quinta-feira, 9 de abril de 2015

Mais feliz

"Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença 
sem se sentir melhor e mais feliz". 

Madre Teresa de Calcutá (1910-1997)

Voltar à liça é o que eu quero



Os meus leitores e amigos devem notar que de vez em quando até parece que ando longe do mundo. Eu próprio reconheço isso, mas nem sempre tenho coragem de assumir um certo cansaço que me exige parar um pouco. Penso que não estou a chocar qualquer incómodo de saúde, mas tão-só a acusar o peso dos anos, embora haja muitíssima gente mais velha do que eu com genica para correr na vida. 
Nesta minha tebaida virtual, que são os meus blogues, costumo usufruir o prazer de partilhar opiniões e retalhos de vida, dando ainda guarida ao que gosto de ler e de ver. Daí que, dia após dia de alguma sonolência, o bichinho de saltar para o mundo começa a picar-me na consciência, ao mesmo tempo que me desperta para voltar à caminhada. Faço planos, busco ideias inovadoras, apelo à coragem para não me acomodar num sofá, assumo, enfim, que parar é morrer. É isso. E se prego essa verdade, aqui ou noutras circunstâncias e lugares, então tenho de ser coerente comigo mesmo, voltando à liça. É o que quero fazer. 

Fernando Martins


A nossa gente: Os ílhavos na Grande Guerra



Neste mês de abril, em que se celebra o Feriado Municipal de Ílhavo, cujo programa integra a inauguração da Exposição “Os Ílhavos na Grande Guerra”, dedicamos a rubrica “a nossa gente” aos Ilhavenses que combateram na I Guerra Mundial.«
Há cem anos atrás, o mundo estava em Guerra. Uma guerra sem precedentes até então: a “Guerra das Guerras”.
Desde finais do século XIX o mundo vivia numa grande euforia, Belle Epóque, fruto do progresso económico e tecnológico que então se verificava. Esta aparente prosperidade escondia fortes tensões e rivalidades entre as grandes potências mundiais, que exploravam os países pobres.
A luta pelos mercados e matérias-primas; a má distribuição de território africano e asiático na ótica da Alemanha e da Itália; a perda da Alsácia-Lorena para a Alemanha, por parte da França, na Guerra Franco-Prussiana; o investimento em tecnologia de guerra e o estabelecimento de alianças e acordos entre países dividiu o mundo em duas partes. Por um lado, a Tríplice Aliança, constituída pelos Impérios Alemão, Austro-Húngaro e Turco Otomano e, inicialmente, pela Itália. Por outro lado, a Tríplice Entente, constituída pela Inglaterra, França, Império Russo e, posteriormente, pela Itália e Estados Unidos da América, estiveram na origem deste acontecimento bélico mundial.
Não obstante as causas atrás referidas, foi o assassinato do Arquiduque Francisco Fernando e sua mulher em 28 de junho de 1914, em Sarajevo, Bósnia, que despoletou o conflito que se previa breve, mas que acabou por se estender durante anos, até 1918. 
O mundo esteve em guerra... 
Portugal não foi exceção... 
Ílhavo e os Ílhavos também estiveram... 
Foram 238 homens que deixaram as famílias e partiram no comprimento do seu dever patriótico. 
Esta homenagem é para Eles, Ílhavos, que combateram, morreram ou foram vítimas desta “Guerra das Guerras”.

Fonte: Agenda “Viver em …”, da CMI

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Segunda-Feira da Páscoa

Apontamentos do meu diário




1. Hoje é segunda-feira da Páscoa. Dia de trabalho, muito embora no Concelho de Ílhavo seja feriado municipal. De qualquer forma, está enraizado em muitos a ideia de que esta segunda-feira, afinal, é especial, ao jeito de quem precisa de vencer a ressaca dos abusos que a mesa pascal exige. Vivemos estes dias, carregados de simbologia ligada à paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, de forma muito intensa. Cerimónias para cada momento em todas as famílias católicas, mas ainda na diocese e paróquias. Depois, as tradições, há séculos como agora, vão-se mantendo, readaptadas às circunstâncias e modas, mas também manipuladas pelas indústrias e comércios. E nós, que no fundo gostamos de festas, vamos na onda, sem vir daí grande mal ao mundo.
Realmente, a vida não pode ser só trabalho, tristeza, sofrimento e canseira. A vida precisa cada vez mais de muita alegria, porque o ser humano não pode confundir-se com uma qualquer máquina, porque dela se distingue pelos sentimentos, pela inteligência, pela ternura, pela beleza do sorriso, pela capacidade de amar, pela opções de patilha e de fraternidade, pelas artes que cultiva. Daí a necessidade da festa para a confraternização, para a celebração dos grandes dias da existência pessoal, familiar  e das comunidades.

CHAVE: Igreja de Nossa Senhora da Nazaré

Igreja da Chave


O desenvolvimento demográfico da Gafanha da Nazaré, dividido pelos lugares da Cambeia, Chave, Bebedouro, Marinha Velha, Cale da Vila, Praia da Barra, Forte e Remelha, tornava-se incomportável para a igreja matriz, normalmente repleta de fiéis nas cerimónias principais. Acrescia a distância que separava os lugares do centro geográfico da freguesia, onde estava a igreja matriz, que obrigava o povo a grandes deslocações, porque a maioria não tinha acesso aos meios de transporte automóvel. Tudo isso contribuiu, e de que maneira, para o desabrochar no coração e na vontade das populações a necessidade de construir um novo templo para o culto e catequese, como veio de facto a acontecer. Assim na Praia da Barra, na Cale da Vila e na Chave.

domingo, 5 de abril de 2015

Páscoa de muitas Páscoas

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de hoje
Frei Bento Domingues



1. No domingo passado, imediatamente depois da missa, na exígua sacristia, com uma fila de pessoas para atender, um amigo atirou-me a pergunta:haverá mesmo ressurreição? Respondi-lhe que o melhor seria ficarmos os dois a ler, a pensar, a escrever e a rezar essa interrogação durante toda a Semana Santa e não apenas a da liturgia oficial.
Entretanto, a morte de amigos ou de amigos de amigos, uns muito novos, outros mais idosos — umas vezes de modo fulminante, outras, depois de longo tempo de sofrimento — não descansou. Em muitas situações não é, em primeiro lugar, a chamada “ressurreição dos mortos” que mais nos interroga. Essa é, segundo a confiança cristã, cuidado de Deus. Mas a ressurreição de mulheres ou maridos vivos, com a morte na alma, sós, com crianças muito pequenas para criar, é nosso encargo.
Quando se mata para sempre o emprego de adultos na força da vida e se deixam os jovens, anos a fio, à espera de nada; quando se cortam nas pensões dos reformados e os idosos são reduzidos a sobrantes, a descartáveis, que fazer? Sem uma política de insurreição das comunidades católicas e das suas hierarquias eclesiásticas, pode ser alienante falar de ressurreição. Sem um levantamento cristão contra a injustiça, expulsámo-nos do amor transformante, da caridade teologal, como nos recorda o Papa Francisco. 

Dia de Páscoa

Alguns apontamentos do meu diário





1. A Páscoa celebra, como é sabido, o grande mistério da nossa fé. Há um período, a Quaresma, que nos prepara para isso. Já no fim, o Tríduo Pascal congrega-nos intensamente para a vivência da paixão e morte de Jesus. Silêncio, meditação e oração, com jejuns, abstinências e partilhas, tornam mais expressiva a fé que de Deus no vem para em comunhão com todos construirmos um mundo melhor. Dir-se-á que esse propósito nos deve animar nos passos da nossa existência terrena. Para mim, a Páscoa é sempre uma mais-valia para o aprofundamento do meu envolvimento nos projetos da construção de uma sociedade mais fraterna, mais humanista. Por isso, valorizo de modo especial a festa maior do cristianismo. Maior, porque é da Ressurreição de Jesus Cristo que dimana a razão da nossa fé, dom de Deus ofertado a todos os homens e mulheres de boa vontade. Eu preciso da Páscoa. 

sábado, 4 de abril de 2015

É em Sábado que vivemos

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges


Foi condenado pela religião oficial como blasfemo e pelo poder imperial como subversivo social e político. Não por Deus. Porque Deus não quer a dor e o sofrimento, mas a alegria. Deus não precisa de sacrifícios nem de vítimas. Jesus foi vítima, porque Deus não quer vítimas. Entregou a sua vida por amor e foi crucificado, porque Deus não quer crucificados. "Deus é amor incondicional": este é o verdadeiro letreiro que encima a Cruz de Cristo.
Aparentemente, no horror daquela Sexta-Feira Santa, foi o fim. Mas, lentamente, reflectindo sobre a experiência que Jesus fez de Deus, sobre o modo como viveu, como agiu, como morreu, os discípulos fizeram a experiência avassaladora de que o Deus-amor, a quem Jesus se dirigia como Abbá, Pai-Mãe querido, não o abandonou nem sequer na morte. Jesus não morreu para o nada, mas para Deus. Na morte, não encontrou o nada, mas a plenitude da vida de Deus.
Esta é a mensagem de Páscoa, que os discípulos, outra vez reunidos, foram anunciar pelo mundo, e por ela deram a vida. E chegou até nós, cuja vida se passa em Sábado, entre a dor de Sexta-Feira Santa e a esperança do Domingo de Páscoa.

VIDA NOVA: A CORRIDA DA PÁSCOA

Reflexão de Georgino Rocha



A manhã do primeiro dia da semana deixa transpirar um ambiente novo, segundo narra São João. Jo 20, 1-9. Ao desânimo do Calvário sucede o ardor diligente de Madalena, de Pedro e do discípulo que Jesus amava. Ao silêncio da morte sofrida responde o hino vibrante da vida nova. Ao túmulo fechado pela pedra corresponde agora o sepulcro aberto, “escancarado”, vazio pela ausência de quem lá tinha sido depositado. A desolação dolorosa e mortiça dá lugar à curiosidade efervescente avivada pela saudade. 

A escuridão do espírito começa a dissipar-se pela luz da aurora nascente. A vontade deixa-se moldar pelo ritmo do coração. E um novo movimento acontece: a corrida da Páscoa que iniciada em Jerusalém comporta um dinamismo envolvente de todo o mundo e de toda a história. O Senhor ressuscitou. A morte foi vencida. A causa defendida por Jesus é oficialmente confirmada por Deus. O presente abre-se a um futuro radioso que se antecipa. A esperança germina e floresce em situações humanas concretas. As flores da vida nova estão por aí, não as vedes? E não conseguis do que vedes ao que não vedes?

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Morreu Manoel Oliveira




A comunicação social já disse muito acerca da morte de Manoel de Oliveira, o mais idoso realizador de cinema do mundo, com 90 anos de vida envolvida por filmes, longas e curtas-metragens. Mas há um pormenor que me apraz registar, que é o seu prazer pelo trabalho. Parar é morrer, disse ele, com propriedade, dando o exemplo que a todos nós servirá de lição para a vida. Também disse que, quando nascemos, já sabemos que a morte é um ponto final garantido. Que o seu exemplo nos estimule a vencer barreiras de desânimo e nos leve a enfrentar desafios, constantemente, na certeza de que a vida é mesmo para ser vivida.