quarta-feira, 4 de maio de 2005

Um artigo de Sarsfield Cabral no DN

PATERNALISMO
O Governo criou uma task force de apoio à reestruturação de empresas em dificuldade e a sectores com problemas de competitividade. É a concretização da chamada política de proximidade anunciada pelo primeiro-ministro, que quer salvar o maior número de empregos que puder. A intenção é louvável, sobretudo porque muita gente está a ficar desempregada e precisa de ajuda. Resta saber se esta ajuda é a mais adequada
Por muito que se esforce, o Estado não tem capacidade para apoiar individualmente cada empresa em dificuldade e com défice de competitividade é um universo enorme. Depois, as intervenções governamentais para salvar empresas não se têm mostrado entre nós muito eficazes - basta lembrar o caso Bombardier. E as intervenções salvadoras arriscam-se até a piorar as coisas, em vez de as melhorarem. É verdade que o Governo garante que só apoiará unidades com "potencial económico". Mas seria ingénuo pensar que o dinheiro público não irá, muitas vezes, prolongar artificialmente a vida de empresas inviáveis, atrasando a reaplicação dos recursos de forma mais produtiva. Mais: esta atitude paternalista do Governo tende a reforçar a tradicional dependência das nossas empresas em relação ao Estado, criando a ilusão perigosa de que o poder político tudo deve resolver.
Melhor seria que o Estado ajudasse as empresas naquilo que é essencial e constitui a sua missão básica. Que reformasse a administração pública, desburocratizando-a. Que pusesse a justiça a funcionar. Que pagasse a tempo e horas aos fornecedores. Que combatesse a economia paralela ou "informal", grande factor do nosso atraso segundo um célebre relatório da McKinsey. Daí, sim, deveria vir uma enorme ajuda às empresas e à modernização do País. Mas é mais fácil e mais mediática a via do paternalismo.

Florestas contam com mais 120 "vigilantes"

A iniciativa já vem de longe, desde 1989, dá pelo nome de «Eu sou vigilante da floresta» e é promovida pelo Lions Clube de Santa Joana Princesa. Uma vez por ano, por ano, este clube reúne várias dezenas de alunos na Quinta de São Francisco, em Eixo, e proporciona-lhes uma aula viva de como se deve respeitar a natureza e preservar as florestas. O encontro deste ano aconteceu ontem, e cerca de 120 alunos das escolas da Taipa, Eirol, Requeixo e Azurva foram recebidos por Margarida Casqueira, do Instituto Raiz, parceiro nesta iniciativa. Depois de uma introdução a noções de como as florestas são essenciais para o planeta, os factores de risco e regras básicas para a sua preservação, o grupo foi levado a percorrer um trilho da Quinta de São Francisco, dando especial atenção à colecção de mais de 120 espécies de eucaliptos ali existentes, grande parte deles plantados por Jaime Magalhães Lima e também várias espécies de acácias.
Para ler o texto na íntegra, clique Diário de Aveiro

Um artigo de D. António Marcelino

O espírito das leis e a democracia
Ouvimos, cá dentro e também lá fora, que as leis mais discutíveis que os governos vão propondo e se promulgam depois, são muitas vezes resposta a promessas de programas e campanhas eleitorais.
Todos sabemos que o tempo de eleições visa, acima de tudo, a conquista de votos e, nesse contexto, prometer é sempre fácil. O drama surge quando, em clima de maior serenidade e apreciação da realidade, há que dar ao povo uma resposta que implique novas leis. Drama ainda maior, quando a matéria em causa exige que se prevejam e apreciem, de modo responsável, as consequências negativas que podem advir de tais leis.
Um governo e um parlamento não legislam para os seus apoiantes e correligionários. Legislam para um país concreto, para todos, sem excepção. Isto obriga a que se procure a justiça e a perfeição possíveis, para que as leis visem o bem de toda a comunidade, não sejam fracturantes, ajudem a união possível de todos os cidadãos, sejam respeitadoras e promotoras de valores que a todos dizem respeito.Montesquieu, o famoso autor de “O espírito das leis”, deixou escrito que “ Tal é o efeito das más leis que são precisas leis ainda piores para travar as desgraças das primeiras.” Assim o vamos verificando. Podia-se romper o ciclo vicioso do “mal a atrair mal maior”, se se prestasse maior atenção à comunidade e se procurasse, com leis justas e inteligentes, não a satisfação dos pequenos grupos de pressão, mas o bem possível para o conjunto.
Não se poderá nunca dizer, a menos que se deturpe e degrade o sentido da democracia, que quem tem o poder em maioria o pode exercer de modo arbitrário e conforme o seu mundo de interesses e valores. Quem governa não é dono do povo, nem pode, por ter ganho eleições, desconhecer a história, apagar ou desprezar valores comuns, interpretar a seu modo os direitos humanos fundamentais, mudar a natureza das pessoas e das coisas, ganhar adeptos e conquistar as simpatias, à custa do sacrifício de muitos e da destruição do património cultural e moral. Governar é sempre servir.
Hitler, que agora é trazido à memória de todos nós, também ganhou, democraticamente, o poder. Foi uma maioria parlamentar que lhe deu azo a manchar de sangue e de ódio a história. Pode dizer-se que o nazismo foi fruto de uma democracia desvirtuada. E não só o nazismo.
Será que as consequências trágicas de leis de maiorias, como a actual lei do divórcio, a que se pretende para o aborto, as discricionárias em relação à família, só se poderão resolver com outras leis ainda piores?
Quem chega ao poder, qualquer que seja o tempo da chegada, ontem e hoje, não pode mostrar sabedoria mudando tudo. Às vezes, só o nome, mas já nem isso é inócuo. A democracia, que não é um regime perfeito, pode, como a história, proporcionar saber cívico a quem desejar aprender.

"BÍBLICA": Onde a Bíblia se faz vida

A revista “BÍBLICA”, editada da Difusora Bíblica, dos Franciscanos Capuchinhos, está no 51º ano de publicação. Como o nome indica, trata-se de uma revista que se dedica essencialmente a temas bíblicos ou com eles relacionados. Sai seis vezes por ano, tendo como Director Fernando Ventura e como Chefe de Redacção Lopes Morgado. São 50 páginas dedicadas às Sagradas Escrituras, em bom papel e com ilustrações excelentes. No seu Estatuto Editorial, pode ler-se que tem por objectivo a iniciação e formação permanente dos leitores no livro da Bíblia, não beneficiando de quaisquer apoios económicos do Estado, incluindo o Porte Pago. É suportada apenas pelos seus assinantes e amigos, com quem quer manter uma relação de fidelidade e justiça, procurando servir-lhes um produto credível a todos os níveis.
O nº 298, relativo a Maio-Junho, oferece temas tão diversos como “Figuras Bíblicas” (Mical: do amor apaixonado à desilusão), “A Bíblia responde” (É possível perdoar sempre aos inimigos?) e “Movimento Bíblico” (Missão Bíblica em Gondomar, XXVIII Semana Bíblica Nacional e Já estamos em Timor-Leste), entre notícias e outros assuntos. Quem, como eu, a lê desde 1961, não pode deixar de realçar a importância da revista BÍBLICA na formação dos crentes. Número a número, os seus leitores têm acesso a diversos temas de uma actualidade indiscutível, que reflectem a exegese mais recente. Além disso, há sugestões litúrgicas e o estímulo para que muitos participem em cursos que os Capuchinhos organizam todos os anos. A tiragem da “BÍBLICA” é de 15 750 exemplares, mas merecia ter muitos mais assinantes, que se tornassem, de verdade, leitores e estudiosos assíduos da Palavra de Deus. O custo da assinatura anual é de 7, 50 euros, para Portugal, 11, 50 euros para a Europa, Macau, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe. Para os países fora da Europa, a assinatura é de 14 euros. Há ainda os benfeitores que pagam mais do que está estipulado. Para se tornarem assinantes, basta dirigirem-se à Administração, Rua São Francisco de Assis, Apartado 208, 2496-908 FÁTIMA. Fernando Martins

Centro Geriátrico na Figueira da Foz

Por iniciativa da Fundação Bissaya Barreto, foi inaugurado hoje, na Figueira da Foz, um Centro Geriátrico, com capacidade para 80 utentes. Esta obra só foi possível graças a um protocolo assinado com a Segurança Social e representa um investimento de quatro milhões de euros. Por aquilo que li, não se trata de um simples Lar de Idosos, onde os mais velhos por ali ficam a repousar, a comer e a dormitar nas salas de espera, com pouco ou nenhum envolvimento em actividades, que os faça sentirem-se gente. Um Centro Geriátrico não será assim. Este, por exemplo, além das estruturas normais de alimentação e higiene, possui restaurante, biblioteca, fisioterapia e reabilitação, serviço de ocupação de tempos livres, circuito de manutenção e Internet, entre outras valências, sendo os utentes acompanhados por pessoal especializado. Não sei qual será a mensalidade que cada idoso terá de pagar. Porém, nem assim deixo de sublinhar a inauguração deste Centro, por me parecer que pode servir de estímulo a tantos lares que não passam de depósitos de velhos, muitos deles conformados com uma vida sem sentido. Os nossos idosos precisam, a meu ver, de muito mais, porque a vida tem de continuar, apoiada continuamente em motivações que os façam rejuvenescer. F.M.

Banco Alimentar Contra a Fome precisa da colaboração de todos

No próximo fim-de-semana, dias 7 e 8, o Banco Alimentar Contra a Fome vai proceder a mais uma recolha de alimentos junto das superfícies comerciais. À entrada dos super e hipermercados lá estarão voluntários, devidamente identificados, para entregarem os sacos para as pessoas generosas neles depositarem os géneros alimentícios que deixarão à saída. Para este peditório, o Banco Alimentar indica, como alimentos mais necessários, arroz, bolachas, farinha, feijão, grão, açúcar, leite, salsichas, atum, óleo e azeite. Tudo produtos não perecíveis a curto prazo. O Banco Alimentar Contra a Fome continua a trabalhar para que muitos milhares de portugueses tenham o que comer. E para que isto seja uma realidade, a ajuda de todos é essencial. Num tempo marcado por uma certa indiferença perante o que nos cerca, seria bom que ao menos de vez em quando olhássemos, com mais atenção, para os que pouco têm para sobreviver. E não há dúvida de que estas campanhas nos ajudam a ser generosos, porquanto nos facilitam a nossa dádiva para quem mais necessita. Aqui fica o meu apelo, na certeza de que muitos irão colaborar. F.M.

terça-feira, 3 de maio de 2005

Ajudar a escolher o futuro

Cerca de 2500 estudantes do terceiro ciclo ensino básico e secundário do distrito deverão passar hoje, amanhã e na quinta-feira na Feira de Formação Vocacional, no Parque de Exposições de Aveiro. A terceira edição da feira abre hoje e tem como grande objectivo «divulgar toda a oferta educativa que existe nesta região a nível secundário, universidades e politécnico», disse ontem Óscar Brandão, do Centro de Área Educativa, que organiza a feira com a Direcção Regional de Educação do Centro, apoiada pela Câmara e Governo Civil de Aveiro.
A organização parte para a terceira edição com um balanço positivo das últimas duas. Foram «iniciativas plenamente conseguidas», uma avaliação que decorre do crescente aumento dos participantes na feira, que já ultrapassa a fronteira do distrito. A feira é, acima de tudo, um ponto de orientação vocacional e uma fonte de informação das opções possíveis a tomar sendo que a organização visa ajudar a fazer «a escolha mais acertada», segundo Óscar Brandão. Na feira encontram-se alunos com «dúvidas, incertezas e angústias», tratando-se de jovens à beira da decisão do curso a seguir, que assume particular importância nos alunos que se encontram a concluir o 9º ano e prepararam a entrada no ensino secundário, os do 12º ano à beira da entrada no ensino superior e outros que seguem outras vias.
Para ler o texto na íntegra, clique Diário de Aveiro.

Presidente da República não vai convocar Referendo sobre o Aborto

O Presidente da República, Jorge Sampaio, tornou público, ontem, ao fim da tarde, um comunicado, em que anunciou não estarem garantidas as condições mínimas de participação dos portugueses para se proceder ao Referendo sobre o Aborto, que lhe foi sugerido por proposta da Assembleia da República. O Partido Socialista, que prometeu no seu programa eleitoral referendar a Interrupção Voluntária da Gravidez, vulgo aborto, aceitou a decisão do Presidente Sampaio, mas já garantiu que volta ao tema, no início da próxima legislatura, em princípios de Setembro. Penso que esta nota do Presidente da República foi oportuna e sugere uma mobilização geral do povo português, para que se estude, com profundidade, a questão do Aborto, pelas implicações que a medida acarreta. A vida é um dom com o qual não se pode brincar. E muito menos deixá-lo ao critério das pessoas, dando-lhes o direito de pôr termo a um ser humano, indefeso, que só espera que o deixem nascer tranquilamente. Abrir a porta ao Aborto e depois à Eutanásia é o mesmo que liberalizar a morte, por simples vontade ou decisão das pessoas, sem qualquer respeito pela vida, que a nossa civilização cristã nos ensinou a considerar como um valor sagrado e absoluto. O Presidente Sampaio deu-nos uma boa oportunidade para todos nos mobilizarmos, no sentido de procurarmos saber o porquê de tantos condenarem o Aborto e a Eutanásia, os católicos, por exemplo, e de outros os aceitarem, por norma os que privilegiam só o prazer, em todas as circunstâncias. F.M.

PRAXIS: Uma revista para quem gosta de saber

O nº 2 da revista PRAXIS, referente ao ano de 2004, saiu há pouco tempo, com um conteúdo centrado no NATAL, tema intemporal. Quem gosta de se debruçar, na época natalícia, com mais acuidade, sobre as implicações do nascimento de Jesus Cristo na vida de todos os cristãos, tem nesta revista matéria mais do que suficiente para meditar ao longo do ano. Ou até que venha a público, pelo menos, a revista nº 3, editada pelo ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro). Li já alguns subtemas e posso dizer que eles encaixam bem na formação contínua que nos deve animar, para não perdermos a carruagem do conhecimento, sempre apressada e em constante ebulição. Revistas como esta fazem, por isso, muita falta. Normalmente, não são as publicações de grandes tiragens e por vezes cheias de banalidades que nos preparam para a vida. As que nos formam e nos enriquecem espiritualmente ficam à margem do grande público, infelizmente, sobretudo do que não perde tempo com propostas que façam pensar. Caindo na literatura de cordel, por sistema, cai-se num fosso de onde é difícil sair. E como abismo atrai abismo, estou em crer que revistas com a PRAXIS só raramente chegarão às mãos de quem muito precisaria de as ler. Ao divulgá-la aqui, neste espaço pessoal de opinião, faço-o com o intuito de dizer aos meus leitores que vale a pena ler a PRAXIS (não como quem lê uma revista dessas que vão logo depois para o cesto dos papéis), porque se trata de uma publicação para ler, reler e guardar, como se de livro digno de estante se tratasse. Como desafio, indico os colaboradores e os subtemas que abordaram: Maria Armanda Saint-Maurice (... só duas palavras), António Marcelino (“Os homens de boa vontade” – uma visão lavada da fé em relação ao “outro”), João Duque (Natal e pós-cristianismo), Georgino Rocha (Comunicação de bens – uma epifania de Natal), Joaquim Martins (Falar de Natal hoje – ensaio catequético), J. M. Marques Pereira (Advento: uma espiritualidade da esperança), Henrique Pinto Rema (Natal contado e cantado por Santo António de Lisboa), Clara Menéres (Natividade), Maria Armanda Saint-Maurice (Cristificação e “marianização”: breves considerações sobre a maternidade divina), Carlos H. do C. Silva (Renascer para uma vida nova...) e Júlio Franclim do Couto Pacheco (Código Da Vinci). A assinatura anual (2 números) custa 15 euros. Cada número, avulso, custa 10 euros. Pedidos ao ISCRA, Edifício do Seminário de Santa Joana Princesa, Rua João Jacinto de Magalhães, Apartado 323, 3811-901 AVEIRO. F.M.

Debate no CUFC: "Família e Eutanásia"

No contexto do Dia Internacional da Família, vai realizar-se no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), no dia 14 de Maio, sábado, pelas 21.30 horas, um colóquio, subordinado ao tema “Família e Eutanásia”. Intervirão, como convidados, o Prof. João Loureiro, da Universidade de Coimbra, a Prof. Edna Gonçalves, do IPO do Porto, e a Dra. Emília Carvalho, do Centro Regional de Segurança Social de Aveiro. A organização é da ADAV (Associação para a Defesa e Apoio à Vida) e a APFN (Associação Portuguesa das Famílias Numerosas). Numa altura em que alguns tão veementemente se declaram favoráveis ao aborto e à eutanásia, em nome do direito da liberdade de escolha de cada qual, muitas vezes sem bases para os argumentos que apresentam, é muito pertinente este colóquio, que terá lugar no seio da comunidade universitária. Admitindo que muitos falam convictos de que estão na verdade, sugiro que venham, de espírito aberto, ouvir a opinião dos que defendem a vida em todas as circunstâncias, como é o caso dos que se identificam com a posição da Igreja Católica. O colóquio é aberto a todos os interessados por estes temas. F.M.