sábado, 12 de maio de 2007

Citação

“Há duas maneiras de reagir a eleições. Uma: sair de casa, votar, es-perar pelos resultados e seguir com a vida no dia seguinte. Outra: sair de casa, votar, esperar pelos resultados e, se eles não nos agradarem, incendiar carros e atirar pedras à polícia. Depois, há duas maneiras de olhar para estes vândalos. Uma: estão a atacar a democracia, se forem da extrema-direita. Outra: estão a exercer o seu legítimo direito à indignação, se forem da extrema-esquerda.” (…) “A extrema-esquerda, como se provou mais uma vez, é tão estúpida e tão perigosa como a extrema-direita.”
In Editorial da “SÁBADO”,
a propósito das recentes eleições
presidenciais em França

Bispos de Aveiro

UM LIVRO DE MONS. JOÃO GASPAR

“OS BISPOS DE AVEIRO
E A PASTORAL DIOCESANA”


Em Fevereiro deste ano saiu mais um livro de Mons. João Gonçalves Gaspar, Vigário-Geral da Diocese de Aveiro e membro da Academia Portuguesa de História. Trata-se de “OS BISPOS DE AVEIRO E A PASTORAL DIOCESANA”, uma obra de 80 páginas, que apresenta, em resumo, a acção desenvolvida pelos Bispos da restaurada Diocese de Aveiro, que estão bem presentes na memória de muitos.
Quem gostar de conhecer o que foi a acção destas quatro prelados, a nível pastoral, sobretudo, tem aqui um trabalho muito útil e interessante, pois sente-se, no que escreveu e revelou o autor, a entrega, carregada de dinamismo, cada um no seu estilo, de D. João Evangelista, D. Domingos Fernandes, D. Manuel de Almeida Trindade e D. António Marcelino.
O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, que entrou na diocese em 8 de Dezembro de 2006, lembra que Mons. João Gaspar “é desde os primeiros anos após a restauração da Diocese o mais próximo e dedicado colaborador dos Bispos de Aveiro, o mais atento e laborioso conhecedor e investigador da história da Diocese, um abnegado e incansável cireneu dos sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos da Igreja diocesana e um ilustre e destacado aveirense”.
Segundo o autor, e conforme se lê em INICIANDO…, este livro apenas pretende significar, embora sucintamente, a sua “homenagem sincera a todos os cabouqueiros e executores da constante restauração diocesana, ao longo de uma história ininterrupta de sessenta e oito anos, sempre sob a protecção da Princesa Santa Joana, nossa celestial padroeira, com o carinho maternal da Virgem Santa Maria e no amor do Senhor”.
“OS BISPOS DE AVEIRO E A PASTORAL DIOCESANA” lê-se depressa, mas a sua maior importância reside no facto de, a traços largos, podermos recordar, em qualquer momento, o que os quatro bispos, nele referenciados, fizerem pela Igreja e pelo povo da Diocese de Aveiro.

Fernando Martins





sexta-feira, 11 de maio de 2007

Ares da Primavera

"O que nos faz vibrar na Primavera
não são as cores garridas,
os sons da alegria e o ar quente.
É o espírito silencioso e profético
de infinitas esperanças,
a antevisão de muitos dias felizes"
Novalis
: In Coisas da Vida, de Laurinda Alves, no PÚBLICO de hoje.

Liberdade de imprensa



VÂNDALOS EM ÍLHAVO


Há dias foi surpreendido por uma notícia imprópria de uma sociedade civilizada. Vândalos à solta marcaram com a sua ira a sede do jornal O ILHAVENSE e a residência do seu director, José Sacramento. A gente de bem só pode protestar por estes factos, tanto mais que o director do jornal é um homem bom, honesto e muito considerado em Ílhavo e sua região. Por isso, a nossa solidariedade para com ele e para quantos trabalham no jornal.
Não sei por que razões os vândalos agiram assim, a coberto da noite, numa clara manifestação de covardia. Não é de estranhar, porque gente dessa não pode ter, nem sabe ter, comportamentos dignos. Mas não são pessoas de meter medo a José Sacramento, porque ele não se atemoriza com vândalos, nem com os que não aceitam as regras de uma democracia aberta e participativa.
José Sacramento, pelo que me disse, continuará a pautar a sua conduta jornalística por critérios de verdade e de respeito por todas as opiniões e opções partidárias, no quadro da nossa democracia, pugnando sempre pela liberdade e por caminhos de justiça social, rumo a um mundo melhor. Nem outra coisa era de esperar.
Aqui quero deixar expressa a minha solidariedade e o meu incentivo, para que O ILHAVENSE continue a formar e a informar, livremente, as gentes de Ílhavo.

Fernando Martins

FÁTIMA: 12 e 13 de Maio



PEREGRINAÇÃO ANIVERSÁRIA


Amanhã e domingo, 12 e 13 de Maio, meio milhão de pessoas estarão em Fátima para louvar a Virgem Santíssima, em mais uma peregrinação aniversaria. Esta será, também, a peregrinação que inaugura as celebrações dos 90 anos das aparições de Nossa Senhora, realidade em que 70 por cento dos portugueses acreditam, segundo revela um estudo publicado no SOL da semana passada. O mesmo estudo mostra que 94 por cento dos inquiridos já visitaram o santuário.
A grande maioria acredita nos milagres que Deus faz por intercessão de Nossa Senhora, e a verdade é que aumenta de ano para ano o número de visitantes. Em 2006, revela o SOL, mais de cinco milhões de pessoas de todo o mundo estiveram em Fátima.
Apesar de Fátima não ser dogma de fé, podendo os católicos crer ou não nas aparições e nos milagres que acontecem, certo é que todos nos sentimos bem por lá. Há ali espaços para oração, para meditação, para o encontro connosco próprios e com Deus, através de Nossa Senhora ou com a sua ajuda. Crentes e não crentes sentem o sortilégio de Fátima, como tenho testemunhado em muitas circunstâncias.
O PÚBLICO de hoje anuncia o que era esperado há muito. Está a ser lançada ao público, no santuário, a primeira Enciclopédia de Fátima, onde se procura responder a diversas questões, como lembra o jornalista António Marujo no seu artigo: “O que aconteceu em Fátima há 90 anos foram aparições da Virgem Maria ou uma alucinação? A azinheira onde os videntes viram Nossa Senhora seria uma árvore sagrada? Há arte verdadeira em Fátima e não apenas o kitsch devocional? Política, religião e ciência confrontaram-se ou manipularam-se mutuamente em Fátima?”
Mais: “São 127 entradas, escritas por 58 autores. Alguns exemplos: fenómeno das aparições, arte, azinheira, ciência, comunismo, relação com os regimes políticos, guerra e paz, literatura, cinema, maçonaria, protestantismo, Rússia, urbanismo são temas tratados.” A edição é da “Princípia”. Para os crentes e para os não crentes, para os críticos de Fátima e para os seus fervorosos adeptos, esta será uma obra a não perder.

Ares da Primavera


Canais da Ria. Foto da HERA
A RIA NA PRIMAVERA
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Quando vejo as fotos que a HERA nos oferece fico com desejos irreprimíveis de passear pela Ria de Aveiro, para usufruir, mais plenamente, as suas belezas ímpares. Meios não faltam. Tempo também não. Então, por que razão me fico (nos ficamos) a sonhar?

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Um texto de Jorge Pires Ferreira, no CV

ATEUS ANÓNIMOS
Os primeiros cristãos, vindos da cultura hebraica e confrontados com os elevados padrões morais de alguns filósofos gregos, ficaram perplexos. Como conjugar a fé de que Jesus é o único salvador, com tão belas páginas escritas por filósofos, poetas, pensadores que viveram no total desconhecimento de Jesus Cristo e do Povo de Abraão, Moisés e Isaías? Cristãos houve que pretenderam colocar Sócrates, Platão e Aristóteles ao lado dos profetas bíblicos... Surgiu então a “teoria” das Sementes do Verbo. O Verbo de Deus deixa sementes por toda a história e geografia humana. No séc. XX, cunhou-se a expressão “cristãos anónimos” para significar a mesma realidade: homens e mulheres de boa vontade que não conhecem Jesus Cristo. No fundo, são cristãos sem o saberem. Vem isto a propósito de uma expressão de González Faus, que tão adequada é para perceber o cristianismo dos nossos tempos. Diz o jesuíta catalão que “há muitos ‘ateus anónimos’ entre os que se confessam crentes”. González Faus salvaguarda que “só Deus sabe quem são e quantos”, mas parece-me que tal expressão explica bem por que é que uma sociedade composta maioritariamente por cristãos aprova leis iníquas ou não acaba com a pobreza, por exemplo. Faltam cristãos anónimos. Sobram ateus anónimos entre os que usam o título de cristão.
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Fonte: Correio do Vouga

Um artigo de D. António Marcelino


PAIS PRECISAM-SE,
URGENTEMENTE



Pelo modo de falar de muita gente, parece que o pai está a mais na família e no processo normal da educação dos filhos, crianças ou jovens. Indispensável para o ganha-pão, mas dispensável para outras coisas não menos essenciais a uma família equilibrada e feliz.
Não é fácil a vida de muitos casais com filhos pequenos. Dispersão e a dureza do trabalho em circunstâncias difíceis, outras ocupações também importantes, ausências inevitáveis, às vezes por tempo longo, marcam hoje a vida de muitas famílias. O problema agrava-se nas famílias monoparentais, com as mães solteiras e com a facilidade com que se opta e decide pelo divórcio. Vai parecendo, nestes casos que se multiplicam, que é mais importante a realização subjectiva dos esposos ou de cada um, que a necessidade de os filhos terem pais, unidos e que se amem, presentes e activos ante os desafios de gente que cresce e sonha.
Há mães heróicas, como há pais heróicos. Se insisto na presença urgente do pai para uma boa vivência familiar, é porque, hoje, a sua ausência é mais notada, maiores consequências desta, e cresce o número dos pais que se dispensam de estar presentes.
Na campanha recente que acabou por legalizar o aborto, por caminhos ínvios e camuflados, pôde ver-se que, para muita gente, o pai não contava para a decisão da mãe abortar. A interessada era ela, fosse ela quem fosse. Trazia o filho no seio, como se fosse apenas seu, e era a dona do seu corpo… Não vimos pais a reivindicar o direito de pronúncia e de decisão numa causa tão grave e séria, que diz respeito tanto ao pai, como à mãe. E parece que a lei e a sua regulamentação vai mesmo no sentido de esquecer os pais ou de os calar. O pai não vem ao caso e até pode complicar…Sem pai não há filho. Mesmo que este se desenvolva na proveta de um laboratório, o pai será sempre uma referência necessária para a criança que nasce e, por isso mesmo, uma presença indispensável no seio da família e no direito e dever de educar cada filho. Se toda a omissão é consequente, esta é ainda mais. Não o entendem assim os que, eivados de uma mentalidade estéril pela pobreza da sua vivência de humanidade e falta de dimensão antropológico, negam que a diferenciação sexual é irrelevante, porque o que conta é o amor. Mas que amor, e com que conteúdo e sentido?
Já começou, no seio do partido dominante, a preparar-se a opinião pública para que o próximo dia da República seja boa ocasião para legitimar “celebrações fracturantes”, como o casamento dos homossexuais e a adopção de crianças por estes casais. Assim, diz-se, se poderão implementar os “valores republicanos” e actualizar o Código Civil… Não há, num país como o nosso, normalmente de reacção tardia ao vazio das ideias e fácil de enganar com floreados e sorrisos, caminho mais aberto para que passe, impante e impune, o cortejo da incultura e da contra cultura. Podemos também chamar-lhe o cortejo da “democracia musculada”, dado que esta, cada vez mais ausente e pobre, só parece ter a força e a razão do decantado estatuto da maioria parlamentar e governativa.
É evidente que autoridade do pai não se pode anular sem consequências, nem se pode camuflar ao dizer com vaidade “sou um irmão mais velho para os meus filhos”. Pai é pai, irmão é irmão. As subversões de uma realidade natural como esta, têm sempre preço alto e correcção difícil.
A autoridade do pai, em comunhão com a da mãe, não se exerce, por certo, à maneira do “quero, posso e mando”, doutros tempos, ainda acompanhado do grito ou da bofetada. Traduz-se no respeito pelo filho, na aceitação de quem ouve, aprecia e dialoga, na referência de uma vida adulta e séria, no testemunho insubstituível de quem ama, no cuidado em organizar a vida, sem pôr os filhos em lugar onde já não chega nem o tempo, nem a paciência. Um pai que se anula como pai, enfraquece e destrói a família.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

CONDUÇÃO DEFENSIVA

Quantas vezes na semana passada é que falou ao telemóvel enquanto conduzia? Ultrapassou o limite de velocidade só para que os outros não o achassem aselha? Se esqueceu de pôr o cinto às crianças? Portugal poderia salvar anualmente 560 crianças e jovens se conseguisse reduzir a taxa de mortalidade nas estradas para os níveis da Suécia. Já estamos a baixar - mas precisamos de fazer melhor. Que tal um curso de condução defensiva? 

 Fonte: "Agenda '07" do "EXPRESSO"

Um poema de Sophia





A CASA DE DEUS



A casa de Deus está assente no chão
Os seus alicerces mergulham na terra
A casa de Deus está na terra onde os homens estão
Sujeita como os homens à lei da gravidade
Porém como a alma dos homens trespassada
Pelo mistério e a palavra da leveza

Os homens a constroem com materiais
Que vão buscar à terra
Pedra vidro metal cimento cal
Com suas mãos e pensamento a constroem
Mãos certeiras de pedreiro
Mãos hábeis de carpinteiro
Mão exacta do pintor
Cálculo do engenheiro
Desenho e cálculo do arquitecto
Com matéria e luz e espaço a constroem
Com atenção e engenho e esforço e paixão a constroem

Esta casa é feita de matéria para habitação do espírito
Como o corpo do homem é feito de matéria e manifesta o espírito

A casa é construída no tempo
Mas aqui os homens se reúnem em nome do Eterno
Em nome da promessa antiquíssima feita por Deus a Abraão
A Moisés a David e a todos os profetas
Em nome da vida que dada por nós nos é dada

É uma casa que se situa na imanência
Atenta à beleza e à diversidade da imanência
Erguida no mundo que nos foi dado
Para nossa habitação nossa invenção nosso conhecimento
Os homens constroem na terra

Situada no tempo
Para habitação da eternidade

Aqui procuramos pensar reconhecer
Sem máscara ilusão ou disfarce
E procuramos manter nosso espírito atento
Liso como a página em branco

Aqui para além da morte da lacuna da perca e do desastre
Celebramos a Páscoa

Aqui celebramos a claridade
Porque Deus nos criou para a alegria


Páscoa de 1990
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Sophia de Mello Breyner Andresen
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Fonte: Pastoral da Cultura