sábado, 4 de julho de 2009

Crise ética na economia e na política

Comissão Nacional
Justiça e Paz
promove seminário
A crise ética na economia e na política vai estar este Sábado em debate. A Comissão Nacional Justiça e Paz quer, através do seminário, reflectir sobre os comportamentos éticos de decisores, mas "aprofundar a arquitectura institucional que provocou a actual situação", centrou Alfredo Bruto da Costa, Presidente da CNJP, na abertura do seminário. Ler mais aqui NOTA: Actualização logo que possível

O NÃO CRENTE E O CARDEAL

Cardeal Carlo Martini
O bem conhecido jornalista, político e escritor italiano Eugenio Scalfari, fundador do influente La Repubblica, foi ao encontro do cardeal Carlo Martini, antigo arcebispo de Milão e uma das figuras católicas mais escutadas dentro e fora da Igreja, para uma entrevista, acabada de publicar no seu jornal. Scalfari, cujo último livro é L'uomo che non credeva in Dio (O homem que não acreditava em Deus), disse ao cardeal que não crê em Deus e que o diz "com plena tranquilidade de espírito". E o cardeal: "Eu sei, mas não estou preocupado por causa de si. Por vezes, os não crentes estão mais próximos de nós do que muitos devotos fingidos". Então, o que é que o preocupa verdadeiramente, quais são, na Igreja, os problemas mais importantes? Resposta: "Antes de mais, a atitude da Igreja para com os divorciados, depois, a nomeação ou a eleição dos bispos, o celibato dos padres, o papel do laicado católico, as relações entre a hierarquia eclesiástica e a política. Parecem-lhe problemas de solução fácil?" A nossa sociedade está cada vez mais invadida pela indiferença e são o individualismo e a procura exacerbada dos próprios interesses que cavam fundo o abismo entre a fé e a caridade. Talvez ainda se vá uma ou outra vez à missa e se ponha os filhos em contacto com os sacramentos. Mas esquece-se o essencial: a caridade. Ora, "sem caridade, a fé é cega. Sem a caridade, não há esperança nem justiça". Entenda-se: a caridade não é esmola, é atenção ao outro, compreensão e reconhecimento do outro, presença ao outro na sua solidão, "comunhão de espíritos, luta contra a injustiça". O verdadeiro pecado do mundo é a injustiça e a desigualdade, que bradam aos céus. Jesus disse que "o reino de Deus será dos pobres, dos débeis, dos excluídos". Para Martini, a questão fundamental não está na escassa frequência dos sacramentos, da missa, das vocações, que são "aspectos externos". "A substância é a caridade, a visão do bem comum e da felicidade comum", incluindo a das gerações futuras. Assim, quando Scalfari cita um escrito recente de Vittorio Messori, no qual o influente intelectual católico distingue entre o clero que se ocupa da salvação das almas e a Igreja institucional, o cardeal faz notar que o Vaticano com a sua Secretaria de Estado e os seus Núncios são o resíduo de "uma fase em que ainda existia o poder temporal e o Papa era sobretudo um soberano; mas, graças a Deus, esse poder acabou e não pode ser restaurado". Quanto à estrutura diplomática vaticana, nem sempre existiu e "poderia no futuro ser fortemente reduzida ou mesmo desmantelada. A tarefa da Igreja é testemunhar a palavra de Deus, o Verbo Encarnado, o mundo dos justos que virá. Tudo o resto é secundário". É neste contexto que é preciso rever o papel dos fiéis na Igreja. "Demasiado frequentemente é um papel passivo. Houve épocas na Igreja nas quais a participação activa das comunidades cristãs era muito mais intensa". Martini tem insistido na desolação do carreirismo na Igreja. Assim, na sequência desta denúncia, há quem se pergunte se os bispos escolhidos são sempre os melhores. Aliás, uma vez que é o Papa que nomeia os bispos e, entre eles, os cardeais, que, por sua vez, escolherão o seu sucessor, há igualmente quem se interrogue, não sem razão, se não se corre o perigo de certa endogamia. Martini concorda com Scalfari, quando lhe pergunta se o impulso do Vaticano II não está debilitado. O Concílio "queria que a Igreja se confrontasse com a sociedade moderna e a ciência, mas este confronto foi marginal. Estamos ainda longe de ter enfrentado este problema e quase parece que voltámos o olhar mais para trás do que para a frente". Mostra-se, pois, favorável a outro Concílio, que considera mesmo "necessário", mas para tratar de "temas específicos e concretos". Seria necessário concretizar o que foi sugerido e até decretado pelo Concílio de Constança: "convocar um Concílio cada vinte ou trinta anos, mas só com um tema ou dois no máximo". Os temas do próximo seriam "a relação da Igreja com os divorciados" e a confissão, "sacramento extraordinariamente importante, mas hoje exangue". Anselmo Borges

sexta-feira, 3 de julho de 2009

MÚSICA SACRA NA DIOCESE DE AVEIRO

O trabalho previsto para 2009-10 é uma proposta dirigida, tanto às paróquias interessadas em apoiar a formação dos seus músicos, como aos próprios músicos interessados em melhorar a qualidade do serviço que prestam às suas comunidades. Tem, como destinatários, os principais intervenientes na celebração litúrgica: organistas, directores de coro, salmistas e coralistas. Assim, a formação oferecida pela Escola Diocesana de Música Sacra de Aveiro (EDMUSA), geralmente ao sábado de tarde, procura ir ao encontro de todas as pessoas que asseguram música litúrgica nas celebrações e tem diferentes níveis de exigência, de acordo com as possibilidades e disponibilidade de tempo de cada um. Inscrições nas paróquias, durante o mês de Julho. Informações: P. Paulo Cruz: Residência paroquial de N.ª Senhora da Glória; Tel. 962 842 982; p.paulocruz@gmail.com Prof.ª Celina Martins: Tel. 938 339 654; celinatm@hotmail.com

REGATA DE CRUZEIROS DO PORTO DE AVEIRO

Realizou-se, no passado fim-de-semana, a segunda edição da REGATA DE CRUZEIROS DO PORTO DE AVEIRO, uma organização conjunta da Administração do Porto de Aveiro e do Clube de Vela Costa Nova. Contou com a participação de 110 velejadores de 10 clubes náuticos de Aveiro, Porto, Coimbra e Figueira da Foz. As tripulações tiveram em terra um bom acolhimento com uma Base de Regata instalada para o efeito no Porto de Abrigo da Pesca Costeira, onde as embarcações ficaram atracadas e os velejadores confraternizaram animadamente ao fim da tarde, continuando pela noite fora na festa oficial da regata que decorreu na Estação da Luz. Sublinhamos a importância desta regata, como de outras. O espectáculo que elas proporcionam tornam mais visível a beleza da Ria de Aveiro.
Fonte: Newsletter do Porto de Aveiro

HOMEM, TORNA À TUA ESSÊNCIA!

Num velho livro topei com uma palavra escrita, Que como um choque me marcou e ilumina toda a minha vida: E quando me entrego ao prazer embotante, E à essência prefiro a aparência, a mentira e o falso semblante, Quando, de ânimo leve, a mim mesmo me engano com pequenos nadas, Como se fosse clara a escuridão, como se a vida não tivesse mil portas brutalmente fechadas, E repito palavras cuja vastidão nunca senti, E agarro coisas cujo sentido profundo não vivi, Quando, com mãos aveludadas, o sonho bem-vindo me acaricia E de trabalhos e dias me alivia, Alienado do mundo, estranho à minha própria consciência, Então ergue-se em mim essa palavra: Homem, torna à tua essência! Ernst Stadler (1883-1914)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ética na política: gesto impróprio leva ministro da Economia à demissão

Manuel Pinho
O ministro da Economia, Manuel Pinho, teve hoje um gesto impróprio e ofensivo da dignidade da Assembleia da República e dos deputados. Apresentou o seu pedido de demissão e o primeiro-ministro, José Sócrates, de imediato o aceitou. A bancada do PS e o Governo também pediram desculpa ao Parlamento e aos deputados. Não podia ser de outro modo. O que me choca, nisto tudo, é que a reacção a esta atitude de Manuel Pinho nunca foi seguida em situações semelhantes. Quantas vezes, no Parlamento ou fora dele, houve insultos desbragados e ofensas inqualificáveis de uns deputados para outros? De uns e de outros partidos? Só agora é que registaram a má educação que anda por ali?

Uma tensão natural, mas superável

É essencial que ninguém se sinta a mais
na família, na sociedade e na Igreja
Sociedade complicada, esta em que nós vivemos. As relações pessoais são sempre o espaço em que as complicações mais se acentuam e as tensões ganham maior relevo. Não devia ser assim, quando se trata de pessoas adultas, embora com idades diferentes. A roda da vida, para todos inexorável, não deixa que os mais velhos esqueçam as atitudes de quando eram ainda pouco amadurecidos e reagiam a ordens e conselhos, e aos mais novos, não deve passar despercebido que a juventude é tempo que se escoa depressa. Rápida. A convivência de idades diferentes permite a todos uma permuta de dons e de experiências, que enriquece mutuamente, mostrando que valemos e podemos mais, quando juntos e unidos, abertos e aceitantes da complementaridade. O poder decisivo, hoje, está, na sociedade e, em muitos aspectos, também na Igreja, cada vez nas mãos dos mais novos. É verdade que, sobretudo nas empresas, ser mais velho para determinadas funções e tarefas, pode logo acontecer aos quarenta anos. Assim se atende mais a aspectos considerados de rendimento profissional, esquecendo-se que a rentabilidade não se traduz apenas em dinheiro. Há gente válida e capaz, aos milhares, desempregada por encerramento de empresas. Logo vê como se lhe torce o nariz ao procurar trabalho. Já tem cinquenta anos! Um país que quer continuar pobre. Diz-se que o poder corrompe, novos e menos novos. Assim, há chefes mais novos, bem vestidos e engravatados, orgulhosos com seus diplomas e títulos, com atitudes que magoam, empobrecem a relação e mostram que são fruto de uma suficiência tola que não quer conselhos e apoios de ninguém. Também não faltam chefes mais idosos com a presunção de que ninguém lhes ensina nada. O “cresce e aparece”, ou “o seu tempo passou” ainda são atitudes mais frequentes do que se julga. A Igreja, com a normal coexistência de gerações diversas na orientação das suas comunidades, procura acautelar as boas relações entre os padres, chamando a atenção para os valores de cada idade, esforço de compreensão, mútua aceitação, colaboração concreta, trabalho em equipa, comunhão de bens, deveres de hospitalidade, partilha de trabalhos, promoção de iniciativas que evitem o isolamento. Como procura que abram os olhos à participação dos leigos, com seu valor, experiência e trabalho realizado. O problema tende a agravar-se no clero, onde a pirâmide de idades se inverte com o aumento dos mais idosos. Se não se exprime, visivelmente, a comunhão entre todos, não se caminha na colaboração mútua. Há, em todo o país, padres muito novos e pouco experientes e padres muito idosos e cansados a presidir a grandes comunidades. Um título canónico não garante, automaticamente, capacidades de liderança e sabedoria de decisões. Na aceitação mútua, a colaboração exprime-se e enriquece. Este testemunho, tomado a sério, pode servir de estímulo para outros sectores da sociedade. O tempo não é de novos ou de velhos. É de todos. É preciso, na Igreja e na sociedade, estar atento para que ninguém presente, se torne invisível ou ausente. As prateleiras não são lugar para arrumar gente, nem se podem promover pessoas, marginalizando outras pessoas. Até no seio da família e das relações familiares, se o saber e a experiência, vivida e sofrida, dos mais velhos, não lhes dá direito a ter opinião e a encontrar corações abertos para a ouvir, a família acabou. E muitas vão acabando, apesar das casas a dar nas vistas. Estamos em tempo de acolhimento, não de desperdício, muito menos de pessoas. Não basta respeitar, quando se aparece. É preciso dar apreço sempre. Há causas que nunca deixam livres aqueles, hoje mais velhos, que por elas sofreram e lutaram. Não podem agora ser mendigos das migalhas que caem da mesa do poder. Elas continuam suas. É essencial que ninguém se sinta a mais na família, na sociedade e na Igreja. Todas são pátria comum, espaço de vida, lugares de permuta e colaboração. Em todas o amor é lei. António Marcelino