sábado, 28 de março de 2020

A DANÇA DAS HORAS



Logo mais, pela madrugada do dia 29 de março, a dança das horas vai repetir-se. Depois da meia-noite, já pode adiantar uma hora, mudando para a hora de verão. Aconselho logo depois porque pode esquecer-se e baralha os seus compromissos para o domingo. Depois, talvez com alguma dificuldade, habituamo-nos e até gostamos. Há quem defenda que a chamada hora do verão é melhor. Eu também acho... mas quem manda é que sabe.

PAINEL CERÂMICO DE ZÉ AUGUSTO

Para recordar e apreciar 


Na rotunda da cintura interna, na Cale da Vila, foi inaugurado um painel cerâmico do artista aveirense Zé Augusto, para assinalar a ligação ferroviária ao Porto de Aveiro e as novas estruturas rodoviárias que lhe estão ligadas.
Sempre gostei de arte nas ruas da cidade. De qualquer cidade e mesmo das vilas e aldeias. É uma forma positiva de educar a sensibilidade artística do povo local e de quem por elas passa. Congratulo-me, por isso.
Acresce o facto de o painel ser da autoria de um dos mais expressivos artistas aveirenses desta área, já representado, também numa obra da responsabilidade da APA (Administração do Porto de Aveiro), no paredão da Meia-Laranja, na Praia da Barra. Aqui fica o convite aos meus amigos para que passem por lá para apreciar mais este trabalho de Zé Augusto.

F. M.

NOTA: Publicado no meu blogue há 10 anos 

sexta-feira, 27 de março de 2020

A SITUAÇÃO DE ESTARMOS EM CASA...


A situação de estarmos limitados às paredes da nossa casa, por mais cómoda que ela seja, cria em nós, por vezes, alguma angústia. Não é uma angústia capaz de nos atirar para a marquesa de um qualquer psiquiatra ou psicólogo, mas será uma espécie de fuga à obrigatoriedade imposta pelos nossos governantes e demais governantes dos Estados afetados pelo COVID-19. No meu caso, que até sou muito caseiro, aconteceu-me sonhar com uma saída para dar por aí umas voltas. Não fui pelo que isso poderia acarretar para a minha saúde e porque espero que esta situação, que atinge muitos milhares de portugueses e muitos milhões de pessoas espalhadas pelo mundo, se resolva a tempo de aproveitarmos os dias agradáveis com sol luminoso e noites tranquilas que devem estar a chegar. E depois, sim, poderemos sair para espairecer. 
Com estas cogitações e estados de alma, lembrei-me da ilha de São Miguel, Açores. E como gostaria de lá voltar. 

F. M.

UM POEMA DE SOPHIA PARA ESTE TEMPO


Para Atravessar Contigo o Deserto do Mundo

Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

(Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto')[1]

Li aqui 

JESUS FAZ REVIVER LÁZARO MORTO

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo V da Quaresma

“Lázaro, sai para fora”, ordena Jesus com voz forte e determinada. E ele levanta-se e sai amortalhado, como havia sido colocado na sepultura. Jesus continua, dirigindo-se aos circunstantes: “Desligai-o e deixai-o ir”. E João, o narrador do sucedido, conclui: “Ao verem o que Jesus fez, acreditaram n’Ele”. Jo 11,1-45
A revivificação de Lázaro constitui um sinal, na sequência de outros, que visam manifestar quem é Jesus e provocar a adesão à sua pessoa e mensagem: a água transformada em vinho nas bodas de Caná; o pão abençoado e repartido pela multidão; a cura do paralítico junto à piscina e a do cego de nascença; a doação da própria vida como belo e bom pastor; a vitória sobre a morte, simbolizada em Lázaro, e realizada aquando da ressurreição. Estes e outros sinais credenciam um conjunto de ensinamentos sobre a acção inovadora do Messias e induzem as testemunhas a tomar posição, aceitando ou rejeitando o que presenciam e ouvem.
Qual a nossa atitude perante tantos sinais de novidade que a vida nos traz? Deixamo-nos interpelar e somos consequentes? Aproveitemos a oportunidade que a quaresma nos oferece e as interpelações que o coronavírus suscita.
Lázaro adoece. As irmãs, Marta e Maria, mandam recado a Jesus que, na sua missão, andava por longe de Betânia, terra desta família. Eram amigos. Querem que Ele saiba e mantêm o secreto desejo de que a amizade abra caminho à visita tão desejada.

quinta-feira, 26 de março de 2020

SEM SAIR DE CASA



Uns telefonemas deram-nos conta de que alguém pensou em nós. 
E não poderemos  fazer o mesmo? 

Sem me sentir doente, estou obrigado por leis ditadas pelo coronavírus a ficar em casa. À partida é coisa simples: levantar, preparar para o dia, tomar as refeições, ouvir ou ver as notícias, escutar uma ou outra análise, umas catastróficas e outras animadas pela pedagogia da esperança, arejar a cabeça, estimular os sentidos e pensar no dia em que poderei sair, livremente, sem medo de contágios. 
Perante o incerto, dou comigo a pensar nos dias que se adivinham muito difíceis para os sem trabalho e sem emprego, com cortes salariais, sem recursos para uma vida digna. Empresas que suspendem a laboração, negócios de portas trancadas, escolas e instituições encerradas, famílias sem dinheiro para as compras do dia a dia. 
Os números de infetados com o COVID-19 continuam a crescer e as mortes enlutam famílias pobres e ricas, com predominância dos mais idosos, os mais fragilizados, perante a nossa incapacidade. 
Uns telefonemas deram-nos conta de que alguém pensou em nós. E não poderemos  fazer o mesmo, contactando familiares, amigos e conhecidos…? 

F. M.

quarta-feira, 25 de março de 2020

QUANDO A ALMA DÓI...

Em momentos difíceis, é fácil cair no desânimo. Não vale a pena pregar que andamos sempre otimistas, quando a alma dói. Estamos todos a viver horas complicadas e incertas. Ninguém ignora que o COVID-19 tem sido uma caixa gigante de problemas ainda longe da compreensão da ciência. E muitos de nós, contudo, pregamos ânimo para quem nos ouve ou lê, na esperança de que, mais dia menos dia, se descubra a forma de enfrentar o vírus mais contagioso das últimas décadas. Não sei se outros o terão imitado. 
Todos assistimos à luta para o travar. Em quarentena, uns, e outros na frente da batalha, nomeadamente, médicos, enfermeiros, paramédicos, técnicos, auxiliares, pessoal que opera no silêncio nos vários setores dos hospitais e clínicas, recebem apenas, à distância, os nossos aplausos e sentidos agradecimentos. Que mais poderíamos fazer? 
E depois deste desabafo, cá vai uma palavra de amizade solidária para os que mais sofrem, os que foram infetados e estão em tratamento, os que aguardam os resultados das análises, os familiares dos que não resistiram. Que todos saibamos olhar para o lado, na esperança de que uma palavra, um sorriso ou um gesto tornem mais leve a dor dos sofredores.

F. M. 

terça-feira, 24 de março de 2020

SILÊNCIO ...



Em tempo de silêncio... O  silêncio do meu quintal com os pinheiros a quererem  chegar ao céu.

QUARESMA EM TEMPO DE COVID-19

Sem dificuldades, associo a Quaresma aos dramas provocados pelo COVID-19 nos tempos em curso. Tempos de medos e angústias, de silêncios e reflexões, mas também de esperanças, que depois da tempestade vem a bonança. 
O nosso mundo foi surpreendido por uma guerra ainda sem fim à vista, não com armas sofisticadas criadas pelo homem, mas por uma arma invisível capaz de aniquilar vidas sem conta, resistindo aos apelos dos sofredores, às orações dos crentes e à inteligência dos cientistas. Sucedem-se os medos, multiplicam-se as receitas e os conselhos médicos,  aceitam-se as decisões dos governantes e isolam-se as pessoas entre paredes das suas habitações, mas as tréguas teimam em surgir. 
Em casa, como milhões de pessoas de todo o universo, haverá razões para todos refletirmos sobre a Quaresma que temos em curso. Sobre a oportunidade que nos é dada para a partir dela reestruturarmos novos estilos de vida, em família e na sociedade, no sentido da construção de uma paz mais duradoira, mais solidária, mais voltada para a natureza e para Deus, que está em tudo e em todos, como cremos. 

F. M.

segunda-feira, 23 de março de 2020

A PANDEMIA: INCERTEZAS E O ESSENCIAL

Crónica de Anselmo Borges 
publicada no semanário SOL

1. Julgávamo-nos omnipotentes e navegávamos na arrogância. De repente, os nossos planos ruíram e percebemos que não dominamos tudo e que precisamos de humildade. E somos empurrados para o mais urgente: pensar, porque demos conta da nossa fragilidade e somos confrontados com o medo, também por causa da ameaça da morte, que se tinha tornado distante e até um tabu. 
Qual é o fundamento último e o sentido último da minha existência, da Humanidade, do universo? O que é que verdadeiramente vale? Estamos entregues à fatalidade, ao acaso, ou tudo assenta no Mistério último de bondade e de misericórdia, a que chamamos Deus, o Criador e Salvador? 

2. É perante calamidades como a que estamos a viver que as pessoas revelam quem realmente são, no seu melhor e no seu pior. 
Pude constatar em directo, num hospital, por causa de um irmão meu, doente oncológico, a entrega competente e carinhosa de médicos e enfermeiros. E sabe-se da oferta solidária para ir às compras para idosos ou pessoas frágeis. E um telefonema a oferecer ajuda e a avançar para ela, mesmo correndo riscos iminentes e graves. É o dever e a caridade verdadeira... 
Mas também há quem se aproveite da fraqueza e da miséria. Os burlões. Até apareceram falsos padres que se ofereceram para ir a casa dar a comunhão ou ouvir em confissão pessoas idosas. E o presidente dos Estados Unidos queria ficar com o monopólio de uma futura vacina. E estúpidos perversos espalham, através dos média e das redes sociais, fake news e as suas alarvidades.