quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Tancos : Uma vergonha

Francisco Seixas da Costa

«Tancos é uma vergonha. Começa por sê-lo para as Forças Armadas, cujas chefias não foram capazes de assumir as suas responsabilidades. A hierarquia de turno não soube tomar a decisão óbvia - demitir-se –, face a uma flagrante incompetência de gestão, não percebendo que assim colocou em causa a honra e o prestígio, nos planos interno e externo, das nossas Forças Armadas. Estas já provaram que são bem mais capazes do que a imagem que esta sua chefia conjuntural agora projetou. A coreografia disciplinar evidenciada após a revelação do assalto já tinha mostrado uma aliança entre o pior corporativismo e a inépcia, perante a gargalhada e o sorriso amarelo de um país que tem a sua “tropa” em bem melhor conta. O que depois se veio a saber sobre as moscambilhas da Polícia Judiciária Militar excede tudo quanto, de ridículo, se supunha plausível. Ora se as chefias militares não estavam, como era evidente, à altura da situação, o poder político teria feito melhor em tê-las “ajudado”, a tempo e horas, afastando quantos, ao menos por omissão, se revelaram abaixo dos mínimos exigíveis. O poder político - presidente e governo - deveriam ter sabido medir melhor a fronteira que existe entre o “tratar com pinças” os militares, atitude que faz parte da nossa cultura de gestão política no quadro do compromisso constitucional, e o custo público de uma longa e penosa hesitação, que acabou por ter o preço de um ministro da Defesa e que agora coloca o comandante-supremo numa escusada atitude defensiva.»

Faço minhas as palavras de Francisco Seixas da Costa

terça-feira, 6 de novembro de 2018

ÍLHAVO: Festival Gastronomia de Bordo

Fotografia do CDI

De 14 a 18 de novembro embarcamos numa aventura de degustação, que nos remete para as longas campanhas de pesca do Bacalhau nos mares gélidos do Atlântico Norte. Esta é uma informação do CDI (Centro de Documentação de Ílhavo), onde sobressai o anúncio do Festival de Gastronomia de Bordo. 
Refere o texto informativo que se «projeta para os dias de hoje a gastronomia, tradicionalmente produzida a bordo das embarcações de pesca longínqua». E refere, como exemplo, a famosa Chora, «uma sopa feita com a cabeça do bacalhau que deu mote a alguns ditos entre os homens nos navios “quem come chora, tem de cá voltar”». 

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Casal de rolas com ar tranquilo


Pelo jeito, é um casal de rolas. Macho mais emproado e fêmea mais tímida. O que os prende ali? Hora de descanso em tarde invernosa? Pensativos quanto ao futuro? Filhos que desapareceram? Temerosos pelas tempestades anunciadas? Fome? Sonhos de uma primavera que há tempos se foi? Terão avistado caçadores? Algum milhafre à vista? Que será? Contudo, parecem tranquilos. Há sempre uma explicação ou hipótese para a vida.

F. M. 

Um cristão não pode ser um antissemita


“Um cristão não pode ser um antissemita: 
Nós compartilhamos as mesmas raízes"

Papa Francisco 

NOTA: Quem conhecer minimamente a história do povo judeu saberá, certamente, que os judeus foram o povo mais perseguido da história, em especial depois da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Razão tem, pois, o Papa Francisco.

Evocando Sophia no dia do seu nascimento


“Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.”

Um poema de Sophia

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Prémio Internacional de Ilustração em Porcelana


«O Prémio Internacional de Ilustração em Porcelana é uma iniciativa da Vista Alegre e da Tcharan Editora, em parceria com o Município de Ílhavo, que procura enaltecer a união entre a porcelana Vista Alegre e a ilustração, que terá em 2019 a sua 1.ª Edição. De periodicidade anual, este prémio tem o objectivo de potenciar a ilustração em porcelana, encorajando a construção de diálogos entre a ilustração e o material cerâmico – um suporte distinto que abre novos caminhos à exploração artística.»

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NOTA: A célebre fábrica de porcelana Vista Alegre é, sem margem para dúvida, um ex-líbris do nosso concelho. Mundialmente conhecida, com presença garantida nas mais luxuosas mesas de um alargado horizonte, a Vista Alegre honra Portugal e os artistas que nela deixam marcas inconfundíveis das suas multifacetadas sensibilidades. Os meus parabéns pela iniciativa. 

domingo, 4 de novembro de 2018

Aliança entre jovens e idosos

Frei Bento Domingues


1. Décadas de frustrações tornaram muitos católicos, jovens e adultos, cépticos acerca das iniciativas inconsequentes da chamada pastoral da juventude. Desde há mais de três mil anos que os velhos se queixam das novas gerações. Mas, como terá dito Confúcio, é melhor acender uma vela do que amaldiçoar as trevas. 
Alegrei-me muito com o testemunho eufórico do cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila, acerca do que tinha vivido em Roma: nós, os bispos, perguntamos muitas vezes o que podemos fazer pelos jovens; agora vi o que eles fizeram por nós; tornaram-se a escola dos bispos. Este percebeu o que deve ser um sínodo: um tempo de escuta, de aprendizagem, de conversão, de mudança. Não pode ser um faz de conta: os jovens que falem à vontade, mas a boa doutrina é a nossa; é nosso e só nosso o verdadeiro magistério da Igreja que ensina e não recebe lições desses irresponsáveis verdes anos. 
Senti-me muito longe do espírito do Grande Encontro da Juventude – Os novos escolhem Deus – (20-21 de Abril de 1963), realizado em Lisboa, congregando à volta de 60 mil jovens de todo o país. Julgava-se que se podia responder a uma grave crise social, cultural, religiosa e política com uma solene e cega afirmação de rua [1]. 
Espero que o próprio Instrumentum Laboris [2] não seja abolido, mas refeito, periodicamente, com os contributos do Sínodo e com o intercâmbio de novas práticas a nível internacional. Uma das críticas mais pertinentes ao próprio funcionamento do Sínodo foi o da descriminação das mulheres. Nenhuma das convidadas – ao contrário dos homens – pode votar o texto final. O cardeal alemão Reinhard Marx observou: quando se trata de poder, fica-se com a impressão de que a Igreja é, em última análise, uma igreja masculina. É uma situação que tem de ser superada em todo o mundo. 

Dia Nacional da Igualdade Salarial

Domingo, 
4 de novembro 



Com uma democracia adulta, 44 anos, em Portugal, as mulheres continuam discriminadas a vários níveis, o que nos leva a pensar que algo vai muito mal neste país e no mundo, por todos fecharmos os olhos às injustiças das nossas sociedades. 
Hoje é o Dia Nacional da Igualdade Salarial, razão mais do que suficiente para nos debruçarmos sobre o porquê de as mulheres, executando as mesmas tarefas que os homens, receberem salários inferiores. E o mais curioso é que as instâncias democráticas, que tanto e tão bem pregam a justiça social, não conseguem ser capazes de decretar a igualdade salarial em relação aos homens. 
Todos sabemos que as mulheres começaram, desde há muito, a ocupar lugares de destaque em vários setores, nomeadamente, a nível académico, educacional, médico, científico e artístico, entre outros. Contudo, as mulheres trabalhadoras permanecem em situação deplorável quando, no fim do mês, recebem menos do que os homens, executando as mesmas tarefas.

Fernando Martins

sábado, 3 de novembro de 2018

Com o cadáver da esperança às costas

Ainda sobre os dias 1 e 2 de Novembro: 
Dois dias para a morte e o sentido 

Anselmo Borges

Por mais arrogante que se seja e se padeça do complexo da omnipotência, ninguém, a não ser que pense suicidar-se antes, pode dizer: Até amanhã, se eu quiser. Dada a constituição corpórea do ser humano e a sua consciência antecipadora, toda a pessoa adulta e consciente, que reflecte, sabe, embora com um saber paradoxal, pois ninguém se pode conceber a si mesmo morto, que é mortal e que a morte é o limite inultrapassável. Ninguém rouba a morte a ninguém, cada um morrerá na sua vez. E as sabedorias ancestrais e as religiões e as filosofias lembraram sempre a cada um: "lembra-te de que és mortal"; aos generais romanos vitoriosos, na corrida para a celebração do triunfo, havia um escravo que lhes ia sussurrando ao ouvido o dito, em latim: "memento mori" (lembra-te de que és mortal); "sic transit gloria mundi" (assim passa a glória mundana): lembrava ao Papa na sua coroação o mestre-de-cerimónias enquanto queimava uma mecha de estopa; os gregos definiam os humanos frente aos deuses, imortais, como "os mortais".

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Do outro lado do canal


Nós, os da Ria de Aveiro, estamos convencidos de que conhecemos todas as paisagens lagunares, mas não é verdade. Conhecemos apenas de longe e muitos de nós, se calhar, nunca ou muito raramente saímos da terra firme por onde deslizam os carros e demais veículos motorizados ou a pedais. Ou a pé. Somos apenas, atreve-me a dizê-lo, uns sonhadores das nossas belezas naturais. Direi até, puros analfabetos. Os anos passam e nunca ousamos navegar pelos múltiplos canais da nossa Ria, por esta ou aquela razão.  
Esta foto, que registei há tempos,  levou-me a perguntar: mas o que é aquilo que está à vista, apenas separado pelas águas de um azul tão forte, que desafia  a nossa imaginação?