domingo, 4 de março de 2007

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS-13


AINDA O POVOAMENTO DA GAFANHA

Caríssima/o:

Brumas do tempo!
Brumas da Ria!
Quem é destas terras e aqui tem as suas raízes, conhece bem os nevoeiros da vida e da Ria. Ainda mais quem algum dia penetrou profundamente pelos canais e neles deambulou perdido por nada ver à sua frente!...
João Pereira de Lemos escreveu um livro: «Os Gafos da Ilha de Sama». No preâmbulo afirma:”Quase todos os factos foram passados, dando-lhes no entanto interpretação pessoal, contrariando algumas vezes autores consagrados, considerados e credíveis.”
Como que em sub-título acrescenta:”Narrativa quase verdadeira do que se passou na vila de Aveiro, entre 1525 e 1581, porque o mais se não acha pois está no guarda-roupa del-Rei”.

Transcrevo das páginas 161 e 162:

“Um dia, quando sentado no beiral de areia do lado poente, admirava o sol rubro que se encaminhava para o ocaso, [Pedro] pensou que talvez o areal em frente onde não se via vegetação, fosse a chave para a solução do excesso de pessoas na ilha de Sama. Virou-se para Filipa que estava a seu lado e disse:
- Parece que encontrei a chave para os nossos problemas aqui na ilha. Vou convidar alguns daqueles em quem mais confio e vamos estabelecer-nos no outro lado. Pedirei a Yssuf para descarregar lá tábuas e troncos e outros utensílios e procuramos um lugar para nos instalarmos.
Em Sama ninguém era tratado pelo nome ou pelo apelido, todos eram iguais e, por isso, usavam alcunhas. Pedro de Lemos o “Samarrão”, alcunha que advinha de à noite andar com uma grande samarra – vestimenta pastoril de pele de ovelha com lã, e que os médicos aconselham a não usar sobre a epiderme, pois julgam ser a causa de epidemias -, passou palavra ao Jorge “Fidalgo” porque assim o era, ao André “Cravo” porque parecia ter muitos cravos na cara, ao Belchior “Sardo” porque pareciam sardas as pústulas já secas, ao Simão “Gafanhão” porque ele era forte, ao Sebastião “Lázaro” porque era lazarento do corpo e alma sofredora diga-se, ao Pedro “Vaz” diminutivo apressado de Alvaraz, Gaspar “Casqueira” porque passava o tempo a fazer barcos das cascas que encontrava e pedia a toda a gente para lhas arranjar, e o António “Conde” porque se dizia como tal e todos sabiam que assim não era e não passava dum pobre diabo!
Combinaram, em segredo, no dia 16 de Julho de 1545, dia de N.ª S.ª do Carmo, e à noite, fazerem a travessia num barco que Yssuf e Hamed trouxeram.
Subiram o areal transportando o mais que puderam e ao avistar um braço de água que entrava pelo areal e percorridos aí três mil e oitocentos côvados, decidiram instalar-se ali. Tratava-se dum istmo entre o canal Caveira a poente, e o canal do Boco a sul. Por sugestão de Filipa e recordando a conversa com Pedro, o local passou a chamar-se Chave. Construíram habitações exíguas que cobriram com junco que crescia em tufos ao longo do braço de água. Abriram vários poços, semearam couves, nabos e milho, este uma novidade recente. Também algumas árvores, sobretudo figueiras. Yssuf foi trazendo animais domésticos e, um dia, trouxe um burro para não dar nas vistas, pois é convicção de que os animais domésticos também podem ser contagiados!
Os frades logo souberam e visitaram os gafos exilados. Sugeriram que se construísse uma ermida, e desde que não estivesse muita corrente ou ondulação, faziam uma visita regular.
Os da governação, ao saberem, não se incomodaram e até admitiram entre si que assim estavam mais longe e isolados.”

Logo na página 165 acrescenta:

“O tempo foi passando, e já havia curas completas muito embora com marcas irreversíveis. A comunidade da Chave tinha sido aumentada com algumas crianças todas sadias, e mais um novo casal cujo homem foi baptizado de “Gandarinho”! Um dia, alguns andavam distantes à procura de madeira arrolada e viram uma espiral de fumo muito para Sul. A curiosidade levou-os até lá onde deparam com um casal e um filho com o ar mais faminto e andrajoso possível. Indagaram quem eram, e o homem contou que já caminhavam há muitos dias, tantos que lhe tinham perdido a conta. Que vinha dumas terras a que chamavam Gândara, e que eram tão pobres que resolveram procurar outras terras. Não sabiam onde estavam. Convidaram-nos a vir viver para a Chave. O nosso homem era tão pequeno e frágil que ficou com a alcunha de “Gandarinho”.
O único defeito da Chave se é que é, é que fica muito longe do enfiamento do canal de Aveiro, e os frades fazem notar isso, pois os criados tinham de remar muito. Cinco casais resolveram estabelecer-se no dito enfiamento, tanto mais que o terreno lhes parecia menos arenoso. Baptizaram o local de Cale, pois bordejava a Ria. Os outros já estavam apegados à terra onde conseguiram curar-se e sobreviver, resolvendo ficar ali para sempre.
Passou-se um ano, e os comerciantes de Aveiro já se atrevem a trazer e levar produtos à terra dos gafanhos, como dizem. Passado pouco tempo já dizem que vamos à “Gafanha” e assim fica...”

E mais não transcrevo. O que aí vos deixo aponta na direcção de outra fonte de fantasia: o nome da Gafanha.

Então, até...



Manuel

sábado, 3 de março de 2007

Portugal no mundo

ALDEIA DE MIL INDIANOS QUE FALAM PORTUGUÊS
Todos sabemos que se fala Português pelos quatro cantos do mundo. Vestígios, palpáveis, das nossas andanças e aventuras, nas descobertas e nas conquistas, mas também na emigração. Quando falo com marítimos, pescadores ou outros, oiço frequentemente estórias de encontros e desencontros com portugueses e seus descendentes, mas ainda de comunidades que perduram, ao longo de séculos, com raízes lusas. E é muito enternecedor, sobretudo para mim, que devo ter alguma costela romântica ou coisa parecida, verificar que a marca dos nossos antepassados se mantém acesa um pouco (ou muito?) por toda a parte.
Hoje li no "PÚBLICO", mais concretamente no segundo caderno, agora chamado P2, uma reportagem feita pela jornalista Alexandra Lucas Coelho numa aldeia dos mil indianos que falam Português. Korlai, assim se chama a aldeia, tem, de facto, raízes lusitanas. Diz a jornalista que é um caso único em toda a Índia. A aldeia, que ela visitou, é formada por descendentes de nove portugueses, que guardam, há séculos, uma língua academicamente reconhecida como português de Korlai. Trata-se de uma comunidade católica que se orgulha da língua que muitos falam, passando de pais para filhos. Na aldeia, os apelidos dizem tudo: Pena, Rosário, Viegas, Sousa, Martins, Rocha e Rodrigues, entre outros.
:
Leia mais em P2
Fernando Martins

Imagens de Aveiro

GOSTOS E SABORES


Aveiro vai estar representada no Programa Gostos e Sabores, na RTPN, do Chefe Hélio Loureiro.
O Programa Gostos e Sabores é emitido aos Sábados, em versão original, às 18.30 horas. É repetido no domingo, às 14.30; na segunda, às 11.30 e na quinta, às 20.30 horas.
Também é emitido na RTPinternacional, RTPAçores, RTPMadeira e nos comboios Alfa (CP).As receitas são publicadas semanalmente na Revista Visão, onde o Chefe Hélio Loureiro divulga o Programa Gostos e Sabores, com a apresentação das receitas confeccionadas, convidados e locais/regiões das gravações e apoios.
Os programas relativos a Aveiro são os seguintes:
:
Caldeirada de enguias à moda de Aveiro – Convidado, Élio Maia – emissão, 3 de Março (hoje).
Bacalhau com natas – Convidada, Filipa Pato – emissão, 10 de Março
Mexilhões à moda de Aveiro – Convidado, Gonçalo Madail – emissão, 17 de Março
Raia com molho de pitau – Convidada, Jacinta – emissão, 24 de Março
Feijoada de samos de bacalhau – Convidado, Carlos Candal – emissão, 31 de Março

Fonte: “Site” da CMA

Imagens da Figueira da Foz


EM DIA DE CHUVA

O mar da Figueira da Foz, em dia de chuva e frio, não deixa de nos atrair. Há, em todos os momentos e de todos os quadrantes, imagens de encanto, ou com o seu encanto, que nos obrigam a olhar... a olhar, na tentativa de chegar ao infinito...
Uns raios de sol furam as nuvens, negras, que indiciam chuva iminente, e reflectem-se no mar imenso, sempre atraente, sempre convidativo, sempre deslumbrante.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Avanço do mar na região de Aveiro

Praia da Barra: A povoação está mesmo ali

"População não tem plena
consciência do risco que está a correr"

Entre em Julho e Setembro de 2006, Luísa Pinho entrevistou 418 pessoas para a sua tese de doutoramento na Universidade de Aveiro (UA) sobre a «Importância da percepção social das dinâmicas litorais na gestão das áreas costeiras». O estudo teve por base um levantamento sobre as áreas de risco efectuado pelo Instituto da Água (INAG) e incidiu sobre as praias de Esmoriz, Cortegaça, Furadouro, Torreira, Barra, Costa Nova e Vagueira. Nestes aglomerados, identificou cerca de quatro mil fogos em zonas de perigo. Em entrevista conjunta ao Diário de Aveiro e à Aveiro FM, a investigadora conclui, no entanto, que a população «não tem plena consciência do risco que está a correr»
:
Leia a entrevista no DA

Luís de Matos no CUFC



"A vida por trás do pano"


O ilusionista Luís de Matos vai estar no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), no dia 6 de Março, terça-feira, às 21 horas, para falar de “A vida por trás do pano”.
O conhecido mágico de Coimbra participa no Fórum::UniverSal do CUFC, um espaço mensal de partilha e debate, revelando não especialmente os truques de magia, mas o homem que está por detrás do artista internacionalmente aclamado.

Porto de Aveiro

Porto de Aveiro: Foto de Dinis Alves



MAIS UMA VISTA GERAL
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O Porto de Aveiro, uma das molas reais da vida económica da região, é, também, um espectáculo para a vista. Esta fotografia mostra o Porto de Aveiro, na sua zona comercial, vendo-se a entrada da barra, com bacias de àgua a emoldurarem tudo e todos.