terça-feira, 15 de março de 2016

Aldeias históricas

Crónica de Maria Donzília Almeida

Contemplação
Arco
Casa restaurada


Cegonhas 
Sortelha

«Se você deseja viajar longe e rápido, viaje leve. 
Deixe para trás todas suas invejas,
 ciúmes, incapacidade de perdoar, 
egoísmo e medos.»

Glenn Clark

"Por Terras de Portugal” é o título de um livro arrumado na estante, há já longos anos. “À Descoberta de Portugal” foi sempre o meu desiderato, tantas vezes adiado, por motivos profissionais. A minha ânsia de conhecer os lugares recônditos deste nosso torrãozinho natal, que encerram tanta beleza, começa a concretizar-se agora, nesta nova etapa da vida. Quando temos amigos a ajudar à festa… o sonho aproxima-se mais da realidade.
O projeto de fim de semana encaminhou-nos para terras do interior, com passagem pela cidade dos cinco “F’s”, cuja designação sempre me intrigou. Fiquei finalmente a conhecer o seu significado:
FORTE: a torre do castelo, as muralhas e a posição geográfica demonstram a sua força;
FARTA: devido à riqueza do vale do Mondego;
FRIA: a proximidade à Serra da Estrela explica este F;
FIEL: porque Álvaro Gil Cabral – que foi Alcaide-Mor do Castelo da Guarda e trisavô de Pedro Álvares Cabral – recusou entregar as chaves da cidade ao Rei de Castela durante a crise de 1383-85. Teve ainda fôlego para combater na batalha de Aljubarrota e tomar assento nas Cortes de 1385 onde elegeu o Mestre de Avis (D. João I) como Rei;
FORMOSA: pela sua natural beleza;

domingo, 13 de março de 2016

O gosto perverso de acusar

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO

«Ainda persiste o gosto 
de novas formas de apedrejar 
"suspeitos" em praça pública


1. Bergoglio, desde que foi nomeado bispo de Buenos Aires, empenhou-se em transfigurar, a partir da sua prática, o imaginário religioso do confessionário. Viu que era preciso fazer dos lugares de tortura psicológica e moral espaços e tempos de festa, mediante a manifestação da misericórdia infinita de Deus no comportamento dos confessores.
O sacramento de reconciliação tem e teve muitos nomes, até o de "tribunal". Numa aula de teologia dos Sacramentos, um estudante, ao ouvir tal designação, exclamou: só podia ser um tribunal fascista! Para o Papa Francisco, o confessionário tornou-se um dos lugares da prática mais profunda da sua teologia da libertação e da sua actuação pastoral.
No passado dia 9 de Fevereiro, na celebração da Eucaristia, rodeado de franciscanos Capuchinhos, disse-lhes directamente: "a vossa tradição é a do perdão, oferecer o perdão". Só aquele que se sente pecador pode ser um grande perdoador no confessionário. Os que se julgam puros e mestres sabem apenas condenar.

sábado, 12 de março de 2016

Bem-aventurados os ricos!

Crónica de Anselmo Borges 

 "A raiz de todos os males 
é a paixão pelo Dinheiro"

1 Mais de mil milhões de pessoas têm de viver com menos de 1,14 euros por dia. A cada dia morrem de fome entre 30.000 e 40.000 pessoas (16.000, crianças). Em 2015, 6% apenas da população detinham metade da riqueza do mundo, mas neste ano de 2016 a situação agravar-se-ia, pois aquele número desceria para 1%, o que significa que a distribuição da riqueza seria a mais desigual de sempre, disse o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Nos últimos anos, tem-se assistido ao aumento da concentração da riqueza nos bolsos de uma elite cada vez mais restrita: entre 2010 e 2015, a fortuna dos mais ricos aumentou em cerca de 44%, mas o património dos mais pobres diminuiu. Os pobres, apesar de, em geral, estarem menos mal, são cada vez mais pobres. É o que acaba de confirmar o relatório da ONG Oxfam: o 1% dos mais ricos tem 50,1% da riqueza mundial. As 62 pessoas mais ricas do planeta possuem tanta riqueza como a metade mais pobre da população mundial: 3.600 milhões.
Os famosos "mercados", com a financeirização especulativa da economia, potenciados pelas novas tecnologias e pela falta de uma governança global, fazem, numa linguagem esotérica, inacessível ao leigo, jogos que causam crises em cadeia e que os mais pobres acabarão por ter de pagar. E também há trafulhice explícita, sendo um exemplo disso (só um exemplo) o construtor automóvel Volkswagen, que fez batota, ao falsear as emissões dos motores em caso de teste, derrubando assim, como lembrou A. Lacroix, a teoria de Max Weber, segundo a qual a Europa do Norte seria "mais séria e virtuosa" do que a do Sul.

Adúltera perdoada vai em paz

Reflexão de Georgino Rocha

«Todos possuidores 
de uma dignidade inalienável» 

Por que me trazeis apenas a mulher? Onde está o homem que a acompanhava quando foi apanhada em flagrante? Ninguém é adúltero sozinho. Sois cúmplices da sua fuga? Quereis sonegar a sua responsabilidade? Não sabeis ler o que Moisés prescreveu? “O homem que cometer adultério com a mulher do seu próximo tornar-se-á réu de morte, tanto ele com a sua cúmplice” (Lev 20, 10; cf Dt 22, 22).
Estas e outras questões decorrem do episódio protagonizado por escribas e fariseus que apresentam a Jesus uma mulher surpreendida em adultério e, em jeito de armadilha, querem saber o que fazer em tais situações. Cobrem-se com a autoridade de Moisés. Aguardam o parecer de Jesus que, parece, não tem alternativa. Ou diz pura e simplesmente: Cumpram a lei e negaria a misericórdia que tanto evidenciava na sua prática ou preferia esta e distanciava-se dos preceitos recebidos e religiosamente observados.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Um poema para amenizar a imaginação

Entrei no café com um rio na algibeira 

Entrei no café com um rio na algibeira 
e pu-lo no chão, 
a vê-lo correr
da imaginação... 

 A seguir, tirei do bolso do colete 
nuvens e estrelas 
e estendi um tapete
de flores 
— a concebê-las.

Depois, encostado à mesa, 
tirei da boca um pássaro a cantar 
e enfeitei com ele a Natureza 
das árvores em torno 
a cheirarem ao luar 
que eu imagino. 

 E agora aqui estou a ouvir 
a melodia sem contorno 
deste acaso de existir 
— onde só procuro a Beleza 
para me iludir
dum destino. 

José Gomes Ferreira 

NOTA: Poema da série "Café"

Onda de Solidariedade à volta da Rádio Terra Nova



A Rádio Terra Nova, 105 FM, foi alvo da fúria dos ventos fortes que caíram sobre a nossa região na noite de 14 para 15 de fevereiro. A queda da antena, base de sustentação para as emissões chegarem mais longe, cortou a voz à única rádio local a operar no concelho de Ílhavo e arredores, onde não falta espaço para o povo e suas instituições terem vez e voz que se faça ouvir, muito para além das fronteiras terrestres das suas origens. Graças às novas tecnologias, a RTN é ouvida praticamente em todo o mundo.
Não foi por acaso que, logo que foi notícia a queda da antena, através dos mais diversos órgãos de comunicação social, de âmbito local, regional e nacional, se elevou no éter uma onda de solidariedade para restituir voz à nossa rádio, numa ânsia de reerguer a antena, que todos, agora, admitem como indispensável à nossa maneira de ser e de estar no mundo, como cidadãos livres, responsáveis e atuantes nos processos democráticos e de progresso, com necessidades formativas, informativas e recreativas, base essencial da construção da cidadania a todos os níveis.

Visita ao Jornal de Notícias

Crónica de Maria Donzília Almeida

Redação do JN


No âmbito da disciplina História e Jornalismo,
ministrada na US (Universidade Sénior),
participei numa visita de estudo ao Jornal de Notícias

Regressar à “Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto” é sempre gratificante para quem aí passou momentos gloriosos de enriquecimento, nas suas vertentes de MMP (Mulher, Mãe e Professora). Foi nesta cidade, que convivi com a nata da sociedade portuense, nos domínios da cultura, da pedagogia e da literatura infantojuvenil. Aqui estão sediadas grandes editoras, em que a Porto Editora, a Civilização Editora e a Edições Asa são apenas algumas referências. Era comum nas escolas, conviver-se lado a lado, com os autores de manuais escolares.
O matutino Jornal de Notícias foi fundado a 2 de junho de 1888, no Porto e tornou-se num dos jornais de maior expansão em Portugal, a seguir à Revolução do 25 de abril de 1974.
Quando saiu para a rua, o Jornal de Notícias, dirigido por José Diogo Arroio, tinha quatro páginas de grande formato, custava dez réis e era vendido no Porto e arredores, Lisboa e Braga. A nível de conteúdo apostava em noticiário nacional e internacional e dedicava a última página à publicidade.
A tiragem inicial do matutino portuense rondava os 7500 exemplares por edição, mas começou a subir a partir de 1890, quando fez campanha política em favor dos regenerados. Pouco depois, foi introduzida uma inovação nas páginas do jornal já que em 1891 surgiram as primeiras gravuras com retratos dos principais implicados na revolta do 31 de janeiro.
O jornal, que ficou conhecido por JN, assumiu claramente a defesa do Norte e do Porto em 1911, na época em que mudou de instalações, para a Rua Elias Garcia.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Hoje ficámos ao pé da porta


Hoje resolvemos ficar ao pé da porta. Uma voltita para arejar, as compras necessárias da praxe e o almoço no restaurante “Traineira”. À entrada fomos surpreendidos pelo dístico em epígrafe, que nunca tinha lido nem ouvido, mas a que achei piada. A recomendação não foi seguida à risca nem sei se alguém a segue, mas não deixa de ser uma advertência a ter em conta. Bebemos o normal. De facto, há bebidas que estimulam outras e às vezes isso pode dar para o torto.
Há anos, em Trás-os-Montes, fomos visitar uma unidade industrial de engarrafamento de água. Conhecida como água de mesa, sem gás, era até a minha preferida. Na visita, o guia, solícito, foi respondendo às minhas questões, e a dado passo verifiquei que estava a sair, no tapete rolante, água com gás. Disse-me ele: 
— “Sabe, esta água com gás tem uma particularidade especial: quando bebemos uma garrafinha apetece-nos logo outra.» E explicou: — «O gás provoca a sensação de sede.»
No “Traineira” tivemos de aguardar que uma mesa ficasse disponível. Bom sinal, pensei eu. Comemos, por sugestão da casa, os pratos do dia. E saíram bem. Arroz de feijão com pataniscas de bacalhau, saborosas, fofas e bem temperadas, para mim; arroz de pato que agradou à Lita. A abrir uma sopa de legumes. Leite-creme queimado na hora e vinho da casa. Serviço rápido, simpático e preço acessível. 
A festa com a família será no domingo, se Deus quiser.

A Lita faz hoje 76 anos

Um beijo como flor 
especial para a Lita…

A Lita faz hoje 76 anos. Quando lho referi, disse-me incrédula que chegara aos 75. Depois rimo-nos. Às vezes sabe bem esquecer um ano que seja. Diga-se de passagem, contudo, que a vida não é só a que o calendário inexoravelmente regista e os documentos atestam. A vida não tem idade no dia a dia da nossa existência terrena. Cada minuto com sonho lindo apaga anos de sombras indefinidas. 
Vamos dar uma volta por aí, saboreando o ar fresco tocado pela brisa marinha. Acalentados pelo céu azul que nos dá horizontes de paz, saberemos reconhecer o que de bom nos ofereceu um matrimónio com mais de meio século.
Almoçar onde calhar, falar do passado sem amarguras por horas menos agradáveis, mas certos de que o presente continua a garantir-nos, a nós que somos otimistas, um futuro repleto das bênçãos de Deus. 
Com um incómodo de saúde aqui ou ali, agora ela depois eu, ambos em simultâneo as mais das vezes, o rolar da vida vai passando por invernos frios, logo seguidos de primaveras e verões reconfortantes… E o outono da existência não nos rouba a alegria dos filhos, netos e demais familiares, nem a simpatia de amigos sem conta.

Fernando Martins

quarta-feira, 9 de março de 2016

Pelo Portugal de sempre

Presidente da República

Pelo Portugal de sempre
Nós, portugueses, continuamos a minimizar o que valemos.
E, no entanto, valemos muito mais do que pensamos ou dizemos.
O essencial, é que o nosso génio  —  o que nos distingue dos demais 
— é a indomável inquietação criadora que preside à nossa vocação ecuménica. 
Abraçando o mundo todo.
Ela nos fez como somos.
Grandes no passado.
Grandes no futuro.
Por isso, aqui estamos.
Por isso, aqui estou.
Pelo Portugal de sempre!
Marcelo Rebelo de Sousa
Marcelo Rebelo de Sousa


Ainda ontem: Canal Central



















Ontem caminhei junto ao canal central da cidade de Aveiro. Olhei para a estátua de João Afonso, o de Aveiro, que registei em sua homenagem como símbolo dos intimoratos navegadores de D. João II, os tais que deram novos mundos ao mundo. E passei adiante que tinha recomendações para caminhar… caminhar, não vá dar-se o caso de se me prenderem as pernas!
Fixei-me então nos moliceiros e aparentados que no canal estão à espera de turistas para poderem apreciar a cidade de outros ângulos, nem que seja a correr, como observei. Com pena não vi, de quem dirige as operações, quaisquer sinais de esclarecimentos dirigidos aos passageiros, no sentido de saírem mais ricos da viagem. Assunto a rever pela organização destes passeios, se é que estou enganado.
De máquina em punho fui gravando painéis de proa e ré dos barcos que ali estão ao serviço do turismo local.
Aqui ficam para deleite de quem aprecia sinais de arte do nosso povo.

terça-feira, 8 de março de 2016

Dia Internacional da Mulher


 A mulher ainda precisa do seu dia especial com data marcada no calendário. O homem não precisa desse dia especial para si próprio, porque se considera o rei da criação. O homem tem todos os dias por sua conta. É ele que manda em quase tudo. A mulher ainda luta por estar em pé de igualdade com o homem em muitas áreas. Em muitas tarefas profissionais ganha menos quando faz o mesmo que o homem. Na liderança, em vários setores, é preterida em favor do homem. O homem é o sexo forte, mesmo sendo frágil; a mulher é o sexo fraco mesmo sendo forte.
Na política barram-lhe a subida apesar do mérito, da sensibilidade, da persistência e da intuição. Mas quando tem campo aberto lidera.
Nas universidades e no ensino é maioritária; na investigação dá cartas; nos cuidados médicos e nas artes bate-se em pé de igualdade; no desporto agiganta-se; e na família cuida, amamenta, espalha ternura, acarinha, estimula, abre horizontes, ama incondicionalmente. E apesar da aparente fragilidade ainda consegue acumular duas profissões: Uma remunerada, a do emprego;  e outra não remunerada, a de casa,  por amor.

Somos Livros


Em Aveiro, cidade de que gosto,  passei pela livraria Bertrand como é costume. Para ver livros e para comprar se houver apetite para isso. Por vezes fico com ideias que só concretizo noutra maré. Olhei para um texto já meu conhecido, que não sei se já o divulguei por aqui. De qualquer modo, cá está ele...
Boas leituras.

domingo, 6 de março de 2016

Um contador de histórias subversivas

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

«A Eucaristia é um convite para a festa, 
para a festa de Deus revelada nos gestos 
e nas palavras de Jesus.»

1. Segundo os evangelhos sinópticos [1], Jesus não deu nenhum contributo para o avanço das ciências, nem revelou um grande pendor metafísico, embora não faltem investigadores que, hoje, o reconheçam como um filósofo.
O facto é que não deixou nada escrito. A sua breve intervenção pública acabou num fracasso tão vergonhoso, que ninguém poderia descobrir alí qualquer caminho de futuro. Aconteceu que os seus seguidores, depois de várias crises, não recalcaram a sua memória. Alguns judeus continuaram a ver, naquele carpinteiro de Nazaré, o messias esperado; outros recusaram-no, o que nada tem de surpreendente. Passados dois mil anos, Daniel Boyarin, conhecido especialista do Talmude, observa que se há alguma coisa que os cristãos sabem bem a propósito da sua religião é que ela não é o Judaísmo.

sábado, 5 de março de 2016

Aliança Underground Museum — Uma visita obrigatória

Buda em meditação



Mandíbula de dinossauro
Visitar o Aliança Underground Museum estava no rol dos meus propósitos há muito tempo. Como não sou pessoa de pensar e logo realizar, fui adiando a visita ao Museu Subterrâneo Berardo instalado nas Caves Aliança. Mas hoje aconteceu. Com o meu filho primogénito Fernando, como ele próprio se identifica, lá fomos, incluindo na viagem uma visita a um amigo que está doente há vários meses. Este, aliás, foi o primeiro objetivo do passeio que programámos para hoje. Depois do almoço, com o célebre Leitão da Bairrada a pontificar, a visita ao amigo foi comovente. 

Mineral
Quando os amigos adoecem, ficamos sempre com a sensação da nossa finitude. Sobretudo quando não temos nem conhecemos forma científica de lhes valer. É o caso. Como crente, entrego nas mãos de Deus o meu amigo sofredor, mas muito lúcido,na esperança de que recupere o mais depressa possível.
A ida ao museu veio mais tarde. Visita guiada, que doutra forma seria impossível, tal a riqueza e a quantidade dos objetos expostos, num casamento perfeito entre arte, produção, armazenamento e comercialização vinhos, onde predominam os espumantes, destinados grandemente à exportação, com a marca das Caves Aliança a selar este setor, de que o Comendador José Berardo é seu principal proprietário.

Arte africana
Deixando os vinhos de lado, muito embora sejam a razão de ser da coleção do Comendador Berardo em terras bairradinas,  voltemo-nos para o que os nossos olhos viram de expressivamente belo e digno de outras visitas sem pressas, a que o guia, conhecer do que está exposto e do todo que são as empresas e coleções daquele colecionador, empresta vivacidade e conhecimento a quem o acompanha.
Impossível se torna para mim, que regressei a casa há pouco tempo, descrever com pormenor o que os meus olhos contemplaram  e os meus ouvidos captaram. De qualquer forma, retenho na memória as coleções de arqueologia e etnografia de várias regiões africanas, escultura, coleções de minerais e fósseis com milhões de anos, cerâmica das Caldas, azulejos de diversos séculos, estanhos que só podem ser vistos através de grades de segurança, pinturas antigas e contemporâneas, móveis e um sem-número de objetos criteriosamente selecionados para encanto de quem gosta de arte desde o homem primitivo até ao homem dos nossos dias, de todos os quadrantes do mundo.

Cabeça de dinossauro

A coleção do Comendador Berardo não se limita a umas tantas salas ou salões, mas espalha-se por corredores e subterrâneos, lado a lado com vinhos tintos e brancos, aguardentes e espumantes, em pipas de carvalho francês e russo, talvez ainda de outras origens que não fixámos, depois em garrafas, antes de seguirem viagem para as nossas mesas e festas. 
Depois destas rápidas considerações aqui fica o meu apelo: Se puderem ou quando puderem não percam a oportunidade de visitar as Caves Aliança, em Sangalhos, mas não deixem de marcar reserva por telefone (234 732 045).

Horário das visitas: 10h|11h30 – 14h30|16h.

Todos os dias do ano, exceto 1 de Janeiro, Domingo Páscoa, e 25 de Dezembro.

Fernando Martins

Santuário de Schoenstatt — O silêncio à nossa espera

Santuário de Schoenstatt
Se não tiver nada que fazer… Se gostar de apanhar ar fresco… Se quiser encontrar-se consigo mesmo… Se preferir meditar um pouco… Se lhe apetecer sentir a força do silêncio… Se amar a riqueza da natureza… Se tiver necessidade de viver a quaresma… Se aceitar buscar Deus… Passe um dia destes pelo santuário, mas vá sozinho.
Bom fim de semana.

Os dois pais, a liberdade, Spotlight

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias


«A Igreja Católica tem muitos e graves problemas 
para resolver, mas a questão da reconciliação sã 
com a sexualidade é fundamental»

A. Foi uma chuva de críticas contra o disparate do BE com o cartaz "Jesus também tinha dois pais", que pretendia celebrar uma causa justa: a não discriminação na adopção. Cito: "campanha infeliz", "ofensivo", "desrespeitoso", com "teor sexista", "de mau gosto", "estúpido", "imbecil", "provocação bacoca", no meio da bebedeira do poder... Alguém sugeriu que, se se quer mostrar força, faça--se algo parecido com imagens do islão. Por mim, disse e repito: A frase, "mais do que infeliz, é ridícula. Onde está a graça? A mim não me ofende e a Deus também não, porque o ridículo só atinge quem o produz". De facto, Jesus teve dois pais, como qualquer um ou uma de nós: um pai e uma mãe. O cartaz é um tiro no pé.

Abraço do pai acolhe filho reencontrado

Reflexão de Georgino Rocha


“O meu filho voltou à vida. 
Foi reencontrado. Façamos festa”

A parábola do “filho pródigo” atinge o seu momento mais expressivo no abraço do Pai que, pacientemente esperava o seu regresso. A narração é uma maravilha saída da pena de Lucas. A mensagem é um primor que Rembrandt visualiza de forma magistral. Os protagonistas apresentam traços humanos do rosto de Deus que Jesus insistentemente quer que os seus interlocutores acolham, admirem e apreciem. A Igreja prolonga na história a missão de Jesus e esforça-se por lhe ser fiel e por fazer brilhar em si e nos seus membros a ternura, o calor e a misericórdia que transparecem naquele gesto familiar. Os cristãos ficam constituídos em seus discípulos missionários pelo estilo de vida e pela prática de obras de justiça impregnada de amor de serviço generoso.

Auto da Barca do Inferno

Crónica de Maria Donzília Almeida

Elenco 

«Vocês, artistas que fazem teatro em grandes casas, sob sóis artificiais diante da multidão calada, procurem, de vez em quando, o teatro que é encenado na rua. Cotidiano, vário e anónimo, mas tão vivido, terreno, nutrido da convivência dos homens, o teatro que se passa na rua.» 

Bertolt Brecht

Fidalgo

No dia 29 de fevereiro, a Companhia de Teatro (!?) da US levou à ribalta, no Museu Marítimo de Ílhavo, o Auto da Barca do Inferno, trazendo colorido ao último dia de um mês tenebroso em termos de meteorologia. Em parceria com a autarquia e num intercâmbio com as escolas do município, foi proporcionado aos alunos do 9º ano a visualização desta peça de teatro que faz parte do programa de Língua Portuguesa. Da teoria, passaram à prática. Constitui uma forma de enriquecimento das aprendizagens em contexto de sala de aula, já que os alunos, nesta faixa etária, não acham grande piada às opiniões que Gil Vicente tinha da sociedade da época.
Tive a agradável surpresa de ver, na assistência antigos alunos , acompanhados dos seus professores, meus colegas. Houve acenos e sorrisos cúmplices que se mesclaram com a nostalgia dos tempos áureos da teacher . Senti-me duplamente em casa.

sexta-feira, 4 de março de 2016

14 mil plantas nas dunas da Praia da Barra

14 000 Plantas dão uma “mãozinha” 
às dunas na luta contra a erosão costeira 
e na Adaptação às Alterações Climáticas



«Depois de em maio de 2014 ter sido iniciada a operação de reconstrução do areal da Praia da Barra, seriamente afetada pelo então rigoroso inverno de 2013, numa ação que envolveu a recarga com 350 mil metros cúbicos de areia, foi agora chegada a vez de consolidar todo aquele trabalho de parceria entre a Câmara Municipal de Ílhavo e a Agência Portuguesa do Ambiente.
Assim, duas turmas de Eco-Escolas do Município de Ílhavo — a EB 2,3 José Ferreira Pinto Basto e a EB1 da Chave -— juntaram-se ao Vereador do Ambiente, Marcos Ré, e ajudaram a dar “uma mãozinha” às dunas, deixando assim a sua marca positiva no combate à erosão costeira.
Esta intervenção prevê a colocação de 14 000 pés de estorno (planta apropriada à estabilização do cordão dunar) para uma área a renaturalizar de aproximadamente 7000 m2, em toda a extensão do cordão dunar compreendido entre o Molhe Sul e o apoio de praia offshore, e tem um valor de investimento global de aproximadamente 5.000,00 euros por adjudicação da Câmara Municipal de Ílhavo à empresa Espojardins (empresa com intervenções recentes na obra de reforço do cordão dunar Costa Nova – Mira).»

Fonte: CMI

A nossa gatinha Biju morreu

O gosto pela solidão

Morreu hoje a nossa gatinha Biju com cancro que não lhe perdoou a sua existência serena no meio de nós. Tinha 15 anos e parecia saudável. Era assistida com regularidade pelo médico veterinário, mas de repente tudo se precipitou.
Não considero um lugar-comum proclamar-se que, «quanto mais conheço os homens, mais gosto dos animais». É verdade. Os animais domesticados são companhia agradável, fieis aos donos e disponíveis para a convivência. Até dão a impressão de que se alegram com as alegrias da família, ficando tristes quando pressentem dores e tristezas de quem deles cuida.
Quando a doença se manifestou, longe estávamos de pensar que seria o fim. A Biju enfrentou outros males, mas tudo ultrapassou, dando-nos o exemplo, inconsciente decerto, de teimosia em viver.
Cá em casa morava no sótão com a filha, a Guti, com quem teve algumas quezílias temporárias que a seguir esquecia.
Quando nova, ia dar as suas voltas, mas logo regressava à janela por onde saía habitualmente. Depois corria para os seus aposentos, onde a dona, a minha Lita, tudo tinha preparado: camas adequadas à estação do ano, água fresca, alimentação própria, uma janela para apreciar o ambiente e o sossego de que tanto gostava. Tardes e noites inteiras sem se mostrar e sem se incomodar com o mundo.
Quando estranhava a ausência da dona, à noitinha, descia pela porta sempre entreaberta e miava como que a saudar ou chamar a Lita. E então, na altura em que a Lita se aprontava para subir ao sótão, a Biju corria feliz da vida à sua frente.
Morreu deixando um certo vazio em toda a família, mas legou-nos uma filha que dela herdou o gosto pela solidão, por uma vida sem pressas, sem querer incomodar seja quem for, mas desejado também que a não incomodassem.  

quinta-feira, 3 de março de 2016

A nossa gente: Urbino Vieira Grave

Uma tradição 
que não quis deixar morrer 

Neste mês de março, em que se realiza mais uma edição da Rota das Padeiras, promovida pela Câmara Municipal de Ílhavo em parceria com a A.C.R. “Os Baldas”, dedicamos a rubrica “A Nossa Gente” ao moleiro Urbino Grave. 
Urbino Grave nasceu a 11 de julho de 1939, em Vale de Ílhavo, e desde tenra idade aprendeu esta antiga profissão, que herdou do seu pai e do seu avô, dedicando-se a apreciar o ritmo pachorrento com que o moinho procedia à moagem dos cereais. 
Estudou até à 4.ª classe num tempo em que a vida era dura e se tornava imperioso auxiliar na lavoura e na moagem. Com apenas 12 anos de idade, Urbino Grave já fazia o transporte da farinha para os clientes: as padeiras de Vale de Ílhavo e padarias de Ílhavo e da Gafanha da Nazaré. 
Antes de casar, ainda trabalhou durante três anos na CUF (Companhia União Fabril), em Cantanhede e em Coimbra, mas foi a arte de moleiro que lhe preencheu o ser. 
Urbino Grave recorda-se das águas nascentes do Vale das Maias (Município de Vagos) passarem pela levada que abastecia a azenha fundada pelo seu avô José João Grave.

Casa da Música da Gafanha da Nazaré em marcha


O Executivo Municipal adjudicou à firma Teixeira, Pinto & Soares, Lda a construção da Casa da Música da Gafanha da Nazaré, através da “Requalificação das instalações da Cooperativa de Consumo Gafanhense”, pelo valor de 607.206,42 euros + IVA e um prazo de execução de 14 meses. O processo segue agora para contrato e visto prévio do Tribunal de Contas.
Com esta obra, a Câmara Municipal de Ílhavo cumpre o objetivo de criar um equipamento cultural que acomode condignamente as Associações da Freguesia da Gafanha da Nazaré que se dedicam especialmente à promoção do folclore e do ensino e prática de música.

Fonte: CMI

NOTA: Este foi um passo significativa em ordem à construção da Casa da Música da Gafanha da Nazaré. Fazemos votos de que os prazos sejam cumpridos.

terça-feira, 1 de março de 2016

Renovação da carta de condução no Espaço Cidadão

Serviço simpático e eficiente

Hoje, eu e a minha Lita fomos ao Espaço Cidadão, instalado na Câmara Municipal de Ílhavo, para renovar a Carta de Condução. Saímos de casa com pressa, para apanhar vez, porque a nossa experiência, de outras renovações em anos anteriores, na repartição instalada em Esgueira, não nos abria a porta ao otimismo. Ali, sala cheia de gente, com senha de acesso na mão e com os olhos postos na caixa luminosa, onde surgia o número a seguir, tínhamos de apelar à paciência para não desesperarmos. Mas desta feita, em Ílhavo, não foi assim.
Chegámos relativamente cedo, entrámos, levantámos a senha no local indicado por um funcionário e minutos depois, com a entrega do atestado médico, a diligente e simpática funcionária tudo despachou com ligeireza, depois de confirmar o processo. Deu instruções sobre o documento a apresentar no caso de haver intervenção da polícia, nas habituais ações de fiscalização na via pública. 
Faço esta referência ao trabalho no Espaço Cidadão, na área da renovação das cartas, pela eficiência e rapidez com que fomos recebidos e atendidos. Julgo, pelo que observei, que nos outros setores daquele serviço haverá atendimento semelhante.

NOTA: Nós, portugueses, temos muito o hábito de criticar quem nos atende nos departamentos públicos. Certamente, com alguma razão em muitos casos. E se os maus atendimentos nos merecem protestos, penso que nos casos inversos temos a obrigação de louvar a simpatia, a eficiência e a competência. É o que faço hoje. Amanhã poderá ser diferente.

“Retalhos históricos da Escócia e Portugal”

O mais recente livro de Manuel Olívio da Rocha


“Retalhos históricos da Escócia e Portugal” é o mais recente livro de Manuel Olívio da Rocha, numa edição de autor. Trata-se, à semelhança de outros trabalhos, de uma edição familiar, a que o autor chama “Cadernos de Família”, sendo este livro o n.º 27 de uma coleção apenas disponível para esposa, filhos e netos, mas ainda para outros familiares e amigos. 
Com capa de Domingas Vasconcelos, sua filha, o caderno diz respeito a 2015. E porquê esta união entre Escócia e Portugal, já que entre as duas nações não haverá assim tanta ligação histórica? Simplesmente, ou fundamentalmente, porque Manuel Olívio tem filha, genro e netos naquelas paragens, tornando-se necessário, ao que julgo, estimular ligações com raízes comuns.