terça-feira, 4 de novembro de 2014

NOTA PASTORAL DO BISPO DE AVEIRO PARA A SEMANA DOS SEMINÁRIOS

Servidores da alegria do Evangelho 
— Do discípulo ao apóstolo 



«A Igreja, continuadora da missão de Jesus, deve ser também libertadora de tantas escravidões que o homem de hoje sofre. Todos devemos deixar-nos imbuir de um autêntico sentido profético, o Espírito de Cristo Ressuscitado, que nos dá força para denunciar o mal e conquistar um verdadeiro espírito de liberdade interior.» Isto mesmo afirmou o Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, na Nota Pastoral dedicada à semana dos seminários, que decorre de 9 a 16 de novembro. A Nota Pastoral, que tem por título, para a sua e nossa reflexão, ”Servidores da alegria do Evangelho — Do discípulo ao apóstolo”, salienta que «A prova decisiva que torna o discípulo em apóstolo consiste na capacidade que tem em amar a Deus e amar os irmãos». E o nosso bispo explica que «A pesca aparece muitas vezes no Evangelho como alusão à captação de seguidores do Reino».
D. António Moiteiro lembra que «A raiz da fé é a aceitação da pessoa de Cristo», frisando que «Os discípulos entram em contacto com Jesus com a ajuda de outras pessoas», estando nós por isso «chamados a pôr outras pessoas em contacto com Jesus, através do nosso testemunho e da evangelização».

PRAIA DA BARRA: MARÉGRAFO



Confesso que neste momento não sei há quantos anos existe este marégrafo na Praia da Barra. Julgo, no entanto, que será fácil descobrir. Logo vejo. O que sei, ou penso que sei, é que o marégrafo funciona 24 horas sobre 24 horas para medir e registar as marés, que depois constam nos registos científicos. Talvez esses registos tenham qualquer ligação direta aos serviços portuários e pilotos, para se saber que navios podem entrar no Porto de Aveiro. Alguém me elucidará sem eu ter que gastar tempo na procura de informação certa.
O marégrafo está protegido com grades de bicos aguçados para evitar os vândalos que têm prazer em danificar seja o que for.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

GAFANHÕES NA PRIMEIRA GRANDE GUERRA

Os meus amigos podem enviar-me 
as informações que possuírem

Há tempos, dei comigo a pensar nos gafanhões que participaram na Primeira Grande Guerra de 1914-1918. Tinha ouvido rumores de que não foram poucos os que tiveram de partir, forçados, para a guerra. Tentei algumas diligências, através de serviços que eu supunha terem registos de quem foi e de quem regressou, mas dei com o nariz na porta. Em Lisboa, por exemplo, para confirmar o que quer que fosse, tinha que levar elementos identificativos dos eventuais combatentes naturais da nossa terra. Não os tinha. Ainda tentei, mas pouco encontrei.
Em contacto com alguns amigos, ao sabor do vento, nomeadamente, com o antigo presidente da Junta de Freguesia Mário Cardoso, lá se conseguiu registar um ou outro nome, alguns ainda sujeitos a confirmação.
Aqui ficam os seus nomes, na esperança de outros se consigam com a ajuda dos meus amigos:

João Maria Garrelhas, n. 19-8-1891; f. 23-10-1977;

João Ramos Luzio;

João Maria Ferreira (o Bicho);

Manuel Maria Nunes;

Bernardino Soares;

Manuel da Cruz Ramos;

Manuel Palhais Cravo (o ti Catarréu). Nasceu em 1893 e faleceu, repentinamente, a 7/11/1960. Fez as campanhas de África durante a 1.ª Guerra Mundial e foi dado com inapto para continuar, devido à perfuração dos tímpanos provocada pelo troar dos canhões, regressando então a casa, tendo casado entretanto! Depois de terminada a guerra, emigrou para França para participar na sua reconstrução. (Dados fornecidos por Armando Fidalgo Cravo, seu filho)

José Filipe, conhecido por Guincho. Faleceu pouco depois do regresso de França, com perturbações provocados pelos gases que o atingiram. 

José Francisco da Rocha Júnior



O Rubem da Rocha Garrelhas teve a gentileza, que agradeço, de me enviar a foto do seu avô materno, José Francisco da Rocha Júnior que participou na primeira Grande Guerra de 1914-1918, e que eu conheci pessoalmente. Tratava-se de um meu vizinho e parente, embora afastado, como o atesta o apelido Rocha. Haverá mais fotos de outros gafanhões, porventura guardadas nas arcas, que também participaram nessa guerra e que eu gostaria de recolher para memória futura. Fico à espera que mas enviem.

O Avô de Manuel Cardoso Ferreira, da Gafanha da Encarnação, cuja foto aqui incluo, também participou na Guerra.

Mais notas sobre o avô do Cardoso Ferreira:

«Augusto Roque nasceu na Gafanha da Encarnação, no dia 13 de Dezembro de 1895, e faleceu nessa mesma localidade no dia 5 de Outubro de 1980. Integrou o corpo expedicionário português que participou na Primeira Guerra Mundial em terras francesas. Era meu avô.




O avô do Cardoso é o sentado ao  centro

DIÁRIO DE BORDO DA BATEIRA ÍLHAVA: A CONSTRUÇÃO

Um livro de Ana Maria Lopes




“Diário de bordo da bateira ílhava: A construção” é mais um livro de Ana Maria Lopes, com coordenação editorial de Álvaro Garrido e edição da Câmara Municipal de Ílhavo/Museu Marítimo de Ílhavo. Trata-se de um trabalho de 36 páginas, em bom papel e muito ilustrado, sobre um barco «associado à lendária diáspora dos ílhavos por ter sido embarcação de migrações litorâneas», como se informa na contracapa.
A bateira Ílhava, muito da nossa laguna e seus canais, chegou a navegar «nas praias e portinhos do sul há mais de um século», lê-se naquele espaço, mas desapareceu de cena há bastante tempo. Daí a boa ideia de a trazer até aos nossos dias, graças a uma louvável iniciativa da Associação dos Amigos do Museu (AMI), «que ousou desafiar o mestre António Esteves a construir uma Ílhava no seu estaleiro da ribeira, em Pardilhó». 

domingo, 2 de novembro de 2014

Engenharia dos nossos pescadores

Aqui está à vista de quem passa a arquitetura e a engenharia dos nossos pescadores. Construída ao sabor das suas necessidades e sem complexos, no sítio que lhes dá mais jeito e com lugares para quem chega. Sem guerras, sem custos por atracação. Com passadiço e tudo. Só lhe falta um barzito para ser como as marinas.

RIA DE AVEIRO NA LITERATURA

E voltando-se então,
verá as águas mansas da extensíssima ria...

Luís de Magalhães


“E voltando-se então, verá as águas mansas da extensíssima ria fulgurando de todos os lados: e, entre elas, as salinas, recticuladas pelos tabuleiros em evaporação, com os seus montes cónicos de sal novo dando a impressão de um largo acampamento de tendas imaculadamente brancas espalhadas a perder de vista pela vastidão dos polders. Para o sul, terá o braço da ria que segue para Ílhavo e Vagos e que margina os pinhais e campos arenosos da Gafanha; a seguir, em sentido inverso, o outro braço que se alonga para as Duas Águas e vai dar à Barra, e donde emergem as mastreações das chalupas e iates ancorados; ao poente, a linha fulva das dunas da costa, vaporizadas pela tremulina; e para o norte a imensa ria da Torreira, onde o arquipélago das ilhas baixas, formadas pelas aluviões, a Testada, o Amoroso, a dos Ovos, a das Gaivotas, Monte Farinha, verdejam nas suas extensas praias de junco. E nessa vastidão de águas tranquilas, nesse gigantesco pólipo fluvial que por todos os lados estende os seus fluídos tentáculos, entre a rede confusa dos esteiros e canais, bordados de tamargueiras e de caniços, velas sem conta, velas às dezenas, às centenas, vão, vêm, bolinando em todos os sentidos, e pondo no verde das terras ou no azul das águas a doçura do seu deslizar silencioso e a graça da silhueta branca.”

Luís de Magalhães
In “A arte e a natureza em Portugal”, citado por Orlando de Oliveira,
no seu livro "Origens da Ria de Aveiro"

NOTA: Aos domingos sairá, dentro do possível, esta rubrica. Aceito sugestões ou contributos.

EU JÁ NÃO ACREDITO NO PAPA FRANCISCO (2)

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de hoje

João XXIII


1. O título da crónica do Domingo passado – Eu já não acredito no Papa Francisco - foi censurado por uma razão óbvia: o título tem de exprimir o conteúdo do texto. Ora, o meu artigo era um elogio do pontificado do papa Bergoglio e uma convocatória para não o deixarmos só, no momento em que é acusado de instalar o “PREC”, na Cúria Romana. Texto e título estão em mútua oposição. Aceito e agradeço o reparo.
Além disso, o emprego corrente da expressão - “eu já não acredito” – revela um desapontamento, uma decepção com o Pontífice romano, observável em diferentes quadrantes: para uns, ele já foi longe demais; para outros, ao ser demorado na reforma da cúria, será ela a tornar impossível continuar a obra começada. Ao espelhar esta situação, visava algo muito diferente que insinuei, na última linha, sem mais explicações.
Vamos, então, à substância. Não sou católico por causa do Papa Francisco, cujo projecto e práticas me dão muita alegria, não podendo dizer o mesmo de todos os que conheci, mas nunca poderei esquecer a minha dívida a João XXIII.

sábado, 1 de novembro de 2014

DIA DE TODOS OS SANTOS

Os  meus santos


A Igreja Católica celebra hoje o Dia de Todos os Santos. Tanto os que mereceram as honras dos altares como os que, mesmo sem o reconhecimento oficial da Igreja, têm lugar especial no coração de Deus, pelos seus méritos pessoais em prol da humanidade. Estou em crer que até lá estarão muitos que nem católicos ou cristão foram. Só Deus sabe, porque os critérios dos homens não são infalíveis. É claro que a Igreja  tem,  com a declaração de santidade que contempla alguns, por objetivos apontar aos homens exemplos de vidas que levaram à prática a Boa Nova de Jesus Cristo, contribuindo, de forma indelével, para um mundo melhor. 
Para além desses, cada pessoa terá os seus santos, aqueles que, pela palavra e pelo exemplo, de maneira muito concreta, os ajudaram a seguir caminhos de verdade, de justiça, de amor e de paz. Eu estou na linha dos que neste dia recordam os seus santos. Atrevo-me a dizer que houve muita gente que me foi próxima e que me ajudou a tomar decisões de harmonia com as verdades evangélicas e humanistas. Os meus pais, os avós que conheci, tios e tias, padrinho e madrinha, vizinhos, amigos, professores,  a minha mestra da catequese, priores que me deram pistas de fé, padres com uma espiritualidade muito própria, pessoas com quem me cruzei na vida, mesmo não crentes. Todos os que, enfim, me abriram portas de caridade e de solidariedade, convencendo-me que a sociedade sem bondade, sem ternura, sem compreensão e sem partilha não progride no sentido da justiça e da paz. São esses santos que eu venero. Há outros, alguns com auréolas, que nada me dizem.

Fernando Martins

A VIDA DOS DEFUNTOS

Reflexão de Georgino Rocha 



A fronteira da morte sempre me impressionou de forma interpelante, apesar de acreditar firmemente no convite e na promessa de Jesus: “Vinde a Mim… e encontrareis descanso para as vossas almas”. (Mt 11, 25-30); apesar de me rever na bela imagem da ovelhinha que Ele encontra nos silvados, resgata com dedicação e, cheio de alegria, conduz aos ombros para junto das outras.
E agora? pensava. Sinto-me só face aos desafios da vida. Tenho de resolver problemas que não esperava, nem dependiam de mim... Recorro à memória e configuro o rosto dos meus familiares. Peço-lhes que me digam algo, me deem um sorriso, me inspirem uma solução. E o que recebo é um silêncio profundo, definitivo, que procuro interpretar.
Ressoa, então, o eco das suas vidas, das conversas havidas, das respostas dadas para as situações com que nos deparávamos. E a memória faz-se presença e a saudade gera encontro e comunhão. Nasce o desejo de entrar em contacto com eles, de os abraçar, de conhecer a sua sorte, de experienciar a qualidade da sua vida nova. 

OS DIAS DA INTERROGAÇÃO

Crónica de Anselmo Borges no DN



Qual é a constituição da razão, que inevitavelmente põe perguntas a que depois não sabe responder? Essas perguntas, diz Kant, têm a ver com a liberdade: somos livres ou estamos inseridos na cadeia do determinismo causal?, com a imortalidade: tudo acaba com a morte ou continuamos para lá dela?, com Deus: há Deus ou Deus realmente não existe? Perguntas decisivas a que a razão científica não sabe responder. Ninguém pode gloriar-se de saber que Deus existe ou não existe e que haverá ou não vida futura; se alguém o souber, escreve, "esse é o homem que há muito procuro, porque todo o saber é comunicável e eu poderia participar nele".