domingo, 19 de agosto de 2007

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 37

FADAS
E LOBISOMENS
EM VILAR

Caríssima/o:


Da Gafanha, saltei para Vilar, ali ao pé de Aveiro.
E ir a Vilar é reencontrar bons Amigos que lá fiz. De entre todos – que não me levem a mal os Matias ( o João, o Paulo,...), os Vieiras, os Gamelas... - bem, de entre todos há uma referência especial à Bondade personificada do Padre Almeida! Assim, os nossos jovens poderão saber que além de homens-lobos havia (e há!) homens-bons!
Parece estar a ouvir o Fernando Ferrão a chamar-me à pedra: Então esquece a boa Senhora que deu tudo pelo Patronato?!
Cá para nós que ninguém nos ouve (ou melhor, nos lê) estou quase como os “Amigos da Escola de Vilar” que se reúnem todos os anos... mas só... eles!
Bem procurei uma lenda que ilustrasse a minha passagem por Vilar. Com a zundapp a toda a brida, apenas encontrei estas fantasmagorias de João Pereira Lemos, em tudo iguaizinhas às que ouvimos ou, quiçá, nos fizeram mudar de cor com o susto. Revisitemos então Vilar, ao luar, na década de 40 do século passado:

«Na nossa meninice ouvíamos falar nas fadas transformadas em cisnes brancos que vogavam na represa da Azenha da Ti Cândida! Na pipa que rolando subia a ladeira da S. Rita. No Lobisomem que, vagueando de noite para cumprir o seu fadário de cão raivoso, só voltava a ser homem depois de ser picado por uma agulha. Ou os fantasmas do Pinhal dos Frades que não passavam das sombras das copas dos pinheiros e que eram projectadas em noite de luar e se moviam com aligeira brisa. [...]
Um dia no ano de 1947, vínhamos na companhia do Artur Leite a passar à porta do Cemitério Novo por volta da meia-noite, quando um lençol saiu da porta do dito, rodopiando e vindo ao nosso encontro. Ficámos siderados, sem fala, cabelos em pé quase desmaiando de susto; porém, o Artur que se calhar nem acreditava nos espíritos invocados pela mãe, correu direito à “alma do outro mundo” e deu-lhe dois valentes murros que produziram logo efeito. De dentro do lençol alguém de carne e osso suplicou “Não me bata mais que estou aqui à espera do meu patrão!” Era o criado do Manuel Vieira Bacalhau que o queria matar com algum ataque do coração!...
Outra ocasião, vínhamos noite dentro a passar pelos “carreiros” ali da rua do Caseiro, e a verdade é que vínhamos assustados com o que diziam se passava naquele local, quando começámos a ouvir no fim dos muros onde hoje o Zé Manel Saraiva tem a casa, um resfolegar estranho. O coração quase nos parou mas caminhámos resolutos, já agora “morra o bicho, fique a possanha”. Então o que era senão o burro do Zé Lindo que se espolinhava levantando uma enorme nuvem de poeira, e o dono curtia, soprando, uma enorme bebedeira!...»

[Vilar Doce e Poético Cantinho, João Pereira Lemos, pp. 199-200, Edição da Acção Católica Rural de Vilar, Aveiro, 1991]

E agora dizei-me qual de vós ainda não enfrentou noites assim. Se não, o luar de Agosto é companheiro ideal!

Manuel

Ares do Verão


MAR À VISTA
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No cimo, com mar à vista, sente-se um prazer enorme por ver horizontes sem fim. Se não acredita, faça um esforço e vá até lá. A Praia da Barra, como outras, certamente, tem este sortilégio de nos oferecer panoramas únicos, que nos afastam do stresse. Claro que temos de dar uma ajudinha. Parece que neste domingo não teremos chuva nem muito frio. Então, aproveite.

sábado, 18 de agosto de 2007

Um artigo de Anselmo Borges, no DN


ATEÍSMO
E SENTIDO DO MUNDO


Percorrendo a história do Ocidente, mostra-se que, com amplidão e intensidade diferentes, o ateísmo é co-extensivo à história do pensamento. Na Antiguidade e na Idade Média, embora Jean Delumeau tenha demonstrado a parte de lenda na expressão "Idade Média cristã", é ainda sobretudo questão de minorias. Depois, o século XVI será o século da dúvida. O século XVIII é já o século dos incrédulos e dos cépticos, mas de forma ainda quase clandestina. O século XIX apresenta um ateísmo sistemático e proclamará a morte de Deus. Hoje, as fronteiras entre os crentes e os descrentes são fluidas.
No limite, o autêntico ateísmo coerente seria "o ateísmo silencioso", como escreve Georges Minois, aquele que não pusesse sequer a questão de Deus. Pergunta-se, porém, se precisamente a questão de Deus enquanto questão, independentemente da resposta positiva ou negativa que se lhe dê, e a questão do Sentido último não são constitutivas do ser humano.
Citando Georges Gusdorf, G. Minois conclui a sua História do Ateísmo com "um quadro implacável e lúcido" da Humanidade do ano 2000: "Vive no Grande Interregno dos valores, condenada a uma travessia do deserto axiológico de que ninguém pode prever o fim." Durante muito tempo perseguido, o ateu obteve o direito de cidadania no século XIX e acreditou mesmo poder proclamar a morte de Deus. Mas já no fim do século XX houve a tomada de consciência de que, "ao eclipsar-se, Deus levou consigo o sentido do mundo". E continua: o futuro é imprevisível, porque o ateísmo e a fé enquanto compreensão global do mundo andaram sempre juntos. A ideia de Deus era um modo de apreender o universo na sua totalidade e dar-lhe, de forma teísta ou ateia, um sentido. Assim, a divisão hoje já não está tanto entre crentes e descrentes como entre "aqueles que afirmam a possibilidade de pensar globalmente o mundo, de modo divino ou ateu, e os que se limitam a uma visão fragmentária em que predomina o aqui e agora, o imediato localizado. Se esta segunda atitude prevalecer, isso significa que a Humanidade abdica da sua procura de sentido".
Se entendi bem, foi isto que Eduardo Lourenço foi dizer na abertura do Encontro Internacional de Lisboa, organizado pelo Grande Oriente Lusitano e subordinado ao tema Religiões, Violência e Razão.
A crise contemporânea é estranha. Enquanto o Ocidente se encontra desertificado de Deus, noutras culturas não só não há morte de Deus como, em vez da laicização, continuam na sua Idade Média, acreditando que o seu Deus é o verdadeiro e o Ocidente está em vias de perdição.
De facto, o Ocidente teve um dinamismo incomparável, e a razão disso é que o seu debate foi sempre à volta de Deus. Noutras culturas, Deus é um dado e está no centro de tudo; no Ocidente, Deus tem sido uma interpelação infinita. Deus não é uma evidência, porque não é um objecto. Deus é o nome, precisamente enquanto antinome, da nossa incapacidade de captar o Absoluto, o modo de designarmos a nossa incapacidade de ocuparmos o seu lugar. O Ocidente é a procura e o debate à volta desta questão. É-se contra a objectivação de Deus, porque Deus-pessoa não é objectivável. Deste modo, o Ocidente afirma-se como procura da liberdade. Quando, noutras culturas, se dá a pretensão de apoderar-se de Deus, temos fanatismo.
Eduardo Lourenço continuou, dizendo que, quando se dogmatiza, é para dominar. A perspectiva cristã caminha sobre outro chão. Aqui, Deus aparece como não violência, como puro amor, como espaço de liberdade absoluta. Sem Ele, as nossas liberdades não têm lugar. Ao revelar-se como amor, Deus mostra que, se a violência é o estado natural, a não violência é que é o mistério, e o que liberta é o não poder.
Deste modo, concluo eu, a crise actual não é o ateísmo. Precisamente o debate à volta de Deus enquanto debate infinito, mesmo para negá-lo, funda a liberdade e a dignidade
A raiz da crise é a indiferença e a consequente impossibilidade de pensar o sentido da totalidade, já que tudo se escoa na imediatidade e no fragmentário.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

FÁTIMA

Inauguração no próximo mês de Outubro

Artistas de todo o mundo
na nova igreja
da Santíssima Trindade





Vários artistas de renome internacional e de vários países estão responsáveis pela concretização das principais peças iconográficas da igreja da Santíssima Trindade, em Fátima. Exemplo disso será o Crucifixo do altar da igreja da Santíssima Trindade, da autoria da irlandesa Catherine Green.
Os responsáveis pela obra lembram que, "sendo o Santuário de Fátima um local de carácter internacional, por onde passam anualmente peregrinos de várias dezenas de nacionalidades, o novo espaço pastoral procurará que, também através das obras de iconografia, possa transparecer esta mesma universalidade".
O Santuário consultou os directores dos principais museus de vários países para que indicassem nomes de artistas, que foram depois convidados a apresentar as suas propostas.
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Ver mais em Ecclesia

PÚBLICO: Memórias de uma praia da Barra

Praia da Barra antes da edificação urbana
Alberto Marçal Brandão, Charrete junto ao Farol da Barra, Aveiro, s/d. Negativo em vidro, gelatina e sais de prata (original estereoscópico), DGARQ/CPF, Amb 0575. Imagem cedida pelo Centro Português de Fotografia e pela Direcção-Geral de Arquivos.

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Verão: Agosto na cidade
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Com escrito da jornalista aveirense Maria José Santana, o jornal PÚBLICO de ontem ofereceu, aos que gostam de ver ou rever o passado da região, uma expressiva fotografia tirada junto ao Farol da Barra, com sinais evidentes doutros tempos.
Claro que a Praia da Barra de hoje é completamente diferente e o movimento também é outro, com mais gente, outros trajos, outros cavalos a roncarem, outras ruas. Mas o Farol, o nosso Farol, construído, como bem recorda Maria José Santana, entre 1885 e 1893, esse é o mesmo, para nosso regalo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

ÍLHAVO: Trilho das Padeiras


AO ENCONTRO DA NATUREZA
E DAS PADEIRAS DE VALE DE ÍLHAVO
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No sábado, 18, será inaugurado o Trilho das Padeiras, as célebres fabricantes das afamadas padas de Vale de Ílhavo. Será um trilho que permitirá, a quem gosta e pode caminhar, descobrir a natureza e encontrar-se com as Padeiras, que fazem parte integrante da cultura ilhavense.
Diz a HERA-Associação para a Valorização e Promoção do Património que este Trilho se insere no projecto de criação de uma Rede de Percursos Pedestres no Concelho de Ílhavo, apostando pela valorização turística do património local. É iniciativa da CMI, em parceria com a HERA e com o GEMA.
A inauguração começará pelas 15 horas, no Largo das Padeiras (Vale de Ílhavo). Após o passeio de seis quilómetros, acompanhado por técnicos do património da associação HERA, está prevista a degustação de produtos típicos.
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NOTA: Foto e informações da HERA

Um Verão em cada dez...






Um Verão em cada dez é frio, ventoso e chuvoso. Isto mesmo disse ontem, na televisão, um meteorologista, numa tentativa de explicar o que está a acontecer com o Verão de 2007. Acrescentou ele que esta verdade, estatística, não tem explicação científica, mas que é mesmo assim.
Hoje andei, de manhã, pela Praia da Barra e constatei que era muito incómodo cirandar ou estar por ali, com o ventinho cortante a aconselhar-me a regressar a casa. Foi o que fiz. No entanto, andava pelo areal muita gente ávida de sol e de maresia, com capacidade para enfrentar, corajosamente, o triste Verão que tem estado por estas bandas. Para o ano que vem, uma vez que já suportámos o tal Verão fraquinho que se verifica em cada dez, teremos, então, o calorzinho por que tanto esperamos.