quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
Quaresma
Arte na cidade
Figueira da Foz:
No edifício do tribunal da Figueira da Foz, junto ao jardim, há um painel de António Lino, que vale a pena ser apreciado. O tema, como não podia deixar de ser, é a justiça.
Quantas vezes por ali passamos sem nos determos na procura da mensagem do artista. O corre-corre da vida tem destas coisas. Nem nos deixa ver a arte que nos é oferecida de graça.
Sabia que...
Mensagem do Papa para a Quaresma
«Hão-de olhar para Aquele que trespassaram» (Jo 19, 37). Este é o tema bíblico que guia este ano a nossa reflexão quaresmal. A Quaresma é tempo propício para aprender a deter-se com Maria e João, o discípulo predilecto, ao lado d’Aquele que, na Cruz, cumpre pela humanidade inteira o sacrifício da sua vida (cf. Jo 19, 25). Portanto, dirijamos o nosso olhar com participação mais viva, neste tempo de penitência e de oração, para Cristo crucificado que, morrendo no Calvário, nos revelou plenamente o amor de Deus. Detive-me sobre o tema do amor na Encíclica Deus caritas est, pondo em realce as suas duas formas fundamentais: o ágape e o eros.
A palavra ágape, muitas vezes presente no Novo Testamento, indica o amor oblativo de quem procura exclusivamente o bem do próximo; a palavra eros denota, ao contrário, o amor de quem deseja possuir o que lhe falta e anseia pela união com o amado. O amor com o qual Deus nos circunda é sem dúvida ágape. De facto, pode o homem dar a Deus algo de bom que Ele já não possua? Tudo o que a criatura humana é e possui é dom divino: é portanto a criatura que tem necessidade de Deus em tudo. Mas o amor de Deus é também eros. No Antigo Testamento o Criador do universo mostra para com o povo que escolheu uma predilecção que transcende qualquer motivação humana. O profeta Oseias expressa esta paixão divina com imagens audazes, como a do amor de um homem por uma mulher adúltera (cf. 3, 1-3); Ezequiel, por seu lado, falando do relacionamento de Deus com o povo de Israel, não receia utilizar uma linguagem fervorosa e apaixonada (cf. 16, 1-22). Estes textos bíblicos indicam que o eros faz parte do próprio coração de Deus: o Omnipotente aguarda o «sim» das suas criaturas como um jovem esposo o da sua esposa. Infelizmente desde as suas origens a humanidade, seduzida pelas mentiras do Maligno, fechou-se ao amor de Deus, na ilusão de uma impossível auto-suficiência (cf. Gn 3, 1-7). Fechando-se em si mesmo, Adão afastou-se daquela fonte de vida que é o próprio Deus, e tornou-se o primeiro daqueles «que, pelo temor da morte, estavam toda a vida sujeitos à escravidão» (Hb 2, 15). Deus, contudo, não se deu por vencido, aliás o «não» do homem foi como que o estímulo decisivo que o levou a manifestar o seu amor em toda a sua força redentora.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
Sabia que…
Desde 1998, já partiram de Portugal, como voluntários missionários, cerca de 2500 portugueses, para trabalhar em países lusófonos.
No nosso País, há aproximadamente 40 Movimentos ligados a congregações religiosas, paróquias, dioceses, universidades ou outras ONG (Organizações Não Governamentais) ligadas à Igreja Católica, que enviam voluntários, onde são acolhidos por missionários. A Diocese de Aveiro também tem os seus missionários e aceita boas vontades para trabalhar na Missão.
Mensagem quaresmal do Bispo de Aveiro
1- Na mensagem para a Quaresma deste ano, o Santo Padre Bento XVI escolheu o tema bíblico da Cruz para guiar a nossa reflexão: - “Hão-de olhar para Aquele que trespassaram” (Jo 19, 37). O Santo Padre convida-nos, assim, a determo-nos “com Maria, Mãe de Jesus, e com João, o discípulo predilecto, ao lado d´Aquele que, na Cruz, cumpre pela humanidade inteira o sacrifício da Sua Vida” (cf. Jo 19, 25).
Vincula-nos esta mensagem à essência da vida cristã, ao âmago da história da salvação e ao tema da primeira encíclica de Bento XVI: - “Deus é Amor”. É no mistério da Cruz que se revela plenamente o poder incontável do amor e da misericórdia de Deus pela humanidade.
“Olhemos para Cristo trespassado na Cruz! É Ele a revelação mais perturbadora do amor de Deus” - insiste o Santo Padre. “Mas aceitar o Seu amor, não é suficiente. É preciso corresponder a este amor e comprometer-se depois a transmiti-lo aos outros: Cristo ‘atrai-me para Si’, para que eu aprenda a amar os irmãos com o Seu mesmo Amor” (Bento XVI, Mensagem para a Quaresma de 2007).
“Olhar para Aquele que trespassaram” constitui assim, para a Igreja de Aveiro, a escola insubstituível de uma aprendizagem contínua, consolidada e consequente do amor de Deus e do amor dos irmãos. Só Deus é fonte de vida e de amor. Ninguém estranhe por isso que, quando nos falta essa fonte divina, cesse a vida e estio o amor.
Leia toda a mensagem em Ecclesia
Aborto
“a) outra razão que ajudou ao insucesso do ‘não’ foi o silêncio mediático sobre o trabalho feito pelas associações criadas depois do referendo de 1998 e que têm uma acção meritória de apoio a grávidas, a mães adolescentes e a crianças. Muitos católicos estão empenhados nessas associações, várias delas nascidas à sombra de instituições da Igreja, mas isso é pouco divulgado e conhecido; b) em 1984, quando a primeira lei sobre o aborto foi aprovada no Parlamento, o objectivo era o de acabar com o aborto clandestino. Oxalá que o país seja capaz, agora, de resolver o problema. Para que, daqui a mais dez anos, não se esteja a votar num outro referendo.”
Citação
Pobreza
Ao sabor da maré
sábado, 17 de fevereiro de 2007
Um poema de Teixeira de Pascoaes
O sol, sombra de Deus, ressuscitou.
Nos montes, derreteu a neve fria.
E um raio só doirado dissipou
O nevoeiro que tudo escurecia.
Na minha noite lívida passou
Como divina aparição do dia!
Quero cantar a virgem Primavera!
Quero gritar ao mundo: Vive e espera!
in “Obras Completas”, VI volume
Inverno
Tecendo a vida umas coisitas - 11
Quando somos confrontados com essas insistentes e inocentes perguntas, é normal sentirmo-nos desarmados e só então a posição de quem acalenta a vida e se deixa desafiar e acalentar pela mesma vida nos permite ir ao encontro da curiosidade infantil e prepará-la para a realidade que a espera ali à esquina.
A “Monografia da Gafanha”, do P. João Vieira Resende, tornou-se um dos meus livros de cabeceira há muitos anos. Venham daí comigo e vamos relembrar algumas coisitas que ele teima em nos repetir desde 1940!
«Denomina-se Gafanha toda a região arenosa dos concelhos de Ílhavo e Vagos com cerca de 25 quilómetros de comprimento por 5 de largura, abraçada do Norte ao Sul (lado poente) pelo rio Mira e do Norte ao Sul (lado nascente) pelo rio Boco, afluentes da Ria de Aveiro, e confinando pelo Sul com uma linha que, saindo dos Cardais de Vagos, vai fechar ao Norte do lugar do Poço da Cruz, freguesia de Mira. Pela identidade da sua origem, topografia, condições de vida, costumes, etc., consideramos como uma continuação da Gafanha a duna situada naqueles dois concelhos, entre o Oceano e a Ria.»
Acompanhemos ainda o P. Resende:
«É bem conhecida a formação recente desta linda e ubérrima região, que em tempos imemoriais foi banhada pelas águas do Atlântico, e que agora oferece, na majestosa amplidão da sua campina, um panorama cheio de luz, emoldurado pelas espelhentas águas do Oceano e da Ria, onde brincam, como mariposas, mil barquinhos de velas pandas, a esvoaçar.»
Isto vem logo na página 1; e, depois de ir expondo a sua opinião e as suas dúvidas, atira-nos com esta pergunta de sonho:
«E não temos nós o caso da tão falada, e lendária vizinha, a submersa Atlântida?» (pág. 5)
Mais à frente, página 8, afirma, como quem estudou bem o assunto:
«Pela aproximação dos documentos de 1088, 1096 e 1296 que o sr. dr. Rocha Madail transcreve do “Livro Preto” da Sé de Coimbra, no “Illiabum”, radica-se em nós a opinião de que foi naquelas épocas que a barra do Boco deixou de funcionar directamente com o mar, e que as suas águas, impotentes da duna que viria a ser a Gafanha, faziam o seu movimento de evasão através dos baixios fronteiros, e bem assim pelo prolongado e actual canal do Boco morto, para a instável barra do Vouga.»
E remata as suas considerações com estas deliciosas palavras (pág. 9):
«Deixemos agora os geólogos e os naturalistas a contas com possível, e, por enquanto, enigmática Gafanha antiga, e tateemos um pouco esta Gafanha que os nossos olhos contemplam à luz deste sol esplendoroso, que se derrama a jorros pelas suas areias, pelas suas searas, pelas suas flores e pelas suas águas.»
[Escreveu só mais 356 páginas!]
De facto, muitos se têm debruçado e estudado esta região e chegaram à conclusão de que os cordões dunares da Ria se desenvolveram entre os séculos X e XVIII. Esperemos que outros estudos mais circunscritos à nossa península nos ajudem a continuar a leitura do P. Resende.
Bons passeios aproveitando as tardes soalheiras que este Fevereiro nos vai oferecendo.
Manuel