatro línguas: francês, inglês, português e italiano -, deveriam favorecer um amplo debate sobre o tema sinodal, com a ajuda do Questionário que se encontra no fim do documento. O documento preparatório
pode ser consultado em
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Fonte: Ecclesia

LIBERDADE RELIGIOSA

Relatório apresenta «pontos negros» da liberdade religiosa no mundo
O “Relatório 2006 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo”, hoje lançado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apresenta “uma radiografia não animadora do mundo em que vivemos”. A opinião é defendida pelo Bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, que apresentou a obra. O relatório aborda a situação em 190 países ao nível dos direitos constitucionais e da legislação nacional em matéria religiosa e foi elaborado com base em testemunhos de representantes religiosos, documentos oficiais, dados de agências noticiosas internacionais e organizações de defesa dos direitos humanos. Os extremismos da perseguição por motivos religiosos e das violações à liberdade de culto encontram-se referenciados ao longo de todo o relatório, que indica a ocorrência de assassinatos, atentados, sequestros e detenções de representantes religiosos ou de crentes. Rogério Alves considera essencial “uma leitura atenta e uma reflexão ponderada” sobre os casos apresentados, lembrando que em muitas zonas do mundo “não se respira liberdade”. Da leitura do relatório sobressaem, de facto, situações que o Bastonário classifica como “kafkianas”, com prisões arbitrárias, tortura e casos de pessoas como o deu uma senhora que, aos 96 anos, está na cadeia sem saber porquê. Rogério Alves não deixou de manifestar chocado pela “brutalidade” com que algumas pessoas são torturadas por causa da sua fé. O relatório foi dividido por continentes e aponta os países onde aconteceu “algo de relevante” neste âmbito, como, por exemplo, na China, na Coreia do Norte, no Vietname, na Nigéria, no Sudão. O fundamentalismo islâmico e os países comunistas são apresentados como os "pontos negros" da liberdade religiosa. O relatório não esquece, contudo, os Estados Unidos da América e alguns países da Europa, como a França, o Reino Unido, a Rússia e a Ucrânia. No Kosovo, líderes religiosos cristãos precisam mesmo de escolta das forças internacionais para se dirigirem a celebrações religiosas. Particularmente delicada é a relação com o Islamismo, dado que aos atentados terroristas dos últimos anos se seguiu uma espécie de onda de violência anti-muçulmana. A repressão começa no plano legal, nalguns casos com a proibição absoluta da profissão da fé, que levam à perseguição do tipo criminal, com prisões, violação de direitos cívicos, tortura. O Bastonário da Ordem dos Advogados afirmou que, apesar de todos os aspectos negativos enumerados pelo relatório, é de notar que “apesar de todas as dificuldades, há pessoas que, através do seu testemunho de fé, vivem a sua vocação, encarando com alegria os riscos que lhes são dados enfrentar”. “O relatório espelha o desafio desta necessidade de maior fraternidade nas confissões religiosas e nos seus fiéis. Hoje, com os fenómenos migratórios, temos cada vez mais países onde se misturam crenças religiosas”, assinalou, em declarações aos jornalistas, o Bastonário. Maria Cavaco Silva, primeira dama, afirmou, por sua vez, que estas são realidades “que muitos tendem a ignorar”, prestando homenagem aos “mártires contemporâneos” e apelando à eliminação de “todas as formas de intolerância e discriminação” religiosas.
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Fonte: Ecclesia

terça-feira, 27 de junho de 2006

Um artigo de António Rego

Timor – o tempo
e a alma
Depois do 25 de Abril, de todas as antigas colónias portuguesas, Timor foi certa-mente a mais amada. Não por ser a maior, nem a mais rica ou poderosa. Nem por ser a mais politicamente rentável. Foi a que, não obstante a distância, acabou por ser seguida de mais perto, pela cruel ocupação de que foi vítima, pela interdição de se ensinar a língua portuguesa e, sobretudo, a que em 1999, desencadeou nos portugueses uma maior onda de vibração e ternura muito para além da solidariedade convencional. Todos, sobretudo aqueles que visitaram Timor, se aperceberam que a independência aconteceu quase por milagre, contra toda a lógica da força e das vulgares contas políticas, apenas pela determinação heróica dum povo, consciente da sua dimensão e dos seus limites. E, todavia, assumindo a independência como afirmação da sua história, cultura - e fé - que não tolerava aglutinações fáceis de invasores da última hora. Sabe-se de quanta dor e morte foi atravessado este trajecto, conquistado mais com a alma do povo do que com a força das armas. Parece até que a arquitectura política do Estado de Timor tinha mais força simbólica do que real e que o tempo e a alma – repita-se – ofereceriam a consolidação dum projecto de identidade e independência sem reservas. Mas ninguém, minimamente avisado, ignorou as fragilidades e ameaças, internas e externas. O que agora aconteceu disso é a prova. O que se não adivinhava era que dos próprios protagonistas pudessem sair golpes rudes numa independência recente dum pequeno país que ainda amadurece as novas formas de viver. A primeira tentação é a de desencanto pela causa em que tantos nos empenhámos e que ora padece de convulsões e desequilíbrios. Mas a segunda tentação pode ser pior: deixar o povo à mercê dos políticos que colocam as quezílias pessoais à frente da sobrevivência da sua Pátria. Como em outros momentos, não podemos abandonar Timor. Sobretudo o Povo que, mais uma vez, experimentou o arrepio do medo e a ameaça recôndita de ser entregue a qualquer ditador.

É possível aprender a ser pai ou mãe

"Pais
- uma experiência" Jogaram à macaca, à cordinha e à cabra cega. Brincaram com marionetas. Imaginaram-se velhinhos numa fingida viagem ao futuro. Encarnaram actores e actrizes. Pode parecer estranho, mas os participantes destas actividades já ultrapassaram todos os trinta anos. São pais. E os exemplos enumerados foram experiências que destacaram. Viveram-nas no âmbito do Pais XXI, um dos poucos projectos de educação parental do país. O trabalho ganhou agora a forma de livro e é hoje lançado às 21h30, na Esplanada Orfeu, em Santa Maria da Feira. Hugo Cruz e Inês Pinho, os psicólogos responsáveis pelo projecto, escreveram Pais - uma experiência. Os prefácios são de Daniel Sampaio, fundador da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, e de Maria Emília Costa, professora catedrática da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Daniel Sampaio não hesita em recomendar o livro "a todos os pais e a todos os técnicos que se dedicam à intervenção junto das famílias". Afinal, a educação parental é uma das maiores reivindicações das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, um instrumento das medidas de protecção que tarda em chegar.
"Ao fomentar a criança que há em nós estamos, pois, a promover a espontaneidade, a liberdade, a informalidade, o humor, tudo ingredientes fundamentais na educação dos filhos", explicam os autores do livro. O objectivo do projecto, que começou em Junho de 2003 e ainda funciona, é promover o diálogo, a reflexão e a partilha de experiências que reforcem e estimulem o papel dos pais. "Não era sua finalidade dotar os pais de qualquer curso habilitador e profissionalizante. A paternidade e a maternidade não se ensinam, aprendem-se", defendem Hugo Cruz e Inês Pinho.
Procuraram, por isso, valorizar os saberes dos pais e promover jogos, actividades de exploração sensorial e corporal e dramatizações. "O caminho que percorremos é motor e motivo de análise, discussão, partilha e fonte significativa de aprendizagem e valorização", acreditam os autores.
Mariana Oliveira
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Citação

“O futebol substitui no imaginário contem-porâneo o tema da guerra, e as guerras que hoje persistem são as dos desafios de futebol”
Eduardo Prado Coelho,
PÚBLICO de hoje

Um poema de Ruy Cinatti

ACTO DE FÉ Se não acreditasse nos homens não acreditaria em ti, Senhor, Eis um ponto de fé – o segundo mandamento. Não posso acreditar em mim se não acreditar em Deus… o resto vem por acréscimo e eu morro de Contentamento!

Museu do Vaticano celebra 500 anos

O espólio dos Museus do Vaticano
é um dos mais
interessantes
e ricos do mundo
O espólio dos museus do Vaticano é um dos mais interessantes e ricos do mundo, abrangendo obras de arte que representam não só a arte grega e romana do período clássico, como a das sociedades primitivas, e contam toda a história da cultura europeia até à actualidade. Estas obras de arte foram acumuladas através de ofertas e aquisições dos Papas que sempre foram grandes patronos de arte. No tempo do Papa Júlio II (1503-1513), o pontífice mecenas que encomendou a pintura do tecto da capela sistina ao escultor, pintor e arquitecto Miguel Ângelo, foi descoberta no local denominado Colle Oppio em Roma a conhecida escultura Laocoonte, peça do período helenístico (período de transição entre a Grécia Clássica e o inicio do Império Romano). A aquisição deste conjunto escultórico, colocado no pátio de Belvedere no Vaticano em 1506, assinala o início da colecção de antiguidades clássicas dos Papas e a fundação os museus do Vaticano, que este ano celebram os seus 500 anos. O espólio dos museus do Vaticano é um dos mais interessantes e ricos do mundo, abrangendo obras de arte que representam não só a arte grega e romana do período clássico, como a das sociedades primitivas, e contam toda a história da cultura europeia até à actualidade. Estas obras de arte foram acumuladas através de ofertas e aquisições dos Papas que sempre foram grandes patronos de arte. Em 1983, foram criadas as associações de patronos das artes dos Museus do Vaticano, inicialmente com capítulos na América e no Canadá e mais recentemente em Inglaterra, na Irlanda e na Escócia. Foi igualmente criado um capítulo para os países de língua portuguesa, que engloba Portugal Continental, Madeira, Açores, Brasil e restantes países de língua oficial portuguesa, que estiveram sob a influência cultural de Portugal e faziam parte do seu império ultramarino.
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Papa deixa conselhos para as férias

Bento XVI aponta uma série de conselhos a todos os que se preparam para gozar um período de férias
“Desejo renovar o apelo ao sentido de responsabilidade para a circulação nas estradas, recordando que conduzir de modo correcto é uma maneira concreta de respeitar a própria vida e a vida dos outros", apelou. O Papa lembrou todos os que estão a estudar para exames e os que “no início do Verão partem em viagem para um período de férias". Para Bento XVI, este período de descanso é um momento privilegiado para se aproximar de Deus e descobrir a beleza do mundo. Falando em polaco, o Papa desejou, ao despedir-se dos fiéis, que “este tempo vos aproxime de Deus e dos homens e vos permita conhecer a beleza do mundo”. Após a sua viagem a Valência, para participar no Encontro Mundial das Famílias, Bento XVI viajará a 11 de Julho até à localidade de Les Combes de Introd, no Vale de Aosta (Alpes Italianos) para passar uns dias de descanso, que deverão durar até 28 de Julho.

domingo, 25 de junho de 2006

Citação

"A História foi escrita por homens e, por isso, em certa medida, só é meio verdadeira. Metade da humanidade - as mulheres - não participaram na sua redacção. Quando elas tiverem uma palavra a dizer sobre o destino das religiões, estas serão mais pluralistas, mais verdadeiras e, é de esperar, mais pacíficas"
Frei Bento Domingues,
no PÚBLICO de hoje

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Os livros
que ficaram
por dizer
Ao longo do ano lectivo que agora termina, realizou-se, na Universidade de Coimbra, por iniciativa da Reitoria e da Biblioteca Geral, uma série de debates sobre a problemática levantada por dez livros determinantes na História da Humanidade.
A escolha desses Dez Livros que Abalaram o Mundo resultou de um inquérito a professores das diferentes faculdades da Universidade. Por ordem de votação, foi este o resultado: A Origem das Espécies, de Charles Darwin; Bíblia; A Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud; O Capital, de Karl Marx; D. Quixote, de Miguel de Cervantes; Princípios Matemáticos de Filosofia Natural, de Isaac Newton; Odisseia, de Homero; A Riqueza das Nações, de Adam Smith; Diálogo sobre os Dois Maiores Sistemas do Mundo, de Galileu Galilei; Teoria da Relatividade, de Albert Einstein.
Mas cá está! Não se aninha nesta selecção o perigo de esquecer tantos livros que foram também determinantes? E, sobretudo, não foram postos de lado livros de influência mundial, com origem no Oriente (aliás, por vezes, esquece-se que a Bíblia nasceu no Médio Oriente, com raízes também na Mesopotâmia)? Como se pode ignorar o Alcorão, que influencia hoje directamente mais de 1200 milhões de seres humanos, e outros?
Sempre atento aos grandes debates culturais e nunca esquecendo o Oriente, João Gouveia Monteiro, pró-reitor da Cultura da Universidade de Coimbra, encerrou o ciclo de debates com uma sessão dedicada à promoção do conhecimento e do diálogo entre o Ocidente e o Oriente - Virados a Oriente: Os Livros que Ficaram por Dizer. Nela, foram apresentados o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, Gilgamesh, a mais antiga epopeia da Humanidade, originária da Mesopotâmia e onde já aparece o Dilúvio universal, o Ramâyâna e a Baghavad-Gitâ, representando a Índia, as Máximas, de Confúcio (China), o Sermão de Benares, de Gautama, o Buda. A assistência acorreu, muito numerosa e atentíssima, à Biblioteca Joanina.
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Uma reflexão do padre João Gonçalves, pároco da Glória

Sempre presente
A Fé ensina-nos e dá-nos pontos de referência; sabemos em que terreno nos movemos, para onde caminhamos e que apoios nos são oferecidos. É por isso que o homem de Fé vive com segurança, ainda que sempre à procura e sempre com novas interrogações. Apesar de tudo, nunca o Cristão se sente satisfeito, porque sabe que a plenitude é lenta e conquista de todos os dias.
Na busca e na turbulência de todas as horas, os que acreditam sabem que o Senhor está; por isso vivem na coragem e na dinâmica que a Fé sugere e oferece, numa esperança que não deixa ninguém parar, nem desanimar, nem desistir; quando menos se conta, a voz e o poder do Senhor dão ordens sobre as tormentas, e tudo de novo se recupera, em paz e em serenidade, que convidam a andar e a olhar mais alto e sempre mais longe, na dimensão de Deus, que é a dimensão do Homem.
Cristo está cá, na vida e no coração das pessoas, para suscitar certezas e provocar vontades. É Ele que nos diz, “tende coragem”.
Quem O ouve e acredita, tem sempre razões válidas para Viver.
: In "Diálogo", 1079 - XII DOMINGO COMUM- Ano B

Gotas do Arco-Íris - 23

E O S. JOÃO
DA BARRA?... Caríssimo/a: Quando estas palavras correrem sob os teus olhos, já tudo terá passado e quase nem nos lembramos que o Verão pauta os nossos dias. Contudo, hoje é dia de exames. Apesar disso, todos se preparam para uma grande noitada. É ver como as mercearias põem à disposição os ingredientes e até a sardinha é mercadoria de promoção. Para mim, ontem foi dia de recordações. Passei por Aveiro e sua Ria... Beijei o seu ar e as suas neblinas, as suas águas e as suas terras. E sem querer nem o prever, abracei a Capela de S. João, na Barra. Sim, o farol erguia-se, como sempre, imperativo e a convidar-nos para voos mais ou menos picados; a capelinha, perdida no meio das construções, só se deixa apanhar por quem a conheça... E lá voei eu até aos tempos do nosso S. João, amigo, inocente e gaiteiro que nos fazia queimar todas as palhas de favas que restavam esquecidas ou guardadas para esta noite santa e mágica que, por momentos, nos varre o Natal. Certamente não estás à espera que te ponha a cantar e a bailar com as rusgas que passavam ali na estrada e que nem parecia virem a pé desde Aveiro, tal a animação; nem a mergulhar nas águas do mar que à meia-noite te puxa quase irresistivelmente. Falemos de algo bem mais simples, calmo e sugestivo: a água de rosas. Não consigo apanhar uma palavra que defina com rigor e verdade o que se passava; a cena transporta-nos a outros mundos, outros tempos, outros acreditares; talvez pulando até ao arco-íris. Nada nem ninguém faz gestos ou profere palavras fora do comum; tudo tão rasteiro, tão sem-sentido, tão banal que não posso hoje compreender nem apagar o que sentíamos quando, na manhã de S. João, nos lavávamos com a água da bacia onde na véspera mergulháramos as mais belas e bem cheirosas flores dos nossos canteiros. E é com este perfume e esta suavidade desta água, a que alguns chamávamos “água de rosas”, que vos saúdo com o ramo da cidreira. Manuel

sábado, 24 de junho de 2006

Uma biblioteca natural na Universidade de Aveiro

Herbário
do Departamento
de Biologia
Vivem na UA, em colecções devidamente identificadas e etiquetadas. Representam a flora da região de Aveiro e de muitas outras zonas do país e constituem uma biblioteca vegetal, composta por cerca de 12 mil plantas originais. Assim é o herbário da UA que o Jornal Online foi explorar. Estamos em 1977. Ângelo Pereira, professor e investigador da UA inicia, juntamente com o colector António Marques, a recolha de exemplares com o objectivo de representar a flora da região de Aveiro. Estava criado o herbário do Departamento de Biologia da UA. Porém, com o passar dos anos, o âmbito regional deste projecto foi alargado. O Dr. Ângelo Pereira realizou, também, campanhas de colheita por exemplo no Parque Nacional da Peneda Gerês e no Parque Nacional da Serra da Estrela. Actualmente – sob a orientação da Dr.ª Rosa Pinho, responsável pelo herbário desde 1992 – dele fazem parte colecções regionais de vários pontos do país: Parque Arqueológico do Vale do Côa, Porto Santo, Paul de Arzila, entre outros. Também passaram a fazer parte do Herbário colecções da chamada flora ornamental, como por exemplo, a do Parque de Serralves. Actualmente o acervo do herbário é constituído por cerca de 12 mil exemplares originais e 50 mil duplicados. O original é aquele que, do conjunto de quatro ou cinco exemplares recolhidos na saída de campo, demonstra ser o mais completo e perfeito, ou seja, o que tem caule, folhas, flores ou frutos e raízes. Os restantes são catalogados de ex herbarium, isto é, de duplicados. É com estes que os alunos de Biologia estudam e exploram; são os duplicados que participam em exposições e mostras, estabelecem permutas e são oferecidos a outros herbários ou instituições. Os originais estão disponíveis para consulta, como se de um livro se tratasse e só em casos de investigações científicas abandonam o herbário. No entanto, quando tal acontece, há a certeza do regresso no prazo máximo de seis meses. Normalmente, os originais são consultados por especialistas nacionais e estrangeiros.
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Editorial de António José Teixeira no DN

Sangue novo À beira de completar 50 anos, a Fundação Calouste Gulbenkian é um dos melhores exemplos de como um legado valioso pode ser enriquecido e posto ao serviço do desenvolvimento.
O engenheiro Gulbenkian foi um hábil homem de negócios e um grande apreciador de arte. Lamentou não ter sido um homem de ciência e talvez por isso legou à sua Fundação obrigações estritas de cultivo da ciência, da educação, das artes e da caridade. A modernidade do programa de Calouste Gulbenkian é impressionante. No passado foi o verdadeiro ministério da Cultura e da Ciência, garantiu a valorização dos nossos melhores quadros. Substituiu o Estado em muitas tarefas, produziu arte e saber. Hoje está mais preocupada em apoiar do que em fazer, quer partilhar riscos em áreas de insuficiência do Estado.
O envelhecimento da população europeia exige uma atenção redobrada à imigração qualificada. Nos últimos anos, sem grande alarido, a Gulbenkian desenvolveu um programa de integração de médicos e enfermeiros imigrantes no sistema de saúde português. São profissionais que trabalhavam na construção civil ou na hotelaria e que não conseguiam ver reconhecidas as suas habilitações numa área em que Portugal sofre de graves carências. Não foi fácil vencer barreiras corporativas, mas hoje este exemplo vai ser imitado pelo próprio Ministério da Saúde, que poderá vir a integrar cem médicos imigrantes por ano.
Imitar bons exemplos é um desafio para Portugal e para a Europa. A incorporação de imigrantes qualificados deve ser conjugada com as virtudes de um novo Estado de bem-estar. A sua salvação depende, aliás, da capacidade que revelarmos na construção de sociedades mescladas, mais ricas e rejuvenescidas. O exemplo da Gulbenkian passa por esse cruzamento de culturas e saberes, extraindo e reproduzindo excelência motora de desenvolvimento. É verdade que o Estado de bem-estar europeu não foi pensado para estas sociedades em mudança, mas se o soubermos reconstruir com mais inovação e produtividade poderá haver boas notícias daqui a alguns anos. O exercício de rejuvenescimento social deve acautelar os riscos do multiculturalismo extremo e do nacionalismo, como avisava há dias o historiador britânico Tony Judt. Isso significa reflectir seriamente sobre as sociedades multiculturais e multirreligiosas. Algo que a União Europeia continua a ser incapaz de fazer, apesar da vertigem do alargamento continuado. Em qualquer caso, a sobrevivência do modelo social europeu precisa de sangue novo. Aprendamos com a Gulbenkian.

Escritores são depositários da língua

Cavaco Silva defende escritores
como depositários da língua
na era da comunicação
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O Presidente da República destacou hoje o papel dos escritores como defensores da língua portuguesa na era da comunicação, onde impera a imagem e o imediatismo, durante a entrega do Grande Prémio Romance e Novela 2005.
O galardão da Associação Portuguesa de Escritores (APE) foi hoje entregue ao escritor Francisco José Viegas pelo romance "Longe de Manaus", seleccionado entre 90 obras concorrentes.
"Na era da comunicação, em que a escrita se estiliza e compete com formas de transmitir imediatas e formatadas, em que a imagem ocupa um espaço dominador e atraente, os escritores são os mais qualificados depositários desse bem inestimável que é a língua de um povo", disse Aníbal Cavaco Silva.
O Presidente da República sublinhou ainda que são os escritores que preservam a língua, a afeiçoam e a adaptam às novas realidades. "São eles que a renovam, criando a partir das raízes sólidas novos modos de exprimir e comunicar".
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Um poema de Adília Lopes

Nota 4 Se tu amas por causa da beleza, então não me ames! Ama o Sol que tem cabelos doirados! Se tu amas por causa da juventude, então não me ames! Ama a Primavera que fica nova todos os anos! Se tu amas por causa dos tesouros, então não me ames! Ama a Mulher do Mar: ela tem muitas pérolas claras! Se tu amas por causa da inteligência, então não me ames! Ama Isaac Newton: ele escreveu os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural! Mas se tu amas por causa do amor, então sim, ama-me! Ama-me sempre: amo-te para sempre!
:: (a partir do poema de Friedrich Rückert
“Liebst du um Schönheit, o nicht liebe!”)
:: In “Sur La Croix”