quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Câmara de Ílhavo aprova Férias Divertidas Natal 2009



Para a formação de crianças e jovens

 
Na sequência de boas experiências anteriores de ocupação dos tempos livres dos jovens, através da realização de actividades de carácter pedagógico, desportivo e lúdico, a Câmara de Ílhavo aprovou a realização do Programa Municipal Férias Divertidas Natal 2009. Trata-se de uma mais-valia para a formação integral dos jovens do nosso município.
Esta acção destina-se a crianças e jovens com idades compreendidas entre os seis e os 15 anos e tem por base a generalização da prática desportiva, factor essencial de melhoria da qualidade de vida e fundamental na formação pessoal, social e desportiva dos participantes.
As inscrições, limitadas ao número de vagas, serão aceites nas Piscinas Municipais de Ílhavo e da Gafanha da Nazaré até uma semana antes do início do Programa.

O Tratado de Lisboa prevê um diálogo aberto entre as Igrejas e a União Europeia




Menino à janela


Não é iniciativa oficial da Igreja nem de Espanha nem de Portugal. A ideia surgiu entre nós no Facebook. E propõe uma operação simples: colocar na janela ou na varanda um pequeno estandarte vermelho com a imagem do Menino Jesus. Apenas isso, na época do Natal. Para dar visibilidade ao Menino de Belém que anda substituído por tantos símbolos que nada são e nada dizem a não ser que há abundância de quinquilharias à venda em esquina próxima.

Não é de agora esta mistura do Natal com o comércio. Até se pode compreender, como se entende a proximidade de lojas junto dos santuários e que isso constitua uma oportunidade de as pessoas terem as suas lembranças e de quem vive do comércio possa recompor-se de eras difíceis como a que atravessamos.

Mas parece que de há uns anos a esta parte o problema tem outros contornos: algum silenciamento programático, ideológico, do religioso no espaço público. Empurrando-o exclusivamente para o privado e o individual, riscando-o mesmo da história. Os suíços acabam de referendar a proibição de construir no território minaretes (torres de mesquitas). Os crucifixos receberam ordem de expulsão dos lugares públicos, foi chumbada, no início, a referência ao cristianismo na “Constituição Europeia”.

Deve afirmar-se, para bem da fé e da sociedade, o Estado laico, o respeito pelas diferentes Confissões religiosas, os direitos das crenças minoritárias, a total ausência de proselitismo ou de intromissão religiosa na consciência das pessoas. Bem como uma informação aberta sobre os diversos credos, com um total respeito pela liberdade de cada um. Mas à sombra desse legítimo cuidado não se pode riscar da história o património dum povo, a afirmação de grandes valores assentes na natureza e nas aquisições históricas e religiosas - sem se negar a evolução, a inovação, os desafios novos do presente e do futuro.

É aqui que se situa a nobreza dum povo como o nosso que não destrói os Jeró-nimos para realçar a Torre de Belém, nem retira dos seus museus preciosidades de arte religiosa que são uma riqueza profunda de espiritualidade.
É este todo que precisa ser entendido para que o nosso futuro não seja cons-truído sobre um acrílico parecido com cristal. O Natal entra neste património espiritual.

E uma vez que se esconde o nascimento de Jesus como facto central da história – da nossa história – pois que venha para a janela um estandarte que na sua humildade recorda a forma como, a contra corrente nasceu em Belém há 2000 anos, o Messias, o Filho de Deus, o Redentor, Aquele, sem o qual não entendemos a nossa história.

Na entrada em vigor do Tratado de Lisboa, não podemos deixar de saudar o seu capítulo XVII que “reconhece o contributo específico das Igrejas na integração europeia, bem como o contributo vital que prestam à vida social e cultural dos diferentes Estados membros”. E prevê um diálogo “aberto, transparente e regular entre as Igrejas e a União Europeia”.

António Rego

Os caminhos da educação não são os caminhos mais certos nos tempos de egoísmo que correm




Escola para a vida e contacto com a realidade



“Recordo-me que meu pai nos levava nos fins-de-semana, a mim e aos meus irmãos, todos ainda muito novos, a visitar as zonas mais “agradáveis” de Lisboa, como era o caso do famoso caneiro de Alcântara com as suas furnas (ou grutas naturais) habitadas, em regra, por pessoas marginalizadas pela sociedade; aproveitava essas ocasiões para nos falar das famílias e das crianças pobres e com fome, das desigualdades, das injustiças, da caridade, etc”.

Assim conta João Moura, reconhecido economista e cristão comprometido, na Nota Prévia do seu livro “Doutrina Social da Igreja vista e vivida por um leigo”, publicado já este ano de 2009, de leitura obrigatória e de estudo cuidado, para acordar para sectores de vida de onde a luz de uma fé activa não pode estar ausente, não faltando ensinamento lúcido e actual para que assim aconteça. Limito-me, por agora, a recomendar o livro, sem outros comentários a propósito, que poderão ser feitos a seu tempo.

O que no momento me apraz salientar é o facto de a família ser a mais importante escola destinada a formar os filhos, desde crianças, para uma vida aberta à realidade, onde o compromisso com a justiça, a solidariedade, a prática da verdade e do amor, não são meras palavras. São gestos responsáveis e esclarecidos de cidadania activa e atitudes consequentes de assumida fraternidade, tornados hábitos libertadores, fruto da prática constante de bem fazer. Gestos que moldam o coração à solidariedade efectiva, por se ter aprendido, desde pequeno, a ver nos outros pessoas e irmãos, e sentir-se devedor para com eles, quando tocados por necessidades e dores que a sociedade gera.

É preocupante verificar como muitos pais deseducam os seus filhos, cedendo às suas exigentes impertinências, não contrariando as suas tendências egoístas, substituindo-os no esforço normal que a vida lhes vai pedindo, enfrentando, orgulhosamente, outros educadores, como os professores, se nos seus métodos cabe qualquer exigência que contraria meninos mimados.

Alguém escreveu que está a acabar-se a geração dos filhos que obedeceram aos pais, e se instala, a passos largos, a geração dos pais que obedecem aos filhos.

Educar não é contrariar por sistema, mas, também, não é ceder sem mais. O desenvolver das capacidades inatas faz-se no confronto com os desafios da vida e com o desenvolver do esforço que lhes dá resposta. Esta processo não se faz sem sacrificar gostos, sem obedecer a normas, sem experimentar o sabor dos êxitos e apelos para ir mais longe, sempre e mesmo quando surgem os fracassos normais, numa caminhada realista de aprendizagem da vida.

Não quero dizer que não se aprende nada visitando a “disneylandia”, mas que também se aprende e, por vezes, muito e de maneira marcante, vendo, com a explicação apropriada de um pai atento, as tocas onde se abrigam os marginalizados e onde os “feridos da vida” sofrem a fome e o abandono que os vão tornando excluídos sociais. A primeira aprendizagem pode dar para contar aos amigos menos afortunados, gerando, talvez, invejas de crianças. A segunda dará para dar conta de realidades que a sociedade esconde e que um pai educador não teme mostrar e explicar, na esperança de criar filhos capazes de dar o seu contributo a favor de um mundo mais justo, fraterno e solidário.

Os caminhos da educação que só premeiam êxitos escolares, por vezes discutíveis, ou ministram ensinamentos, porventura úteis para algumas coisas, mas não determinantes para dar à sociedade um rosto mais humano, não são os caminhos mais certos nos tempos de egoísmo que correm. Darão brilho às estatísticas, mas tiram fulgor à inteligência, à vontade e aos afectos que moldam o coração.

António Marcelino

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O FIO DO TEMPO: O nome do Povo é sociedade civil




1640 e a actualidade

1. Existem datas históricas que, por motivos vários (mas normalmente pela heróica capacidade superadora das limitações), fazem parte da memória viva das comunidades nacionais e/ou mesmo da própria comunidade internacional. Na história de Portugal o acontecimento da Restauração da Independência (1 de Dezembro de 1640) escreve uma página em que pelos relatos da época a heroicidade saiu vencedora da própria lógica racional pessimista, pois onde é que de um país já na altura tão “pequeno” poderia haver tanta força para superar as vizinhas armadas; quer a espanhola, quer a “armada” paralisante da pessimista visão lusitana que por esse tempo começou astronomicamente a crescer arrastando consigo os séculos seguintes.

2. Mesmo sem os providencialismos mitológicos que poderiam conduzir a outras reflexões, a verdade é que, após o desvio do planeamento estratégico que está na matriz dos portugueses – o «globalismo» – para as “areias marroquinas” que liquidaram D. Sebastião (1578) em Alcácer Quibir e abriram a Batalha da Sucessão, da crise reinante pelos tempos de 1640 as gentes do povo português souberam construir terreno fértil e tirar partido das conjunturas para ser possível a Restauração de «1 de Dezembro de 1640». Sublinham os estudiosos dessa conturbada época que: 1º, a nobreza portuguesa no geral e por razões de comodidade, estava orientada para o reinado ibérico (da fusão Portugal – Espanha); 2º, um homem providencial (Pe António Vieira) conseguiu alimentar a alma das forças vitais diante da frágil independência, esta que só se deu por formalizada após 28 anos (1668).

3. Há dias, ao ouvir o Prós-e-Contras sobre a crise das finanças nacionais, as suas questões estruturais que se arrastam, veio à memória esta história que nos precede em acontecimentos “gloriosos”, mas que nos persegue numa limitação de implementação histórica de tantas excelentes ideias (irrealizáveis). Um novo realismo social poderá salvar-nos? O nome do Povo é sociedade civil.

Alexandre Cruz

Uma curiosidade para este feriado nacional: Cartas de Soror Mariana



Veio-me hoje à mão, na minha biblioteca, uma edição de "Cartas de Soror Mariana", de 1941, em francês, com "Tentativa de texto português por Afonso Lopes Vieira". Foi-me oferecida há meses por um amigo, coleccionador de primeiras edições e de outras edições raras, trabalho que desenvolve, presentemente  em tempo de aposentado, com gosto e brio. Gostei de ver a paixão com que o meu amigo lida com a sua colecção.
Não colecciono livros, mas não posso deixar de apreciar os bibliófilos. Não colecciono, mas vou comprando o que me dá gozo, em princípio, ao sabor da bolsa. No entanto, quando encontro nas minhas estantes um livro mais antigo, sinto um fascínio especial, sobretudo agora que ando a ler "A Obsessão do Fogo",  obra que tem por tema dominante o livro através dos tempos, onde se revelam curiosidades preciosas.
Aqui fica esta edição antiga de "Cartas de Soror Mariana". Mas ainda tenho outras que de vez em quando hei-de mostrar aos meus amigos.

FM

Um sonho: Nobel para economista português



Não passamos do blá blá blá


Ontem à noite ouvi economistas portugueses no Prós e Contras da Fátima Campos Ferreira, na RTP. Não vou aqui escalpelizar o que eles disseram, para não cair em lugares comuns de quem sabe muitíssimo pouco da macroeconomia. Nem da microeconomia sei, afinal. Mas como cidadão, acho que posso sonhar. E então sonho que um dia o Nobel da Economia tem de ser atribuído a um português, pela sua extraordinária contribuição para colocar Portugal, como vencedor de crises, no cume dos países que se posicionam no grupo dos que souberam encontrar caminhos de progresso, onde todos os portugueses têm trabalho e pão.
Ouvindo os economistas, sente-se que cada um tem resposta pronta para todos os nossos problemas, soluções simples para vencer défices, receitas mágicas para tirar o nosso País do atraso endémico em que vegeta há tantos anos. Falam com convicção, como quem tem na manga a receita curativa para os males económicos e outros que nos afligem.
Se eu fosse primeiro-ministro, chamava-os a todos para, em reunião magna, ditarem o caminho certo aos nossos políticos. É que, enquanto não fizerem isto, não passamos do blá blá blá. E quem sofre é o povo.

FM

Para começar o dia, com Maria





Rezar com Maria em tempo de Advento

O que te peço, Senhor, é a graça de ser.
Não te peço mapas, peço-te caminhos.
O gosto dos caminhos recomeçados,
com suas surpresas, suas mudanças, sua beleza.
Não te peço coisas para segurar,
mas que as minhas mãos vazias
se entusiasmem na construção da vida.
Não te peço que pares o tempo na minha imagem predilecta,
mas que ensines meus olhos a encarar cada tempo
como uma nova oportunidade.
Afasta de mim as palavras
que servem apenas para evocar cansaços, desânimos, distâncias.
Que eu não pense saber já tudo acerca mim e dos outros.
Mesmo quando eu não posso ou quando não tenho,
sei que posso ser, ser simplesmente.
É isso que te peço, Senhor:
a graça de ser de nova.


José Tolentino Mendonça

Ilustração de Rui Aleixo

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Efeméride Nacional: 1 de Dezembro de 1640


Aclamação de D. João IV

A minha geração continuará
a lembrar feriados de que nos orgulhamos

Hoje, 1 de Dezembro, é celebrada a restauração da independência de Portugal. Depois do domínio filipino, durante 60 anos, um grupo de portugueses, movido por um patriotismo inabalável, resolveu escorraçar traidores e entregar a coroa a um português de lei, o então D. João, da Casa de Bragança. Veio a ser o nosso D. João IV, o Restaurador, a cuja descendência pertence o actual Duque de Bragança, D. Duarte Pio João.
Penso que este feriado nacional, como tantos outros, localizado na nossa história e com um significado muito grande, caiu no esquecimento. Decerto por culpa de todos, mas sobretudo de muitas Escolas, instituições oficiais e privadas, famílias e comunicação social, que relegam para segundo plano datas importantes da nossa identidade, matriz de um povo que soube construir uma Pátria respeitada no mundo, por feitos gloriosos.
Não me espanta, pois, a ignorância que grassa por aí, com os portugueses sem tempo nem apetites para se preocuparem com o nosso passado. E daí, as razões para num dia qualquer se acabar de vez com certos feriados, substituindo-os por outros. Estarei a ser pessimista?
De qualquer forma, a minha geração, que cultivou, pelo que sei e sinto, o amor à História Pátria, continuará a lembrar feriados de que nos orgulhamos. Como este.

FM
 

Lançamento do livro "Intervenção da Igreja na sociedade portuguesa contemporânea"


(clicar na imagem para ampliar)


Sobre este livro, ler aqui

Crónica de um Professor



Nome próprio

Com uma caterva de nomes pela frente, duma assentada, é um desafio para a memória, já fustigada pelas intempéries da vida e pelo desgaste natural da idade. Aflora à memória, selectiva agora, aquela frase que traduz tão bem a ideia – Viver todos os dias... cansa!
É o que acontece a qualquer professor, no início de mais um ano lectivo, quando lhe são atribuídas as turmas que compõem o seu horário. Tantos alunos diferentes com nomes tão variados, alguns copiados das mais diversas fontes, alguns, das telenovelas que correm, na altura do seu nascimento. Permeáveis às influências que vêm de fora, aparece uma panóplia de nomes que dariam para um estudo muito interessante.
A juntar a tudo isto, aparecem nomes estrangeiros de origem anglo-saxónica, kevin, Cindy, Nicholas, que até dão uma nota de realismo e multiculturalidade, às aulas de Língua Estrangeira.
Tudo isto convém ser memorizado pelos professores, se não querem imitar os seus colegas do século passado que, tanto nas Escolas, como noutras instituições públicas, tratavam as pessoas por números! Já lá vai esse tempo da redução das pessoas à condição de dígitos!
E, se o nome duma pessoa, é a palavra mais doce para os seus ouvidos, em qualquer idioma, como defendia Dale Carnegie, há mesmo a obrigação de ser tratada assim. Mais dizia o referido americano, patrono das Relações Humanas que todos deveríamos tratar as pessoas pelo nome, sempre que cumprimentamos alguém, ou nos dirigimos a essa pessoa por qualquer motivo É uma forma de cativar e estreitar laços que podem tornar-se muito favoráveis no relacionamento humano. Ainda recordo a forma bizzarra como se faziam entender as pessoas, noutros tempos, em que se queria interpelar alguém cujo nome se desconhecia. - Olha, tu que fumas! Claro que não se estava a nomear um fumador, nem havia nessa altura a discriminação dos fumadores, nem a sua e erradicação para lugares restritos.
Foi numa das suas rondas pelas coxias da sala, que a teacher admoestou aquele aluno e o chamou à realidade do que se passava na aula.
Não, não me chamo João! Ripostou categoricamente o RV, cioso do seu direito ao nome próprio. Para esta gente que ainda não gastou o seu nome, nas liças da vida, é uma afronta trocarem-lho! Sem ter qualquer fixação pelo nome João, apenas tem para a teacher, o valor de um nome verdadeiramente português, a par de José, António, Manuel,etc. Daí a invocação frequente do João da Esquina!
Foi difícil para a mestra levar a sério aquela reprimenda, pois a carinha laroca, redondinha como a lua cheia, num palminho de corpo que pareceu arrebatado ao recreio de um jardim-escola, não intimidava!
É uma reacção frequente, em meio escolar de gente miúda, quando o professor, no meio de tantas caras novas, lhes troca a identidade.
São pequeninos, mas muito senhores do seu nariz, ou seja do nome de baptismo pelo qual são reconhecidos no mundo dos adultos.
E... atesta Dale Carnegie, o nosso nome é música para os nossos ouvidos...especialmente quando proferido por alguém... que nos é muito querido!

M.ª Donzília Almeida

09.11.11