Relação entre Igreja e Cultura
não se pode «manter
por muito tempo tal qual se encontra»
não se pode «manter
por muito tempo tal qual se encontra»
Lídia Jorge
Não me parece que a relação entre a Igreja e a Cultura se possa manter por muito tempo tal qual se encontra. É verdade que se está perante dois universos difíceis de gerir, já que em parte são coincidentes, e em parte divergem. Entre outras divergências, sublinho o facto de a Cultura se basear na interpretação do pensamento sem limite de variáveis, sendo por natureza aberta e inconclusa, e a Religião fundamentar-se em silogismos de resolução fechada. Pelo meio, porém, existem todas as aproximações possíveis e desejáveis, não esquecendo que a Cultura se aproxima com mais facilidade da Religião do que a Religião da Cultura. No ponto em que estamos, vários me parecem ser os aspetos em que a aproximação da Igreja poderia ser útil para a sociedade crente e não crente dos nossos dias.
Um dos aspetos tem a ver com a natureza do discurso pastoral. Se em determinados contextos a Igreja ainda associa a criação de ambientes e discursos pouco inteligíveis como forma de desencadear relações místicas, é bem verdade que hoje em dia se assiste à prática salutar de uma crescente aproximação do discurso lógico, interventivo, por vezes com alto grau de racionalidade e muita informação, como convém a uma sociedade cada vez mais aberta e exposta ao mundo da comunicação e da crítica globalizada. Mas nem todos os agentes da Igreja conseguem atingir um nível eficaz.