terça-feira, 3 de maio de 2005

Ajudar a escolher o futuro

Cerca de 2500 estudantes do terceiro ciclo ensino básico e secundário do distrito deverão passar hoje, amanhã e na quinta-feira na Feira de Formação Vocacional, no Parque de Exposições de Aveiro. A terceira edição da feira abre hoje e tem como grande objectivo «divulgar toda a oferta educativa que existe nesta região a nível secundário, universidades e politécnico», disse ontem Óscar Brandão, do Centro de Área Educativa, que organiza a feira com a Direcção Regional de Educação do Centro, apoiada pela Câmara e Governo Civil de Aveiro.
A organização parte para a terceira edição com um balanço positivo das últimas duas. Foram «iniciativas plenamente conseguidas», uma avaliação que decorre do crescente aumento dos participantes na feira, que já ultrapassa a fronteira do distrito. A feira é, acima de tudo, um ponto de orientação vocacional e uma fonte de informação das opções possíveis a tomar sendo que a organização visa ajudar a fazer «a escolha mais acertada», segundo Óscar Brandão. Na feira encontram-se alunos com «dúvidas, incertezas e angústias», tratando-se de jovens à beira da decisão do curso a seguir, que assume particular importância nos alunos que se encontram a concluir o 9º ano e prepararam a entrada no ensino secundário, os do 12º ano à beira da entrada no ensino superior e outros que seguem outras vias.
Para ler o texto na íntegra, clique Diário de Aveiro.

Presidente da República não vai convocar Referendo sobre o Aborto

O Presidente da República, Jorge Sampaio, tornou público, ontem, ao fim da tarde, um comunicado, em que anunciou não estarem garantidas as condições mínimas de participação dos portugueses para se proceder ao Referendo sobre o Aborto, que lhe foi sugerido por proposta da Assembleia da República. O Partido Socialista, que prometeu no seu programa eleitoral referendar a Interrupção Voluntária da Gravidez, vulgo aborto, aceitou a decisão do Presidente Sampaio, mas já garantiu que volta ao tema, no início da próxima legislatura, em princípios de Setembro. Penso que esta nota do Presidente da República foi oportuna e sugere uma mobilização geral do povo português, para que se estude, com profundidade, a questão do Aborto, pelas implicações que a medida acarreta. A vida é um dom com o qual não se pode brincar. E muito menos deixá-lo ao critério das pessoas, dando-lhes o direito de pôr termo a um ser humano, indefeso, que só espera que o deixem nascer tranquilamente. Abrir a porta ao Aborto e depois à Eutanásia é o mesmo que liberalizar a morte, por simples vontade ou decisão das pessoas, sem qualquer respeito pela vida, que a nossa civilização cristã nos ensinou a considerar como um valor sagrado e absoluto. O Presidente Sampaio deu-nos uma boa oportunidade para todos nos mobilizarmos, no sentido de procurarmos saber o porquê de tantos condenarem o Aborto e a Eutanásia, os católicos, por exemplo, e de outros os aceitarem, por norma os que privilegiam só o prazer, em todas as circunstâncias. F.M.

PRAXIS: Uma revista para quem gosta de saber

O nº 2 da revista PRAXIS, referente ao ano de 2004, saiu há pouco tempo, com um conteúdo centrado no NATAL, tema intemporal. Quem gosta de se debruçar, na época natalícia, com mais acuidade, sobre as implicações do nascimento de Jesus Cristo na vida de todos os cristãos, tem nesta revista matéria mais do que suficiente para meditar ao longo do ano. Ou até que venha a público, pelo menos, a revista nº 3, editada pelo ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro). Li já alguns subtemas e posso dizer que eles encaixam bem na formação contínua que nos deve animar, para não perdermos a carruagem do conhecimento, sempre apressada e em constante ebulição. Revistas como esta fazem, por isso, muita falta. Normalmente, não são as publicações de grandes tiragens e por vezes cheias de banalidades que nos preparam para a vida. As que nos formam e nos enriquecem espiritualmente ficam à margem do grande público, infelizmente, sobretudo do que não perde tempo com propostas que façam pensar. Caindo na literatura de cordel, por sistema, cai-se num fosso de onde é difícil sair. E como abismo atrai abismo, estou em crer que revistas com a PRAXIS só raramente chegarão às mãos de quem muito precisaria de as ler. Ao divulgá-la aqui, neste espaço pessoal de opinião, faço-o com o intuito de dizer aos meus leitores que vale a pena ler a PRAXIS (não como quem lê uma revista dessas que vão logo depois para o cesto dos papéis), porque se trata de uma publicação para ler, reler e guardar, como se de livro digno de estante se tratasse. Como desafio, indico os colaboradores e os subtemas que abordaram: Maria Armanda Saint-Maurice (... só duas palavras), António Marcelino (“Os homens de boa vontade” – uma visão lavada da fé em relação ao “outro”), João Duque (Natal e pós-cristianismo), Georgino Rocha (Comunicação de bens – uma epifania de Natal), Joaquim Martins (Falar de Natal hoje – ensaio catequético), J. M. Marques Pereira (Advento: uma espiritualidade da esperança), Henrique Pinto Rema (Natal contado e cantado por Santo António de Lisboa), Clara Menéres (Natividade), Maria Armanda Saint-Maurice (Cristificação e “marianização”: breves considerações sobre a maternidade divina), Carlos H. do C. Silva (Renascer para uma vida nova...) e Júlio Franclim do Couto Pacheco (Código Da Vinci). A assinatura anual (2 números) custa 15 euros. Cada número, avulso, custa 10 euros. Pedidos ao ISCRA, Edifício do Seminário de Santa Joana Princesa, Rua João Jacinto de Magalhães, Apartado 323, 3811-901 AVEIRO. F.M.

Debate no CUFC: "Família e Eutanásia"

No contexto do Dia Internacional da Família, vai realizar-se no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), no dia 14 de Maio, sábado, pelas 21.30 horas, um colóquio, subordinado ao tema “Família e Eutanásia”. Intervirão, como convidados, o Prof. João Loureiro, da Universidade de Coimbra, a Prof. Edna Gonçalves, do IPO do Porto, e a Dra. Emília Carvalho, do Centro Regional de Segurança Social de Aveiro. A organização é da ADAV (Associação para a Defesa e Apoio à Vida) e a APFN (Associação Portuguesa das Famílias Numerosas). Numa altura em que alguns tão veementemente se declaram favoráveis ao aborto e à eutanásia, em nome do direito da liberdade de escolha de cada qual, muitas vezes sem bases para os argumentos que apresentam, é muito pertinente este colóquio, que terá lugar no seio da comunidade universitária. Admitindo que muitos falam convictos de que estão na verdade, sugiro que venham, de espírito aberto, ouvir a opinião dos que defendem a vida em todas as circunstâncias, como é o caso dos que se identificam com a posição da Igreja Católica. O colóquio é aberto a todos os interessados por estes temas. F.M.

segunda-feira, 2 de maio de 2005

DN entrevista D. Jorge Ortiga

Igreja fará campanha pelo 'não' ao aborto
O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, garante que a Igreja fará campanha pelo "não" ao aborto e rejeita ainda o uso da pílula do dia seguinte. Também reforça oposição ao casamento entre homossexuais e adopção por estes de crianças.
(Para ler a entrevista, clique DN)

Um artigo de João César das Neves no DN

O Orçamento e a dispensa do indispensável
Toda a gente sabe que uma das medidas mais indispensáveis hoje em Portugal é a solução do desequilíbrio nas contas públicas, que cria endividamento, sobrecarrega a economia, atrasa o progresso. Mas muitos cometem, em seguida, um erro simples mas fatal procuram os malfeitores que geraram tal situação. Esquecem assim o princípio da velha sabedoria que diz que um mal deste tamanho não pode ser causado apenas pela maldade de alguns, mas nasce da conivência de todos. Roubos ou assassínios são cometidos por bandidos, mas uma guerra só existe com a participação das boas pessoas. Também o descalabro financeiro português é tão grande que só pode ser feito por toda a gente. É precisamente por causa disto que o problema é tão difícil de resolver. Se fossem criminosos os culpados, há muito que o défice estava controlado.
É difícil compreender que o nosso pior drama possa ser causado por cidadãos sensatos e empenhados, que apenas pretendem o bem do País. No entanto, todos conhecemos este mecanismo. Quando, por exemplo, convidamos amigos para uma festa ou planeamos um fim-de-semana livre, se não tomarmos cuidado, em breve a dimensão do indispensável ultrapassa em muito os lugares ou o tempo disponíveis. É precisamente o mesmo que se dá no Orçamento de Estado. O País está cheio de justas reinvindicações, gastos imprescindíveis, despesas incompressíveis. Todas estas exigência são boas, mas a sua soma é muito superior às receitas.
A lista é infindável. Na Saúde, por exemplo, que dizer do direito inalienável de todos os portugueses a cuidados dignos e acessíveis? E na Educação, como esquecer este instrumento vital do desenvolvimento e formação da personalidade das nossas crianças e jovens? A Polícia precisa imediatamente de mais meios, porque está em causa a segurança de pessoas e bens. Da Defesa, nem se fala, pois é a própria dignidade nacional que se joga nos recursos para as nossas forças armadas. O mesmo se diga, aliás, dos diplomatas, representantes nacionais no mundo, da Cultura e Património, fundamentos da alma lusa, do Ambiente, suporte da sobrevivência populacional. E ainda não falámos de Justiça, sectores produtivos, etc, etc. Mas todas estas coisas empalidecem perante o gravíssimo problema dos pobres, idosos, marginalizados, das injustiças sociais. A lista é mesmo infindável.
Qualquer estimativa, mesmo comedida, destas despesas exigiria um produto nacional várias vezes superior ao que existe. Mas onde cortar? Cada uma delas é, sem dúvida, vital, basilar, insubstituível. Como é possível não acudir a cada uma destas urgências e a mais miríades de outras de igual gravidade? No entanto, ainda há poucos anos nós gastávamos muito menos e, dispensando esses "indispensáveis", conseguíamos sobreviver. O total da despesa pública portuguesa mais que duplicou em termos reais nos últimos 20 anos. Mas isso, em vez de resolver os problemas, aumentou ainda mais as necessidades. Quanto mais temos, mais queremos. Portugal entrou neste círculo vicioso, onde as despesas geram mais necessidades "indispensáveis", que crescem mais depressa que os recursos disponíveis.
É curioso que os debates comuns nunca falem deste elemento. A eterna discussão é à volta da evasão fiscal, da corrupção de funcionários, da azelhice dos ministros. Estes abusos são reais e influentes, mas mesmo que fossem milagrosamente resolvidos esta noite, o défice permaneceria descontrolado. As críticas mais violentas e as políticas mais vigorosas foram sucessivamente anunciadas contra esses facínoras, acompanhadas por sucessivos agravamentos do défice. Porquê? Porque a questão é outra. Temos critérios europeus e recursos portugueses. Assim, por mais ricos que sejamos, haverá sempre desequilíbrio orçamental.
É preciso mudar radicalmente o debate sobre o nosso défice. Os portugueses têm de modelar as suas exigências ao seu nível de vida. O senhor ministro das Finanças tem de dispensar o indispensável para atingir o equilíbrio que, esse sim, é mesmo indispensável.

Preços dos medicamentos

Quando há dias comprei numa farmácia os medicamentos que um médico me prescreveu, fiquei impressionado com a conta, depois das deduções feitas e que são por conta do Estado. Não tanto por mim, que ainda vou podendo pagar, mas pelos que não têm capacidade para suportar as despesas com a sua saúde. Numa semana, médico especialista e medicamentos levaram-me o correspondente a uma pensão de reforma de muitos portugueses. Já me tinham dito que alguns idosos, dos tais que têm para sobreviver uma pensão ridícula, não vão aviar a receita à farmácia, porque, se o fizerem, ficam sem dinheiro para comer, não lautas refeições, mas coisas muito simples, como pão, leite e a tradicional sopinha. Depois de uma vida de trabalho e de sacrifícios, muitos reformados são obrigados a vegetar, quantas vezes à custa de familiares e de amigos e até de instituições de solidariedade social, a maioria delas ligadas à Igreja Católica. Num país, como o nosso, em que a Constituição garante o direito à Saúde, penso que o Governo tem de repensar a situação dos mais desfavorecidos e dos que têm de viver com pensões baixíssimas. Há despesas de farmácia que muita gente não consegue suportar e a Saúde não se cuida apenas nos hospitais. Por outro lado, penso que os genéricos têm de ser implementados, mas também os médicos têm a obrigação, a meu ver, de receitar, dentro da gama de medicamentos que há no mercado, os mais baratos, para os mesmos resultados. Não podem prescrever medicamentos de olhos fechados e alheios às posses de cada um. Fernando Martins