terça-feira, 28 de junho de 2005

Um artigo de António Rego

João Paulo II e Bento XVI
Acaba de abrir oficialmente em Roma o processo de beatificação e canonização de João Paulo II, quando ainda não são cumpridos quatro meses sobre a sua morte. Temos a impressão de que mais que a devoção ou homenagem da diocese ou do Papa actual, é um gesto que envolve toda a Igreja, até mesmo os que não terão sentido especial entusiasmo pelas linhas pastorais do Papa Wojtyla. A santidade não é a consagração de uma linha de pensamento genial, ou dum estilo carismático no desempenho de uma missão. É uma dinâmica interior de entrega a Deus, um esforço profundo de ascese até à última gota da alma, uma vida que se não explica sem a união profunda com o profundo mistério de Deus.
Trata-se, mais que em qualquer outra beatificação, dum gesto da Igreja universal e de grande parte do mundo que apenas o chama santo antes de lhe analisar e enaltecer as orientações que imprimiu durante os seus vinte e seis anos de Pontificado.
João Paulo II não foi um monge cenobita, escondido num mosteiro que muito edificou os seus irmãos a ponto de os levar a propor à Igreja a sua elevação aos altares. Trata-se dum homem de fé e entrega, exposto e provado continuamente em praça pública, aceitando uma espécie de julgamento perene dos povos e das culturas aonde chegava o seu dia a dia, inclusive a “privacidade” da sua oração, dos seus cansaços, desabafos, alegrias e reparos. João Paulo II passou a vida a rezar, a dizer, a escrever, a contactar, a repetir, a tempo e fora de tempo, a mensagem do Evangelho. Até ao último suspiro. Com uma verdade intensamente assumida, heróica, indesmentível na própria teatralidade estética com que fazia cada gesto e pronunciava cada palavra. É esta verdade de vida, extrema, seguida em directo pela Igreja e pelo Mundo, que leva à proposta de que ele seja modelo e intercessor de todos nós, na galeria inumerável dos Santos públicos e privados, conhecidos e anónimos do habitáculo de Deus.
Bento XVI neste curto tempo de Pontificado tem cumprido com rigor o que pronunciou como prioridades: a unidade dos cristãos, a redesco-berta do lugar de Deus no nosso mundo, o papel da Europa como matriz cristã da humanidade. A sua primeira viagem apostólica ao estrangeiro, isto é, à sua própria Pátria – curioso paradoxo – vai ser um momento de grande visibilidade para um Papa que a não procura, mas sabe muito bem o que quer. Irá, pelo que se anuncia, reunir tantos jovens como João Paulo II congregava nas Jornadas Mundiais da Juventude.

Carta de Pêro Vaz de Caminha na "Memória do Mundo"

Posted by Hello Primeiro documento português a integrar o património da humanidade
A carta que Pêro Vaz de Caminha dirigiu a D.Manuel I, em que descreveu pela primeira vez o Brasil, em 1500, foi o primeiro documento português a entrar no projecto "Memória do Mundo", da Unesco. O Ministério dos Negócios Estrangeiros revelou, em comunicado, que o Comité Consultivo do programa, que se reuniu este mês na China, admitiu na "Memória do Mundo" 29 colecções documentais de 24 países, incluindo a primeira descrição conhecida do Brasil feita por um europeu. A chamada Carta de Achamento do Brasil, redigida por Pêro Vaz de Caminha, foi enviada a 1 de Maio de 1500 de um navio que se dirigia para a Índia, integrado na Armada comandada por Pedro Álvares Cabral, e tinha como destinatário o rei D. Manuel I, o Venturoso. Nesta carta, é feito o relato dos primeiros contactos dos portugueses com os indígenas brasileiros. O registo "Memória do Mundo" foi criado em 1992 para salvaguardar o património documental da humanidade. Entre o seu espólio está a pauta da "Nona Sinfonia" de Beethoven, o diário do descobridor da Austrália, James Cook, e diversos manuscritos, correspondências e tratados.
(Para ler a carta de Pêro Vaz de Caminha, clique aqui)

BARRA E COSTA NOVA com novo galardão

Posted by Hello Praia da Barra, com passadeiras bem visíveis
"Praia Acessível - Praia para Todos" As praias da Barra e da Costa Nova acabam de receber novo galardão. Desde ontem, para além da Bandeira Azul, contam com a distinção, muito honrosa e merecida, de “Praia Acessível – Praia para Todos”, o que não deixa de ser mais um atractivo para os amantes dos areais à beira-mar, com o iodo a temperar os corpos e os espíritos para um Inverno com mais saúde. Com a bandeira “Praia Acessível – Praia para Todos”, os veraneantes podem usufruir de melhores acessos pedonais, mais ordenamento nas áreas de estacionamento, passadeiras no areal, bons sanitários, posto de socorros e facilidades na circulação de pessoas com deficiência. A bandeira “Praia Acessível – Praia para Todos” é uma iniciativa da Comissão Nacional de Coordenação para o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência.

Um artigo de Adriano Moreira, no DN

Por dentro das coisas
À medida que o tempo passa, a temática da recusa da aprovação do projecto constitucional europeu vai perdendo a imagem do desastre que muita da teatralização envolvente ajudou a criar, para se traduzir na oportunidade de os responsáveis pensarem novamente, e sobretudo pensarem melhor, desta vez espera-se que apoiados em envolvimento cívico informado e participação parlamentar nacional consistente. Apreendendo que o desastre pode ser bem outro do que o das lamentações iniciais.
Talvez um dos aspectos a recuperar, para a experiência não ignorada, seja o da conveniência de não adoptar decisões sem avaliação da governabilidade. Não é fácil reconhecer validade às afirmações de que o consentimento dado pelos governos ao alargamento não foi advertido do reflexo que teria na redistribuição dos fundos, como parece imprudente ter dado por segura a redefinição institucional da União para gerir o alargamento já consumado no quadro legal vigente.
Tratou-se de um procedimento que fez lembrar a perplexidade de Will Rogers quando escreveu que "esta coisa chamada tecnocracia, não sabemos se é uma doença ou uma teoria", mas que frequentemente actua na convicção de que não pode ser recusada adesão universal às evidências a que chega. Os factos são todavia uma realidade com a qual não se discute, e a voz dos factos começa a ser ouvida, falando com suficiente gravidade no último Conselho para que as razões profundas do desencontro não sejam e não possam ser reduzidas ao alegado peso das motivações internas dos países, sem relação com o texto constitucional proposto. Esta leitura da atitude de recusa não contribui para afirmar a bondade da iniciativa da chamada Convenção, e inverte a censura no sentido de serem os governos a pronunciá-la em relação ao eleitorado. De facto começam a tornar- -se evidentes diferentes concepções sobre o futuro da unidade europeia, com percepções variadas dos partidos e governos dos diversos Estados envolvidos, debilmente sabidas e participadas pelos eleitorados, e não muito discutidas até agora entre os responsáveis governamentais.
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Relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus em Portugal

Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa
Entre os dias 28 de Outubro e 16 de Dezembro de 2005 ocorrerá a visita das relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus a todas as dioceses portuguesasA veneração das relíquias é uma forma de apreço por uma vida fiel a Cristo, verdadeiro tesouro das comunidades cristãs. Venerar a memória dos seguidores do Mestre, na pobre materialidade do que resta do seu corpo é ocasião de graça e alegria, momento de interpelação evangélica para a santidade e oportunidade de compromisso missionário. A Conferência Episcopal Portuguesa deseja que a graça de acolher em todas as dioceses portuguesas a visita das relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus, integrada no Congresso Internacional para a Nova Evangelização, de Lisboa, aponte para a perspectiva dinâmica e apostólica da fé cristã. A proximidade física destas relíquias, através da urna que contém os seus restos mortais em relicário de ouro, revestido de vidro, sustentará o olhar da fé e moverá os corações. Ao estar perto de quem descobriu na sabedoria do Evangelho a força do amor misericordioso de Deus, o ardor da missão e a beleza da santidade, seremos impelidos a renovar essas atitudes na vivência eclesial.
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segunda-feira, 27 de junho de 2005

EDUCAÇÃO DA SEXUALIDADE

Nota da Conferência Episcopal Portuguesa
1. Recentemente, vieram a público reacções de um número considerável de pais, professores e outros cidadãos perante iniciativas no domínio da educação da sexualidade realizadas em escolas estatais, algumas delas a título experimental por designação do Ministério da Educação. Em causa está um documento datado do ano 2000, da responsabilidade conjunta do Ministério da Educação, do Ministério da Saúde, da Associação para o Planeamento da Família e do Centro de Apoio Nacional – Rede Nacional de Escolas Promotoras da Saúde, intitulado “Educação Sexual em Meio Escolar: Linhas Orientadoras”. Os conteúdos e ideias que se pretendem veicular, as metodologias propostas e a bibliografia sugerida como base de trabalho, que serviram de suporte àquelas iniciativas, colidem com a sensibilidade e as convicções do público referido.
Tratando-se de matéria particularmente delicada e controversa e dada a pertinência de algumas das questões levantadas, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), no seguimento de posições sobre a sexualidade humana já anteriormente divulgadas em documentos recentes (1) , apresenta, agora, uma palavra que se pretende de iluminação do debate e de orientação e estímulo ao empenhamento dos cristãos, particularmente as famílias, e dos cidadãos em geral.
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"ENTRETENIMENTO: valores e contradições" - 3

Posted by Hello Ramos Pinheiro, Júlio Martim e padre José Manuel O HOMEM completo não dispensa a alegria
Sem pretender aborrecer os meus leitores, ao voltar ao tema da Jornada da Pastoral da Cultura, em que participei, em Fátima, venho hoje com mais algumas achegas, das muitas propostas que foram apontadas, no sentido de sensibilizar os participantes para o valor do entretenimento, também como expressão cultural das pessoas e comunidades. No fundo, e porque se estava em ambiente eclesial, sugeria-se que a Igreja procurasse, por todos os meios, valorizar uma pastoral do entretenimento, no diálogo com a cultura, em geral. Seabra Pereira, docente da Universidade de Coimbra e director do CADC (Centro Académico da Democracia Cristã), defendeu que nunca houve fronteiras entre entretenimento e cultura, e que as artes sempre tiveram uma função evasiva, “mas também interventiva”. Disse que no entretenimento a convivialidade e a comunicabilidade se opõem ao isolamento e ao egoísmo, ao mesmo tempo que recordou que o ócio eticamente positivo contrasta com o ócio eticamente degradante. Referiu, ainda, que a gratuitidade valoriza o entretenimento. Por sua vez, Helena da Rocha Pereira, catedrática jubilada da Universidade coimbrã, abordou o entretenimento na antiguidade clássica, bem expresso no jogo, em que os Jogos Olímpicos foram exemplo máximo, ao estabelecerem tréguas nas guerras entre gregos e entre estes e povos estrangeiros. Entretanto, José Luís Ramos Pinheiro, da Rádio Renascença, denunciou que há programas televisivos e radiofónicos que estão “completamente à margem de qualquer ética”, enquanto considerou ilegítimo “sensacionalizar” as notícias. Disse que a boa disposição e o humor podem criar condições para melhorar as audiências, frisando que “o homem, para ser completo, não dispensa a alegria”. Contudo, garantiu que a “alienação degrada sempre o homem” e que “a espiral de concorrência leva à degradação dos conteúdos”. Para Ramos Pinheiro, “não devia haver entretenimento que não se baseasse na estética do belo”. E acrescentou que há muita gente que se entrega aos media por “solidão e vazio cultural”. Júlio Martim, actor, afirmou que há poucos cristãos, com alguma responsabilidade, nos espectáculos de teatro e outros, tendo adiantado que, pelo que conhece, há muitas expressões artísticas das comunidades eclesiais que ficam “fechadas”, porque “falha uma comunicação em rede”. Sublinhou que toda a gente diz que os jovens querem amar e ser amados, “mas ninguém lhes diz como é que isso se faz”. Referiu a importância de uma pastoral da sexualidade, tendo em vista a construção do amor, e logo denunciou que faz falta uma linguagem de esperança. A paróquia da Glória, representada pelo padre José Manuel Pereira, também esteve presente, fundamentalmente para mostrar uma experiência única no seio eclesial, que é o seu Carnaval, no sentido de contribuir para a aproximação das pessoas e para a vivência da alegria, a que os cristãos não podem ficar alheios, antes devem cultivar. Fernando Martins

“Relatório 2004 – Liberdade Religiosa no Mundo”

Posted by Hello É urgente dar voz
aos que não a têm A Fundação AJUDA À IGREJA QUE SOFRE acaba de editar o “Relatório 2004 – Liberdade Religiosa no Mundo”. Trata-se de um documento único em Portugal, no qual se denunciam as restrições à liberdade de culto em mais de 60 países em todo o mundo. O principal objectivo deste relatório é dar voz àqueles que a não têm, porque foram vítimas de violações e de violências relacionadas com a liberdade religiosa.
Neste documento, rico de pormenores, é analisada a situação detalhada de cada país, em especial no que se refere às restrições à liberdade religiosa, ilustrada com gráficos e dados estatísticos. Na apresentação do relatório 2004, com 448 páginas, sublinha-se que, “Em pleno século XXI, continuamos a assistir a exemplos de martírio em várias regiões do mundo. Nos fiéis da Igreja do Silêncio na China, nas povoações agrícolas flageladas pela guerra no Darfur e no sul do Sudão, nas centenas de milhares de cristãos esquecidos nos ‘campos de trabalho’ da Coreia do Norte ou nos grupos étnicos remotos, perseguidos no Vietname e Laos”. Por isso, no final da apresentação do Relatório, diz-se, com oportunidade, que, “Relançar o debate e promover o respeito pela liberdade religiosa e pelos direitos fundamentais da pessoa humana é também outra forma da Fundação AJUDA À IGREJA QUE SOFRE auxiliar os que sofrem em silêncio, dando voz aos que não a têm”. F.M.

HERA -Associação para a Valorização e Promoção do Património

Posted by Hello Para aproximar as pessoas da cultura
Fundada em 2004, os principais objectivos da HERA são a valorização e a promoção do património ambiental, arqueológico e cultural a nível local, mas também nacional e internacional. Através das suas iniciativas, a HERA pretende focar a atenção sobre a importância fundamental da preservação do património: dinamizar os recursos; preservar o ambiente e as paisagens; aproximar as pessoas da Cultura e promover a auto-estima e a identidade local. Estes são os seus grandes objectivos, que assentam na estratégia de promoção de uma filosofia de desenvolvimento, “realmente” sustentável, baseado na recuperação do património.

(Para saber mais, consultar o "site" da Hera)

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Posted by Hello Flores do meu jardim

domingo, 26 de junho de 2005

CUFC: Festa de Final de Ano

Posted by Hello Festa no CUFC: foto de arquivo Que não haja faltas injustificadas
No CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), vai realizar-se, na quarta-feira, dia 29, a partir das 17 horas, uma festa de final de ano, aberta a todos os universitários e amigos. Haverá uma celebração de acção de graças, já que este espaço, oferecido, no dia-a-dia, aos universitários, outros estudantes e mesmo não estudantes, aveirenses em geral, e não só, é de expressão cristã. Logo depois, com toda a gente reconfortada pelos dons que Deus a todos ofereceu e oferece, será a vez do jantar de convívio, com petiscos (universitários – surpresa?) regionais e muita música, de diversos quadrantes e culturas. Para todos os gostos, claro! No fundo, esta festa decorrerá em jeito de “exame final”, onde cada um, perante um “júri” polivalente e multifacetado, dirá de sua justiça, sobre o que fez e sobre o que gostaria de ter feito, nesta universidade da vida, tão rica de saberes, quantas vezes escondidos debaixo das capas pretas dos estudantes, quando há tanta gente à procura de ideais e de sentido para a vida. A chamada aqui fica, na esperança de que não haja faltas injustificadas. Fernando Martins

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Posted by Hello Santuário: Beatos Jacinta e Francisco Marto

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Posted by Hello Fátima: Basílica, antes do nascer do Sol

"ENTRETENIMENTO: valores e contradições"-2

Posted by Hello Jorge Leitão Ramos O ócio dá curso à fantasia
Para António Pinto Ribeiro, ensaísta e programador cultural da Gulbenkian, “a cultura humana nasce toda ela do jogo”, desde tempos imemoriais, sendo muito difícil estabelecer a fronteira entre cultura e entretenimento. E este não é uma actividade banal nem deve ser “diabolizado”. “A dignidade humana não está no entretenimento em si, mas no uso que dele se faz”, afirmou. O conferencista alertou para o facto de os media se terem “apropriado” do entretenimento, que muita gente consome sem regra, o que leva “à desumanização e à passividade dos cidadãos”. No entanto, garantiu que há excelentes televisões, rádios e jornais, no meio de outros órgãos de comunicação social “desprovidos de inteligência”. E acrescentou que há pessoas que não podem desligar a televisão, porque não sabem ou não podem fazer mais nada, precisamente “porque não foram educadas” para fazer outras coisas. Disse que a cada um cabe entreter-se segundo as suas capacidades, defendendo as tertúlias e as conversas à volta de livros e de outros interesses culturais, sendo certo, como frisou, que os contos e as fábulas fazem parte da nossa oralidade. As fábulas têm a particularidade de nos mostrarem toda a natureza viva a falar, disse. Por outro lado, recordou que o ócio tem inúmeras variáveis, desde o passeio por jardins e parques, “como a borboleta que anda sem destino certo”, sendo ainda uma mais-valia para nos encontrarmos com as pessoas, com as coisas e com o mundo. “O ócio, o nada fazer, é dar curso à fantasia”, referiu.
O óbvio não é o mais divertido
Por sua vez, Jorge Leitão Ramos, jornalista e crítico de cinema do “EXPRESSO”, recordou que a sétima arte demorou muito a ser olhada como tal. Disse que o cinema tem de ser popular porque a sua produção e distribuição se apoiam em estruturas muito caras, e garantiu que “a moral tanto pode estar nos filmes de cow boys como nas tragédias”. Recordou que os filmes nos devem levar a pensar, fazendo cada um a sua leitura. Num filme de Charlot, a criança ri-se com o artista a tropeçar e o adulto culto “medita sobre a tragédia humana”, disse. Noutra passagem da sua intervenção, sublinhou que é preciso combater a ideia de que tudo é simples e fácil, enquanto recordou que “o óbvio não é o mais divertido”. Aliás, referiu que o gosto pelo fácil cria “um vazio mental”, gerando pessoas “sem coluna vertebral”. Frisou, entretanto, que se tem proclamado que “a vida deve ser fácil”, ao mesmo tempo que estamos a ser educados para o “imediatismo, como valor a cultivar”. Por outro lado, defendeu que o “mal é a ausência de sentido para a vida” e que a sociedade de consumo “remeteu o silêncio e a utopia para o caixote do lixo”. Também recordou que o problema do nosso tempo não é a falta de cultura (nunca houve tantas propostas culturais como nos dias de hoje), tendo denunciado que “a cultura de massas nos oferece programas que se tornam abafantes”.
Fernando Martins
(Mais considerações sobre este tema das Jornadas da Pastoral da Cultura nos próximos dias)

sábado, 25 de junho de 2005

Eugénio de Andrade

MOMENTOS INESQUECÍVEIS 

Mil Folhas, um suplemento do “PÚBLICO” aos sábados, vem hoje dedicado ao poeta Eugénio de Andrade, recentemente falecido. Quem gosta de poesia, não pode deixar de ler esta oferta do “PÚBLICO”, que mais não é do que uma homenagem e um documento para guardar, depois de bem meditado. 
Na apresentação, sublinha-se que “não passa em revista a vida e a obra do poeta”, como costumam fazer os suplementos literários, mas é tão-só “um lugar onde alguns amigos de Eugénio vieram despedir-se dele. E fizeram-no falando-nos do Eugénio vivo, já que não há outro do qual se possa falar”. 
Textos e imagens de muitos amigos do poeta mostram-nos quanto Eugénio de Andrade era apreciado e que lugar ocupava e continua a ocupar no panorama cultural do nosso País, onde a poesia é a expressão máxima da sensibilidade do nosso povo.
Agustina, António Ramos Rosa, Eduardo Lourenço, Eduardo Prado Coelho, Frederico Lourenço, Gastão Cruz, Graça Morais, Herberto Helder, Isabel Pires de Lima, José Pacheco Pereira, José Tolentino Mendonça, Mário Cláudio e Vasco Graça Moura, entre outros, oferecem-nos momentos inesquecíveis.

Fernando Martins





Um poema de Eugénio de Andrade
 
 Os amigos

Os amigos amei 
despido de ternura fatigada; 
uns iam, outros vinham, 
a nenhum perguntava
porque partia, 
porque ficava; 
era pouco o que tinha, 
pouco o que dava, 
mas também só pedia
a liberdade; 
por mais amarga

Nota: Poema publicado no MIL FOLHAS