segunda-feira, 13 de junho de 2016

S. Miguel — A Ilha Verde










Se tivesse de rebatizar a Ilha de S. Miguel, nos Açores, garanto a todos os meus amigos e leitores que lhe daria o nove de Ilha Verde. Sim, verde! E verde porque é a cor que predomina quando saímos das povoações, do roncar dos carros acelerados em cruzamentos, rotundas e ruas estreitas. Verde porque é a cor do pasto que a chuva vai regando frequentemente para alimento das vacas leiteiras, que se avistam ao perto e ao longe. Verde porque é a cor da esperança e da certeza de que o bem-estar de muitos micaelenses depende da verdura dos prados nos vales e nas encostas. E agora apreciem algumas imagens que registei.

ÍLHAVO: “Olhos sobre o Mar”

Concurso de Fotografia 
de temática marítima

Boca da Barra
A Câmara Municipal de Ílhavo encontra-se a promover a edição 2016 do Concurso de Fotografia de Temática Marítima “Olhos sobre o Mar”, Aberto a todos os fotógrafos profissionais ou amadores, o tema do Concurso é “O Mar” em todas as sua vertentes e tem caráter territorial exclusivamente nacional (terrestre ou zona marítima exclusiva). Dividido em duas secções (cor e preto e branco), cada participante pode apresentar até um máximo de três fotografias por secção.
Este Concurso conta com o apoio da Direção-Geral das Artes e do Diário de Aveiro.
A data limite de receção das fotografias a concurso é 24 de junho de 2016 (data de correio).
Mais informações pelo e-mail geralcmi@cm-ilhavo.pt , pelo n.º de telefone 234 329 600 ou em www.cm-ilhavo.pt/p/olhossobreomar . 

Fonte: CMI

Casa da Música da Gafanha da Nazaré – Obras já se iniciaram

Velho edifício vai dar lugar à Casa da Música
Iniciou-se hoje a construção da Casa da Música da Gafanha da Nazaré, através da “Requalificação das instalações da Cooperativa de Consumo Gafanhense”, adjudicada à firma Teixeira, Pinto & Soares,  Lda pelo valor de 60 720 642 euros+ IVA.
Com esta obra, a Câmara Municipal de Ílhavo cumpre o objetivo de criar um equipamento cultural que acomode condignamente as Associações da Freguesia da Gafanha da Nazaré que se dedicam, especialmente, à promoção do folclore e do ensino e prática de música.
Esta obra tem um prazo de execução previsto de 14 meses.

Fonte: CMI

A nossa gente — Maria Andrelina Teixeira

“Só temos uma vida 
para cumprir o projeto de Deus”


Neste mês de junho, em que se realiza o VIII Acampamento Municipal de Escuteiros, dedicamos a rubrica “a nossa gente” a Maria Andrelina Teixeira. 
Maria Andrelina nasceu a 4 de fevereiro de 1945, na freguesia de Mancelos, Concelho de Amarante. Devido ao falecimento do pai, foi, com apenas oito anos de idade, estudar para Angola (Huambo/Nova Lisboa) no Colégio Interno “S. José de Cluny”, por orientação de um irmão que é sacerdote. 
A desordem que se começava a sentir em Angola impôs o regresso a Portugal. Em Anadia, continuou os seus estudos na mesma Congregação até ao então 7.º ano, que lhe deu acesso ao Curso de Assistente Social, em Coimbra. 
Já licenciada, regressou a Angola, desta vez à cidade de Cabinda, para lecionar na Escola Comercial e Industrial. Seguiu-se a cidade de Saurimo, onde trabalhou, como Assistente Social, em Jardins de Infância e com deficientes motores, aquilo que mais gostava de fazer.
Em 1974, voltou a Portugal com a oportunidade de trabalhar em Aveiro. Estava, então, a ser implementado o Serviço de Ação Social Escolar, projeto que abraçou com dedicação e empenho até ao momento da sua aposentação.

domingo, 12 de junho de 2016

João Gonçalves — O padre das prisões

“Eu acredito em super-heróis.
Para mim, ele é um deles”

Inês Leitão
«“O padre das prisões portuguesas – ensaio baseado na vida do padre João Gonçalves” é lançado na próxima terça-feira, às 17 horas, na Feira do Livro de Aveiro. O Diário de Aveiro conversou com a autora, Inês Leitão, que já antes, juntamente com a irmã, fizera um documentário sobre João Gonçalves, coordenador da Pastoral Penitenciária portuguesa e presidente da instituição social Florinhas do Vouga Diário de Aveiro: Depois de um documentário, lanças agora um livro sobre o padre João Gonçalves. O que se pode encontrar nesta nova obra? Inês Leitão: Este livro é o resultado de muitas horas de entrevista que fiz ao padre João Gonçalves na parte da “repérage” e durante a investigação para o documentário. Fiquei a viver em Aveiro durante uma semana - eu nunca tinha estado em Aveiro - e grande parte das minhas horas serviram para conhecer melhor o padre João através de entrevistas gravadas em áudio e de amigos ou pessoas próximas dele. Foram muitas horas de material e achei que não podia ficar tudo para mim. Tinha de o mostrar. Não sei se a linha que escolhi faz jus àquilo que, para mim, é a figura do Padre das Prisões. Espero que faça.»

Fonte: Diário de Aveiro (Texto e Foto)


NOTA: Sobre o Padre João Gonçalves, pode ler mais aqui, em entrevista que me concedeu.

Olhares sobre Aveiro

Av. Santa Joana
Cruzeiro séc.XV
Fórum
Fórum
Fórum
Fórum
Fórum
Museu de Santa Joana
Uma semana ausente da região, passei hoje por Aveiro para ver como estava. Sempre bonita, sempre arejada, sempre acolhedora. Pouco tempo, mas deu para visitar a Sé e apreciar o seu Cruzeiro de S. Domingos, séc. XV, que está resguardado no templo dedicado a Nossa Senhora da Glória. A réplica está no largo fronteiriço. 
Registei imagens da Av. Santa Joana e do Museu dedicado à Padroeira da cidade e diocese de Aveiro, cujo processo de canonização será reaberto, segundo creio, conforme prometeu o nosso Bispo, D. António Moiteiro. 
Depois fui ao Fórum. Alertaram-me para algumas alterações, que confirmei. Novos espaços e mais modernos, sobretudo na área da restauração. Mobiliário de linhas simples e funcionais, recantos acolhedores, boa decoração e garantias de que haverá bons motivos para tomar refeições, tomar um café ou chá, silêncio para ler um jornal, revista um livro. Aconselho, naturalmente.

Assembleia da República recomenda medidas no Porto de Aveiro


«A Assembleia da República (AR) recomenda ao Governo a implementação de quatro medidas de protecção face à descarga de coque de petróleo no Porto de Aveiro, conforme foi publicado no Diário da República na passada quinta-feira. A AR pretende que seja garantido, “em articulação com as entidades competentes, a conclusão de medidas mitigadoras” relativamente àquelas através da construção, no cais comercial, da barreira eólica contra ventos dominantes; uma bacia de contenção de lixiviados e da estação de tratamento, a instalação permanente de uma estação de monitorização da qualidade do ar e a plantação de uma barreira arbórea protectora entre o porto comercial e as habitações da Gafanha da Nazaré e a instalação nesta localidade de uma estação de monitorização da qualidade do ar na envolvente do Porto de Aveiro.»

Li no Diário de Aveiro

As freiras e o Papa

Crónica de Frei Bento Domingues 

Papa e Freiras
1. Diz-se que entre as coisas que o Espírito Santo ignora é o nome e o número das congregações religiosas femininas. Não é segredo para ninguém que muitas estão em crise, o que pode baralhar ainda mais as contas. Ao contrário do que muita gente pensa, não são uma espécie em extinção. É verdade que nenhuma tem promessa de eternidade, mas ao longo da história da Igreja, quando algumas desaparecem surgem outras. Deslocam-se, de país para país, de continente para continente muito mais depressa do que as comunidades masculinas. Estão, por vezes, com muitas dificuldades num país ou num continente e cheias de vigor noutros. Entre as de vocação contemplativa, há semelhanças e diferenças, mas entre as de vida activa, variam mais os estilos e a história do que os carismas propriamente ditos.
Perguntar se o futuro da Igreja é também feminino é ridículo. O livro [1], recentemente publicado, com esta interrogação é muito estimulante para pensar o papel das mulheres na Igreja, que se encontram sempre nas periferias mais arriscadas e nas intervenções mais inovadoras.
A interrogação não me espanta. Segundo as narrativas do Novo Testamento - alterando os esquemas da situação da mulher no judaísmo – foram elas que ressuscitaram a fé e a esperança do movimento cristão, nos ânimos dos discípulos, abalados com a crucifixão das suas espectativas de poder.
Os homens nunca lhes perdoaram esse atrevimento e depressa arranjaram doutrinas para as secundarizar a nível da direcção das comunidades e da presidência da celebração dos sacramentos, especialmente da Eucaristia.
Esqueceu-se que mulheres e homens, na Igreja, são todos sacerdotes pela mesma razão sacramental: não existe um baptismo próprio para homens e outro próprio para mulheres! A sacramentalidade da identidade cristã exprime-se no baptismo e alimenta-se na celebração da Eucaristia, cuja simbólica é uma refeição familiar, de muitas famílias. Jesus, aliás, exprimiu o seu projecto fazendo família com quem não era da sua família.

sábado, 11 de junho de 2016

AÇORES: Mar e mais Mar



















É do entendimento geral que o mar é uma constante nas ilhas oceânicas. S. Miguel não foge à regra. De qualquer canto, de perto ou de longe, é possível ver o mar… Se eu tivesse uma potente máquina fotográfica outro galo cantaria. O que mostro é, pois, algo do que foi possível registar, em especial dos miradouros, que os há em qualquer sítio. E de cada um o mesmo panorama, com cambiantes e motivos diferentes. Sempre agradáveis de ver, naturalmente. 
O viajante quase tem acesso de carro a inúmeros miradouros. Num ou noutro, com grande esforço para mim, lá ia conseguindo subir, valendo o sacrifício pelo prazer do deslumbramento. Sem legendas… para já.

O Papa das perguntas sem resposta

Crónica de Anselmo Borges 

O Papa que abraça
Para perceber o que se passa com o Papa Francisco, impõe-se escutar aquele que é ao mesmo tempo seu conselheiro e talvez o melhor intérprete, o jesuíta Antonio Spadaro, director da revista La Civiltà Cattolica. Faço-o a partir de uma entrevista que deu a José Manuel Vidal.

1. Francisco tem enorme impacto na Igreja e "em todo o mundo". Nas sondagens internacionais, "constatámos que é o líder mais credível do mundo, comparado com os grandes líderes políticos e morais da história. O seu grau de aceitação é elevadíssimo". Nas redes sociais, bateu todos os recordes. "Um líder moral com autoridade reconhecida não só pela base, mas entre os líderes políticos mundiais", diz Vidal. Resposta: "Sim, é incrível. Porque as pessoas entenderam que o sentido da verdadeira autoridade está na proximidade. Estamos a passar de uma imagem constantiniana, imperial, a um pontificado que pouco a pouco está purificando e simplificando o papado, levando-o para a imediatidade evangélica."
Dentro deste reconhecimento mundial, Francisco procura "construir pontes". Fala tranquilamente com Obama, Putin ou outros líderes mundiais. Procurou mediar conflitos como os de Cuba e Colômbia. "Tudo isto significa que se move muito livremente no cenário global", de modo próximo, mas em busca do possível, "com muito realismo". Quanto à Rússia, "deu-se conta de que deve estar incluída no processo de pacificação do mundo. Como a China. O grande amor que tem pela China nasce da consciência de ela ter um peso político muito forte e uma tradição cultural de enorme sabedoria". Aliás, "é certo que a Ásia é um continente que contém o gérmen do futuro". É possível uma visita à China? "Parece", embora não no imediato.

A QUEM MUITO AMA, MUITO SE PERDOA

Reflexão de Georgino Rocha


Jesus aceita o convite para tomar uma refeição. Ao contrário de João Batista, aprecia a mesa, o convívio e a festa. Gosta de estar com as pessoas, de as ouvir, de ter presente as suas situações de vida, alegrias e tristezas. Por vezes, provoca “cenas” inesperadas de que, como bom mestre, tira partido para desvendar a outra face da vida e manifestar a novidade da mensagem que anuncia e fica patente em atitudes contrastantes e olhares expressivos, conservados em relatos belos e narrativas apelativas.
Um fariseu, de nome Simão, é protagonista de um episódio muito significativo. Convida Jesus para uma refeição em casa e ela aceita. E deixando perceber o desejo profundo de o ouvir, logo lhe indica o lugar à mesa, distinguindo-o entre os convidados. Não se recorda de mais nada, nem sequer dos rituais de hospitalidade. Aguarda com natural expectativa o início da conversa. Tem o seu coração centrado nessa única preocupação, tal era a convicção que foi “construindo” com o que se dizia a respeito do mestre da Galileia. Dispunha de uma oportunidade única e queria aproveitá-la ao máximo.
Acontece, porém, o inesperado. Aquele ambiente tão selecto, vê-se perturbado com uma presença estranha e, absolutamente, despropositada: Uma prostituta, bem conhecida na cidade, entra pela sala dentro, dirige-se a Jesus, prosta-se a seus pés, banha-os com lágrimas abundantes, enxuga-os com os cabelos, derrama-lhes perfume de qualidade e, entre soluços, continua a acaricia-los com desvelo.

A Publicidade

Crónica de Maria Donzília Almeida

Material 
OpaII
OpaIII
Almoço
“O verdadeiro sinal de inteligência 
não é o conhecimento, 
mas sim a imaginação.”

Einstein

Corroborando o pensamento em epígrafe, se há uma área onde a imaginação é o motor de toda a sua atividade, chama-se Publicidade.
Foi com este objetivo que os formandos da disciplina de Comunicação/Marketing da US partiram, rumo à capital do norte, para a visita de estudo a uma agência de publicidade, dinamizada pelo Prof. João Silva. O regresso à Invicta Cidade……que já rescende a manjerico, num prelúdio das festas sanjoaninas! O nosso alvo foi a agência Opal, sediada em pela Avenida da Boavista, na Fonte da Moura.
Fomos guiados pelo seu jovem Diretor Criativo, que nos confidenciou a sua faceta de músico, posta ao serviço do seu trabalho. Iniciou com a apresentação de um vídeo sobre a agência, os diversos setores e a atividade dos vários intervenientes no processo.
Confirmámos, in loco, as aprendizagens muito úteis que fizemos nas aulas do Prof. João.
A publicidade é uma atividade profissional dedicada à difusão pública de empresas, produtos ou serviços, especificamente, propaganda comercial.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Encontro com a Alda Casqueira em S. Miguel

Alda, Fernando e Lita
Longe da nossa terra natal, é sempre agradável encontrar conterrâneos amigos. Hoje tive o privilégio de conversar um pouco com a Alda Casqueira numa esplanada de Ponta Delgada, com marina à vista. Já não a via há muito, mas sabia que se tinha fixado nos Açores por razões de trabalho. Teve a gentileza de me contactar e marcámos encontro para um café. Veio acompanhada pela sua filhinha Alice, criança que gosta de sorrir. E falámos da sua vida aqui, depois de me recordar o seu percurso profissional como Educadora de Infância. Aqui casou e é feliz. A felicidade das pessoas vê-se e pressente-se à distância. Muito mais ao perto, naturalmente.
Não foi preciso perguntar pelas saudades da nossa Gafanha, porque tal sentimento brota espontaneamente. Não conheço gafanhão que não evoque recordações das suas origens onde quer que se encontre. E quando são dois ou mais gafanhões, à mesa do café ou noutro sítio qualquer, é certo e sabido que nunca se cansam de trazer à conversa a necessidade de saber novas da terra e suas gentes. 
Gostei de saber que a Alda continua a ser uma Educadora de Infância que aposta sistematicamente na inovação, porque não é pessoa que se acomode. E porque é artista, com a música sempre a brotar no seu âmago, a Alda está envolvida num projeto que é uma mais-valia para o seu currículo e para o bem das crianças. Mas disso falarei mais tarde, porque o que é bom tem de ser tratado com mais cuidado e com mais tempo. A promessa aqui fica, com os meus votos dos maiores sucessos para a nossa conterrânea Alda Casqueira.

terça-feira, 7 de junho de 2016

AÇORES: Ponta Delgada

Entrada no Forte
Vista de cima do Forte
Vista geral do porto
Hoje, 7 de junho, estamos em Ponta Delgada sob aviso laranja. Chove e o sol não dá sinal de vida. Temporal lá mais para diante. E quando o rei autorizar, com luz e calorzinho, a cidade espera-nos. Será uma boa ocasião para um certo repouso e para algumas leituras. Prevista está a visita à cultura do chá que Raul Brandão registou no seu livro “As Ilhas Desconhecidas” e que eu tomo como guia. Há outros, naturalmente, de produção turística que recomendo, mas desta feita fico-me pela prosa poética de Raul Brandão. Sou assim.
A propósito do chá, por onde passámos ontem, diz o escritor: «O melhor chá dos Açores, delicado e aromático, tomei-o na Gorriana (Agora Gorreana), na casa fidalga do senhor Jaime Hintze, toda ao rés-do-chão e caiada de amarelo, entre o bulício alegre da vida rústica, num lar que a bondade de sua esposa santifica.» É claro que não poderemos sentir a bondade que santifica da esposa do proprietário, mas acredito que alguém por ali tenha herdado o espírito bondoso que Raul registou.
A cidade de Ponta Delgada tem muito que ver. Entrámos no Forte de São Brás para apreciar o Museu Militar, que nos faz recuar no tempo em que as ilhas açorinas foram palco de lutas sangrentas. Há de tudo no museu. Armas de várias épocas, realmente dignas de museu. Documentos, pinturas, cartas, objetos pessoais do dia a dia do pessoal militar, cozinha de campanha, canhões antiaéreos, baterias, instrumentos musicais, etc. Do cimo do Forte pode contemplar-se a cidade e o mar que a acaricia ou a agride, conforme a sua disposição do momento.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

AÇORES: Furnas, mar e outros horizontes

Cascata
Cascata em vale
"Enterro da panela"

Cozido está pronto

Caldeiras 
Viajar é garantidamente um ato cultural. O viajante absorve muito do que ouve, vê e sente. Adapta-se a novas formas de vida, respira ares diferentes, contacta com culturas diversas, abre-se a horizontes mais largos. Por razões variadas não tenho viajado muito. Conheço um pouco de Espanha, passei como gato por cima de brasas pela Bélgica, estive em França duas vezes, passei uma semana na Alemanha. E os meus olhares e memórias ficam-se por aí. 
De Portugal, conheço mal o Alentejo e razoavelmente o resto do nosso país. Uma semana na Madeira e uns dias agora em S. Miguel. Nada mais. Mas é natural que sonhe com outras viagens, embora comecem a rarear as oportunidades para isso. Canso-me imenso nas caminhadas a quem nenhum viajante pode escapar. Resta-me a leitura para preencher e enriquecer a minha ânsia de contactar com outros povos e outras paisagens.
Agora nos Açores tive já o prazer de me deslumbrar com uma terra diferente da que todos os dias me envolvem na minha terra natal. Manhã cedo saímos de Ponta Delgada para horas de carro. As   Caldeiras, ao lado da Lagoa das Furnas,  foram as primeiras metas. Em Lagoa das Furnas assistimos ao “enterro” de panelas do célebre Cozido das Furnas. Depois, cova aberta, apreciámos a retirada as panelas do calor vulcânico e seguimos para o Restaurante Tonys, onde havia mesa reservada para o almoço. O restaurante foi literalmente invadido e ocupado por estrangeiros, no meio dos quais estávamos nós. Bem comidos e bebidos com conta peso e medida, seguimos para a freguesia de Salga do concelho do Nordeste, cuja vila estava marcada nas etapas deste dia.
Miradouros em cada canto, todos a oferecerem vistas deslumbrantes, aqui e ali incomodadas por nevoeiros densos. Aliás, neste giro convivemos com as quatro estações do ano, como é típico de S. Miguel. Ora estava sol que acalenta e nos oferece panoramas largos, ora surgia o nevoeiro cerrado que limitava o que merecia ser visto, ora chovia e ventava, ora nos atacava  o frio desesperante. 
O mar que nos acompanha desde a chegada, que se vê imensas vezes, mas que de repente foge dos nossos pontos de mira, para reaparecer com toda a sua majestade quando menos se espera, faz parte integrante da vida dos açorianos e de quem os visita. E nós gostamos, realmente, da sua companhia. Já alguém imaginou o que seria o mundo sem mar? 
Ruas estreitas, é certo, com vacas por cada esquina que rapavam a erva verdinha e deitadas a ruminavam, flores e mais flores que demarcavam propriedades e estradas, piscinas termais e outras que as populações e turistas usufruem, morros e serras a quebrarem a monotonia, tornando tudo mais belo, cascatas e zonas ajardinadas cuidadosamente preparadas para acolherem quem chega ou passa, de tudo um pouco vimos neste dia que as minhas palavras não conseguem descrever por falta de arte. O cansaço também contribui para este pobre registo do meu diário.


São Miguel: Sete Cidades e arredores

Um pouco do muito que vimos







Em 30 de julho de 1926, Raul Brandão esteve em São Miguel com espírito jornalístico, mas sempre acompanhado pela alma de artista, com a sua sensibilidade própria e única. Não há dois artistas iguais, porque se isso acontecesse um eliminaria o outro. E nessas deambulações deixou-nos retratos que nos nossos dias aceitamos e citamos com prazer.
Diz ele que «nesta ilha há duas coisas maravilhosas: as Furnas e as Sete Cidades». Estivemos hoje nas Sete Cidades e à medida que nos aproximávamos da Lagoa das Sete Cidades sentíamos que o nevoeiro iria estragar-nos a festa de uma paisagem de tons e cores diversos. Felizmente não foi tanto assim, embora em dia luminoso o espetáculo fosse mais belo. Mesmo Valeu a pena. Turistas com presença garantida, fotógrafos amadores como eu a disparar de vários ângulos. E boa razão tem Raul Brandão para dizer: «Quase tenho medo de falar duma paisagem que hoje, mais do que nunca, me parece irreal…»
Senti o mesmo neste domingo,5 de junho. O verde dos cerrados onde pasta o gado, os picos das montanhas, os penedos plantados no oceano, as ruas estreitas, a obrigação de parar para as vacas passarem na sua calma ancestral, as piscinas abrigadas, a ausência de areia branca, a floresta a encher os espaços e o casario a bordejar ruas e ruelas, largos e encostas das montanhas. Igrejas entre o antigo (vi uma de 1507) e o moderno atestam a presença do cristianismo desde a descoberta. 
O farol, de que falarei mais tarde também mereceu a nossa atenção, pequena mas bem cuidado. Navios no alto mar não vi. Nem surfistas nem nadadores, mas vi o oceano agitado e de vez em quando um ventinho mais forte que os montes não conseguiram desviar da nossa presença.
Amanhã, se Deus quiser, as Furnas e o seu famoso cozido esperam-nos.

domingo, 5 de junho de 2016

AÇORES: Uma luz que nos acaricia



«É uma luz que me acaricia, uma série de cinzentos que entram uns nos outros e desmaiam, apanham não sei que claridade e ficam absortos e quietos,  ou criam nova vida e recomeçam  uma gama de tons que faziam o desespero dum pintor, porque a paisagem a esta luz extraordinária ganha sombras, variedade e frescura que os pincéis não sabem reproduzir…»

Raul Brandão, 
in “As Ilhas  Desconhecidas”

Pus pé em terra do anticiclone  no princípio da tarde de ontem, graças aos desafios do meu João Paulo e à generosidade da minha Aidinha. Ameaças de chuva e mau tempo não perturbaram o nosso desejo antigo de conhecer os Açores, que Raul Brandão, quase há 100 anos, descreveu com arte e realismo. Hoje será muito diferente, mas os tons cinzentos entrecortados pela claridade que as nuvens frequentemente filtram e emprestam tonalidades novas a quem chega, como foi o nosso caso, meu e da Lita, enchem-nos  a alma e preenchem uma lacuna na nossa sensibilidade.
O João, à chegada, informa que já nos viu  por um frincha do aeroporto de Ponta Delgada. Apressados, fomos degustar o bife num restaurante especialista na  área dos bifes de vaca, carne saborosíssima do gado açoriano. Gado famoso, diga-se de passagem. E corremos para conhecer ao vivo a paisagem do mar da  ilha de São Miguel, sem areia branca, mas com sinais de quem sabe criar espaços marinhos para tonificar o corpo com sol e maresia, em piscinas naturais  que abundam por aqueles sítios. As primeiras impressões cativaram-nos pela originalidade  das baías, pelas ondas que desafiam surfistas , pela tonalidade negra das pedras que nos propõem  desafios no equilíbrio necessário para quem deseja aproximar-se do ocenano. E com a arquitetura do casario, das igrejas construídas em locais estratégicos para anunciar  o  transcendente  aos habitantes tantas vezes tão afastados do mundo, mais as ruas estreitas a indiciarem antiguidade, mais nos sentimos entusiasmadas e com ânsias de nos próximos dias, então mais afastados  das águas que rodeiam  a ilha, nos cruzarmos com outras paisagens.  

Ética e religião

Crónica de Frei Bento Domingues



1. Tornou-se um lugar-comum dizer que, na fonte de todas as grandes tradições religiosas, existe uma experiência original do Mistério Absoluto, ou de Deus, irredutível a qualquer categoria criada para o exprimir. Foi o que tentei mostrar no domingo passado. Mahatma Gandhi estava convencido de que, se pudéssemos ler as escrituras das diversas religiões, chegaríamos à conclusão de que todas elas estão de acordo nos seus princípios básicos, úteis para todos.
Pode-se perguntar se haverá alguém que possa viver, por dentro, as experiências de todas as tradições religiosas nas suas diversas evoluções e interpretações? Duvido! Será isso necessário para cultivar o respeito pela diversidade cultural e religiosa? Creio que não. O que julgo indispensável é o questionamento ético dentro de toda a actividade humana e, por isso, também dentro de todas as práticas religiosas.

sábado, 4 de junho de 2016

Filarmónica Gafanhense vai ter novo fardamento

SARDINHADA | 9 DE JULHO

A juventude está na banda
A Filarmónica Gafanhense está a comemorar 180 anos ao serviço da cultura musical e quer continuar com o entusiasmo que sempre a animou desde a sua fundação. E nestas comemorações, a direção pretende dotar a banda com novo fardamento, pois o atual conta já com «16 anos e necessita urgentemente de ser renovado».
Para a concretização deste objetivo, a direção tem estado e continuará a estar empenhada em promover eventos destinados à angariação de fundos, pois a despesa importará em 14 mil euros «para a renovação integral do fardamento». Nesse sentido, no passado dia 22 de maio realizou-se um encontro de membros da banda e amigos, da Gafanha da Nazaré e arredores, à volta de um Porco no Espeto, no espaço do Stella Maris. 
No próximo dia 9 de julho haverá mais uma iniciativa, desta vez uma sardinhada, integrada nas comemorações dos Santos Populares, que surge ao jeito de substituição do arraial da festa de São Pedro, no lugar da Cale da Vila, que este ano não se realiza. 
Enquanto se aposta na organização de convívios deste género, que todos consideram uma mais-valia para aproximar a banda do nosso povo, com a vantagem de se conseguirem obter alguns fundos, a direção não deixa de apelar à contribuição dos amigos para que ajudem com donativos, através do IBAN PT50 0033 0000 00003659704 35 Millennium BCP, ou deslocando-se ao Stella Maris, aos sábados, entre as 14h30 e as 17h, onde a Filarmónica Gafanhense ensaia provisoriamente.

FM

A resistência a Francisco

Crónica de Anselmo Borges


1. Algo mudou quanto à possibilidade da comunhão para os divorciados recasados? De regresso de Lesbos, Francisco foi claro: "Eu posso dizer: sim. Ponto." Quem tivesse dúvidas quanto a mudanças nesta e noutras questões teria, na oposição de muitos da alta hierarquia, a prova de que elas são reais.
De modo frontal, o cardeal G. L. Müller, prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé, veio corrigir Francisco, dizendo que os divorciados recasados não podem, em caso algum, aproximar-se da comunhão e o máximo a que podem aspirar, depois da confissão, é viverem "em castidade total, como irmãos". Uma vez que o famoso teólogo Hans Küng tinha revelado, num artigo, que o Papa se lhe dirigira pessoalmente como "lieber Mitbruder" (querido irmão), manifestando abertura a um debate livre na Igreja sobre o dogma da infalibilidade, Müller assegurou que é um herege, que "não crê na divindade de Cristo nem na Trindade". Numa entrevista ao Achener Zeitung, o cardeal W. Kasper, que está com Francisco e que foi quem o convenceu a receber o Prémio Carlos Magno, atribuído por "ser a voz da consciência de Europa", declarou que "a enorme maioria das pessoas até para lá da Igreja Católica está fascinada com este Papa. Na Cúria, também há oposição resistente". Porquê? "Ele dá uma reviravolta a muitas coisas. Está sobretudo empenhado na mentalidade. Só se esta mudar é que virão as reformas nas estruturas. Isso precisa de tempo. Francisco trabalha nisso. A Cúria é uma instituição antiga, onde se cultiva carreiras e hábitos."

Mulher não chores. O teu filho vai reviver

Reflexão de Georgino Rocha


Jesus toma a iniciativa e aproxima-se de Naim, a cidade das delícias. É este o seu modo de agir: Ir aonde as pessoas se encontram, entrar em sintonia com as situações que vivem, fazer suas as alegrias e as tristezas que espelham, deixar-se envolver pelo “ar” circundante que se respira e intervir coerentemente. Com ele, vão os discípulos e a multidão que o acompanhava. Anima-o o gosto pela missão, a esperança de anunciar o projecto de vida que Deus Pai lhe havia confiado, a vontade positiva de aproveitar as oportunidades contrastantes que surjam para mostrar a novidade de que é portador.
Da cidade das delícias, significado original de Naim, sai um cortejo fúnebre. Um jovem vai a sepultar. A mãe, pobre viúva, chora visivelmente forçada pela convulsão das emoções. Com a morte do filho vê acabar toda a sua esperança, pois nada mais lhe restava. Fechava-se, de vez, o desejo apetecido de ver a sua posteridade, sinal de bênção divina. Ficava exposta ao que ocorrer, pois não havia qualquer protecção social. Era a morte de todos os seus sonhos. São lágrimas sentidas que fazem vibrar o coração de Jesus.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Praia do Jardim Oudinot com água de boa qualidade


De vez em quando, somos confrontados com notícias alarmantes sobre o ambiente que respiramos e os espaços de lazer que frequentamos. Foi o que aconteceu há dias, em que se dava conta da má qualidade da água da praia do Jardim Oudinot. Na sequência disso, a Câmara Municipal de Ílhavo vem esclarecer a opinião pública, através de comunicado, que, «estando concluídas as obras de saneamento na Gafanha da Nazaré, bem como a Vala do Esteiro Oudinot», é possível manter a referida praia na rede nacional. 
No comunicado, salienta-se que «foram tomadas todas as medidas de gestão adequadas», no sentido de se iniciar a época balnear com as garantias necessárias para os veraneantes. Ainda se refere que «as análises já efetuadas este ano, nomeadamente em 26 de abril e 24 de maio, classificam de boa qualidade a água da Praia do Jardim Oudinot», razão por que aquela estância balnear  foi incluída na Portaria relativa à identificação de águas para 2016.

Para os tagarelas...

Uma quadra de António Aleixo


Para não fazeres ofensas
E teres dias felizes,
Não digas tudo o que pensas,
Mas pensa tudo o que dizes.