quinta-feira, 7 de maio de 2020

MÁSCARAS TRANSPARENTES


Confesso que aceitei o princípio de usar a máscara quando saio de casa. É uma garantia de mais segurança ao nível de travar a pandemia. Depois de a aplicar, tenho o cuidado de verificar se está no sítio certo, não vá dar-se o caso de o “bicho” peçonhento poder furar por qualquer cantito que mal se vê. Dizem que ele nunca perde a oportunidade de entrar porque precisa do corpo humano para viver. 
Acontece que agora, quando vou pela rua, tenho dificuldade em identificar com quem me cruzo. A máscara bloqueia a identidade de quem a usa porque esconde a expressão típica de cada pessoa, o que nos distingue uns dos outros. E agora? Quando saudamos alguém teremos de aliviar a máscara para que nos reconheçam? Qualquer dia teremos máscaras transparentes! Parece que sim...  

F. M.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

CAIXA DO CORREIO


Tenho por hábito dirigir-me à Caixa do Correio todas as manhãs, mais ou menos à hora da passagem do carteiro pela minha rua. Faço isto pelo prazer que sinto ao receber notícias e correspondência de familiares e amigos. Notícias das revistas e jornais e cartas oficiais ou particulares. E se é verdade que desde há mais de 50 anos não me faltava correspondência, nos últimos anos começou a rarear, mas o hábito de abrir a portinhola permanece. Ainda hoje lá fui sacar o “Correio do Vouga”. 
Quando regressava com o semanário, alguém me perguntou se não havia mais nada e logo adiantei que, mais dia menos dia, a profissão de carteiro corre o risco de desaparecer. A correspondência agora vem pelo correio eletrónico, acrescentei. Para encomendas, já nasceram empresas especializadas na tarefa de entrega ao domicílio. 
Realmente, com o tempo, tudo evolui, tudo se adapta, tudo se transforma. A Caixa do Correio transformou-se num  caixote do lixo, com a carga de papelada publicitária. Até já li, colados em Caixas do Correio, uns avisos com a indicação de que é proibido deitar ali publicidade. E a vida continua com as adaptações impostas pela realidade dos nossos quotidianos. 

F. M. 

terça-feira, 5 de maio de 2020

COISAS INÚTEIS


"Escapar às regras e dizer coisas inúteis 
resume bem a atitude essencialmente moderna...."

Fernando Pessoa (1888-1935), poeta

No PÚBLICO de hoje

NOTA: Não resisto à ideia de publicar este "Escrito na Pedra" do PÚBLICO. Realmente, tantas vezes perdemos tempo com banalidades e inutilidades. 

O BANDO


Com os pés bem assentes na terra, houve tempo para  olhar o céu límpido que embala a minha sensibilidade. Olhar um tanto perdido nos horizontes dos meus sonhos deu para contemplar as nuvens esfarrapadas que passavam tocadas pelo vento. E eis que, como de costume, a estas horas, talvez por decisão de algum amante de pombos-correios, que os temos na Gafanha da Nazaré, passa um bando a uma velocidade estonteante. Não sou muito lesto a disparar para a foto da praxe... mas deu para registar o que vi e revi nesta tarde ventosa e transparente.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

HOJE FOI O PRIMEIRO DIA...


Estava cansado de andar por casa, as mais das vezes sem saber que fazer. Sim! É tudo muito bonito, mas depois vem o cansaço do mais do mesmo. Ler, escrever, conversar, ouvir música, olhar já saturado para a TV e rádios do coronavírus de trás para a frente e vice-versa, pensar, imaginar o dia a dia depois do confinamento... e tudo repetir semana após semana. Porque a vida económica e não só não pode estagnar nas malhas do medo e da prudência, seria necessário saltar para a vida com os cuidados indispensáveis. E assim foi. Hoje foi o primeiro dia do resto dos nossos dias. 
Manhã cedo, pulei da cama porque era preciso arejar e comprar o indispensável. Assim foi. O mundo que me rodeia senti-o diferente. Não muito trânsito. Pessoas com  máscaras, umas bem encaixadas  e outras nem por isso. Nos espaços comerciais, recebemos honras de um acolhimento gentil e cuidado. Higienização em curso permanentemente, indicações precisas, atendimento rápido. Perdi o medo. E a vida vai continuar... com máscaras. 

F. M.

PARA COMEÇAR A SEMANA - A ARTE DE ENVELHECER


"Saber envelhecer é a obra-prima da sabedoria 
e um dos capítulos mais difíceis na grande arte de viver"

Herman Melville (1819-1891), escritor 

NOTA: Li no PÚBLICO de hoje

domingo, 3 de maio de 2020

A MINHA MÃE - ROSITA FACICA

Celebra-se hoje, primeiro domingo de maio, o Dia da Mãe, razão mais do que suficiente para lembrar, com que saudade!, a minha Mãe, conhecida, cá na Gafanha da Nazaré, mas não só, por Rosita Facica. Rosita Facica foi, desde que me conheço, uma forma carinhosa de tratar uma pessoa. O apelido veio da família dos Franciscos da Rocha, oriundos de terras de Vagos. 
A minha mãe teve cinco filhos. Faleceram na infância três e criou dois: Eu, Fernando, e o meu irmão, também já falecido, Armando. 
Nesta data, desde há muito, todos os filhos costumam lembrar e honrar as suas mães, vivas ou já no seio maternal de Deus, onde, segundo a fé dos católicos, intercedem por nós. A minha saudosa mãe está há muito nesse “lugar” privilegiado de vida sem fim e sem dor. Lembro-me dela todos os dias como dos meus filhos e netos me lembro, cada um com a sua vida. 
Na minha memória, vejo constantemente o desbobinar de um filme projetado numa tela postada na parede da minha consciência. E é nessa tela que revivo os trabalhos e canseiras da minha mãe Rosita Facica, sempre com a palavra “pai” na ponta da língua para não esquecermos que ele andava sobre as ondas do mar. Esta expressão — ondas do mar — fazia parte indelével das orações em família, antes do deitar: Pelas que labutam sobre as ondas do mar, um Pai Nosso e uma Ave Maria. 
Para além do amor ao trabalho e às tarefas do dia a dia, da minha mãe herdei ainda o gosto pela verdade, pela humildade, pela poupança, pela atenção aos mais pobres, pelo respeito por nós próprios e pelos demais, pela honradez sem hesitar. 
Mulher de fé, abriu-me a razão ao transcendente, desde menino, quando durante a missa, em latim, sentado no soalho da igreja matriz, ela me segredava a forma de viver cristãmente. O que sou e como sou veio muito da minha saudosa mãe Rosita.

Fernando Martins

DEUS, A MÃE E O BOM PASTOR

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

1. Segundo a teoria do Big Bang – teoria de um padre –, o Universo terá começado há 14 mil milhões de anos. Pelos vistos, a obra-prima da estruturação da Natureza é a espécie humana. Somos provavelmente o mais alto nível de complexidade que conhecemos, a estrutura mais complexa do Universo [1]. Não somos apenas a espécie mais numerosa, mas também a que desenvolveu mais o pensamento abstracto, científico, artístico, religioso e ético.
No mistério vivemos, nos movemos e existimos, cheios de perguntas metafísicas e científicas, banhados em espírito criador de beleza, sem o qual não floresce nem o amor nem a poesia nem a grande música, alma e ritmo de todas as artes.
No entanto, sem ética, sem procurarmos, uns com os outros, estilos de boa qualidade de vida, em instituições justas e amistosas, podemos deitar a perder as maiores conquistas do género humano. Elas próprias se podem tornar instrumentos sofisticados de destruição.
Sem a virtude da prudência pessoal e social – virtude das decisões ponderadas – a governar a nossa liberdade, cedemos facilmente aos caprichos dos nossos apetites desorientados. Estragamos tudo: as relações com a natureza e com os outros. Continuamos a gastar, em armamento e em guerras, o que vai faltar para cuidar da Casa Comum.

sábado, 2 de maio de 2020

RETOMADA DAS CELEBRAÇÕES A PARTIR DE 30 DE MAIO

Conferência Episcopal Portuguesa:
Comunicado sobre a «retomada gradual 
das celebrações comunitárias da Eucaristia»

Matriz da Gafanha da Nazaré
«Face ao controlo progressivo da pandemia provocada pelo coronavírus Covid-19 no nosso País e ao início de medidas de desconfinamento, reiteramos o nosso agradecimento à população em geral e aos cristãos em particular pela atitude responsável de prevenção ao longo desta situação, seguindo as normas e orientações da Igreja e das autoridades governamentais e de saúde.
Rezamos pelas inúmeras vítimas desta epidemia e seus familiares, estamos solidários com os doentes infetados por este terrível vírus e agradecemos o precioso trabalho dos que estão na linha da frente como os profissionais de saúde, as forças de segurança e os que trabalham nos lares e outras instituições sociais.
Manifestamos o nosso regozijo pela criatividade das comunidades cristãs na intensificação das formas de praticar a fé entre os jovens e nas famílias e pela ação sociocaritativa das instituições da Igreja para com os mais carentes e desempregados.
Comungamos do sofrimento de tantos cristãos privados da participação efetiva na celebração sacramental da Eucaristia, cume e centro da vida cristã, na esperança de um mais rápido reinício das celebrações comunitárias da Eucaristia, fonte da nossa alegria pascal.»

Ler comunicado da CEP 

IDOSOS – O BOM SENSO PREVALECEU

Aqui fica  um retrato do que faremos quando vier o sol 
Segundo as informações e recomendações do Primeiro Ministro António Costa para a nova fase do confinamento, relacionado com o COVID-19, os idosos não ficam enclausurados à força. Estabelecer um horário para os mais velhos, como eu, poderem sair de casa, sós ou acompanhados, não foi por diante, como andava a ser propalado. Afinal, o bom senso prevaleceu e os idosos, que são responsáveis, continuarão a usufruir dos direitos e deveres de toda a gente de bem.  Eles saberão, com as suas famílias ou sem eles, escolher as horas mais recomendáveis para sair, visitar amigos, ir ao café ou às compras, passar por uma livraria para escolher um livro, arejar o espírito, apreciar a natureza, olhar, no meu caso, a nossa laguna e o nosso mar. E encher os pulmões de ar puro e o coração das belezas da vida. 
Um aplauso para o bom senso do Governo. 

Fernando Martins