domingo, 10 de outubro de 2010

À espera de um bom domingo



PEDRAS VALENTES

O mar bravo que se está a preparar para o Inverno, que oficialmente ainda vem longe, fez ontem alguns estragos em terras que o enfrentam na sua bravura. Na Praia da Barra, aqui perto de onde moro, temos pedras valentes que, dia após dia, inverno após inverno, se sacrificam por nós, defendendo-nos. Aqui lhes deixo a minha homenagem, extensiva a quem, há mais de dois séculos, ousou abrir a Barra de Aveiro neste sítio, à custa de muitas canseiras.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 205

PELO QUINTAL ALÉM – 42


O PINHEIRO

A
Júlia Magalhães,
João Sousa

Caríssima/o:

a. As aventuras envolvendo pinheiros, no nosso quintal, dariam para encher algumas páginas, das mais variadas cores, simbolizando da desilusão ao maior gozo por objectivos conseguidos... Imaginem só como é congratulante sabermos que as tábuas de duas pinheiras criadas atrás do nicho das Alminhas sulcam as águas da Ria em moliceiro airoso!

Outros pinheiros fizeram ou fazem vida por estas bandas, mas crescem remoçadas outras duas pinheiras mansas que apontam, cada ano que passa, para um futuro mais verde..., de esperança acrescida!

Falar hoje desta árvore é também fazer memória da vida da casa nos tempos de minha Sogra; é que, como o dia 5 é (e já era) feriado, aproveitou-se, durante muitos anos, para ir à caruma ao Camondo, ou ao Ervideiro, pinhais que estavam mais a jeito, e que ofereciam governo para todo o ano: para acender o lume, fazer lastro para o porco dependurado no chumbaril, ou simplesmente para estender umas sardinhas a escorrer ...

e. Também pelas nossas Gafanhas, durante anos e anos, o pinheiro era presença amiga e benfazeja; não apenas na Mata mas também nos pinhais que abundavam bordejando a floresta. Quem poderia esquecer as viagens que fazíamos às bicas com os filhos do ti Manuel Elviro!

E para além das brincadeiras, desde muito novos, aprendemos a admirar a obra que Mestre Manuel Maria fazia brotar de raízes e troncos de pinheiros torcidos e retorcidos!

Mas ao menos ainda por esta vez deixai-me sonhar com o meu barco de casqueira que o vento impele na vela da folha do meu caderno dos deveres imperfeitos...

sábado, 9 de outubro de 2010

Deve haver barreiras para a liberdade de expressão?



Religiões e liberdade


Anselmo Borges

Realizou-se no sábado passado, na Biblioteca Municipal, o X Simpósio de Santa Maria da Feira. O tema foi Identidade, Liberdade e Violência, tratado por duas figuras mundialmente conhecidas pela sua luta pela liberdade: a iraniana Shirin Ebadi, Prémio Nobel da Paz em 2003, e o dinamarquês Kurt Westergaard, célebre por causa do cartoon com Maomé com uma bomba no turbante. Era notória a segurança policial por todo o lado.
A primeira a falar foi Shirin Ebadi. E disse que, sem a liberdade de expressão, de que faz parte a liberdade religiosa, a democracia não existe. O problema das teocracias é que os cidadãos e concretamente as minorias não podem exprimir-se. Ora, as pessoas devem poder exprimir-se sem medo. O direito à liberdade religiosa implica também a possibilidade de converter-se a outra religião, e isto é particularmente importante em países islâmicos como o Irão e a Arábia Saudita, onde a conversão é castigada de modo muito pesado.
Deve haver barreiras para a liberdade de expressão? Não é aceitável a propaganda a favor da guerra, da violência, da discriminação. Mas não se pode considerar que o cartoon com a bomba no turbante seja contra os direitos humanos. "Claro que eu não aceito a reacção dos fundamentalistas".
A censura não é admissível. Aqui, Shirin Ebadi citou o seu país, onde a censura é cada vez mais rígida e se pode estender à tradução de obras famosas estrangeiras. E denunciou o Ocidente, que colabora com a censura, por exemplo, vendendo tecnologia com essa finalidade.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

NOBEL DA PAZ PARA UM ACTIVISTA CHINÊS


Nobel da Paz atribuído ao dissidente preso Liu Xiaobo


O Nobel da Paz foi atribuído hoje ao dissidente chinês Liu Xiaobo, preso por protestar contra a ditadura do governo no seu país.
O PÚBLICO noticia que a mulher do galardoado se declarou «"absolutamente encantada" ao saber da atribuição do Prémio e pediu "com insistência" ao Governo chinês para libertar o seu marido.»
O Prémio Nobel da Paz de 2010, defensor dos direitos humanos e arauto da não-violência, tem mostrado, como salientou o Comité do Nobel da Paz, que «existe uma relação próxima entre os direitos humanos e a paz.»
Os ditadores, sejam eles da esquerda ou da direita, são gente diabólica e incapaz de reconhecer a importância da liberdade para o povo. Os protestos já se fizeram sentir, mas lá há-de vir o dia em que cairão do pedestal da tirania e da arrogância.
Na minha já longa vida, já vi cair algumas ditaduras e, se os homens livres quiserem, ainda poderei presenciar o estilhaço de outras estátuas nas pedras da calçada.

VIOLÊNCIA SOBRE IDOSOS





É frequente ouvir e ler denúncias de violências sobre idosos. Hoje mais uma vez aconteceu. Trata-se de violências físicas, psicológicas, financeiras e outras. Normalmente, estas violências acontecem no seio da própria família.
Um dia destes, uma notícia dizia o que há muito se sabe: há idosos abandonados nos hospitais; os familiares indicam telefones errados para não serem contactados. Também há idosos em lares que ali ficam esquecidos pelas famílias, que nem sequer os visitam.
Estas notícias deixam-me (deixam-nos) perplexo. Mais do que isso: deixam-me revoltado.
Eu sei que há muito os idosos são tidos como fardos inúteis, porque improdutivos. Mas são sangue do nosso sangue. Vou então acreditar que, a partir destas denúncias, os comportamentos se alterem em relação aos mais velhos. Nem que seja por vergonha!

FM

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ruas da Gafanha da Nazaré: Rua Luís de Camões


Luís de Camões

Rua Luís de Camões

Homenagem ao Príncipe dos Poetas Portugueses

A Rua Luís de Camões é mais conhecida pela rua da escola da Cale da Vila. Estende-se desde a rua D. Manuel Trindade Salgueiro até à rua João XXIII. Trata-se de uma via com grande movimentação de pessoas e veículos, e a ela estão ligadas outras que sustentam o acesso ao casario intenso que se tem construído naquela zona da Gafanha da Nazaré.
Sendo indiscutível que a Chave foi o ponto de partida para a Gafanha da Nazaré dos nossos dias, a verdade é que a Cale da Vila se tornou no primeiro pólo de desenvolvimento da nossa terra, situando-se ali as principias indústrias e comércio ligados ao mar.
Depois destas curtíssimas notas, viremo-nos agora para o “patrono” desta rua, o mais cantado poeta português, ou não tivesse ele a dita de estar associado ao Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas. Com justiça, em nossa opinião, embora haja quem o queira destronar do lugar cimeiro dos poetas lusos.

Poesia para este dia

Fonte: Revista Ecclesia

MUSEU DA CIDADE DE AVEIRO celebra a República




Até 31 de Outubro – Curiosidades da República
10.00 – 12.30 e das 14.30 – 18.00
visitas guiadas mediante marcação prévia

Até 11 de Outubro – Bandeira(s) e Hino(s) Nacional
Colecção de bandeiras Nacionais pertença do Museu Militar do Porto
10.00 – 12.30 e das 14.30 – 18.00
visitas guiadas mediante marcação prévia

14 de Outubro – Lançamento do Roteiro republicano de Aveiro
autoria de Flávio Sardo e António Neto Brandão
18.30
Antiga Capitania do Porto de Aveiro

Outubro a Dezembro - Ciclo de Palestras “ A República”
Museu da Cidade de Aveiro
auditório do Museu da Cidade

Exposições MCA:

Até 31 de Outubro – A Jóia do Museu
(futuro) Museu Arte Nova
10.00 – 12.30 e das 14.30 – 18.00

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Hugo tinha a chave da felicidade!

Crónica de um professor



Os ténis
Mª Donzília Almeida

O dia amanhecera cinzento. O plúmbeo céu abatia-se sobre aquela povoação, criando nas pessoas uma vaga sensação de opressão. Uma brisa fresca sacudia a copa das árvores que ramalhavam num movimento contínuo. No chão rodopiavam as folhas caídas, que estralejavam à passagem da pequenada.
E assim se abriu a escola, nesse dia outonal, para mais um dia pleno de actividades. As crianças, cheias de vivacidade e energia, corriam e saltavam, indiferentes àquelas condições meteorológicas. Quaisquer que sejam, não falta alegria, nem boa disposição nas suas vidas. Para elas, viver é sempre um acto de grande prazer, contrariamente aos adultos que até pelo tempo se deixam influenciar.
Dirigiram-se para a sala, alunos e professora, para mais uma aula, que prometia muita actividade.

Luta contra a pobreza em Portugal

Nem seria preciso esta crise que se sente e vive para se reconhecer que temos de apertar o cinto. Há anos que se conhece o número assustador de pobres que existe no país, sem que ninguém consiga dar a volta ao problema. Mas hoje, por força da Rede Europeia AntiPobreza, mais uma vez foi badalada a realidade. São 18 por cento de compatriotas nossos que vivem no limiar da pobreza.
Conhecem-se iniciativas ajustadas à situação. Há instituições a voltarem-se para os mais carentes, nomeadamente, para os desempregados e pobres envergonhados. Vi na TV mais uma Loja Social, onde será possível ajudar pessoas e famílias. O que não serve a uns serve para outros. Boa regra para partilhar solidariedade. Só tenho pena que tantas das nossas IPSS fiquem eternamente agarradas a valências de há décadas, sem coragem nem capacidade de iniciativa para a inovação. Lá vão vivendo com os apoios estatais, mas ultrapassar essa fase, avançar para  iniciativas arrojadas e criativas, não está no seu espírito. Como as Lojas Sociais, as Cozinhas Sociais, a troca de serviços e o envolvimento de voluntários na intervenção em prol dos mais pobres. Ainda todos estamos a tempo de fazer algo de diferente.

Será que a história já não é mestra, nem sequer para a Igreja?



Leitura serena e sem preconceitos

António Marcelino

Ouvimos agora falar muito dos “valores republicanos” que, diz-se, é preciso defender e promover. Falam disto os republicanos tradicionais e os mais modernos. Fala o que resta da geração da velha carbonária. Fala a maçonaria actual e as suas lojas. Falam ministros socialistas e laicos de todas as cores. Fala-se, também, no Parlamento, em discursos políticos, em entrevistas e escritos diversos. A todos parece que a salvação do país e a solução da crise está na implementação rápida destes valores, mais do que na sua efectiva compreensão. Diz-se serem eles o legado da República, via Revolução Francesa, a bíblia dos sistemas que enchem os seus códigos com a doutrina de uma modernidade mal entendida e não travada a tempo nas limitações que provocam injustiça e empobrecimento social.
Liberdade, igualdade e fraternidade, a trilogia intocável do regime republicano, não traduz senão conceitos evangélicos e atitudes de uma cultura cristã milenar que ajudou a construção da Europa. Assim o afirma e o afirmará a história, mesmo que dela se rasguem folhas incómodas.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Um violino no fado


NOTA: Proposta do Orlando Figueiredo


CUFC: Tertúlias às quartas


(Clicar na foto para ampliar)

NINGUÉM SABE A HISTÓRIA TODA NEM TODAS AS HISTÓRIAS



A Agência Ecclesia, ligada à Igreja Católica, editou um número especial do seu semanário de actualidade religiosa, dedicado ao Centenário da República. Trata-se de um trabalho muito bom e oportuno, que reflecte o sentido da Igreja face aos 100 anos da República, sem ignorar conflitos, que os houve, entre o Estado republicano e a comunidade religiosa, no seu todo, apesar de logo no início ter sido decretado o respeito pelas diversas confissões.
A revista “Agência Ecclesia” apresenta, em 88 páginas, temas muito variados, agrupados em três partes: Sociedade e Religião; Relação Igrejas, Estado e Sociedade: do regalismo à separação; Universos Espirituais e Experiências Religiosas durante a Primeira República. Ilustrações da época e datas marcantes, referências a variadíssimas situações e, no fundo, um conjunto de estudos que nos poderão servir para tomar conhecimento mais completo da problemática relacionada com a República, que agora comemoramos e que nasceu sob o signo da separação do Estado e da Igreja Católica, até então considerada a religião oficial, com privilégios conhecidos.
Investigadores sabedores das matérias a abordar, nomeadamente, António Matos Ferreira, Guilherme Sampaio, Hugo Dores, João Miguel Almeida, Marco Silva, Rita Mendonça Leite, Sérgio Ribeiro Pinto e Tiago Apolinário Baltazar, brindaram-nos com estudos bem delineados e esclarecedores, coordenados por António Matos Ferreira e Rita Mendonça Leite, sob a responsabilidade do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa.
António Rego, padre e jornalista, mas também director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, sublinha que «ninguém é quimicamente puro nas análises que ensaia porque ninguém sabe a história toda nem todas as histórias. Como o futuro, o passado límpido apenas a Deus pertence». E mais adiante frisa: «Com a humildade de quem sabe que a história é uma recolha meticulosa de fragmentos que parecem ser um todo, não podemos cansar-nos de procurar as linhas mestras que a sequência vertiginosa dos séculos foi criando como um vulcão paciente que atingiu altíssimas temperaturas e no arrefecimento progressivo e lento  foi criando montanhas, planícies, desertos, oásis, terras áridas e rios abundantes.»
O director da revista, Paulo Rocha, e seus mais directos colaboradores, estão de parabéns.

Fernando Martins

5 de Outubro de 1910: Discurso do Presidente da República



Portugueses,


«Se o regime monárquico, como disse o seu último chefe de governo, suscitava a indiferença do povo, porque durou tão pouco tempo a Primeira República? Se tinham ideais tão elevados, porque se deixaram os políticos republicanos enredar em conflitos e divisões que acabaram por conduzir o país para uma ditadura?
A resposta terá de ser dada pelos historiadores. Mas é sabido que a instabilidade da Primeira República se ficou a dever, entre outros factores, à ausência de um elemento fundamental: a cultura da responsabilidade.
É pacífica a conclusão de que a República foi um regime atravessado por querelas e lutas que pouco diziam ao comum dos Portugueses. Lutas que eram perfeitamente secundárias face aos problemas que o País tinha de enfrentar: o analfabetismo e a pobreza, o atraso económico, as desigualdades, a dependência do exterior, a entrada na Grande Guerra, o desequilíbrio das contas públicas.
O essencial não é a discussão e a luta dos políticos. Há cem anos, como hoje, o essencial é a vida concreta das pessoas.»

Ler todo o discurso aqui

5 de Outubro de 1910


A Portuguesa

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!


Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Composição
Alfredo Keil, Henrique Lopes de Mendonça

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Ainda o Prémio Hernâni Cidade



Mais dois sonetos de João Alberto Roque






Mia Couto


Sim, amigo, obrigado pelas lições.
Matámos a galinha por um ovo…
é preciso avivar, erguer de novo,
brincar, criar, fazer brincriações.


Ajudaste a sonhar colorações
no planeta dormente onde me movo,
recriaste a língua com o povo,
recreaste a língua em diversões.

Recuperaste até antigos brilhos
(e os ovos de ouro brilham mais
se reflectem o brilho dos demais),


trouxeste alegria a nossos filhos,
cor aos planetas já entorpecidos …
Seja a língua carícia em teus ouvidos!



Unidiversidade


Nascemos em países tão distantes
mas nossas falas, na diversidade,
brincam juntas em tal intimidade
nesse encontro, são línguas de amantes.


Belo festim de sons com cambiantes,
poetas burilando a claridade.
Tantas faces não quebram a unidade,
mas reflectem a luz, são diamantes.


Perceber-te não é grande façanha:
posso achar a pronúncia estranha,
pode o vocabulário divergir…


- Adorei, foi gostoso o cafuné
- Se pensas que eu não sei o que isso é…
Percebi, não precisas traduzir.


João Alberto Roque

domingo, 3 de outubro de 2010

Oficina da Formiga: Artesanato de qualidade

Diversas peças do mostruário da Oficina da Formiga

Jorge Saraiva exibe um belíssimo prato

A riqueza das cores
No Festival do Bacalhau, Júlio Isidro adquiriu um penico



Visitei há dias a Oficina da Formiga na Rua da Coutada, em Ílhavo. O convite veio de Jorge Saraiva, há cerca de um ano, o primeiro responsável pela Oficina e grande entusiasta pela cerâmica tradicional. Com a minha agenda sempre cheia, quantas vezes de coisa nenhuma, o tempo foi passando. Mas durante estas férias, em S. Pedro do Sul, dei de caras com produtos da Oficina da Formiga expostos em diversas lojas, onde também notei o interesse dos visitantes e turistas pelos trabalhos artesanais feitos com qualidade. Daí o meu desejo de levar à prática a visita adiada.
Diz-se no “site” da Oficina que a cerâmica artesanal é das tradições mais antigas em Portugal, remontando «ao século XVI com a tentativa de fabrico de pasta para louça branca. Este tipo de Artesanato é baseado na faiança doméstica produzida em relativa quantidade desde o século XIX até aos anos 60 em Aveiro, com a reprodução dos mesmos desenhos ou recuperação de outros provenientes da rica azulejaria portuguesa».
Tendo por cicerone Jorge Saraiva, fui sendo esclarecido sobre os temas reproduzidos nas peças expostas ou em fase de produção, com predominância para os elementos naturais: Mar, Terra e Ar, reflectidos nos peixes, galos, flores e pássaros. Os suportes são pratos e travessas oitavadas ou ovais; e as cores, de alto fogo, são o azul, o rosa, o castanho e o amarelo.

PÚBLICO: Crónica de Bento Domingues


(Clicar na imagem para ampliar)

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 204

PELO QUINTAL ALÉM – 41


A ABÓBORA

A
José Araújo


Caríssima/o:

a. Já há anos que não semeamos abóboras no quintal mas, curiosamente, vão nascendo aqui e além uns pés de variedades não muito frequentes na região. Com mais ou menos sucesso, cuidando a rega e limpando as ervas que se intrometem, têm-se obtido exemplares interessantes, com certa parcimónia.

e. Abundante, abundante era a produção de abóboras por essa Gafanha além. E essa fartura era aproveitada para a criação do gado...

i. ... e também para a nossa alimentação... caldo (sopa!...), papas (ai as papas de carolo!!...)... as filhós.
Em matéria de doces, acrescentemos tão só o pão de abóbora.
E... as pevides!?...
Todos nos recordamos que tolera a seca mas não humidade em excesso e gosta de terra bem estrumada. Agora o que será motivo de admiração para alguns é o facto de se desenvolver bem na vizinhança da figueira do inferno, associar-se bem com o milho mas, quando plantada junto da batateira, têm um efeito inibidor mútuo.
É ainda interessante apreciarmos que as flores abertas são comestíveis e decorativas, servem para perfumar sopas; podem comer-se recheadas com carne e legumes ou ainda salteadas ou fritas com farinha e ovo.

sábado, 2 de outubro de 2010

República em Aveiro

Aqui ao lado, em Destaques, coloquei um Link que talvez lhe interesse. Fala da República em Aveiro, trabalho de um conhecido publicista aveirense, Eduardo Cerqueira, que não deve nem pode ser ignorado.
Aproveite a ocasião para melhor ficar a conhecer os princípios da República na nossa região...

FM

Câmara de Redondo divulga premiados do XV Prémio Literário Hernâni Cidade

XV Prémio Literário Hernâni Cidade - Edição de 2010

Tema “Venho brincar aqui no Português, a lingua", na modalidade de poesia.

Trabalhos Premiados

1º Prémio - “Venho brincar aqui no português”
João Alberto Fernandes Roque, Gafanha da Nazaré

2º Prémio – “O ente do dente”
André Telucazu Kondo, Brasil

3º Prémio – “Brincar no português”
José Carlos Franco Pereira da Silva, Leiria

Prémio Especial Juventude

O não reconhecimento de trabalhos enquadrados nos critérios exigidos pelo Júri do concurso determinou a não atribuição deste prémio na edição de 2010

Menções Honrosas

“Brincar com a língua”
Maria Filomena Franco Gonçalves Mota,

Mais um Prémio Literário para João Alberto Roque


Venho brincar aqui no Português


Venho brincar aqui no Português,
a língua dos meus pais e minha, agora,
herança a que acedi e assim me fez
irmanado a milhões, pelo mundo fora.


Espaço de orgulho e altivez,
onde se ouve uma voz livre e sonora.
Lugar de diversão, sem timidez,
não vive já dos feitos de outrora.


E os poetas que brincam com os sons,
alegres companheiros no recreio,
partilham todos deste devaneio:


de tornar, cada qual com os seus dons,
nossa língua um local acolhedor;
nossa pátria mais rica… e maior.

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O Prémio Literário Hernâni Cidade é uma iniciativa anual da Câmara Municipal de Redondo, através da sua Biblioteca.
Na edição de 2010 a modalidade foi poesia e os trabalhos (um conjunto de três sonetos) tinham que ser subordinados ao tema: Venho brincar aqui no Português, a língua – uma frase do conhecido escritor moçambicano Mia Couto, retirada da sua crónica Perguntas à língua portuguesa. Essa crónica foi o ponto de partida para escrever o poema Mia Couto. Outro poema começa com o tema proposto: Venho brincar aqui no Português, a língua… O terceiro tem como título Unidiversidade uma palavra inventada, como é característica do autor moçambicano.
A cerimónia de entrega dos prémios será no dia 23 do Outubro.

NOTA: João Alberto Roque, que tenho há muito como bom amigo, é, pelo que sei, o gafanhão mais premiado em concursos literários. Distinguiu-se nos primeiros como contista, com uma veia criadora inesgotável, e agora apostou na poesia. Vai receber, no dia 23 de Outubro, o prémio com que foi distinguido. O concurso impunha três poemas, que publicarei, neste meu modesto espaço, para que todos os meus amigos e leitores passem a conhecer mais e melhor este nosso escritor, que é, também, professor na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré e cidadão empenhado na defesa do melhor para a nossa comunidade.
Os meus parabéns ao meu amigo Roque.
FM


Um livro de ética arrasaria todos os outros


Quem guardará a guarda?

Anselmo Borges

Um dia, numa conferência, L. Wittgenstein disse mais ou menos o seguinte: se fosse possível escrever um livro de ética que fosse verdadeiramente um livro de ética, esse livro arrasaria todos os outros.
Hoje, toda a gente se queixa: "não há ética, perderam-se os valores"... Quem pode negar razão a essas queixas? Mas, depois, fundamentar a ética e, sobretudo, ser ético, é tremendamente complicado. Se há terreno há muito revisitado teoreticamente, é o da ética, mas lá estão as éticas materiais e as formais, as ontológicas, as teleológicas e as deontológicas, as éticas da virtude e até as teológicas, também há a negação do seu conteúdo cognoscitivo, pois estaríamos apenas no campo das exclamações emotivas de aprovação ou reprovação... Etc. Mas o mais difícil mesmo é ser ético na vida. Porque devo ser honesto, se isso prejudicar os meus interesses?
Os seres humanos são constitutivamente abertos à questão ética, porque nascem por fazer, devido à neotenia, e devem fazer-se bem moralmente, porque a sua lei é a lei da liberdade e da dignidade. Devemos habitar o mundo eticamente (o étimo de ética é êthos, morada).

Descobrir o outro...



Às vezes precisamos de parar um pouco, descansar, contemplar a beleza da vida, a paz do silêncio...
Descobrir-ME e descobrir a profundidade do OUTRO!
No CUFC há uma capela acolhedora, com almofadas para te sentares no chão se quiseres, com bancos para estares confortável como em casa...

Fonte: CUFC