sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

João, a Voz da Palavra do Senhor. Aprecia!

Georgino Rocha

João surge na vida pública como um profeta itinerante nas margens do rio Jordão, após uma experiência significativa no deserto. Aqui recebe a palavra de Deus que lhe é dirigida. Aqui faz o contraste da vida sóbria e austera com a da Jerusalém, onde o pai Zacarias oficiava no Templo, e a da aldeia onde nascera, a poucos quilómetros da cidade. Aqui encontra o silêncio indispensável ao coração para amadurecer os apelos que ia sentindo e as convicções que ia gerando. Aqui toma a decisão de dar voz à experiência feita e parte em missão.

Lucas faz o relato do sucedido, situando o episódio num contexto político e religioso de grande envergadura. Indica assim o alcance histórico da novidade que desponta. Refere nomes e datas, menciona o imperador de Roma, o governador da Judeia, e outras figuras gradas nas regiões próximas, bem como na área religiosa. (Lc 3-1-6). As credenciais do registo ficam apresentadas, a solicitar a abertura à verdade que se anuncia. E o protagonista sente-se mandatado para realizar a missão recebida. “Foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. E ele percorria toda a região do Jordão” refere o evangelista narrador.

“As pessoas mais pobres e marginalizadas nas nossas sociedades trazem-nos verdadeiras mensagens de esperança”, afirma o arcebispo de Manila, nas Filipinas. “É nos lugares pequenos e imundos que nascem os nossos reis, não em palácios”. Esta forte imagem foi apresentada pelo cardeal Luis Antonio Tagle, presidente da Cáritas Internacional em mensagem recente sobre a preparação do Natal cristão. A verdade da afirmação contrasta fortemente com o que vemos e, se calhar, alimentamos.

EM SINTONIA COM O QUERER DE DEUS. COMO MARIA

Festa da Imaculada




Maria, a mãe de Jesus de Nazaré, beneficia de um especial cuidado da parte de Deus, desde o início da sua vida. A Igreja designa este facto admirável com a expressão “a Imaculada Conceição” e dedica-lhe uma solene celebração litúrgica, que hoje realizamos. A fé da Igreja lança raízes em textos bíblicos que se repercutem na piedade popular, na reflexão teológica e nos ensinamentos do Magistério. A fé da Igreja olha a novidade do que acontece em Maria, a partir de Jesus, seu Filho, morto e ressuscitado. Como diz o povo cristão: Tal Filho, tal Mãe!
Lucas terá ouvido da boca de Maria o episódio da anunciação e, como hábil escritor, reveste-o de singular beleza. O leitor é convidado a entrar em cena, a visualizar os personagens, a vibrar com a progressão do diálogo e a aguardar o desfecho com ansiedade. (Lc 1, 26-38). Maria revela, de forma exemplar, o ser humano e seu modo de proceder para tomar decisões responsáveis. Escuta a saudação, manifesta surpresa e susto, sente-se livre e dá voz às perguntas que a assaltam, acompanha as explicações que traduzem o querer de Deus, interioriza o convite/vocação, fica disponível para a missão que lhe é confiada. E que missão?! O evangelho de Lucas faz-nos ver os passos que se seguem e ler os relatos do seu registo.

Gabriel, o anjo da anunciação, saúda Maria, desvelando a verdade da situação espiritual em que se encontrava. Ela, a noiva de José, é a agraciada de Deus em plenitude, a que o Senhor tem na sua companhia. Ela, a pobre filha de Ana e Joaquim, cresceu e foi educada na casa de seus pais e na sinagoga local, sonha com o matrimónio e vive o noivado, atrai o olhar benigno do nosso Deus que a vem convidar para uma nova aventura, uma ousadia singular. Ela, que dialoga à procura da verdade, decide-se a obedecer livremente. E a liberdade de Maria, luz que ilumina o exercício da nossa liberdade, manifesta-se, agora na opção esclarecida, depois na comunhão colaborante e na consumação final que revela a coerência de quem obedece em liberdade. E ela, qual rosto emblemático da pessoa livre, é dada por Jesus, seu Filho, antes de morrer, a toda a humanidade como Mãe.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Alunos da UA promovem sorrisos de Natal

Alunos da UA mobilizam-se 
para pôr um sorriso de Natal 
na cara de quem mais precisa


«Alargado este ano a instituições de apoio aos mais carenciados situadas nos distritos de Aveiro, Coimbra e Leiria, na Universidade de Aveiro (UA), o projeto ShareToy já começou a mobilizar a comunidade da Universidade de Aveiro (UA) para a recuperação de brinquedos. Após a sessão de 28 de novembro, as seguintes estão previstas para todas as quartas até 19 de dezembro, entre as 15h00 e as 18h00, e já começaram a mobilizar alunos da UA de diferentes áreas do saber.

“Os que não sabem reparar, aprendem com os que já têm alguma experiência. Todos são bem-vindos”, desafia Dilan Nunes. Bem poderia ser este o lema das sessões do ShareToy na perspetiva do coordenador do Núcleo de Robótica Diversificada (NERD) da Associação de Electrónica, Telecomunicações e Telemática da UA (AETTUA), grupo de promove o projeto em articulação com o Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) - Student Branch da UA.»

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Um poema de Paula Pinto para este tempo



TEMPO

Tenho medo de não ter
Tempo para vos ver
Homens feitos neste mundo
Composto de retalhos
Entre o amanhecer
E o anoitecer!

A minha mente está cansada
De compor palavras
Perdidas no tempo
Que ficam esquecidas por aí!

Tenho medo de não ter tempo
De ver o vosso sorriso
Envelhecido pelo tempo!

Tenho medo de não ter tempo
Para correr contra o tempo
Agarrar o vosso sorriso
E ficar a ver o vosso rosto
A envelhecer!

Tempo para  tempo
De agarrar o tempo!

Paula Pinto

In “Poetas de um Tempo Presente”
Edição da Confraria Camoniana de Ílhavo

Dia Internacional das Pessoas com Deficiência


Hoje, 3 de dezembro, comemora-se o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, por iniciativa das Nações Unidas, desde 1998. Como todas as datas celebrativas, esta também pretende chamar a atenção «para uma maior compreensão dos assuntos relativos à deficiência e à mobilização para a defesa da dignidade, dos direitos e do bem-estar destas pessoas».
O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência pretende, este ano, «garantir a inclusão e a igualdade» de todos, chamando a atenção para objetivos relacionados com uma vida digna, sem preconceitos. Sabendo que cada ser humano tem, de alguma forma, certas deficiências, urge prestar mais atenção aos que necessitam de ajudas específicas, sem ofender a sua liberdade e autoestima.

domingo, 2 de dezembro de 2018

O Pai Natal pede!


O Natal é a festa do “DAR”. Dar Amor, Dar Solidariedade, Dar Alegria, DAR… O Natal é de todos, mas de maneira mais especial das crianças. O saudoso Pai Natal sai à rua, com os seus duendes para presentear a pequenada que se portou bem durante o ano. 
Sabe-se que a fábrica do Pai Natal cumpre os rigorosos critérios de certificação na elaboração dos seus brinquedos, para que nenhuma criança possa ter um acidente, ou ficar doente. No entanto, existem alguns duendes mais descuidados que se esqueceram de ler o manual de segurança. Por este motivo é sempre importante, que os adultos façam a vistoria. 
Em 2018, os pais e encarregados de educação são nomeados “inspetores” da segurança dos brinquedos. A DECO atesta que a existência do símbolo CE colocado nos brinquedos não é garantia da sua segurança, referindo que é sempre importante cautela e escrutínio. É também necessária uma particular atenção a brinquedos enviados através da net. 
A seguinte informação é indispensável a um brinquedo seguro:

Liturgia cristã e ecologia?

Bento Domingues

«... o Papa Francisco tentou estabelecer uma ponte entre a Ecologia e a Liturgia, para que o uso das descobertas científicas, das novas tecnologias, o exercício das actividades económicas, financeiras e políticas se inscrevam no destino universal de todos os bens.»

1. Comecemos pelo mais elementar, pois custa-me ver a milenar herança cristã esquecida ou ignorada. É muito provável que a intervenção pública de Jesus de Nazaré se tenha exercido, em contexto judaico, entre os anos 28 e 33 da nossa era. Foi, porém, em Antioquia que, pela primeira vez, os seus seguidores começaram a ser chamados cristãos, isto é, discípulos de Cristo, o Messias esperado. Devido à mesma significação, foi aportuguesada tanto a palavra da tradução grega da Bíblia como a de origem hebraica. A expressão Jesus Cristoexprime a condição humana e divina do Nazareno. Por cristianismo entende-se o movimento dos seguidores de Cristo, através dos séculos, embora com uma história muito plural e cheia de tensões, desde o começo [1].

sábado, 1 de dezembro de 2018

“É PRECISO MAIS PARA QUE FALTE AINDA MENOS”

Bancos Alimentares apelam à contribuição 
em  nova campanha de recolha de alimentos


A campanha conta com a participação de 42 mil voluntários e o contributo de todos nós vai permitir apoiar 400 mil pessoas, através de 2600 instituições de solidariedade social. Hoje e amanhã,  os Bancos Alimentares  Contra a Fome contam com a nossa comparticipação, junto supermercados e demais superfícies comerciais. A campanha prolonga-se até 9 de dezembro. 

Pode ler mais aqui 

NOTA: Todos sabemos que há fome em Portugal e que os serviços do Estado não conseguem garantir o apoio, urgente e necessário, aos mais pobres dos pobres. Também sabemos que o mais importante seria que todos os portugueses tivessem trabalho, com direito a um salário justo, mas tal não acontece. Nem sei se em alguma sociedade a chaga da pobreza  é inexistente. Daí as ações dos Bancos Alimentares e outras instituições para colmatar a dificuldade de responder objetivamente à pobreza no nosso país. Contudo, se todos pudéssemos  matar a fome aos pobres que nos rodeiam, seria um excelente princípio. 

Mandela: a liberdade e o perdão

Anselmo Borges

Em mais uma homenagem da Academia das Ciências a Nelson Mandela, no passado dia 20 de Novembro, também participei com uma comunicação, de que fica aí o essencial. 

1. Há uma experiência de fundo: o ser humano não é objecto, coisa. Olhamos para as coisas como um "isso", mas olhamos para os seres humanos como um "alguém". Alguém que é um "tu" como eu e, ao mesmo tempo, um tu que não sou eu: outro eu e um eu outro, formando um "nós". O outro, no seu rosto e olhar, impõe-se-me como um "alguém corporal", a visibilidade de uma interioridade inacessível que se mostra e impõe. 
A experiência radical de não se ser coisa dá-se na consciência da liberdade. Cada um, cada uma, faz a experiência originária de ser dado, dada, a si mesmo, a si mesma, experiência que se explicita na consciência de autoposse. Somos senhores e donos de nós. Muito cedo, a criança é capaz de dizer ao pai ou à mãe: não és minha dona, meu dono. Pertenço, antes de mais, a mim próprio, a mim própria. 
Claro que a liberdade não é demonstrável. Aliás, se o fosse, não seria liberdade, mas coisa. A liberdade apresenta-se nesta experiência de autoposse e, consequentemente, na experiência de responsabilidade: respondo por mim e pelo que faço. Dada a neotenia - vimos ao mundo por fazer -, temos pela frente a tarefa essencial, constitutiva: fazermo-nos a nós mesmos, uns com os outros, no mundo. Poder-se-ia acrescentar que a experiência da liberdade é uma experiência transcendental: a liberdade afirma-se, mesmo na sua negação. De facto, se tudo estivesse sob o determinismo, não seria possível pôr a questão da liberdade e do determinismo enquanto tal.