terça-feira, 16 de junho de 2009

Um poema de Donzília Almeida

Amor é... Numa esquina da vida se encontraram; D ‘amizade brotou o sentimento. Que passo a passo, foi ganhando alento E em juras de amor, os dois falaram. Um dia, no altar, ambos selaram Fidelidade nesse juramento E com o olhar fixo no firmamento, D’ mãos dadas estrada fora, caminharam. E quando a doença os tocou, Amnésia da mulher se apoderou. Ao lado dela, digno de se ver, O homem devotado, sempre ficou E com todo o carinho demonstrou Que “Amor é” a força de viver! Mª Donzília Almeida 22.04.09

Observar para não derrapar

É certo que até um carro,
se não se olha bem para o caminho,
poder derrapar.
Mas o nosso hábito derrapador
é o pior dos travões e dos sinais
1. Também as épocas de menos abundância económica, mesmo para quem tem carta livre, são oportunidades obrigatórias de parar para pensar. Pensando, observa-se uma nuvem cinzenta sobre más práticas económicas e fiscalizadoras que, ao longo de anos a fio, tem quase considerado normal a existência de grandes derrapagens em grandes obras públicas. Para quem ainda tivesse dúvidas, a notícia da agência LUSA é clara e não recebeu, que nos tenhamos apercebido, ruídos de reprimenda ou contraditório: «Face à derrapagem de mais de 241 milhões de euros em cinco obras públicas e dos seus prazos de execução, o Tribunal de Contas recomendou ao Governo a criação de um Observatório de Empreendimentos de Obras Públicas.» Dá para repensar.
2. Se cada cêntimo desse valor público vem dos impostos dos contribuintes, fará sentido o perguntar-se sobre o porquê da indiferença na mentalidade portuguesa que, em vez de exigir o rigor cuidadoso e absoluto, foi lavando as mãos, deixando correr o tempo e a derrapagem(?). Talvez já seja muito tarde este despertar, mas em vésperas de novas eleições e possíveis grandes concursos, decisões e construções, um Observatório independente que passe do papel à obra seria uma das grandes fontes para uma maior justiça social. É possível? Valeria a pena conhecer dados sobre como são as derrapagens financeiras e os atrasos nas obras dos países mais desenvolvidos e com democracias mais maduras. É certo que até um carro, se não se olha bem para o caminho, poder derrapar. Mas o nosso hábito derrapador é o pior dos travões e dos sinais.
3. Para uma visão com maturidade, nestas questões, nunca pode estar em causa qualquer facção sociopolítica, mas todas(os). E as denúncias do Tribunal de Contas em nada poderão esfriar a auto-estima das comunidades. Muito pelo contrário: mais observar, quando a ética da liberdade não consegue vencer, será preparar um melhor futuro. Sem derrapar!
Alexandre Cruz

Estradas mais seguras em Portugal

Com as férias de Verão que ai vêm a correr, se o tempo nos não pregar qualquer partida, as nossas estradas vão-se encher de carros. Os acidentes, infelizmente, sucedem-se. Hélder Boavida, Director-Geral BMW Group Portugal, recomenda, como li no jornal i: “Vamos tornar a nossas estradas mais seguras., através de um processo de ensino nas escolas de condução que preveja obrigatoriamente um número mínimo de aulas sobre técnicas de condução defensiva, em complemento ao normal processo de aprendizagem de código da estrada técnico e prático.”

Um poema de Jeremias Bandarra






A SALINEIRA

Rosto ao vento
gemendo sob o peso
da canastra de sal
a salineira carrega cristais de sonho
num sofrimento milenar
consentido.

Pés descalços e encardidos
fazem tape-tape
no lajedo do cais
e o céu se espelha
na doce calmaria da Ria.

Gaivotas nervosas
cruzam o espaço
com gritos estridentes
e os barcos saleiros
cheirando a maresia
balouçam ao ritmo
da descarga

Praguedo inocente
se espalha no ar
saído das bocas de carregadores
atarefados.

Ao longe
a grande planície
se espreguiça nos braços da Ria
e as ervas dos esteiros murmuram
as canções do vento.

De onde em onde
montes de sal
pontilham o horizonte
como seios voltados ao céu

Jeremias Bandarra


ERA ASSIM NA BEIRA-MAR

Sou filho duma simbiose difícil: nasci na freguesia da Glória, ao que me dizem ali para os lados da travessa de São Martinho, mas filho de pai "cagaréu", marinheiro, e de mãe "ceboleira".
Já lá vão os tempos em que se roubavam os andores, se apedrejavam os namorados das freguesias rivais, se ridicularizavam, reciprocamente, as referências caracterizadoras dos nascidos na Vila Velha, a Glória, e na Vila Nova, a Vera-Cruz.
Sou simbiose disso tudo: fruto do salgado do peixe maila cebola e a chanfana.
E, por isso mesmo, quando olho para a freguesia onde nasci — a Glória — não sou capaz de nela pensar sem deixar de também me sentir vestido de camisa de linho branco e de manaia azul, roupas próprias do marnoto da Vera-Cruz.
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Gaspar Albino

segunda-feira, 15 de junho de 2009

FIGUEIRA DA FOZ: Ruas Floridas

As flores ficam sempre bem em qualquer lado. Como nas ruas e estradas, e até nas auto-estradas. O importante é que estejam. Para emprestarem colorido à vida e para nos desafiarem a apreciar as riquezas, multifacetadas, que a natureza põe ao nosso dispor. O que é preciso, então, é que os responsáveis pelos espaços públicos, como as estradas e ruas o são, saibam e queiram aproveitar todos os recantos, tantas vezes abandonados e cheios de lixo, para os enriquecerem com flores.

As ruas difíceis de Teerão

1. O Irão e um país muito especial, tendo níveis de progresso científico e cultural notáveis em termos mundiais. País onde o futebol também encanta as multidões…! Mas nestes dias o povo saiu à rua por outros motivos. O Irão viveu recentemente um acto eleitoral decisivo: a eleição do novo presidente iraniano. Como na profundidade cultural de cada país e sociedade, não se pense de modo simplista aquilo que é verdadeiramente complexo. Corria o ano de 1979 quando, após 14 anos de exílio, regressa Aiatola Khomeini, dando início à Revolução Iraniana e instalando-se no poder a República Islâmica. Procurando compreender os antecendentes desta história de concentração dos poderes, verifica-se que o anterior reinado de Xá (com o apoio americano e britânico), ao qual reage Khomeini, havia-se tornado progressivamente ditatorial, esmagando os religiosos xiitas e os defensores da democracia. Este regime ditatorial intensifica-se fortemente nos finais dos anos 70.
2. Quando em 1979 estudantes iranianos tomaram funcionários da Embaixada americana como reféns, as relações foram fortemente abaladas passando, por alguns sectores, a considerar-se a revolução islâmica incompatível com o chamado Ocidente. Neste terreno sensível, num mundo onde cada vez mais as culturas se aproximam a cada dia, este roteiro anti-Ocidente ou anti-Islâmico volta e meia tem sido palco das maiores desumanidades, em que os próprios armamentos militares afirmam-se como os argumentos de um fechado diálogo de surdos. Ahmadinejad, no poder desde 2005 e fortalecendo a dicotomia Oriente/Ocidente com o programa nuclear iraniano, reclama a vitória de 62% nestas eleições. A oposição de Mousavi não aceita e mantém os apoiantes nas ruas, abrindo-se um impasse de incertezas…
3. Também se diz que ganhe quem ganhar as eleições o programa nuclear continua. Um outro poder (teocracia) lidera o plano da ideia. Nas ruas, até quando? (Assis 1986)
Alexandre Cruz

Bispos reflectem sobre a acção social da Igreja

Os bispos portugueses vão estar esta semana reunidos em Fátima nas Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa. Num ano profundamente marcado pela crise económica e financeira, e na sequência do Simpósio «Reinventar a Solidariedade (em tempo de crise)» que a CEP realizou a 15 de Maio, os bispos portugueses querem aprofundar a reflexão e por isso, vão centrar-se no tema «Pastoral sociocaritativa: Novos problemas, novos caminhos de acção».
Um comunicado enviado à Agência ECCLESIA dá conta que, para além dos bispos portugueses, estarão presentes dois delegados de cada diocese, "particularmente responsabilizados no campo da pastoral social".
A jornada que começa na tarde desta Segunda-feira e termina no dia 18, Quinta-feira pelas 14 horas, vai contar com a ajuda de "alguns professores da Universidade Católica Portuguesa", do Secretário da Comissão de Assuntos Sociais da Conferência Episcopal Francesa, o Pe. Jacques Turck, entre outras individualidades.
O mesmo comunicado aponta que as conclusões das Jornadas serão apresentadas à comunicação social na tarde de Quinta-feira, às 14 horas. O Pe. Manuel Morujão, porta-voz da CEP afirma ainda que "eventualmente serão abordados alguns pontos da breve Assembleia Plenária dos Bispos que terá lugar na manhã do dia 18".
Na conferência de imprensa estará presente D. Jorge Ortiga, Presidente da CEP, o Vice-presidente, D. António Marto, o Pe. Manuel Morujão, secretário da CEP e ainda D. Carlos Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.
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domingo, 14 de junho de 2009

Grupo Poético de Aveiro apresenta poesia na Ria de Aveiro

Poesia na ria em 13 de Junho de 2009
Vivem em nós inúmeros; Se penso ou sinto, ignoro Quem é que pensa ou sente. Sou somente o lugar Onde se sente ou pensa. Tenho mais almas que uma. Há mais eus do que eu mesmo. Existo todavia Indiferente a todos. Faço-os calar: eu falo. Os impulsos cruzados Do que sinto ou não sinto Disputam em quem sou. Ignoro-os. Nada ditam A quem me sei: eu 'screvo. Ricardo Reis Homenagem do GPA a Fernando Pessoa

CRISTIANO RONALDO vai ganhar, por hora, mesmo a dormir, 1255 euros: Ofensa grave à moral social

O que tem feito o Cristiano Ronaldo
na Selecção Nacional?
Nada que se veja.
Será que a Federação Portuguesa
não lhe paga o devido?
Não gosto de me meter em coisas do futebol porque há muito deixou de ser um desporto, onde se jogava por amor à camisola. Hoje o dinheiro é rei e senhor num mundo dentro do mundo em que vivemos. Inclusive com leis e tribunais à margem do que existe para o comum o cidadãos. No tal mundo os jogadores são vendidos e comprados como escravos dos tempos antigos. Com uma diferença: os tais escravos antigos não eram remunerados; os jogadores do futebol, agarrados à ideia de que a sua vida profissional é mais curta do que o habitual, ganham fortunas. Não serão todos, é certo, mas muitos, quando deixam o futebol, não precisam mais de trabalhar. Com isto, há clubes que vão à falência e outros que, por artes nem sempre claras, descobrem maneira de pagar somas fabulosas a alguns craques. É frequente ouvir-se dizer que o clube tal está falido, mas na hora das contratações o dinheiro aparece na mesma. Terminam o ano desportivo com dívidas aos milhões, mas a vida continua como se isto tudo fosse coisa normal. Cristiano Ronaldo, até há pouco jogador do Manchester United, foi transferido por 94 milhões de euros para o Real de Madrid. Em Espanha, como em Inglaterra e em Portugal, e mesmo por toda a parte, há milhões de desempregados e outros tantos a passar fome. E por mais que o povo proteste e reclame medidas para debelar a crise económica e social, os Estados vêem-se e desejam-se para encontrar soluções, que garantam pão para a boca de imensa gente. E não conseguem descobrir a varinha mágica que, por encanto, dê trabalho a quem dele precisa. Mas para um jogador de futebol, o dinheiro aparece. Pois o nosso compatriota Ronaldo, que marca tantos golos ao clube que lhe paga bem como muda de namorada a qualquer hora do dia e da noite (que exemplo para a juventude!), vai ganhar 211 mil euros por semana, ou seja, 1255 euros por hora. Ganha numa hora de sono mais do que a grande maioria dos trabalhadores portugueses durante um mês. E tudo isto perante a passividade da UEFA e da FIFA, organismos que superintendem nesta actividade escandalosa. Confesso, como homem comum, que nem sei como hei-de classificar esta pouca-vergonha: se desonestidade social ou outra coisa qualquer. E mais curioso é que há muita gente a rir-se, porque o seu ídolo (que não o meu) vale isso e muito mais. Até pessoas que não têm onde cair mortas de fome deliram com as aventuras futebolísticas e amorosas do craque. Bem vejo a satisfação desses adeptos. E mais: em países onde não se apoiam condignamente cientistas, artistas de vários matizes, instituições abertas a ajudar quem mais precisa, desempregados, esfomeados, sem-abrigo e empresas que caem na falência, por não haver dinheiro para ajudas, há milhões para uns tantos nos alienarem (eu não vou nisso) com o futebol. Que mundo este, meu Deus. Só mais uma ideia. O que tem feito o Cristiano Ronaldo na Selecção Nacional? Nada que se veja. Será que a Federação Portuguesa não lhe paga o devido? Fernando Martins